Anestésicos Locais Flashcards
Quais são as classes dos anestésicos locais?
Ésteres e Amidas.
Quais são os fatores que influenciam na potência e na duração da ação de um anestésico local?
Lipossolubilidade e o pKa.
Quanto mais apolar, maior a potência e a duração do efeito.
Como o pKa interfere na ação dos anestésicos locais?
Quanto menor o pKa de um anestésico local, maior a concentração da forma neutra da base fraca (do fármaco), que consegue atravessar o epineuro dos nervos e se difundir em meio à membran plasmática dos axônios, possibilitando o seu acesso ao canal de Na+.
Qual é a forma dos anestésicos locais que é mais ativa no receptor presente no canal de Na+?
A forma catiônica.
Quais são as vias de acesso dos anestésicos locais ao sítio de ação no canal de Na+?
Via axoplasma, passando pelo portão de inativação que está voltado para o interior do axônio.
Via membrana plásmatica, passando por fendas laterais que são permeadas por fosfolipídios.
Na via do axoplasma, o fármaco deve estar na forma catiônica;
Na via da membrana plasmática, o fármaco deve estar na forma neutra!
Por que os anestésicos locais são menos efetivos quando aplicados em tecidos infectados/inflamados?
Porque nessas situações, o pH é menor, de modo que a concentração de H+ é maior, e isso desloca o equilíbrio para a direita, isto é, é favorecida a formação do princípio ativo catiônico, o qual não se difunde bem por membranas e, com isso, não alcança o canal de Na+, de modo que seu efeito é menor.
A adição de bicarbonato nesses casos ajuda a a aumentar a concentração da base neutra, o que favorece a difusão do fármaco.
Por que se diz que a farmacocinética dos anestésicos locais é “ao contrário”?
Porque além da eliminação, a absorção e a distribuição reduzem seus efeitos.
Compare o t1/2 dos anestésicos locais da classe dos ésteres e das amidas.
O t1/2 dos ésteres tende a ser menor, uma vez que esses fármacos são propensos a sofrerem hidrólise das esterases.
Por outro lado, o t1/2 das amidas tende a ser maior, já que a sua eliminação se dá por via hepática, sendo, então, dependentes das enzimas CYP, o que leva mais tempo.
Qual é o mecanismo de ação dos anestésicos locais?
Eles bloqueiam os canais de Na+ voltagem-dependentes. Com a ligação dos fármacos aos canais em suas formas ativas e inativas (maior afinidade por ele nessas formas), a amplitude do potencial de ação é reduzida, havendo lentificação da propagação desse potencial. Com isso, em fibras senstivas, a condução do potencial é bloqueada e, assim, temos o efeito anestésico.
Aumento do limiar de excitação -> Lentificação da condução de impulsos nervosos -> Queda da taxa de elevação do PA -> Redução da amplitude do PA -> Abolição da capacidade de gerar PA.
Qual é a importância da frequência de disparo de uma fibra nervosa para a ação dos anestésicos locais?
Em fibras de disparo rápido, os canais de Na+ tendem a ocupar mais a condição de ativos e inativos, que são as formas pelas quais os ALs têm maior afinidade pelo canal.
Numa situação de dor, por exemplo, os nociceptores disparam muito, então os ALs conseguem atuar sobre eles impedindo a transmissão da informação dolorosa.
Qual é o cuidado que se deve tomar em relação às fibras de disparo rápido e ao uso de ALs?
Pode acontecer um bloqueio dependente de uso, uma vez que conforme o canal retorna rapidamente à forma de repouso, pela qual o AL tem pouca afinidade, não dá tempo do fármaco se dissociar, gerando um bloqueio cumulativo.
Qual é o problema de se administrar um AL numa área muito vascularizada?
O fármaco pode ser absorvido mais rapidamente pela corrente sanguínea e, com isso, ao invés de gerar efeito anestésico local, pode gerar efeitos sistêmicos indesejados.
Com relação à eliminação, em que situação os anestésicos locais do tipo éster podem ser tóxicos?
Quando o paciente possui hidrólise plasmática reduzida ou ausente por ter uma butirilcolinesterase plasmática atípica.
Com relação à eliminação, em que situação os anestésicos locais do tipo amida podem ser tóxicos?
Em pacientes com doença hepática ou com redução do fluxo sanguíneo hepático, como na ICC.
Na insuficiência renal, xilidetos podem se acumular e gerar toxicidade sistêmica.
Qual é a ordem crescente de metabolização hepática dos ALs do tipo amida?
Prilocaína -> Lidocaína -> Mepivacaína -> Ropivacaína ~ Bupivacaína e Levobupivacaína.
Quais são as duas características primordiais dos ALs em relação aos canais de Na+ voltagem-dependentes?
Eles possuem seletividade conformacional e são inespecíficos.
O que seria o bloqueio diferencial?
Os anestésicos locais são fármacos inespecíficos em relação aos canais de Na+ voltagem-dependentes, e isso quer dizer que eles atuam não apenas nas fibras nervosas sensitivas, mas também em fibras motoras e autonômicas, com diferentes afinidades para cada tipo de fibra. Assim, as fibras nervosas são bloqueadas em um grau proporcional à afinidade dos ALs por elas, gerando um bloqueio diferencial.
Os ALs tem tanta afinidade por fibras nociceptivas da raiz dorsal quanto por fibras simpáticas pós-ganglionares;
A menor afinidade dos ALs é pelas fibras motoras/proprioceptivas.
Cite um problema da atuação dos ALs sobre as fibras simáticas pós-ganglionares.
Vasoplegia, gerando acúmulo de sangue periférico.
O que seria o bloqueio somatotópico?
É o bloqueio que se orienta de acordo com a disposição anatômica dos feixes nervosos dentro dos nervos. Em outras palavras, os feixes mais centrais inervam estruturas mais distais, enquanto que os feixes mais periféricos inervam estruturas mais proximais.
Assim, quando aplicado o AL, o efeito anestésico acontece por segmentos, isto é, primeiro estruturas mais proximais e depois mais distais. Isso porque ele deve ser aplicado mais externamente e se difundir para o centro, evitando lesão neural.
Quais são as vias de admnistração dos ALs?
- Tópica
- Infiltração perineural
- Bloqueio de tronco nervoso
- Espinal
- Epidural