Asma Brônquica Flashcards
Qual a definição de asma brônquica?
Doença inflamatória crônica caracterizada por hiperresponsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo. É reversível espontaneamente ou com tto, manifestando-se por episódios recorrentes de sibilância, dispneia, aperto no peito e tosse.
Qual a epidemiologia?
Acomete 10% da população mundial, sendo que o sexo mais acometido varia com a idade: crianças < 14 anos = meninos; aduiltos = mulheres.
Quais os FRs?
O principal fator de risco é a atopia, sendo que 1/3 dos pacientes atópicos apresentam asma e as outras manifestações de atopia estão presentes em 80% dos asmáticos. Outros fatores incluem o tabagismo (ativo ou passivo) e a obesidade. Existe forte correção genética da asma.
O que é atopia?
É uma tendência do sistema imunológico à formação de IgE contra antígenos do meio.
Qual a patogenia da asma?
Existe um desequilíbrio imunológico em relação à diferenciação dos LyT helper em Th1 e Th2, fazendo com que haja uma diferenciação exagerada em Th2, responsáveis pela proliferação de mastócitos, produção de IgE e recrutamento de eosinófilos na mucosa respiratória. Esse desequilíbrio promove uma inflamação crônica das paredes das vias aéreas inferiores (tanto proximal quanto distal, exceto os alvéolos), cuja intensidade pode variar com o tempo (mas está sempre presente). Esta inflamação causa a hiperreatividade brônquica, fazendo com que estímulos externos possam desencadear um quadro de obstrução aguda das vias aéreas. A cronicidade do processo resulta em exposição das terminações nervosas do n. vago, permitindo uma resposta neurogênica direta que exacerba ainda mais o edema e broncoespasmo.
O que promove redução aguda no calibre das vias aéras na asma?
Broncospasmo, edema de mucosa e formação de tampões de muco.
Como os mastócitos e os eosinófilos atuam na patogênese da asma?
Os eosinófilos são os principais responsáveis pelas lesões estruturais nas vias aéreas, enquanto que os mastócitos promovem a liberação de mediadores inflamatórios que induzem o broncoespasmo.
Qual a consequência da ausência da tto na asma?
A ausência de tto da asma pode favorecer a ocorrência de lesões irreversíveis que, em conjunto, são chamadas de remodelamento brônquico.
O que é o remodelamento brônquico?
São alterações estruturais irreversíveis que ocorrem nas vias aéreas com o processo inflamatório crônico.
Quais as características do remodelamento brônquico?
Desnudamento epitelial, edema de mucosa e acúmulo de muco, espessamento da membrana basal, hipertrofia/plasia da camada muscular e das glândulas submucosas e, FUNDAMENTALMENTE, infiltrado inflamatório com predomínio de eosinófilos.
Quais substâncias são liberadas nas vias aéreas durante o processo asmático?
Mediadores pró-inflamatórios, quimiotaxicos para eosinóficos, macrófagos e neutrofilos e citocinas.
Imagem parede brônquica cronicamente inflamada.
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Quais os subtipos de asma? O que difere cada um?
Extrínseca alérgica, extrínseca não alérgica, criptogênica e induzida por aspirina. A diferença está na etiopatogenia.
O que é a asma extrínseca e a criptogênica?
Extrínseca é a asma causada por agentes do meio externo, podendo ser alérgicos ou irritativos, já a criptogênica não pode ser identificado o agente causador da asma.
Qual o mecanismo etiopatogênico da asma extrínseca alérgica?
É o tipo mais comum de asma, diminuindo sua frequência com o passar da idade. Ocorre por um fenômeno alérgico originando e desencadeando a asma.
Qual a definição de alergia?
É uma resposta imunoinflamatória, de início rápido, a alguma substância antigênica estranha ao nosso organismo. É mediado por IgE ligado à superfície dos mastócitos.
Quais eventos celulares acontecem em uma reação alérgica?
Sensibilização, reação imediata e reação tardia.
Explique a sensibilização a um alérgeno.
Ocorre quando há a primeira exposição do indivíduo ao alérgeno, sendo que o Ag é fagocitado por células dendríticas (APCs) no epitélio da mucosa brônquica, havendo apresentação dele para LyTh do tipo Th2 pelo MHC II. Esse LyT estimula os LyB a produzirem IgE, a diferenciação e proliferação de mastócitos e eosinófilos. Essas IgEs se aderem à superfície desses mastócitos e de basófilos, tornando-se sensibilizados.
Explique a resposta imediata a um alérgeno.
Na presença dos mastócitos sensibilizados nas vias aéreas, a reexposição promove a resposta imediata. O Ag se liga à IgE no mastócito e estimula sua degranulação com liberação de histamina, bradicinina e leucotrienos, promovendo broncoconstrição, vasodilatação (com edema de mucosa) e produção de muco. Há também estímulo de fibras vagais. Há quimiotaxia para eosinófilos que secretam substâncias lesivas para as células.
Explique a resposta tardia a um alérgeno.
Ocorre após 3-4h da exposição, havendo quimiotaxia para linfócitos, monócitos e neutrófilos além dos eosinófilos já presentes ali. Essas células contribuem para a perpetuação do processo inflamatório.
Qual o mecanismo etiopatogênico da asma extrínseca não alérgica?
Não é mediada por IgE (alérgenos), ocorrendo por uma lesão irritativa direta da mucosa brônquica por substâncias tóxicas.
O que é asma ocupacional? Quando suspeitar?
É a asma que ocorre por alguma substância presente APENAS no local de trabalho do paciente, podendo ser alérgico ou irritativo. Suspeita-se quando a asma do paciente só ocorre em dias de semana e melhor de finais de semana e feriados.
Qual o mecanismo etiopatogênico da asma criptogênica?
Não se pode identificar o agente causador da asma, tendo resultado negativo para todos os testes cutâneos, com níveis de IgE séricos normais. É o tipo mais comum que aparece na idade adulta.
Qual o mecanismo etiopatogênico da asma induzida por aspirina?
É desenvolvida pelo uso de aspirina, podendo persistir até por vários anos após a interrupção do uso da medicação. O mecanismo é por inibição da COX-1, fazendo com que o ácido aracdônico seja metabolizado pela enzima que gera leucotrienos, promovendo aumento dessa substância (pessoas predispostas geneticamente apresentam uma produção muito grande desses leucotrienos, promovendo a asma). Está relacionado com rinite e pólipos nasais.
Como é a História Natural da asma?
É uma doença episódica, alternando-se entre períodos de exacerbação e de remissão dos sintomas. Os períodos de exacerbação são as crises asmáticas, em que há obstrução aguda das vias aéreas.
Como ocorre a obstrução aguda das vias aéreas durante a crise asmática?
Ocorre principalmente por broncoespasmo ou broncoconstrição, mas também há contribuição de edema das vias aéreas e tampões mucosos.
Como podemos classificar a asma de acordo com a duração da obstrução?
Asma persistênte é aquela em que o paciente apresenta-se com algum grau de obstrução brônquica mesmo no período intercrise, enquanto que asma intermitente é aquele paciente sem obstrução entre as crises.
Como está o volume residual e a capacidade residual funcional no asmático? Justifique.
Ambos estão aumentados, pois há um aprisionamento do ar devido à obstrução das vias aéreas. *O volume residual é o volume de ar que fica dentro das vias aéreas após expiração forçada e a capacidade residual funcional é o volume de ar presente nas vias aéreas após expiração normal.
Quais as alterações laboratoriais durante a crise asmática?
A gasometria está alterada, havendo alcalose respiratória hipocápnica por taquipneia e hiperventilação. Em casos mais graves, pode haver redução na relação V/Q (ventilação/perfusão), havendo uma hipoxemia.
Quais as consequências respiratórias no paciente com uma crise muito grave de asma?
Há fadiga respiratória por trabalho da musculatura respiratória maior do que o paciente consegue suportar. Aqui há uma insuficiência respiratória hipercápnica (até mesmo pCO2 em níveis normais é preocupante). Ocorre em 10% das crises asmáticas e é o principal mecanismo da asma “fatal”.