6. Patologia De Utero Flashcards
Como é a anatomia do colo uterino?
Anatomicamente o colo uterino compreende duas porções:
Ectocervice: porção vaginal externa q é visível no exame ginecológico. Epitélio escamoso estratificado(igual da parede vaginal)
Endocervice: chamada de canal vaginal, epitélio colunar simples secretor de muco(cel ganglionares)
A ectocervice e a endocervice sao separadas por qual estrutura?
Essas duas porções são separadas por uma abertura chamada de orifício externo que, antes da puberdade, coincide com o local onde o epitélio da ectocérvice se encontra com o da endocérvice, denominado como zona de transição ou junção escamocolunar (JEC).
Entretanto, a posição da JEC muda com a idade e a influência hormonal, pois, após a puberdade, a JEC se expõe pelo orifício externo (gerando mácula rubra – colo avermelhado) e, após a menopausa, o colo sofre atrofia e ressecamento, fazendo com que a JEC adentre a endocérvice.
Obs.: Após a puberdade, a JEC se torna o local mais suscetível a traumas e infecções (principalmente com o HPV – uma das maiores causa de câncer do colo uterino). Isso ocorre pois, quando ela se expõe pelo orifício externo, as irritações constantes no epitélio fazem com que ele sofra uma metaplasia escamosa, sendo uma adaptação normal do organismo. Entretanto, essas células epiteliais metaplásicas imaturas na JEC é onde geralmente ocorrem as displasias, levando a lesões pré-neoplasicas e cânceres.
O preventivo procura lesões precursoras e cânceres em estágios iniciais , q ainda são curáveis. Pq possibilita o acesso ao colo uterino p realizar exames , fornecendo tempo para a triagem, detecção e trat precoce
Quais são esses exames?
Colposcopia: Exame visual do colo uterino que pode contar com auxílio de técnicas quando suspeitamos de malignidade.
Ácido acético: Desidrata as células, deixando a região alterada mais esbranquiçada (epitélio acetobranco).
Teste de Schiller: Aplicação de lugol (iodo) no colo uterino, que cora o glicogênio das células atípicas, deixando a região alterada mais amarelada (epitélio iodo negativo - teste de Schiller positivo).
Papanicolau: Exame não invasivo em que se coleta células da JEC para analisar microscopicamente, através do esfregaço, a presença de células alteradas (displasia) no epitélio escamoso cervical.
Obs.: Mais da metade dos cânceres cervicais invasores são detectados em mulheres que não participam da triagem regular. Carcinomas microinvasivos e lesões pré-neoplásicas podem ser tratados apenas com biópsia em cone, removendo a área alterada, enquanto a maioria dos carcinomas invasores requer histerectomia, dissecção de linfonodos, irradiação e quimioterapia.
Como é feita a classificação das lesões?
Nos dias de hj usa-se a classificação de lesão intraepitelial escamosa de grau baixo e alto grau(LSIL e HSIL)
Classe 1(normal)
Classe2(inflamatório)
Classe3(sugestivo mas n conclusivo)
Classe4(fortemente sugestivo a malignidade)
Classe5(conclusão de malignidade)
Como é a patogenia do HPV?
O HPV infecta as células imaturas da membrana basal do epitélio escamoso, sendo mais fácil de alcançá-las em áreas de ruptura epitelial ou através das células escamosas metaplásicas imaturas da JEC.
Os alvos são células imaturas pela mitose que ocorre nelas, pois o vírus utiliza a síntese de DNA da célula hospedeira para replicar seu próprio genoma. Como as células superficiais não realizam mitose, o HPV não as infecta. Em locais onde não existem essa zona de transição, como a vagina e vulva, a infecção depende de uma lesão do epitélio, dando acesso às células imaturas da camada basal.
Essa diferença de suscetibilidade epitelial à infecção explica a maior incidência de câncer cervical e anal, em comparação ao câncer vulvar e peniano.
Os HPV de alto risco são o fator mais importante para o desenvolvimento do câncer de colo uterino. Os de baixo risco, na maioria das vezes, só causam verrugas e condilomas (neoplasias benignas).
A infecção pelo HPV pode seguir diferentes cursos:
Transitório: Indivíduo assintomático em que a infecção é eliminada pela reposta imunológica.
Persistente: Infecção que possui alto risco de desenvolver lesões precursoras e carcinoma.
Como é a microscopia das lesões precursoras?
As lesões passam a ser suspeitas quando é observado no microscópio alterações nucleares (displasia) das células escamosas cervicais, representadas por atipias, como:
Cariomegalia (aumento nuclear);
Binucleação (2 núcleos);
Hipercromasia (coloração escura);
Grânulos grosseiros de cromatina;
Variação na forma e tamanho dos núcleos;
Halos perinucleares citoplasmáticos (visto somente em biópsias – nível estrutural);
Atipia coilocitótica (alterações nucleares + halo citoplasmático): Essas alterações são características de infecção inicial por HPV, pois indicam que a célula ainda está amadurecendo. Com o tempo, ocorre multiplicação de células displásicas e elas sobem ainda imaturas (coilócito some).
Obs.: Além do preventivo, a vacinação contra HPV também é uma medida de controle dos casos.
Como é a classificação SIL?
A classificação SIL (lesão intraepitelial escamosa) se baseia na expansão das células displásicas, a partir da sua localização no epitélio ectocervical.
Baixo grau (LSIL ou LIBG): As alterações celulares estão confinadas ao terço inferior (terço basal) do epitélio ectocervical. É comum encontrar nas lesões de baixo grau atipias coilocitóticas (efeito citopático pelo HPV). A maioria dessas lesões regridem quando tratadas, mas existem aquelas que progridem para HSIL.
Alto grau (HSIL ou LIAG): As alterações celulares se expandem acima de dois terços da espessura epitelial. Essas lesões podem regredir para LSIL ou progredir para câncer (carcinoma escamoso).
Obs.: Nas displasias e neoplasias, as células que deveriam amadurecer conforme sobem nas camadas do epitélio, não amadurecem, permanecendo com um núcleo grande e pouco citoplasma. Ao colher um preventivo, as células presentes são do terço superior e, se estiverem imaturas, significa que toda a espessura está comprometida.
Oq é Carnima escamoso?
Carcinoma escamoso cervical é o nome que se dá para neoplasias malignas oriundas de células escamosas da ectocérvice. Ele é o tipo histológico mais comum e pode ser classificado como microinvasor e invasor, dependendo da extensão da área invadida.
Microscopia
Observa-se ninhos e projeções de epitélio escamoso maligno, queratinizado ou não-queratinizado, ultrapassando a membrana basal e invadindo o estroma cervical.
O carcinoma cervical avançado envolve tecidos e órgãos adjacentes por disseminação direta, incluindo bexiga, ureteres, reto e vagina. Também pode ocorrer metástase para órgãos distantes e, para analisar o grau de acometimento da doença, é realizado o estadiamento.
Oq é adenocarcinoma endocervical?
Adenocarcinoma endocervical é o nome que se dá para neoplasias malignas oriundas de células glandulares da endocérvice. Ele é o segundo tipo histológico mais comum (15% dos casos) e também pode ser classificado como microinvasor e invasor.
Microscopia
Observa-se proliferação de células endocervicais malignas no epitélio glandular, com atipias citológicas, como hipercromasia, cariomegalia e diminuição de mucina citoplasmática.
Obs.: Como a endocérvice só tem uma camada de células, é mais fácil diagnosticar displasias.
Como é a anatomia do corpo uterino?
O útero é um órgão piriforme, dividido em colo, corpo e istmo, responsável unicamente pela gestação. Sua orientação normal é a anteflexão e está localizado acima da bexiga e na frente do retosigmóide, além de possuir uma íntima relação com as tubas uterinas e ovários.
O útero possui 3 camadas:
*Serosa: Reveste o útero externamente.
*Miométrio: Composto por feixes de músculo liso que formam a parede uterina. *Endométrio: Reveste a cavidade interna do útero, sendo composta por estroma e glândulas.
Obs.: O endométrio passa por mudanças morfológicas e fisiológicas durante o ciclo menstrual em resposta aos hormônios sexuais produzidos nos ovários e, por isso, sua histologia depende da fase do ciclo. A determinação da data do endométrio por seu aspecto histológico (através de biópsia) muitas vezes é usado clinicamente para avaliar o estado hormonal, a ovulação, investigar infertilidade e determinar causas de sangramento anormal.
Quais são as causas mecanicas de sangramento uterino anormal?
As causas de sangramento uterino podem se originar em 2 compartimentos:
Endométrio: Patologias como pólipos endometriais, adenomiose e endometriose.
Miométrio: Patologias como leiomiomas.
Como são os Pólipos endometriais?
Macroscopia
São massas exofíticas de tamanho variável que se projetam na cavidade uterina, podendo ser únicos ou múltiplos.
Microscopia
Os pólipos podem se apresentar de 3 maneiras:
~Pólipos funcionais: Possuem ação de glândulas secretoras do endométrio, não sendo necessário retirar.
~Pólipos hiperplásicos: Crescimento do número de células do endométrio, formando um pólipo. Geralmente são geradas com alterações hormonais, mas somem ao retirar o estímulo.
~Adenocarcinoma em pólipos: Neoplasia maligna com a arquitetura de um pólipo.
Como é a Adenomiose e Endometriose?
São definidas pela presença de tecido endometrial (glândulas e estroma) fora da cavidade uterina.
Se o tecido estiver localizado na parede miometrial, é chamado de adenomiose e, se estiver localizado fora do útero, é chamado de endometriose.
Essas patologias causam sangramentos cíclicos (hemorragia) que podem resultar em fibroses e aderências, gerando peritonite, dor pélvica, infertilidade, câncer, etc.
Como patogenia, existem 2 teorias, uma em que o sangue menstrual possui um fluxo retrogrado e se implanta em outras regiões, e outra em que as células tronco de outros locais se diferenciaram em tecido endometrial.
Como é a macroscopia e microscopia da Adenomiose e Endometriose?
Macroscopia
Pequenas cavidades endometriais permeando o músculo liso da parede endometrial (adenomiose) ou de outros órgãos (endometriose).
Microscopia
Tecido endometrial fora do endométrio, envolto por várias camadas de músculo liso (de qualquer órgão).