Ventilação mecânica e IRpA Flashcards

1
Q

Fisiologia: descreva os volumes respiratórios.

A
  • Volume corrente (VC) = volume inspirado e expirado a cada respiração não-forçada;
  • Volume de reserva inspiratório (VRI) = volume adicional inspirado por uma inspiração forçada;
  • Capacidade inspiratória (CI) = VC + VRI;
  • Volume de reserva expiratório (VRE) = volume adicional expirado por uma expiração forçada;
  • Capacidade vital (CV) = CI + VRE, ou seja, é a expiração máxima forçada após uma inspiração máxima forçada;
  • Volume residual (VR) = quantidade residual que não pode ser expirada;
  • Capacidade residual funcional (CRF) = VRE + VR, ou seja, todo o volume que sobra após uma expiração normal;
  • Capacidade pulmonar total (CPT) = CV + VR.
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2
Q

Qual é a importância da PEEP fisiológica?

A

Antes, vamos relembrar alguns conceitos de fisiologia:

  • Inspiração é ativa e expiração é passiva (exceto se forçada);
  • Volume de reserva expiratório (VRE) = volume adicional expirado por uma expiração forçada;
  • Volume residual (VR) = quantidade residual que não pode ser expirada além do VRE;
  • Capacidade residual funcional (CRF) = VRE + VR, ou seja, todo o volume que sobra após uma expiração normal.

Como a CRF corresponde a todo o volume que sobra após uma expiração normal, podemos compreendê-la como o “PONTO DE REPOUSO DA CAIXA TORÁCICA”.

A ventilação mecânica facilita com que uma parte do VRE seja expirado passivamente, ao invés de ativamente → logo, temos um menor VRE e, consequentemente, uma menor CRF → o “ponto de repouso da caixa torácica” será menor → ou seja, teremos menos volume ocupando o pulmão no final da expiração, sendo que isso facilita o surgimento de MICRO-ATELECTASIAS.

Por isso, usamos a PEEP fisiológica, que é capaz de manter um volume a mais no final da expiração e evitar as micro-atelectasias (que causam efeito-shunt).

📌 A PEEP fisiológica varia entre 3-5cmH2O.

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3
Q

Na gasometria arterial, o que avalia melhor a ventilação? E a troca gasosa?

A

O CO2 se difunde com muito mais facilidade do que o O2. Logo:

  • Se a PaCO2 AUMENTA (hipercapnia), provavelmente estamos diante de uma HIPOVENTILAÇÃO → IRpA tipo II.
  • Se a PaO2/FiO2 REDUZ (hipoxemia), provavelmente estamos diante de uma MÁ TROCA GASOSA → IRpA tipo I.
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4
Q

Quais fatores aumentam ou diminuem a afinidade da oxihemoglobina (oxi-Hb) pelo O2?

A

Antes, saiba que, apesar de medirmos a PaO2 (pressão parcial de O2 difundida no plasma) na gasometria, a quase totalidade do O2 é transportado acoplado na hemoglobina (oxi-hemoglobina).

Voltando ao assunto: a oxi-hemoglobina não tem uma afinidade fixa ao O2… isso significa que, dependendo de uma certa condição, a oxi-Hb pode conseguir uma mesma saturação com mais ou menos disponibilidade de O2 (medido pela PaO2).

São fatores que AUMENTAM A AFINIDADE da oxi-Hb por O2, deslocando a curva para a esquerda (ou seja, precisa de menos PaO2 para atingir uma saturação da oxi-Hb):

  • Hipotermia;
  • Alcalose;
  • Hipocapnia;
  • Diminuição da Hb;
  • Presença de Hb anormais;
  • Diminuição dos fosfatos.

Por outro lado, são fatores que REDUZEM A AFINIDADE da oxi-Hb por O2, deslocando a curva para a direita (ou seja, precisa de mais PaO2 para atingir uma saturação da oxi-Hb):

  • Hipertermia;
  • Acidose;
  • Corticoides;
  • Aumento de Hb;
  • Aumento de 2,3DPG;
  • Fosfatos orgânicos.
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5
Q

Caracterize: DO2, VO2, TEO2, SvO2 e DO2crit.

A

DO2 (oferta de O2), pode ser chamado também de TO2 (transporte de O2) → é a quantidade de O2 oferecida aos tecidos por unidade de tempo → é determinada pelo produto do débito cardíaco (DC) pelo conteúdo total de oxigênio no sangue arterial (CaO2).

📌 DO2 = DC x CaO2 x 10.

VO2 (consumo sistêmico de O2) → é a quantidade de oxigênio do DO2 que foi consumida nos tecidos → definido pela diferença entre o conteúdo arterial e venoso de O2 (ou a diferença entre o DO2 e o retorno na circulação venosa).

📌 VO2 = DC x (CaO2 - CvO2) x 10

📌 Pode ser medido indiretamente pela SvO2 (ver à frente).

TEO2 (não confundir com TO2), é a taxa de extração de O2 → ou seja, é o quanto o consumo de O2 (VO2) corresponde à oferta de O2 (DO2).

📌 TEO2 = VO2 / DO2.

📌 Em condições normais e em repouso, a TEO2 varia entre 25-33%, levando a uma SvO2 entre 65-70%.

SvO2 é uma média da saturação venosa central da oxihemoglobina proveniente de todos os leitos vasculares. A SvO2 cai se DO2 reduzir ou se VO2 aumentar ultrapassando a disponibilidade de O2.

📌 O normal da SvO2 é entre 65-75%.

OBS: o corpo consegue compensar uma queda de DO2 sem alterar VO2 graças a uma compensação de aumento de TEO2 (ou seja, apesar de a oferta reduzir, conseguimos extrair mais, de forma a não impactar o consumo total). Porém, ao atingir um DO2 crítico (DO2crit), uma queda além do DO2 não consegue mais ser compensada por aumentos adicionais de TEO2, e, com isso, cai o VO2 → levando a hipóxia tecidual e inicio da respiração anaeróbia, com aumento de lactato.

📌 Em um paciente descompensado (ex: séptico), o DO2crit pode ser maior, sendo atingido mais precocemente. Ou seja, o paciente séptico satura mais facilmente seus mecanismos compensatórios de elevação da TEO2, atingindo antes o estado anaeróbio, que é menos eficaz energeticamente do que o aeróbio.

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6
Q

Caracterize efeito shunt e efeito espaço morto.

A

Efeito SHUNT → alvéolo é melhor perfundido do que ventilado (relação V/Q BAIXA) → ex: pneumonia.

📌 Efeito shunt ocorre principalmente nas bases.

📌 Em situações de grandes shunts, é mais difícil aumentar a satO2 com o aumento da FiO2 → afinal, menos adianta aumentar o aporte de O2 se não tem alvéolos suficientes pra fazer a troca gasosa.

Efeito ESPAÇO MORTO → alvéolo é melhor ventilado do que perfundido (relação V/Q ALTA) → ex: TEP.

📌 Efeito espaço morto ocorre principalmente nos ápices.

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7
Q

Qual é a indicação mais comum de ventilação mecânica?

A

É a insuficiência respiratória (IRpA) mista! Ou seja, um distúrbio respiratório hipoxêmico (ex: pneumonia) gera uma IRpA tipo I que evolui com IRpA tipo II (hipercápnica) por fadiga respiratória.

📌 Lembre-se → hipoxemia relaciona-se com troca gasosa alveolar ineficaz e hipercapnia com ventilação ineficaz.

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8
Q

A SvO2 é uma medida indireta de…

A

📌 Antes, relembre o significado de algumas siglas:

  • DO2 = oferta de O2;
  • VO2 = consumo de O2;
  • TEO2 = taxa de extração de O2 (TEO2 = VO2/DO2);
  • SvO2 = saturação venosa central de O2.

Resposta: a SvO2 é uma medida indireta do CONSUMO DE OXIGÊNIO (ou VO2).

Para facilitar, raciocine SvO2 e TEO2 como sendo grandezas inversas → ex: se TEO2 está alto (seja por baixo DO2 ou por alto VO2), vou extrair muito O2 do sangue arterial, resultando em uma menor SvO2.

📌 Nos choques cardiogênicos, obstrutivos e hipovolêmicos, SvO2 estará baixa (pois DO2 estará baixo e, consequentemente, TEO2 estará alto). Já nos distributivos, SvO2 será baixa (VO2 aumenta, consequentemente reduzindo TEO2).

📌 O normal da SvO2 é entre 65-75%.

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9
Q

Para que o ar chegue do ventilador para os alveólos, quais pressões ele deve vencer? E como podemos estimar essas pressões na curva do ventilador?

A

Existem duas barreiras básicas: 1) a resistência das vias aéreas (artificiais e naturais);e 2) dificuldade de distensão do tórax (pulmão + caixa torácica). Assim, teremos a seguinte equação:

Ptr = Pe + Pr, sendo:

  • Ptr = pressão trans-respiratória;
  • Pe = pressão elástica (influenciada pela complacência e pelo volume pulmonar);
  • Pr = pressão resistiva (influenciada pelo calibre das vias aérea e pelo fluxo).

📌 Complacência = distensibilidade. Doenças pulmonares restritivas (ex: SDRA e fibrose pulmonar) cursam com menor complacência, enquanto a DPOC é um exemplo de causa de aumento da complacência por destruição das fibras elásticas.

📌 A pressão resistiva só está presente enquanto há fluxo passando pelas vias aéreas.

No gráfico do ventilador, analisamos 5 pressões principais ao longo do ciclo:

1) PEEP → que é o ponto mínimo de pressão atingido;
2) Pressão de Pico (Ppico) → que é o ponto máximo de pressão atingido →corresponde à somatória da pressão resistiva das vias aéreas + a pressão de retração (ou elástica) alveolar (Palveolar) + PEEP;
3) Pressão de Platô (Pplatô) → que é um platô pressórico que surge após a Ppico quando fazemos uma pausa inspiratória → durante a pausa inspiratória, a pressão em toda a extensão do sistema (desde a boca até o alvéolo) é exatamente a mesma → se não há fluxo, não há mais resistência das vias aéreas contra o fluxo de ar que entrava → sobra apenas a pressão de retração alveolar (ou pressão elástica). Logo, Pplatô = Palveolar + PEEP.
4) Delta pressão = Ppico - PEEP → é a variável que definimos fixamente na PCV ou que atingimos indiretamente na VCV.
5) Driving pressure (pressão elástica) = Pplatô - PEEP (ou seja, se é Pplatô no cálculo, só conseguimos calcular quando o fluxo estiver zerado).

📌 Como na PCV a pressão é constante, consideramos aquela pressão fixa como sendo a Ppico. Além disso, na PCV, só conseguiremos determinar a Pplatô quando a fluxo atingir o zero (como se fosse a pausa inspiratória).

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10
Q

Quais são os valores habitualmente ajustados na VM para uma ventilação protetora?

Quais pacientes não podem recebê-la?

A

Ventilação protetora é a preferível na SDRA. Usamos os seguintes parâmetros:

  • Volume corrente → 4-6mL/kg de peso predito (atenção, é peso predito e não peso atual);
  • Ppico ≤ 45cmH2O;
  • Pplatô ≤ 30cmH2O;
  • Driving pressure (= Pplatô - PEEP) ≤ 15cmH2O;
  • FiO2 mínima necessária para SpO2 92% a 95%;
  • PEEP ≥ 5cmH2O, sendo titulada conforme tabela PEEP X FiO2;
  • FR suficiente para manter o volume-minuto para compensação do pH → máximo = 35irpm.

📌 Em pacientes com SDRA, frequentemente é necessário uma maior FR para compensar um pequeno VC. Lembre-se: vol. minuto = VC x FR… se o vol. minuto for muito pequeno, reteremos muito CO2.

Um problema frequente na ventilação protetora é a hipercapnia (afinal, o clearance pulmonar do CO2 é diretamente proporcional ao volume-minuto, que, por sua vez, é diretamente proporcional ao volume corrente, que, na ventilação protetora, é baixo). Por isso, tolera-se a retenção de CO2 até um pH limite de 7,15 (HIPERCAPNIA PERMISSIVA). Porém, pacientes com HIPERTENSÃO INTRACRANIANA devem ser EXCLUÍDOS (pois hipercapnia leva vasodilatação, fato que piora a pressão arterial local e reduz ainda mais a a perfusão cerebral*).

📌 Guarde: vasodilatação cerebral é provocada por aumento de PaCO2 ou queda de PaO2 → por isso que no tratamento da HIC objetivamos uma PaCO2 entre 25-35 para promover vasoconstrição e aumentar a PAM.

  • Lembre-se → pressão de perfusão cerebral (PPC) = PAM - PIC.

Extra: o valor recomendado da PPC para a manutenção de um adequado fluxo sangüíneo cerebral é de 50mmHg.

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11
Q

Em um paciente que não tem SDRA, quais são os parâmetros médios definidos no ventilador?

A
  • Volume corrente (VC) → 6-8mL/kg de peso predito (atenção, é peso predito e não peso atual);
  • Fluxo = (VC/10) - 10 para fluxo quadrado ou (VC/10) + 10 para descendente;

📌 O fluxo descendente é o único possível na PCV. Felizmente, ele é preferível por ser mais fisiológico. Portanto, até na VCV é interessante optarmos por ele.

OBS: em pacientes com doenças obstrutivas, há maior risco de auto-PEEP (isto é, paciente não consegue expirar todo o volume recebido na inspiração, além da PEEP extrínseca). Nestes casos, o aumento do tempo inspiratório pode ser maléfico → é interessante optarmos por maiores fluxos para encurtarmos o tempo inspiratório.

  • FR = 12 a 18, sendo titulada de acordo com PaCO2;

📌 Em pacientes com SDRA, frequentemente é necessário uma maior FR para compensar um pequeno VC. Lembre-se: vol. minuto = VC x FR… se o vol. minuto for muito pequeno, reteremos muito CO2.

📌 Cuidado com aumentos da FR, pois podem gerar auto-PEEP pela redução do tempo expiratório.

  • PEEP fisiológica (ou profilática) = 3-5cmH2O;
  • Tins:Tex = 1:2 a 1:3 → pode ser interessante que seja mais que isso (ex: 1:5) em pacientes com risco de auto-PEEP (asmáticos, DPOC, etc) para aumentar o tempo de expiração.
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12
Q

Correlacione fluxo e frequência respiratória com tempo inspiratório e expiratório.

A

Como regra, o FLUXO é INVERSAMENTE proporcional ao TEMPO INSPIRATÓRIO (quanto maior o fluxo, menor é o TI) e a FR é INVERSAMENTE proporcional ao TEMPO EXPIRATÓRIO (quanto maior é for a FR, menor será o TE).

📌 Em muitos ventiladores não conseguiremos ajustar TI e TE. Logo, influenciaremos indiretamente neles através do fluxo e da FR.

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13
Q

O que é a Janela de Tempo?

Quais são os possíveis modos de disparo?

A

JANELA DE TEMPO (JT) é o espaço temporal entre um disparo inspiratório ou outro (FR = 10irpm gera uma JT = 6s) → logo, é diferente da ciclagem, que a transição entre a inspiração e a expiração.

O disparo do ciclo pode ser feito de 3 formas:

  • Por TEMPO (definido pela janela de tempo);
  • Por PRESSÃO (ventilador capta a redução da pressão intratorácica iniciada pelo paciente);
  • Por FLUXO (ventilador capta o início do influxo aéreo iniciado pelo paciente).

📌 Os disparos por pressão e por fluxo podem ser usados em qualquer um dos modos, seja assisto-controlado ou espontâneo. Para funcionarem bem, exigem uma sensibilidade que não seja tão alta (afinal, o ventilador poderia nem detectar o esforço do paciente) e nem tão baixa (pois até o batimento cardíaco poderia mimetizar e fazer o ventilador disparar). Já o disparo por tempo só funciona nos modos assistido-controlados.

OBS: não faz sentido usar um modo 100% controlado no lugar de um assiso-controlado. Afinal, se o paciente conseguir iniciar uma incursão e disparar o ventilador, é mais fisiológico. Após um disparo, é reiniciada a contagem de tempo da JT, e aí teremos duas opções: 1) o paciente inicia por conta própria e dispara uma nova incursão, zerando novamente a JT; ou 2) o paciente não inicia e o ventilador faz o novo disparo quando encerrar o tempo previsto da JT.

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14
Q

Qual é a diferença entre os modos assisto-controlados e o espontâneo?

A

ASSISTO-CONTROLADOS (ex: PCV e VCV) → médico regula uma FR mínima, mas o paciente também pode disparar inspirações se conseguir.

ESPONTÂNEO (ex: PSV) → apenas o paciente pode disparar uma inspiração → logo, é muito usado para trial de extubação.

📌 As inspirações disparadas pelo ventilador são disparada por tempo, enquanto as do paciente por pressão ou fluxo (escolhe um dos dois nas configurações do ventilador).

Além disso, a CICLAGEM no A/C pode ser por tempo, volume ou pressão. Já no PSV, apenas por fluxo.

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15
Q

Compare os modos VCV vs. PCV.

A

VCV (Ventilação Controlada por VOLUME):

  • Modo → assisto-controlado;
  • Disparo → pelo ventilador (por tempo) ou pelo paciente (por fluxo ou volume);
  • Volume → é o fator controlado;
  • Pressão → não é controlada (é determinada pela interação da VM com o paciente);
  • Fluxo → é definido pelo médico (média de 1 L/min/kg até 70kg de peso predito), podendo ser quadrado (constante) ou decrescente;
  • Ciclagem → por volume;
  • Tins:Texp → definido pelo fluxo (quanto maior o fluxo, mais rápido é dado o volume → menor é o Tins e maior é o Texp);
  • FR → definida pelo médico (mas pode ser aumentada pelos disparos do paciente).

PCV (Ventilação Controlada por PRESSÃO):

  • Modo → assisto-controlado;
  • Disparo → pelo ventilador (por tempo) ou pelo paciente (por fluxo ou volume);
  • Volume → não é controlado (é determinada pela interação da VM com o paciente);
  • Pressão → é o fator controlado e fica constante (é interessante usar o menor possível para atingir o volume corrente desejado);
  • Fluxo → é sempre decrescente e livre;
  • Ciclagem → por tempo;
  • Tins:Texp → depende do tempo de ciclagem e da FR programada;
  • FR → definida pelo médico (mas pode ser aumentada pelos disparos do paciente).

📌 Não há superioridade estabelecida de uma ou outra. Porém, PCV costuma ser mais usada por ser mais fisiológica, pois permite fluxos e volumes diferentes a cada inspiração. Na VCV, esses parâmetros são sempre constantes, diferentemente do nosso padrão habitual de respiração (cada respiração é diferente), fato que pode gerar má adaptação do paciente ao ventilador (principalmente em casos em que o paciente não esteja submetido a bloqueio neuromuscular). A principal aplicação do VCV é na SDRA, na qual o principal parâmetro de interesse é o controle preciso do volume corrente.

📌 A PCV também é mais interessante em casos de fístulas bronco-pleurais. Como há um vazamento de ar fazendo a pressão também “evadir”, o ventilador compensa rapidamente aumentando o fluxo para manter a pressão-alvo. Claro que isso pode “alimentar” a fístula, mas permite a ventilação do pulmão até um limite de vazamento. Se ventilássemos a VCV, o volume X pré-determinado seria dado, sendo que boa parte vazaria pela fístula e o ventilador não faria qualquer ajuste para minimizar isso.

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16
Q

Como funciona a PSV?

A

A PSV (Ventilação com Pressão de Suporte) é o modo que mais se aproxima do fisiológico, sendo idealizada para retirar o paciente da VM. Assim como a PCV, a sua diretiva principal é MANTER UMA PRESSÃO CONSTANTE nas vias aéreas durante a INSPIRAÇÃO. Porém, diferentemente da PCV, é um modo ESPONTÂNEO→ ou seja, todos os disparos são feitos unicamente pelo paciente (não conseguimos controlar a FR e nem a relação Ti:Te).

Mas, como funciona? Seguinte: antes de começar a inspiração, a pressão nas vias aéreas (Pva) será igual à PEEP. Para que se atinja logo a pressão-alvo, a válvula inspiratória se abre muito, permitindo um PICO DE FLUXO INSPIRATÓRIO logo no início do ciclo disparado pelo esforço do paciente. Ao longo da inspiração, como as pressões resistivas e elásticas vão aumentando, a válvula se fecha progressivamente (ou seja, o fluxo vai reduzindo) para não ultrapassar a pressão-alvo das vias aéreas. Ou seja, após o pico de fluxo, teremos um FLUXO DESCENDENTE.

E a ciclagem, como é feita? Simples: existe um parâmetro ajustável chamado “PORCENTAGEM DA SENSIBILIDADE DE CICLAGEM DO PICO DE FLUXO”. Ele determina qual é o nível em comparação com o pico de fluxo que o fluxo descendente deve atingir para fechar a válvula inspiratória.

Por exemplo (considerando uma sensibilidade de 25%, que é o padrão) →inicia-se a inspiração somente com a Pva = PEEP → logo, para atingir a pressão-alvo, terá um grande pico de fluxo inspiratório (ex: fluxo de 100L/min) → após o pico, o fluxo vai diminuindo (ou seja, traça uma curva descendente) para respeitar a pressão-alvo → a válvula se fechará completamente quando o fluxo atingir 25% do pico de fluxo, ou seja, 25L/min → quando atingir esse valor, cicla para a expiração.

Outro exemplo (sensibilidade de 70%) → após um pico de 100L/min, a válvula se fechará e ocorrerá a ciclagem quando o fluxo descendente atingir 70L/min (ou seja, se fechará mais precocemente do que no exemplo anterior, pois só precisou cair de 100 para 70L/min).

Ou seja, na PSV não conseguimos mudar diretamente a relação Ti:Te, mas podemos indiretamente interferir da seguinte forma:

  • Aumentando a sensibilidade, fecharemos a válvula inspiratória mais rapidamente → menor tempo inspiratório → consequentemente menor volume corrente (lava menos CO2);
  • Reduzindo a sensibilidade, fecharemos a válvula inspiratória mais tardiamente → maior tempo inspiratório → consequentemente maior volume corrente (lava mais CO2).

Por fim, saiba que também podemos regular a velocidade de abertura (rise time) da válvula inspiratória até atingir o pico de fluxo. Isso nos permite atingir mais rapidamente ou mais lentamente a pressão-alvo estabelecida:

  • Abertura lenta → menos turbilhonamento do ar → demora mais para atingir a pressão-alvo → aumenta o tempo inspiratório → interessante para pulmões com maior resistência ou rigidez (ex: SDRA e asma), pois o paciente fica mais confortável e pode até aumentar o volume corrente;
  • Abertura rápida → mais turbilhonamento do ar → atinge a pressão-alvo rapidamente → diminui o fluxo inspiratório para respeitar a pressão →atinge mais precocemente a sensibilidade → reduz o tempo inspiratório → interessante para DPOC enfisematosa.

📌 Resumindo a PSV:

  • Modo → espontâneo (paciente determina a FR);
  • Disparo → sempre pelo paciente (a fluxo ou a pressão);
  • Fluxo → livre, sempre descendente;
  • Volume corrente → livre;
  • FR → livre;
  • Ciclagem → a fluxo (depende da sensibilidade determinada).
17
Q

Em um paciente em PSV, como podemos lavar mais ou menos CO2?

A

Guarde essa informação fundamental → o CO2 EXALADO é DIRETAMENTE proporcional ao VOLUME-MINUTO. Ou seja, conseguimos exalar mais CO2 de duas formas:

1) Aumentando a FR; e/ou
2) Aumentando o volume corrente (VC).

Porém, na PSV a FR é determinada exclusivamente pelo paciente. Então, só conseguimos interferir no VC. E isso pode ser feito de duas formas:

1) Aumentando a pressão de suporte;
2) Aumentando o tempo inspiratório.

Porém, na PSV também não conseguimos mudar diretamente o tempo inspiratório. Mas, conseguimos influenciar nele de algumas maneiras que explicarei.

Lembre-se que a ciclagem da PSV é feita de acordo com a porcentagem de sensibilidade de ciclagem do pico de fluxo. Quanto maior for esse valor, mais rapidamente o fluxo inspiratório cessará, reduzindo a relação Ti:Te.

Ex: após um pico de fluxo de 100L/min:

  • Sensibilidade 70% → inspiração vai cessar quando o fluxo cair de 100 para 70L/min;
  • Sensibilidade 20% → inspiração vai cessar quando o fluxo cair de 100 para 20L/min.

Logo, no exemplo, na sensibilidade de 20% teremos um tempo inspiratório maior → maior volume corrente → maior lavagem de CO2.

O contrário é válido se você deseja aumentar a retenção de CO2 (ex: tratar um paciente com alcalose respiratória) → aumentando a sensibilidade, você reduz o tempo inspiratório → reduzindo o volume corrente→ retém CO2.

📌 Outra forma de interferir no tempo inspiratório é ajustando a velocidade de abertura (rise time) da válvula inspiratória:

  • Abrindo mais lentamente → fluxo turbilhona menos → gera menor pressão imediata → demora mais para elevar o fluxo até atingir a pressão-alvo determinada → maior tempo inspiratório → maior VC;
  • Abrindo mais rapidamente → fluxo turbilhona mais → gera maior pressão imediata → demora menos para elevar o fluxo até atingir a pressão-alvo determinada → menor tempo inspiratório → menor VC.
18
Q

Como é a pressão fornecida pelo aparelho no CPAP?

A

Quando vemos os modos de VM, reparamos que temos dois “ciclos” de pressão: 1) o inspiratório, no qual o aparelho fornece maior pressão; 2) o expiratório, no qual o aparelho fornece a PEEP.

No CPAP, há uma pressão positiva contínua, como se fosse um “PEEP contínuo”. Durante a inspiração, essa pressão dá uma “ajudinha leve”, enquanto na expiração evita o colabamento dos alvéolos.

📌 O paciente faz sua própria FR (ou seja, é um “modo” espontâneo).

19
Q

Caracterize os seguintes parâmetros na IRpA tipo 1 vs. tipo 2:

  • pH;
  • PaCO2;
  • PaO2;
  • Ventilação;
  • D(A-a)O2 (gradiente alvéolo-arterial de O2).
A

IRpA tipo 1 (hipoxêmica):

  • pH → elevado (alcalose respiratória);
  • PaCO2 → reduzido (alcalose respiratória);
  • PaO2 → reduzido;
  • Ventilação → aumentada;
  • D(A-a)O2 → aumentado.

IRpA tipo 2 (hipercápnica):

  • pH → reduzido (acidose respiratória);
  • PaCO2 → elevado (acidose respiratória);
  • PaO2 → discretamente reduzido (hipoventilação impacta pouco no PaO2);
  • Ventilação → reduzida;
  • D(A-a)O2 → normal.

📌 Lembre-se: o principal fator a interferir na PaCO2 é a ventilação e na PaO2 é a troca gasosa.

20
Q

Enumere mecanismos de hipoxemia

A
  • Hipoventilação alveolar (mas impacta na hipercapnia);
  • Alterações na difusão de gases;
  • Alterações da relação V/Q
  • Shunt anatômico;
  • Disfunções da hemoglobina;
  • Insuficiência cardiovascular.

📌 As alterações da relação V/Q se resumem em dois grupos:

1) Aumento da relação V/Q (efeito espaço-morto) → ex: TEP, hipoperfusão em estados de choque e aumento desproporcional de espaço-morto (como na DPOC);
2) Redução da relação V/Q (efeito shunt) → patologias pulmonares que prejudicam o gradiente de pressão alvéolo-arterial (ex: atelectasia, PAC, SDRA, EAP) ou condições hiperdinâmicas (ex: sepse e esportes) onde há aumento no fluxo sanguíneo e consequente menor tempo para fazer a troca gasosa.

📌 Lembre-se que a difusão do CO2 é muito rápida… mas a de O2 demora um pouquinho.

21
Q

Indicações de ventilação mecânica, seja ela invasiva ou não

A

Possíveis indicações de ventilação mecânica (invasiva ou não):

  • Alívio do DESCONFORTO respiratório;
  • Correção da ACIDOSE respiratória e da HIPOXEMIA;
  • Reversão da FADIGA muscular respiratória;
  • Reversão e/ou prevenção de ATELECTASIAS;
  • Diminuição do CONSUMO DE O2 da musculatura respiratória;
  • Aumento da OFERTA DE O2 (DO2) aos tecidos;
  • Diminuição da HIPERTENSÃO INTRACRANIANA.

Porém, são contraindicações à ventilação não-invasiva:

  • AGITAÇÃO intensa;
  • REBAIXAMENTO do nível de consciência importante (ECG ≤ 8);
  • INSTABILIDADE hemodinâmica ou choque;
  • ARRITMIAS graves;
  • Incapacidade de PROTEGER vias aéreas (tosse ineficiente);
  • LESÕES FACIAIS que impossibilitem o ajuste da máscara;
  • HEMORRAGIA digestiva alta.

📌 A VNI é mais estabelecida em quadros de DPOC (BiPAP) e de EAP (CPAP).

22
Q

Formas de suplementação de O2

A

1) Cânula nasal:
- Para cada L/min aumenta em 3-4% a FiO2;
- Baixos fluxos, no máximo 5L/min;
- Indicado para casos menos graves ou em casos de IRpA em que efeito shunt não é o mecanismo principal (afinal, shunt responde pouco às suplementações modestas de O2).

2) Máscara facial de Venturi:
- Mistura de O2 e ar que chega a uma FiO2 precisa, entre 24 e 50%;
- Uso de altos fluxos.

3) Máscara facial de aerossol:
- Combinações variáveis de O2 e fluxos moderados;
- Útil em IRpA hipoxêmicas não-refratárias a O2.

4) Máscara facial com reservatório:
- Alta concentração de O2 (90 a 100%);
- Altos fluxos;
- Boa para IRpA hipoxêmica grave com predomínio de shunt (ex: SDRA, PAC grave).

📌 PaO2 entre 60-70mmHg é mais do que suficiente. Elevações acima pouco acrescentam na conteúdo arterial de O2.

📌 É importante ressaltar que suplementação de O2 não reverte a hipercapnia! Além disso, a hiperoxia na IRpA tipo 2 pode inclusive piorar a hipercapnia por suprimir o drive respiratório. Isso é muito visto em pacientes com DPOC grave exacerbada.

23
Q

Correlação entre volume-minuto e débito cardíaco

A

Volume-minuto é o produto do volume corrente pela FR. Considerando um VC médio de 500mL e uma FR de 15irpm, temos um volume-minuto médio de 7500mL em adultos. Porém, dos 500mL do VC, 150mL ficam em espaço morto. Logo, na verdade, tempos um volume-minuto efetivo de aproximadamente 5250mL/min.

Esse é um valor muito próximo do DC médio do adulto, que é de cerca de 5000mL/min.

Ou seja, notamos que os valores de volume-minuto e DC andam aproximados, mantendo uma relação V/Q próxima a 1.

24
Q

No processo de retirada da VM, diferencie “falência do desmame” e “falência de extubação”.

A

Falência de DESMAME → incapacidade de tolerar a ventilação espontânea sem o suporte do ventilador ainda em IOT → ou seja, FALHA NO TRE (teste de respiração espontânea).

📌 Se o paciente tem duas falência do desmame em 48h, caracteriza-se um estado de “desmame difícil”, que necessita de maior investigação junto à equipe de fisioterapia.

Falência de EXTUBAÇÃO → o paciente suportou o TRE, mas, após a remoção do TOT (ou após a desconexão da VM no caso dos traqueostomizados), evoluiu com necessidade de REINTUBAÇÃO EM 24-72H HORAS (ou reconexão no caso dos traqueostomizados).

25
Q

Como é o fluxograma para desmame da ventilação mecânica?

A

1) Busca ativa diária → a causa básica que levou à VM está pelo menos significativamente melhor?

  • Não = repetir busca ativa amanhã;
  • Sim = checar parâmetros de condição da função respiratória.

2) Parâmetros de condição da função respiratória:

  • PEEP baixa (5-7cmH2O);
  • PaO2/FiO2 ≥ 200;
  • pH > 7,25;
  • Nível neurológico aceitável com proteção de vias aéreas (exceto no traqueostomizado, em que o rebaixamento não é impeditivo, afinal a via aérea está protegida);
  • Estabilidade hemodinâmica (no máximo com drogas vasoativas em baixas doses e em desmame);
  • Volume-minuto < 15 L/min;
  • Tosse eficaz durante aspiração;
  • Considerar fazer balanço hídrico zerado ou negativo antes.

📌 Para aumentar as chances de preencher os critérios, recomenda-se a interrupção diária da sedação em todos os pacientes, exceto nos pronados ou em tratamento de HIC.

3) Se preenche os critérios acima, prosseguir com TRE (teste de respiração espontânea), que pode ser feito de duas formas principais durante 30 minutos:

  • Uso do tubo T; ou
  • PSV em 7-8cmH2O (não é para ir abaixando progressivamente até esse valor não! Coloca de uma vez!).

4) Critérios de tolerância ao TRE:

  • SatO2 ≥ 85-90%;
  • PaO2 ≥ 50-60mmHg;
  • pH ≥ 7,32;
  • Aumento na PaCO2 ≤ 10mmHg;
  • FC < 120-140bpm (com alteração < 20%);
  • PAS < 180-200 e > 90mmHg (com alteração de PAM < 20%);
  • FR ≤ 30-35irpm (com alteração < 50%);
  • Ausência de alterações significativas de consciência/agitação;
  • Ausência de piora do esforço respiratório ou de diaforese.

5) Se o paciente tolerou o TRE, vamos para o passo 6. Se falhar (falência de desmame), tentamos abaixar progressivamente a PSV ao longo das próximas 24h e tentamos novamente.
6) Avaliar patência e proteção de vias aéreas antes de extubar:

  • Eficácia da tosse;
  • Volume de secreção;
  • Teste de vazamento pelo cuff;
  • Glasgow ≥ 10.

7) Se tiver em condições, extubamos!
8) Verificar tolerância à extubação:

  • Tolerou → manter vigilância;
  • Não tolerou → reintubar imediatamente ou, se o paciente não tiver contraindicações, tentar VNI por no máximo 30min a 2h (cuidado, pois o atraso na reintubação por conta de uma VNI mal indicada piora os desfechos).
26
Q

Qual é uma dica para lembrar como está a SvO2 nos diferentes tipos de choque?

A

Não é muito bem assim que funciona, mas fica fácil de lembrar: imagine que quanto mais estagnado fica o sangue, mas ele vai ser extraído pelo tecido, resultando em uma menor SvO2.

Logo, nos choques hipodinâmicos (hipovolêmico, cardiogênico e obstrutivo), em que teremos mais dinâmica sanguínea, a SvO2 será baixa.

Já nos hiperdinâmicos (distributivos), a SvO2 será maior.