2016/17 Flashcards
A épica narrativa de nosso caminho até aqui
Quando viajamos para o exterior, muitas vezes passamos pela experiência de aprender mais sobre o nosso país. Ao nos
depararmos com uma realidade diferente daquela em que estamos imersos cotidianamente, o estranhamento serve de alerta: deve
haver uma razão, um motivo, para que as coisas funcionem em cada lugar de um jeito. Presentes diferentes só podem resultar de
passados diferentes. Essa constatação pode ser um poderoso impulso para conhecer melhor a nossa história.
Algo assim vem ocorrendo no campo de estudos sobre o Sistema Solar. O florescimento da busca de planetas extrassolares –
aqueles que orbitam em torno de outras estrelas – equivaleu a dar uma espiadinha no país vizinho, para ver como vivem “seus
habitantes”. Os resultados são surpreendentes. Em certos sistemas, os planetas estão tão perto de suas estrelas que completam
uma órbita em poucos dias. Muitos são gigantes feitos de gás, e alguns chegam a possuir mais de seis vezes a massa e quase sete
vezes o raio de Júpiter, o grandalhão do nosso sistema. Já os nossos planetas rochosos, classe em que se enquadram Terra,
Mercúrio, Vênus e Marte, parecem ser mais bem raros do que imaginávamos a princípio.
A constatação de que somos quase um ponto fora da curva (pelo menos no que tange ao nosso atual estágio de conhecimento
de sistemas planetários) provocou os astrônomos a formular novas teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua atual
configuração. Isso implica responder perguntas tais como quando se formaram os planetas gasosos, por que estão nas órbitas em
que estão hoje, de que forma os planetas rochosos surgiram etc.
Nosso artigo de capa traz algumas das respostas que foram formuladas nos últimos 15 a 20 anos. Embora não sejam
consensuais, teorias como o Grand Tack, o Grande Ataque e o Modelo de Nice têm desfrutado de grande prestígio na comunidade
astronômica e oferecem uma fascinante narrativa da cadeia de eventos que pode ter permitido o surgimento da Terra e, em última
instância, da vida por aqui. […]
01 - O autor inicia o texto falando de nosso estranhamento quando conhecemos outros países, com seus usos e costumes.
Ao fazer isso, sua intenção é:
a) contrapor as características inusitadas de nosso sistema solar com os costumes diferentes de outros países.
b) chamar a atenção para o fato de que as coisas funcionam em cada lugar de um jeito.
c) alertar para que os turistas percebam que os usos e costumes de nosso país são muito diferentes dos de outros países.
d) fazer uma analogia com o comportamento científico que devemos ter para compreendermos o surgimento da Terra.
e) mostrar que o sistema solar tem planetas diferentes: alguns de formação rochosa e outros de formação gasos
d
A épica narrativa de nosso caminho até aqui
Quando viajamos para o exterior, muitas vezes passamos pela experiência de aprender mais sobre o nosso país. Ao nos
depararmos com uma realidade diferente daquela em que estamos imersos cotidianamente, o estranhamento serve de alerta: deve
haver uma razão, um motivo, para que as coisas funcionem em cada lugar de um jeito. Presentes diferentes só podem resultar de
passados diferentes. Essa constatação pode ser um poderoso impulso para conhecer melhor a nossa história.
Algo assim vem ocorrendo no campo de estudos sobre o Sistema Solar. O florescimento da busca de planetas extrassolares –
aqueles que orbitam em torno de outras estrelas – equivaleu a dar uma espiadinha no país vizinho, para ver como vivem “seus
habitantes”. Os resultados são surpreendentes. Em certos sistemas, os planetas estão tão perto de suas estrelas que completam
uma órbita em poucos dias. Muitos são gigantes feitos de gás, e alguns chegam a possuir mais de seis vezes a massa e quase sete
vezes o raio de Júpiter, o grandalhão do nosso sistema. Já os nossos planetas rochosos, classe em que se enquadram Terra,
Mercúrio, Vênus e Marte, parecem ser mais bem raros do que imaginávamos a princípio.
A constatação de que somos quase um ponto fora da curva (pelo menos no que tange ao nosso atual estágio de conhecimento
de sistemas planetários) provocou os astrônomos a formular novas teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua atual
configuração. Isso implica responder perguntas tais como quando se formaram os planetas gasosos, por que estão nas órbitas em
que estão hoje, de que forma os planetas rochosos surgiram etc.
Nosso artigo de capa traz algumas das respostas que foram formuladas nos últimos 15 a 20 anos. Embora não sejam
consensuais, teorias como o Grand Tack, o Grande Ataque e o Modelo de Nice têm desfrutado de grande prestígio na comunidade
astronômica e oferecem uma fascinante narrativa da cadeia de eventos que pode ter permitido o surgimento da Terra e, em última
instância, da vida por aqui. […]
02 - Na 3ª linha do terceiro parágrafo, “Isso” se refere:
a) ao florescimento da busca de planetas extrassolares.
b) a gigantes feitos de gás, alguns chegando a possuir mais de seis vezes a massa e quase sete vezes o raio de Júpiter.
c) à formulação de novas teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua configuração atual.
d) à constatação de que somos quase um ponto fora da curva.
e) ao nosso atual estágio de conhecimento de sistemas planetários
c
A épica narrativa de nosso caminho até aqui
Quando viajamos para o exterior, muitas vezes passamos pela experiência de aprender mais sobre o nosso país. Ao nos
depararmos com uma realidade diferente daquela em que estamos imersos cotidianamente, o estranhamento serve de alerta: deve
haver uma razão, um motivo, para que as coisas funcionem em cada lugar de um jeito. Presentes diferentes só podem resultar de
passados diferentes. Essa constatação pode ser um poderoso impulso para conhecer melhor a nossa história.
Algo assim vem ocorrendo no campo de estudos sobre o Sistema Solar. O florescimento da busca de planetas extrassolares –
aqueles que orbitam em torno de outras estrelas – equivaleu a dar uma espiadinha no país vizinho, para ver como vivem “seus
habitantes”. Os resultados são surpreendentes. Em certos sistemas, os planetas estão tão perto de suas estrelas que completam
uma órbita em poucos dias. Muitos são gigantes feitos de gás, e alguns chegam a possuir mais de seis vezes a massa e quase sete
vezes o raio de Júpiter, o grandalhão do nosso sistema. Já os nossos planetas rochosos, classe em que se enquadram Terra,
Mercúrio, Vênus e Marte, parecem ser mais bem raros do que imaginávamos a princípio.
A constatação de que somos quase um ponto fora da curva (pelo menos no que tange ao nosso atual estágio de conhecimento
de sistemas planetários) provocou os astrônomos a formular novas teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua atual
configuração. Isso implica responder perguntas tais como quando se formaram os planetas gasosos, por que estão nas órbitas em
que estão hoje, de que forma os planetas rochosos surgiram etc.
Nosso artigo de capa traz algumas das respostas que foram formuladas nos últimos 15 a 20 anos. Embora não sejam
consensuais, teorias como o Grand Tack, o Grande Ataque e o Modelo de Nice têm desfrutado de grande prestígio na comunidade
astronômica e oferecem uma fascinante narrativa da cadeia de eventos que pode ter permitido o surgimento da Terra e, em última
instância, da vida por aqui. […]
03 - Ser “quase um ponto fora da curva” significa:
a) ser rochoso.
b) ser gasoso.
c) levar poucos dias para completar a órbita.
d) orbitar em torno de uma estrela diferente do Sol.
e) estar em um estágio pouco avançado de conhecimento de sistemas planetários.
a
A épica narrativa de nosso caminho até aqui
Quando viajamos para o exterior, muitas vezes passamos pela experiência de aprender mais sobre o nosso país. Ao nos
depararmos com uma realidade diferente daquela em que estamos imersos cotidianamente, o estranhamento serve de alerta: deve
haver uma razão, um motivo, para que as coisas funcionem em cada lugar de um jeito. Presentes diferentes só podem resultar de
passados diferentes. Essa constatação pode ser um poderoso impulso para conhecer melhor a nossa história.
Algo assim vem ocorrendo no campo de estudos sobre o Sistema Solar. O florescimento da busca de planetas extrassolares –
aqueles que orbitam em torno de outras estrelas – equivaleu a dar uma espiadinha no país vizinho, para ver como vivem “seus
habitantes”. Os resultados são surpreendentes. Em certos sistemas, os planetas estão tão perto de suas estrelas que completam
uma órbita em poucos dias. Muitos são gigantes feitos de gás, e alguns chegam a possuir mais de seis vezes a massa e quase sete
vezes o raio de Júpiter, o grandalhão do nosso sistema. Já os nossos planetas rochosos, classe em que se enquadram Terra,
Mercúrio, Vênus e Marte, parecem ser mais bem raros do que imaginávamos a princípio.
A constatação de que somos quase um ponto fora da curva (pelo menos no que tange ao nosso atual estágio de conhecimento
de sistemas planetários) provocou os astrônomos a formular novas teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua atual
configuração. Isso implica responder perguntas tais como quando se formaram os planetas gasosos, por que estão nas órbitas em
que estão hoje, de que forma os planetas rochosos surgiram etc.
Nosso artigo de capa traz algumas das respostas que foram formuladas nos últimos 15 a 20 anos. Embora não sejam
consensuais, teorias como o Grand Tack, o Grande Ataque e o Modelo de Nice têm desfrutado de grande prestígio na comunidade
astronômica e oferecem uma fascinante narrativa da cadeia de eventos que pode ter permitido o surgimento da Terra e, em última
instância, da vida por aqui. […]
04 - Considere a estrutura “daquela em que estamos imersos” (linha 2 do 1º parágrafo) e compare-a com as seguintes:
1. o espaço ___ que moramos …
2. a organização ____ que confiamos …
3. a cidade ___ que almejamos …
4. os problemas ____ que constatamos nos relatórios…
Tendo em vista as normas da língua culta, a preposição “em” deveria preencher a lacuna em:
a) 1 apenas.
b) 1 e 2 apenas.
c) 2 e 3 apenas.
d) 1, 3 e 4 apenas.
e) 2, 3 e 4 apenas.
b
05 - As duas estrofes a seguir iniciam o poema Y-Juca-Pyrama de Gonçalves Dias, publicado em 1851.
No meio das tabas de amenos verdores
Cercadas de troncos – cobertos de flores,
Alteião-se os tectos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos animos fortes,
Temiveis na guerra, que em densas cohortes
Assombrão das matas a imensa extensão
São rudes, severos, sedentos de gloria,
Já prelios incitão, já cantão victoria,
Já meigos attendem a voz do cantor:
São todos tymbiras, guerreiros valentes!
Seu nome la vôa na bocca das gentes,
Condão de prodigios, de gloria e terror!
Últimos Cantos, Gonçalves Dias
Nesse trecho, o poeta apresenta a tribo dos timbiras. Constatamos, sem dificuldades, que a ortografia da época era,
em muitos aspectos, diferente da que usamos atualmente. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmativas:
1. As palavras paroxítonas terminadas em ditongo não eram acentuadas naquela época, diferentemente de hoje.
2. As formas verbais se alternam entre presente e futuro do presente do indicativo, com a mesma terminação.
3. A 3ª pessoa do plural dos verbos do presente do indicativo se diferencia graficamente da forma atual.
4. Os monossílabos tônicos perderam o acento na ortografia contemporânea.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
b
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na
terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo
tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a
terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não
deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os
pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles
fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não
deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
(Antônio Vieira, Sermão de Santo Antônio, em: .)
O excerto acima é o início do “Sermão de Santo António aos Peixes” escrito por Antônio Vieira, que se imortalizou pela
coerência lógica de seus textos, além de suas qualidades literárias.
06 - O texto trabalha fundamentalmente com duas metáforas: o sal e a terra, que representam, respectivamente, os
pregadores (aqueles que deveriam propagar a palavra de Cristo) e os ouvintes (aqueles que deveriam ser convertidos).
O tema central do texto é a reflexão sobre as possíveis causas da ineficiência dos pregadores. Para tanto, o autor
levanta algumas hipóteses. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmativas:
1. Os pregadores não pregam o que deveriam pregar.
2. Os ouvintes se recusam a aceitar o que os pregadores pregam.
3. Os pregadores não agem de acordo com os valores que pregam.
4. Os ouvintes agem como os pregadores em vez de agir de acordo com o que eles pregam.
5. Os pregadores promovem a si mesmos na pregação ao invés de promover as palavras de Cristo.
Constituem hipóteses levantadas pelo autor do texto:
a) 1 e 3 apenas.
b) 3 e 5 apenas.
c) 1, 2 e 4 apenas.
d) 2, 4 e 5 apenas.
e) 1, 2, 3, 4 e 5.
e
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na
terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo
tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a
terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não
deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os
pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles
fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não
deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
(Antônio Vieira, Sermão de Santo Antônio, em: .)
O excerto acima é o início do “Sermão de Santo António aos Peixes” escrito por Antônio Vieira, que se imortalizou pela
coerência lógica de seus textos, além de suas qualidades literárias.
07 - Vieira é um homem do século XVII. É possível detectar, no texto de Vieira, características da língua portuguesa que
divergem de seu uso contemporâneo. Pensando nessa diferença entre o português atual e o português usado por
Vieira, considere as seguintes afirmativas:
1. Diferentemente de hoje, o pronome pessoal oblíquo átono antecedia a negação.
2. O “porque” é empregado no texto como conjunção explicativa e sua grafia é a mesma usada atualmente.
3. A conjunção “ou” tem no texto um uso que não é o de alternância.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
c) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
c
Por que a cultura do sul ficou de fora do retrato do Brasil nas olimpíadas?
Depois de uma abertura que falou das etnias que formaram o povo brasileiro, a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos
do Rio de Janeiro, realizada neste domingo (21), teve mais cara de carnaval. A ideia da diretora criativa da festa, Rosa Magalhães,
era mostrar “o sentimento de brasilidade”, conforme ela explicou ao jornal “O Globo” dias antes da cerimônia.
Carnavalesca da escola de samba carioca São Clemente, Rosa usou elementos alegóricos para mostrar a arte feita pelo povo
do país – para ela, “marca da nossa identidade cultural”. Teve menção a choro, samba carioca, Carmem Miranda, mulheres rendeiras
da Bahia, bonecos de cerâmica do pernambucano Vitalino, Heitor Villa-Lobos, carnaval.
Entre as ausências, as expressões culturais do Sul do Brasil – o que alimentou algum debate em redes sociais: se a ideia era
representar o país todo, por que ficamos de fora?
Para a antropóloga Selma Baptista, professora-doutora aposentada da UFPR, a pergunta deveria ser outra: por que as
expressões culturais do Sul participariam do recorte da carnavalesca carioca se elas não estão presentes nem em nossas próprias
festas? “Essa questão da representação de identidades regionais se dá a partir da construção da identidade dentro de seus próprios
redutos. Cabe perguntar até que ponto nossas representações da cultura popular têm expressividade entre nós mesmos para que
alcancem uma representatividade nacional”, questiona.
Patrícia Martins, antropóloga e docente do Instituto Federal do Paraná (IFPR) em Paranaguá, lembra que o Sul tende inclusive
a negar o tipo de “brasilidade” representada na cerimônia de encerramento, mais ligada à cultura indígena e afro-brasileira. “Aqui há
uma autorrepresentação que passa por uma cultura europeia”, diz. Para ela, o recorte mostrado na cerimônia de abertura dos Jogos
Olímpicos tem ligações com uma identidade brasileira que vem sendo construída desde o Estado Novo (1937-1945), que incorporou
o samba carioca. “Existe um patrimônio rico no Sul – há os batuques do Rio Grande do Sul, o fandango caiçara. Teria muita coisa a
mostrar, mas nem nós sabemos que existe isso em nossa região”.
Na opinião de Tau Golin, jornalista, historiador e professor do curso de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo
Fundo (UPF), esse tipo de questionamento sobre representações regionais é uma “briga simbólica” já bem conhecida –
principalmente dos gaúchos. “É uma briga de poder pela representatividade, por quem representa mais a nação”, diz. “Como é um
país com regiões que se formaram antes da nação, as regionalidades querem estar presentes em tudo o que acontece no país. Se
fosse insignificante, não brigariam. Mas, como é para se mostrar para o exterior, a briga é compreensível historicamente”. Para ele,
o desejo do Sul de estar presente nesse tipo de representação, dada a relação difícil da região com a “brasilidade”, é um fator
surpreendente. “É uma novidade, que merece estudos daqui para a frente”, diz.
08 - O texto tematiza a ausência de manifestações culturais da região Sul na festa de encerramento dos Jogos Olímpicos
do Rio de Janeiro. As duas antropólogas entrevistadas compartilham uma mesma opinião sobre a questão levantada.
Assinale a alternativa que apresenta essa opinião.
a) Houve um boicote dos organizadores para deixar o Sul de fora, dada a sua cultura mais europeia.
b) O Sul não apresenta manifestações típicas dignas de apresentação numa festa de impacto internacional.
c) O restante do país não identifica a região Sul como detentora do sentimento de brasilidade.
d) Embora o Sul tenha manifestações culturais importantes, elas não são representativas nem na própria região.
e) O Sul tem muita coisa a mostrar, mas os estrangeiros só têm olhos para o carnaval
d
Por que a cultura do sul ficou de fora do retrato do Brasil nas olimpíadas?
Depois de uma abertura que falou das etnias que formaram o povo brasileiro, a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos
do Rio de Janeiro, realizada neste domingo (21), teve mais cara de carnaval. A ideia da diretora criativa da festa, Rosa Magalhães,
era mostrar “o sentimento de brasilidade”, conforme ela explicou ao jornal “O Globo” dias antes da cerimônia.
Carnavalesca da escola de samba carioca São Clemente, Rosa usou elementos alegóricos para mostrar a arte feita pelo povo
do país – para ela, “marca da nossa identidade cultural”. Teve menção a choro, samba carioca, Carmem Miranda, mulheres rendeiras
da Bahia, bonecos de cerâmica do pernambucano Vitalino, Heitor Villa-Lobos, carnaval.
Entre as ausências, as expressões culturais do Sul do Brasil – o que alimentou algum debate em redes sociais: se a ideia era
representar o país todo, por que ficamos de fora?
Para a antropóloga Selma Baptista, professora-doutora aposentada da UFPR, a pergunta deveria ser outra: por que as
expressões culturais do Sul participariam do recorte da carnavalesca carioca se elas não estão presentes nem em nossas próprias
festas? “Essa questão da representação de identidades regionais se dá a partir da construção da identidade dentro de seus próprios
redutos. Cabe perguntar até que ponto nossas representações da cultura popular têm expressividade entre nós mesmos para que
alcancem uma representatividade nacional”, questiona.
Patrícia Martins, antropóloga e docente do Instituto Federal do Paraná (IFPR) em Paranaguá, lembra que o Sul tende inclusive
a negar o tipo de “brasilidade” representada na cerimônia de encerramento, mais ligada à cultura indígena e afro-brasileira. “Aqui há
uma autorrepresentação que passa por uma cultura europeia”, diz. Para ela, o recorte mostrado na cerimônia de abertura dos Jogos
Olímpicos tem ligações com uma identidade brasileira que vem sendo construída desde o Estado Novo (1937-1945), que incorporou
o samba carioca. “Existe um patrimônio rico no Sul – há os batuques do Rio Grande do Sul, o fandango caiçara. Teria muita coisa a
mostrar, mas nem nós sabemos que existe isso em nossa região”.
Na opinião de Tau Golin, jornalista, historiador e professor do curso de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo
Fundo (UPF), esse tipo de questionamento sobre representações regionais é uma “briga simbólica” já bem conhecida –
principalmente dos gaúchos. “É uma briga de poder pela representatividade, por quem representa mais a nação”, diz. “Como é um
país com regiões que se formaram antes da nação, as regionalidades querem estar presentes em tudo o que acontece no país. Se
fosse insignificante, não brigariam. Mas, como é para se mostrar para o exterior, a briga é compreensível historicamente”. Para ele,
o desejo do Sul de estar presente nesse tipo de representação, dada a relação difícil da região com a “brasilidade”, é um fator
surpreendente. “É uma novidade, que merece estudos daqui para a frente”, diz.
09 - O último entrevistado, Tau Golin, faz alusão a uma “briga simbólica”, que poderia ser resumida da seguinte maneira:
a) O restante do Brasil nunca considerou o patrimônio cultural do Sul, por considerá-lo oriundo da cultura europeia.
b) As manifestações artísticas do Sul são uma novidade em termos de identidade cultural e, para serem representativas,
precisam ser estudadas daqui para a frente.
c) A característica mais arredia do povo sulista impossibilita uma participação harmônica da região nesse tipo de
apresentação.
d) A escolha de que manifestações culturais serão consideradas representativas da brasilidade depende de quem está no
poder.
e) O Sul, em especial o Rio Grande do Sul, sempre se mostrou resistente aos elementos culturais vistos como representativos
da brasilidade.
e
Por que a cultura do sul ficou de fora do retrato do Brasil nas olimpíadas?
Depois de uma abertura que falou das etnias que formaram o povo brasileiro, a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos
do Rio de Janeiro, realizada neste domingo (21), teve mais cara de carnaval. A ideia da diretora criativa da festa, Rosa Magalhães,
era mostrar “o sentimento de brasilidade”, conforme ela explicou ao jornal “O Globo” dias antes da cerimônia.
Carnavalesca da escola de samba carioca São Clemente, Rosa usou elementos alegóricos para mostrar a arte feita pelo povo
do país – para ela, “marca da nossa identidade cultural”. Teve menção a choro, samba carioca, Carmem Miranda, mulheres rendeiras
da Bahia, bonecos de cerâmica do pernambucano Vitalino, Heitor Villa-Lobos, carnaval.
Entre as ausências, as expressões culturais do Sul do Brasil – o que alimentou algum debate em redes sociais: se a ideia era
representar o país todo, por que ficamos de fora?
Para a antropóloga Selma Baptista, professora-doutora aposentada da UFPR, a pergunta deveria ser outra: por que as
expressões culturais do Sul participariam do recorte da carnavalesca carioca se elas não estão presentes nem em nossas próprias
festas? “Essa questão da representação de identidades regionais se dá a partir da construção da identidade dentro de seus próprios
redutos. Cabe perguntar até que ponto nossas representações da cultura popular têm expressividade entre nós mesmos para que
alcancem uma representatividade nacional”, questiona.
Patrícia Martins, antropóloga e docente do Instituto Federal do Paraná (IFPR) em Paranaguá, lembra que o Sul tende inclusive
a negar o tipo de “brasilidade” representada na cerimônia de encerramento, mais ligada à cultura indígena e afro-brasileira. “Aqui há
uma autorrepresentação que passa por uma cultura europeia”, diz. Para ela, o recorte mostrado na cerimônia de abertura dos Jogos
Olímpicos tem ligações com uma identidade brasileira que vem sendo construída desde o Estado Novo (1937-1945), que incorporou
o samba carioca. “Existe um patrimônio rico no Sul – há os batuques do Rio Grande do Sul, o fandango caiçara. Teria muita coisa a
mostrar, mas nem nós sabemos que existe isso em nossa região”.
Na opinião de Tau Golin, jornalista, historiador e professor do curso de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo
Fundo (UPF), esse tipo de questionamento sobre representações regionais é uma “briga simbólica” já bem conhecida –
principalmente dos gaúchos. “É uma briga de poder pela representatividade, por quem representa mais a nação”, diz. “Como é um
país com regiões que se formaram antes da nação, as regionalidades querem estar presentes em tudo o que acontece no país. Se
fosse insignificante, não brigariam. Mas, como é para se mostrar para o exterior, a briga é compreensível historicamente”. Para ele,
o desejo do Sul de estar presente nesse tipo de representação, dada a relação difícil da região com a “brasilidade”, é um fator
surpreendente. “É uma novidade, que merece estudos daqui para a frente”, diz.
10 - Em relação à organização do texto de Rafael Rodrigues Costa, considere as seguintes afirmativas:
1. O texto parte de uma tese que é endossada pelos entrevistados.
2. A opinião do autor prevalece na conclusão do texto.
3. O autor usa tanto discurso direto como indireto para relatar a opinião dos entrevistados.
4. O autor redimensiona a abordagem da questão expressa no título a partir da opinião dos entrevistados.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
c
Livro e futebol
O leitor a quem se dirige esse livro não é evidente: em geral, quem vive o futebol não está interessado em ler sobre ele mais
do que a notícia de jornal ou revista, e quem se dedica a ler livros e especulações poucas vezes conhece o futebol por dentro. Pierre
Bourdieu observa, por exemplo, que a sociologia esportiva é desdenhada pelos sociólogos e menosprezada pelos envolvidos com
o esporte. A observação pode valer também para ensaios como este aqui, embora ele não seja do gênero sociológico. No limite, a
onipresença do jogo de bola soa abusiva e irrelevante para quem acompanha a discussão cultural. Assim, mais do que um
desconhecimento recíproco entre as partes, pode-se falar, de fato, de uma dupla resistência. Viver o futebol dispensa pensá-lo, e,
em grande parte, é essa dispensa que se procura nele. Os pensadores, por sua vez, à esquerda ou à direita, na meia ou no centro,
têm muitas vezes uma reserva contra os componentes anti-intelectuais e massivos do futebol, e temem ou se recusam a endossá-
los, por um lado, e a se misturar com eles, por outro. Tudo isso, por si só, já daria um belo assunto: o futebol como o nó cego em
que a cultura e a sociedade se expõem no seu ponto ao mesmo tempo mais visível e invisível. E esse não deixa de ser o tema deste
livro, que talvez possa interessar a quem esteja disposto a lê-lo independentemente de conhecer o futebol ou de ser ou não
“intelectual”.
Não é incomum, também, que intelectuais vivam intensamente o futebol, sem pensá-lo, e que resistam, ao mesmo tempo, a
admiti-lo na ordem do pensamento. Nesse caso, aqueles dois personagens a que nos referimos no começo podem se encontrar
numa pessoa só. […]
11 - O autor inicia o texto dizendo que o leitor de seu livro não é evidente, porque o tema por ele tratado, o futebol, é
abordado de maneira incomum. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmativas:
1. Os apaixonados pelo futebol anseiam há muito por uma abordagem sociológica do esporte.
2. Pensar o futebol do ponto de vista intelectual é algo muito comum num país em que esse esporte é o mais
apreciado, e é esse tratamento que predomina hoje em jornais e revistas.
3. O livro aborda o futebol do ponto de vista cultural, intelectual, distanciando-se do tratamento do senso comum
que impera em jornais e revistas.
4. Viver e pensar o futebol são coisas diferentes e independentes, mas é possível uma abordagem intelectual que
agrade os dois tipos de espectador.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras
c
Livro e futebol
O leitor a quem se dirige esse livro não é evidente: em geral, quem vive o futebol não está interessado em ler sobre ele mais
do que a notícia de jornal ou revista, e quem se dedica a ler livros e especulações poucas vezes conhece o futebol por dentro. Pierre
Bourdieu observa, por exemplo, que a sociologia esportiva é desdenhada pelos sociólogos e menosprezada pelos envolvidos com
o esporte. A observação pode valer também para ensaios como este aqui, embora ele não seja do gênero sociológico. No limite, a
onipresença do jogo de bola soa abusiva e irrelevante para quem acompanha a discussão cultural. Assim, mais do que um
desconhecimento recíproco entre as partes, pode-se falar, de fato, de uma dupla resistência. Viver o futebol dispensa pensá-lo, e,
em grande parte, é essa dispensa que se procura nele. Os pensadores, por sua vez, à esquerda ou à direita, na meia ou no centro,
têm muitas vezes uma reserva contra os componentes anti-intelectuais e massivos do futebol, e temem ou se recusam a endossá-
los, por um lado, e a se misturar com eles, por outro. Tudo isso, por si só, já daria um belo assunto: o futebol como o nó cego em
que a cultura e a sociedade se expõem no seu ponto ao mesmo tempo mais visível e invisível. E esse não deixa de ser o tema deste
livro, que talvez possa interessar a quem esteja disposto a lê-lo independentemente de conhecer o futebol ou de ser ou não
“intelectual”.
Não é incomum, também, que intelectuais vivam intensamente o futebol, sem pensá-lo, e que resistam, ao mesmo tempo, a
admiti-lo na ordem do pensamento. Nesse caso, aqueles dois personagens a que nos referimos no começo podem se encontrar
numa pessoa só. […]
12 - “Nesse caso, aqueles dois personagens a que nos referimos no começo podem se encontrar numa pessoa só”. Com
isso, o autor reconhece que:
1. é desejável pensar o esporte por outro viés que não seja aquele permeado por admiração e paixão.
2. admitir o futebol na ordem do pensamento significa fazer do torcedor apaixonado uma pessoa capaz de refletir
sobre seus pontos positivos e negativos.
3. há intelectuais que, mesmo não admitindo que possam haver abordagens intelectualizadas do futebol, são
torcedores fervorosos.
4. o torcedor apaixonado é aquele que prefere pensar o futebol na sua expressão cultural e, portanto, é o que
congrega as características de leitor preferencial do livro.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
a
13 - A respeito dos romances Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e Fogo Morto, de José Lins do Rego, assinale a alternativa
correta.
a) Clara dos Anjos é um romance memorialístico, no qual os acontecimentos rememorados permitem compreender a origem
da família da protagonista; Fogo Morto é um romance intimista que dá a conhecer a vida de um núcleo familiar aristocrático
ao longo da década de 1930.
b) Os pontos de vista narrativos desses romances diferem um do outro, porque, em Clara dos Anjos, o narrador participa da
trama como personagem, narrando acontecimentos de que participou, enquanto, em Fogo Morto, o narrador é onisciente,
dedicando-se a investigar a alma dos personagens.
c) Nos dois romances, as mulheres pobres não recebem educação formal e são submetidas a uma rotina de violência familiar.
Seu destino é o enlouquecimento, como acontece com Marta e Neném em Fogo Morto, ou a insubmissão, como acontece
com Clara dos Anjos, que abandona a casa dos pais.
d) Nos dois romances, a cultura popular aparece representada pela música, que agrada a diferentes personagens: em Clara
dos Anjos, a modinha aproxima Cassi Jones da família de Clara; em Fogo Morto, as histórias cantadas por José Passarinho
ecoam o sofrimento dos personagens.
e) Nos dois romances, observa-se a geografia suburbana, com favelas construídas em torno da linha férrea, com
aglomerados humanos miscigenados e também com o subemprego dos personagens, como o carteiro Joaquim dos Anjos
e o seleiro José Amaro.
d
14 - A respeito da obra teatral Os dois ou o inglês maquinista, de Martins Pena, é correto afirmar:
a) Por ser um texto teatral, do qual a figura do narrador é ausente, não há espaço na sua estrutura formal para descrição de
ambientes ou de personagens.
b) As ações das personagens são mostradas ou relatadas na peça, mas seus pensamentos não, de modo que o leitor ou o
espectador ignora quais terão sido suas emoções e reflexões.
c) As inovações técnicas apresentadas pelo inglês são bem recebidas pelos personagens brasileiros, que não emitem sinais
de desconfiança, por admiração ao estrangeiro.
d) Por tratar de um tema tecnológico, a peça não conta com personagens femininas, já que as mulheres estavam
desinteressadas do universo produtivo no século XIX.
e) A ação se passa num momento em que o tráfico de escravos já não era permitido, mas ainda assim sua venda ilegal é
praticada e discutida na peça.
e
15 - Considere o parágrafo abaixo, extraído do conto “D. Paula”, que integra a coletânea Várias Histórias, de Machado de
Assis:
Já se entende que o outro Vasco, o antigo, também foi moço e amou. Amaram-se, fartaram-se um do outro, à sombra do
casamento, durante alguns anos, e, como o vento que passa não guarda a palestra dos homens, não há meio de escrever aqui
o que então se disse da aventura. A aventura acabou; foi uma sucessão de horas doces e amargas, de delícias, de lágrimas,
de cóleras, de arroubos, drogas várias com que encheram a esta senhora a taça das paixões. D. Paula esgotou-a inteira e
emborcou-a depois para não mais beber. A saciedade trouxe-lhe a abstinência, e com o tempo foi esta última fase que fez a
opinião. Morreu-lhe o marido e foram vindo os anos. D. Paula era agora uma pessoa austera e pia, cheia de prestígio e
consideração.
Sobre Várias Histórias, assinale a alternativa correta.
a) “D. Paula” e “Entre santos” distinguem-se tematicamente dos demais contos da coletânea por tratarem do adultério
feminino, antecipando assim o tema do ciúme de maridos enganados, que apareceria no romance Dom Casmurro, de
Machado de Assis.
b) O encantamento de um adolescente por D. Severina (no conto “Uns braços”) e a história revelada pela sobrinha à tia (em
“D. Paula”) perturbam essas mulheres, por acenderem nelas, respectivamente, o desejo e a lembrança de sua realização.
c) Nos contos “A Cartomante” e “D. Paula”, o narrador onisciente apresenta em detalhes os acontecimentos passados, dando
a conhecer os fatos e o julgamento social sobre eles, permitindo que o leitor antecipe os desdobramentos da trama.
d) Os personagens Evaristo (do conto “Mariana”) e D. Paula (do conto homônimo) lembram-se de episódios antigos de suas
vidas afetivas. Referindo-se a esses episódios, os contos trazem digressões moralizantes a respeito das virtudes do
casamento no século XIX.
e) Nos contos desse livro, a moral cristã do século XIX impele as mulheres a viverem “à sombra do casamento”, isto é,
distantes de aventuras extraconjugais, satisfeitas com a vida de prestígio e consideração que o matrimônio lhes assegura
b
16 - Sobre o livro de poesia Últimos Cantos, de Gonçalves Dias, considere as seguintes afirmativas:
1. A métrica em “I-Juca-Pirama” é variável e tem conexão com a progressão dos fatos narrados, o que permite dizer
que o ritmo se ajusta às reviravoltas da narrativa.
2. “Leito de folhas verdes” e “Marabá” tematizam a miscigenação brasileira ao apresentarem dois casais inter-
raciais.
3. A “Canção do Tamoyo” apresenta o relato de feitos heroicos específicos desse povo para exaltar a coragem
humana.
4. O poema “Hagaar no deserto” recria um episódio bíblico e apresenta uma escrava escolhida por Deus para ser
mãe de Ismael, o patriarca do povo árabe.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras
c) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
c
17 - Com base na leitura integral do “Sermão de Santo Antonio aos peixes”, de Antonio Vieira, assinale a alternativa correta.
a) O texto se estrutura através de uma rede de analogias em que os peixes são equiparados à própria palavra de Deus.
b) A palavra de Deus é comparada ao sal da terra, mas nunca consegue fertilizá-la, porque falta à terra a leveza dos peixes.
c) Depois de ser lançado ao mar pelos homens, Santo Antonio foi reconduzido à praia pelos peixes, tornando-se exemplo da
conduta cristã.
d) O sal da terra é a palavra de Cristo e, segundo a parábola citada no sermão, ele preferiu pregar para os peixes a pregar
para os homens.
e) A terra, mesmo infértil, poderia ser melhor cultivada, caso houvesse pregadores que soubessem semear a boa palavr
e
18 - “E não gostavas de festa… / Ó velho, que festa grande / hoje te faria a gente”. Esses são os versos de abertura do
poema “A Mesa”, parte integrante do livro Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade. Neles podem ser
identificados alguns elementos do poema, entre os quais o destinatário, um patriarca, a quem o eu-lírico se dirige ao
longo de centenas de versos. A respeito de “A Mesa” e de sua integração com outros poemas do mesmo livro, assinale
a alternativa correta.
a) Numa festa de aniversário, o eu-lírico reapresenta ao velho pai as pessoas da família. Tristes e nostálgicas, elas vão se
dando conta de que o pai não as reconhece. É o que se observa nos versos: “Aqui sentou-se o mais velho” e “Mais adiante
vês aquele / que de ti herdou a dura / vontade, o duro estoicismo”.
b) Na festa preparada para o pai, o eu-lírico observa a conversa barulhenta em torno da comida e, inutilmente, tenta calar
seus parentes, que trazem à mesa assuntos triviais, perturbando a solenidade do reencontro. É o que se observa na
repetição do verso “(não convém lembrar agora)”.
c) Por meio dos versos “Como pode nossa festa / ser de um só que não de dois? / Os dois ora estais reunidos / numa aliança
bem maior / que o simples elo da terra”, o eu-lírico se dirige à mãe, convidando-a para se sentar à cabeceira da mesa,
provocando uma discussão entre o pai autoritário e a mãe submissa.
d) Na memória do eu-lírico, o pai se refere aos filhos cinquentões como se eles fossem meninos. Embora sugira discordar
do pai, o eu-lírico reconhece as contradições da condição de filho adulto nos versos “e o desejo muito simples / de pedir à
mãe que cosa, / mais do que nossa camisa, nossa alma frouxa, rasgada”.
e) O soneto “Encontro” faz referência a um pai, mas, como o pai está morto (“Está morto, que importa? / Inda madruga / e
seu rosto, nem triste nem risonho, / é o rosto antigo, o mesmo. E não enxuga / suor algum, na calma de meu sonho”), o
filho só o encontra em sonho e na imaginação, diferentemente de “A mesa
d
19 - Considere o seguinte extrato da declaração de independência haitiana:
1º de janeiro de 1804
O General em Chefe ao Povo do Haiti,
Cidadãos – compatriotas –, eu reuni, neste dia solene, os corajosos comandantes que, às vésperas de receber o
último suspiro da liberdade agonizante, derramaram seu sangue para preservá-la. Estes generais, que comandaram
as lutas de vocês contra a tirania, ainda não terminaram. A reputação francesa ainda obscurece nossas planícies: todas
as coisas evocam a lembrança das crueldades daquele povo bárbaro. Nossas leis, nossos costumes, nossas cidades,
tudo encerra características dos franceses. Ouçam o que estou dizendo! Os franceses ainda têm um pé em nossa ilha!
E vocês se creem livres e independentes daquela república, que combateu todas as nações, é verdade, mas nunca
conquistou aqueles que seriam livres!
(Transcrição a partir da versão publicada em David Armitage, Declaração de independência: uma história global. São Paulo: Companhia das
Letras, 2011).
Com base nesse fragmento e nos conhecimentos sobre o assunto, considere as seguintes afirmativas sobre a
Revolução Haitiana (1791-1804) e seu significado para as independências americanas:
1. Antes de se chamar Haiti, a ilha se chamava Santo Domingo e estava sob domínio espanhol, sendo invadida pelos
franceses a mando de Napoleão.
2. O Haiti foi a primeira república das Américas a se libertar da dominação europeia e abolir a escravidão.
3. A particularidade da revolução haitiana é que foi dirigida por escravos, libertos e mulatos e inspirada nos
princípios que os próprios franceses teriam levantado durante sua revolução.
4. A revolução haitiana contou com o apoio de escravos e libertos da colônia espanhola de Cuba.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras
b
20 - Considere o seguinte trecho do discurso de Nehru durante a conferência de Bandung em 1955:
Hoje, no mundo, devo sugerir, não somente por causa da presença desses dois colossos, mas também em função da chegada
da era atômica e da bomba de hidrogênio, os próprios conceitos de guerra, de paz, de política, mudaram. Pensamos e agimos
nos termos da era passada. […] Agora não faz diferença se um país é mais poderoso do que outro no uso da bomba atômica
ou da de hidrogênio. Um é mais poderoso em sua ruína do que o outro. Isso quer dizer que o ponto de saturação foi alcançado.
Se um país é poderoso, o outro também é […]. Se há agressão em algum lugar do mundo, isso é o limite que resulta em guerra
mundial. Não importa de onde parta a agressão. Se um comete agressão, há guerra mundial.
(Tradução de trecho do discurso do Primeiro-Ministro indiano Nehru na Conferência de Bandung. Disponível em: . Acesso: 30 de agosto de 2016.)
Na conferência realizada em Bandung, na Indonésia, de 18 a 24 de abril de 1955, os países afro-asiáticos participantes
acordaram uma série de medidas políticas, econômicas e culturais. De acordo com esse trecho e com os
conhecimentos sobre o período de descolonização afro-asiática, assinale a alternativa que apresenta alguns acordos
resultantes desse encontro.
a) A conferência condenou o racismo e o colonialismo como formas de opressão que atentam contra os direitos humanos
contidos na carta das Nações Unidas; defendeu a autodeterminação dos povos e uma política de não alinhamento perante
a polarização que enfrentava o mundo pós-guerra.
b) A conferência manteve uma política de não alinhamento perante o conflito da Palestina, assim como exigiu a participação
de cada nação em um dos blocos em formação durante o período como forma de sair do subdesenvolvimento e da
dependência.
c) A conferência acordou respeitar as políticas de direitos humanos de cada país mediante um acordo de não interferência e
de não alinhamento, garantindo a autodeterminação política e econômica dos blocos em formação.
d) Cada país participante manifestou sua orientação política em relação aos blocos em formação, exigindo o respeito a suas
diferenças culturais e à preferência em relação ao modelo de desenvolvimento econômico que cada um escolheu. Tudo
isso foi possível pelo acordo de não alinhamento assinado por todos.
e) Para a conferência, os acordos de intercâmbio econômico e cultural foram prioritários na perspectiva de sair da
dependência e promover a autodeterminação política.
a
21 - Leia os fragmentos abaixo:
Três dias de tortura numa sala cheia de rato
É assim que eles tratam o bandido favelado
Bandido rico e poderoso tem cela separada
Tratamento VIP e delação premiada.
Mc Carol – Delação Premiada
Muito crítico com o modelo de construção de criminosos que seguem a sociedade e as intuições e que acaba se traduzindo em
prisões superlotadas de jovens presos com pequenas quantidades de drogas, o delegado Zaccone argumenta que “um dos
nossos problemas é que a qualidade da polícia do Brasil se mede pelo número de prisões. É uma política de números que
incentiva possíveis flagrantes forjados. Mas não é bem assim que se mede a qualidade da prestação de um serviço como esse
em outros países. Se a polícia está prendendo muito não é bom sinal, porque isso significa que não está fazendo o trabalho
mais importante que é a prevenção”, explica o delegado que questiona: “Quantos Rafael Braga você acha que temos hoje no
nosso sistema de Justiça criminal?”
(“No caso Rafael Braga, depoimento da polícia basta”. María Martín. Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2016. Fonte: . Acesso: 20 de agosto de 2016.)
Sobre os excertos acima, considere as seguintes afirmativas:
1. Os dois excertos fazem uma crítica à seletividade penal, que afirma que ainda que todos sejam iguais perante a
lei, na prática, o sistema penal é praticado de formas distintas, de acordo com a classe social do acusado.
2. Rafael Braga Vieira foi preso no Rio de Janeiro em junho de 2013 acusado de portar “material explosivo”, ainda
que o laudo pericial do caso tenha concluído que o produto químico que ele portava – Pinho Sol – não pudesse
ser usado como tal.
3. A delação premiada prevê ao delator benefícios que variam de perdão judicial, redução da pena e substituição por
penas restritivas de direitos, benefício utilizado recentemente em investigações sobre casos de corrupção.
4. A delação premiada é um benefício jurídico que figura na Constituição de 1988 e está disponível a qualquer
cidadão do país, sendo necessária a solicitação pelo advogado para garantir seu habeas corpus, porém somente
em caso de crime hediondo.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
c
22 - Durante a Colônia, experimentou-se uma série de conflitos protagonizados por colonizadores e populações presentes
no território. Um deles, denominado “Guerra Justa”:
a) consistiu na invasão armada dos portugueses em territórios indígenas, com o objetivo de capturar o maior número de
pessoas, incluindo mulheres e crianças, com a finalidade de escravizá-los.
b) foi um conflito bélico protagonizado pelos holandeses após a ocupação de Pernambuco por esses últimos.
c) tratava-se de guerras por conquistas de território realizadas entre os diversos grupos indígenas e nas quais os portugueses
participavam, apoiando um grupo ou outro, dependendo dos seus interesses.
d) consistiu na invasão armada dos grupos indígenas aos assentamentos portugueses, com a finalidade de capturar
invasores para serem comidos ritualmente.
e) foram guerras de retaliação que os portugueses realizavam em territórios ocupados pelos holandeses após serem
atacados por eles
a
23 - Considere o fragmento a seguir:
Afirmo que cada homem, e cada mulher, e cada criança deve obter algo mais, na distribuição geral dos frutos do trabalho, além
de alimento, farrapos e uma miserável rede com uma manta pobre a cobri-la: e isso, sem ter de trabalhar doze ou quatorze
horas por dia […] dos seis aos sessenta anos. - Eles têm uma reivindicação, uma sagrada e inviolável reivindicação por um
pouco de comodidade e divertimento […] por algum tempo livre razoável para essas discussões, e por alguns meios ou
informações que possam levá-los à compreensão dos seus direitos.
(Os Direitos da Natureza. Thelwall, John. In: THOMPSON, Edward P. A formação da classe operária inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.
p. 175-176.)
Sobre o período destacado no excerto, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas:
( ) O contexto se dá na Revolução Industrial na Inglaterra, em que as condições de trabalho eram insalubres, motivo
pelo qual muitos trabalhadores adoeciam ou faleciam, causando a diminuição habitacional das cidades inglesas,
uma das principais características do período.
( ) O trecho se refere aos movimentos de trabalhadores que sofriam as consequências da Revolução Industrial. Um
exemplo desses movimentos foram os Luditas, que se opunham ao desenvolvimento industrial destruindo
máquinas, em revolta contra as condições de trabalho sub-humanas e os baixos salários.
( ) Nesse período houve a primeira Divisão Internacional do Trabalho, na qual as matérias-primas eram
transformadas em produtos manufaturados que provinham do império chinês, como o tecido.
( ) O aumento populacional foi uma das características da Revolução Industrial, entre os fatores que levaram a esse
aumento está a intensa migração do campo para a cidade, motivada pela criação de empregos nas indústrias.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
a) F – V – V – F.
b) V – V – F – F.
c) V – F – V – F.
d) F – V – F – V.
e) V – F – F – V.
d
24 - Considere o fragmento abaixo:
Durante a Idade Média, a figura feminina revestiu-se dos piores atributos imagináveis. Para os teólogos, além de infantil e
inconstante, a mulher era mãe de todo pecado: Thomas Murner chamava-a de “Diabo doméstico”, enquanto Tomás de Aquino
reservava-lhe a pecha de “macho deficiente”. Essas características levaram-na a ser o elo fraco das sociedades cristãs, a janela
pela qual Satã adentrava territórios sacramentados. Sendo fraca de vontade e caráter, a mulher ficava à mercê das tentações
demoníacas, tornando-se facilmente discípula e amante do Diabo.
(SOUZA, Aníbal. Missionários e Feiticeiros. História: Questões e Debates, Curitiba, v. 13. jul./dez., 1996. p. 118.)
Em relação ao imaginário na Idade Média, é correto afirmar que vigorava uma forte influência:
a) cristã protestante e alto poder do clero, com grande perseguição contra os considerados heréticos.
b) cristã protestante e alto poder do clero, além de pouca mobilidade social e grande perseguição contra os considerados
vassalos.
c) católica e alto poder do clero, além de pouca mobilidade social e grande perseguição contra os considerados heréticos.
d) católica e alto poder dos nobres, além de grande mobilidade social e perseguição contra protestantes, considerados
heréticos.
e) católica e alto poder do clero, além de grande mobilidade social e perseguição contra os considerados vassalo
c
25 - Sobre os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, é correto afirmar:
a) Historicamente, os dois tipos de jogos ocorreram de forma simultânea, porém, com os feridos decorrentes da Primeira
Guerra Mundial, os Jogos Paralímpicos ganharam um novo impulso, devido ao financiamento internacional pela paz.
b) Nos Jogos Paralímpicos, foi autorizada a competição entre diversos competidores portadores de capacidades funcionais
distintas, com exceção da deficiência mental.
c) Os Jogos Olímpicos tiveram sua inauguração em Esparta, cerca de 650 a.C., local conhecido por seu militarismo e forte
disciplina, características até hoje praticadas pelos atletas.
d) Os Jogos Paralímpicos foram realizados pela primeira vez nos anos 1960 na Europa, como uma forma de reintegrar
militares feridos na Segunda Guerra Mundial.
e) Os Jogos Olímpicos tiveram suas origens em Olímpia, na Grécia, em 650 a.C., e seu local só foi alterado no início do
século XX.
d