Abordagem ao doente com adenopatia e esplenomegalia Flashcards

1
Q

Como avaliar o significado das linfadenopatias?

A

As linfadenopatias podem constituir processos fisiológicos ou patológicos, a diferença residindo nos seguintes parâmetros:
• número, tamanho (gânglios <1 cm não devem ser considerados patológicos; a sua exérese não deverá ser nunca considerada), consistência, mobilidade, sensibilidade (pétreo, mole, aderente ou não aos planos profundos…);
• idade do doente;
• sintomas acompanhantes e história clínica;
• localização – as adenopatias supra-claviculares, abdominais e mediastínicas são, até prova em contrário, encaradas como patológicas.
• presença de infecção nas estruturas drenadas (adenopatias cervicais, axilares, inguinais, epitocleares)

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2
Q

O que se deve procurar num doente com adenopatias?

A
  • Esplenomegalia
  • Hepatomegalia
  • Rashes cutâneos
  • Sopros cardíacos
  • Evidência de infecção local
  • Exame da cavidade oral e nasofaringe
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3
Q

Quais as adenopatias geralmente consideradas patológicas?

A
• Auriculares posteriores (rubéola)
• Supraclaviculares (frequentemente metastáticas) – adenopatias supraclaviculares têm indicação p/excisão por biópsia, não se devendo proceder a antibioterapia prévia.
– direitas – tórax
– esquerdas – abdómen
• Epitrocleares (excepto nos trabalhadores manuais)
• Poplíteas
• Mediastínicas 
• Abdominais
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4
Q

Significado de adenopatias mediastínicas?

A
  • As adenopatias mediastínicas não são palpáveis, sendo apenas identificadas por exames imagiológicos, ou sugeridas pelos sinais e sintomas do paciente – embora possam carecer de sintomatologia, as adenopatias mediastínicas também podem cursar c/síndrome da veia cava superior, em que o paciente sente edemas matinais (preferencialmente na região superior), parestesias, dispneia inexplicada…
  • Assim, perante tal sintomatologia, dever-se-á proceder sequencialmente a radiografia torácica (só evidencia alargamento do mediastino), TC (só nos evidencia uma massa) e biópsia.
  • Note-se que, na região retrosternal, a presença de massas aprsenta quatro etiologias principais, sumariadas na “regra dos 4T” – tiróide, timo, teratoma e “terrível linfoma”.
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5
Q

Significado de adenopatias abdominais e retroperitoneais?

A
  • As adenomegalias abdominais e retroperitoneais
    também não são visualizáveis – quando muito, podem ser palpadas, caso apresentem grandes dimensões.
  • De qualquer modo, neste caso, a sintomatologia do paciente revela-se deveras importante, incluindo alterações do trânsito intestinal, quadros de oclusão
    intestinal, dores abdominais e edemas periféricos.
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6
Q

Que adenopatias tendem a ser benignas?

A

1) Crianças e jovens adultos saudáveis com gânglios submandibulares planos e moles (<1cm);
2) Adultos saudáveis com gânglios inguinais (<2cm);

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7
Q

Que doenças estão associadas a linfadenopatia generalizada?

A
• Linfomas não-Hodgkin e d. Hodgkin
• Leucemia linfocítica crónica
• Doenças imunes
• Histiocitoses
• Infecções
– mononucleose infecciosa
– brucelose
– CMV
– TP
– hepatite vírica
– sífilis secundária
– toxoplasmose
– histoplasmose
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8
Q

O que fazer perante adenopatia axilar?

A

Despistar cancro da mama.

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9
Q

O que fazer perante adenopatia mediastínica?

A

Despistar LNH, D. Hodgkin (esclero-nodular)

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10
Q

O que fazer perante adenopatia hilar?

A
  • Despistar TP, metástases de c. pulmão (unilaterais), sarcoidose, coccidioidomicose (bilaterais).
  • Fazer sequencialmente Rx tórax, TAC, biópsia.
  • Sintomas possíveis - compressão da traqueia e brônquios
    (dispneia), compressão do n. laríngeo recorrente, disfagia,
    síndrome da veia cava superior.
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11
Q

O que fazer perante adenopatias retroperitoneais?

A
  • Despistar linfoma e carcinoma.
  • Sintomas possíveis - dor abdominal, náuseas, obstipação, oclusão intestinal, dor lombar, ascite, edemas periféricos, sintomas urinários.
  • Fazer eco, TAC, NMR, laparotomia, biópsia, linfangiografia.
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12
Q

Causas de adenomegalias?

A

1) NEOPLÁSICAS
- Hematológicas (linfomas, Hodgkin, leucemias agudas, LLC, histiocitoses)
- Não-hematológicas (c. cabeça e pescoço, pulmão, mama, rim)

2) IMUNOLÓGICAS/INFLAMATÓRIAS
- Infecções
- D. auto-imunes (LES, AR, dermatomiosite)
- D. do soro
- Reação de hipersensibilidade à Hidantina e à Carbamazepina (risco de adenopatias generalizadas)
- Sarcoidose
- Mistas (Kawasaki, linfadenopatia angioimunoblástica, etc)

3) ENDÓCRINAS
- Hipertiroidismo
- D. Addison

4) DOENÇAS DO ARMAZENAMENTO LIPÍDICO
- D. Gaucher
- D. Niemann-Pick

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13
Q

Qual o papel da imagiologia na avaliação de linfadenopatias?

A
  • Exames de imagem têm sido usados para
    distinguir adenopatias benignas/malignas, especialmente em doentes com cancro da cabeça e pescoço.
  • TC e RM têm precisão similar no dx de gg cervicais.
  • Eco com razão do eixo maior e menor < 2 distingue gg cervicais malignos e benignos.
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14
Q

Papel da biópsia no diagnóstico das linfadenopatias?

A
  • Indicações imprecisas (se dúvida, requerer opinião de hematologista ou oncologista);
  • <5% adenopatias requerem bx nos cuidados 1ários;
  • Precoce (se características sugestivas de malignidade) ou protelada até 2 semanas.
  • Se lesão mucosa sugestiva de malignidade primária, biopsar essa lesão primeiro.
  • Aspiração por agulha fina não deve ser o primeiro procedimento de diagnóstico.
  • Caraterísticas que podem sugerir a necessidade de biópsia são: > 40 anos, supraclavicular, >2 cm, duro, indolor, com alteração ao Rx de tórax.
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15
Q

Normalmente como se aborda o doente cm linfadenopatia?

A
  • Doentes com linfadenopatia: maioria não requer biópsia e pelo menos metade não requer estudos laboratoriais.
  • Hx e EO sugerem causa benigna → re-avaliação em 2-4 semanas (ou se ↑ tamanho).
  • ANTIBIÓTICOS não estão indicados exceto se fortes evidências de infeção bacteriana.
  • CORTICÓIDES não devem ser usados exceto se obstrução faríngea life-threatening por ↑ anel de Waldeyer (mononucleose).
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16
Q

Sintomatologia do doente com esplenomegalia?

A
  • DOR E SENSAÇÃO DE PESO QSE: estiramento da cápsula, enfarte, oclusão vascular ou inflamação da cápsula.
  • SACIEDADE PRECOCE: esplenomegalia maciça.
17
Q

Que exames de imagem devemos pedir num doente com esplenomegalia?

A

1) Eco: 1ª escolha, elevada S e E.
- CT/RM e Eco permitem fácil avaliação de lesões expansivas, enfartes, infiltrados não homogéneos e quistos.
- Med. nuclear demonstra tecido esplénico acessório.
- Nenhuma destas técnicas é fiável na deteção de infiltrado irregular / patchy (ex. D. Hodgkin).

18
Q

O que é esplenomegalia?

A

Baço palpável >8cm abaixo da grelha costal ou peso ≥1000g.

19
Q

Diagnósticos diferenciais de esplenomegalia?

A

1) IMUNOLÓGICA/INFLAMATÓRIA
- Infecções (endocardite bacteriana, brucelose, TP, M.I., CMV, sífilis,
toxoplasmose, malária, kala-azar, schistosomiase)
- Doenças auto-imunes (A.R., L.E., síndrome de Felty)
- Sarcoidose

2) DOENÇA HEMATOLÓGICA
- Neoplásica (LNH, LLC, Hodgkin, leucemias agudas, LMC, síndromes mieloproliferativos, histiocitoses)- potencialmente, tds as doenças hematológicas
neoplásicas podem cursar c/esplenomegalia.
- Não neoplásica (anemias hemolíticas – esferocitose hered., AHAI, talassémias, etc)

3) CONGESTIVA
- Hipertensão portal (cirrose hepática, trombose da porta ou da esplénica

4) METABÓLICA
- D. Gaucher, d. Niemann-Pick

5) MISTA
- Quisto, abcesso esplénico, hemangioma cavernoso

20
Q

10 Causas principais de esplenomegalia maciça?

A

MALLLLPiGHiS

  • Mielofibrose c/ metaplasia mielóide
  • Anemia hemolítica auto-imune
  • LMC
  • LLC
  • Leucemia de células pilosas
  • Linfomas (não Hodgkin)
  • Policitemia vera
  • D. Gaucher
  • Hemangiomatose esplénica difusa
  • Sarcoidose
21
Q

Indicações para esplenectomia:

A

 Raramente fins de diagnóstico
 Controlo dos sintomas na esplenomegalia maciça
 Correção de citopénias (+ anemia e trombocitopénia) em doentes com hiperesplenismo ou destruição imune
 Controlo da doença na ruptura esplénica traumática ou iatrogénica (indicação comum)
 Estadiamento D. Hodgkin se estadio clínico I/II e RT isolada considerada para tratamento → hoje desnecessária (terapêutica sistémica em todos os estadios)

D. Hodgkin:
baço tamanho N → 1/3 envolvimento tumoral
baço tamanho ↑→ 2/3 envolvimento tumoral, 1/3 sem tumor

22
Q

Contraindicação para esplenectomia?

A
  • Falência medular.
    Esplenectomia contra-indicada: estomatocitose
    Esplenectomia não eficaz: doença das crioaglutininas
23
Q

Qual a consequência do anesplenismo?

A
  • Ausência de baço tem efeitos MÍNIMOS a longo prazo no perfil hematológico.
  • ↑ SUSCETIBILIDADE A INFEÇÕES BACTERIANAS POR CAPSULADOS
  • Aumento da suscetibilidade a babesiose.
  • febre inexplicada = emergência
  • vacina pneumocócica 2 semanas antes