Transplante Flashcards

1
Q

Resumo da História da transplantação

A

A transplantação de órgãos tem início na primeira metade do século XX, em que houveram múltiplos transplantes renais em animais e humanos - quer de dadores animais, ou humanos – em variadíssimas localizações anatómicas.
A grande maioria das técnicas cirúrgicas hoje usadas foram inventadas no final dos sécs. XIX e do XX, mas não haviam condições para serem realizadas em segurança, uma vez que não existia nem anestesia, cuidados intensivos, ou técnicas complementares como agora temos (ex: laparoscopia, na qual se inclui a robótica).
Assim, as técnicas básicas (o que se liga e a quê; como é que se reconstroem estruturas depois de remover outras) continuam a ser feitas praticamente da mesma maneira, mas com outro apoio técnico.

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2
Q

O que é que Alexis Carrel percebeu ser fundamental para o transplante renal?

A

Alexis Carrel percebeu que os resultados dos transplantes dependiam sobretudo de fatores biológicos, a técnica era feita com base no conhecimento de que um rim tem de ser ligado a:
- uma veia para drenar a sua perfusão;
- uma artéria para ser perfundida;
- um ureter para expulsar a urina.

No entanto, a técnica não resultava graças aos fatores biológicos que influenciavam (estes seriam o sistema imunitário do doente).

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3
Q

Qual foi o primeiro transplante de órgão sólido realizado com êxito no mundo?

A

Foi um transplante renal feito em Boston (EUA), em 1954, cuja sobrevida foi de 9 anos. Deu-se entre 2 gémeos homozigóticos, ultrapassando fatores biológicos (incompatibilidade imunológica).

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4
Q

Apartir de que década se iniciou a transplantação mais abragente?

A

Desde 1960, houve um aumento na taxa de sucesso dos transplantes entre dadores e recetores - sendo estes
familiares, ou ñ (dador cadáver) - devido ao desenvolvimento da imunologia e consequente uso de
imunossupressores. Assim, a transplantação assenta na imunossupressão.

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5
Q

Qual é o pilar da transplantação?

A

Imunossupressão

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6
Q

Datas importantes da história da transplantação

A

Em 1963, nos Estados Unidos, foi feito o primeiro transplante de fígado no mundo, sendo que nesta altura
só se usavam corticoides e azatioprina.
Em 1967 ocorreu o primeiro transplante cardíaco.
Em 1968, foi feito o primeiro transplante de fígado na Europa (havia um português na equipa).

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7
Q

Em que condições foi realizado o 1º transplante renal?

A

O primeiro transplante de rim foi feito em Portugal em 1969 pelo Professor Linhares Furtado (um pioneiro no transplante a nível nacional e mundial), cuja dadora era irmã do recetor (dador vivo).
Na tentativa de ultrapassar os fatores biológicos, foram administrados corticoides e um soro anti-linfocitário. No entanto, o recetor sofrera uma reação anafilática contra o soro administrado, pelo que acabou por falecer com uma Hepatite B fulminante.

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8
Q

Qual era o GRANDE problema dos primeiros imunossupressores?

A

Assim, continuávamos com o problema biológico, visto que utilizávamos imunossupressores que não eram seguros (não havia a verificação dos vírus)!!

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9
Q

Qual foi a lei imposta em Portugal, em 1976, relacionada com a transplantação?

A

Em 1976, aprovou-se, em Portugal, a colheita de dadores cadáver - toda a gente seria dadora, a não ser que houvesse alguma manifestação escrita em vida do contrário.

Nesta época, gerou-se uma grande polémica relativamente ao conceito de morte cerebral.

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10
Q

Qual foi o Grande turning point dos imunossupressores?

A

Nos anos 80, surgiu a associação da azatioprina (mielosupressor e, portanto, anti-proliferativo) com a
cortisona, alcançando-se resultados satisfatórios.

O grande turning point da imunossupressão ocorreu com o aparecimento da ciclosporina(anticalcineurínico), descoberto em 1978. Foi descoberta acidentalmente ao ser testada como possível
antibiótico, tendo-se verificado que era, de facto, um fármaco imunossupressor.
Ao ser lipossolúvel, fazia com que os cientistas duvidassem se era a ciclosporina que tinha este efeito imunossupressor, ou se era o meio onde o cultivavam (azeite).
Ninguém queria desenvolver este fármaco, pois eram feitos poucos transplantes por ano e os laboratórios
achavam que os ganhos não iam compensar os gastos.
Após 10 anos, em vez de apenas 10 unidades de transplantação, havia 1000, pelo que a ciclosporina passou
a ser um fármaco milionário. Ainda hoje os anti calcineurina são utilizados na transplantação (mais o
tacrolimus).

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11
Q

Que associação foi criada, em Portugal, no ano de 1993?

A

Foi criado o RENNDA (Registo Nacional de Não-Dadores), ou seja, antes deste registo éramos todos obrigados a ser dadores, pelo que agora é obrigatório recorrer-se a este registo antes de realizar a colheita.

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12
Q

Que cirurgia foi efetuada pela primeira vez em 1995?

A

Em 1995 o Prof. Linhares Furtado realizou o primeiro transplante hepático em dominó/sequencial: doente com PAF recebeu um fígado saudável de um cadáver e doou o seu fígado (estruturalmente normal) a um doente com um fígado estruturalmente anormal (ex: patologia maligna).

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13
Q

O que é a PAF (Polineuropatia Amiloidótica Familiar)?

A

Patologia hereditária na qual o fígado produz uma proteína anormal que lesa outros órgãos. Esta deposita-se principalmente no Sistema Nervoso Periférico, provocando alterações da marcha e alterações no Sistema Nervoso Autónomo (diarreias, emagrecimento profundo, etc).

Só tem expressão clínica na terceira década da vida, mas nos adultos manifesta-se 5 anos após o transplante.
Assim, muitos pacientes desenvolveram PAF iatrogénica. Estes doentes tiveram de ser retransplantados, mas, desta vez, com fígados de cadáveres. O problema surgiu quando estes doentes já tinham ultrapassado os critérios para poderem ser retransplantados (idade, outras patologias associadas, etc), ficando restritos às consequências da PAF (feridas, amputações, diarreias, falta de qualidade de vida, ficam acamados). Assim, apesar de ser pouco, é uma técnica que continua a ser usada

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14
Q

Se um doente começa a desenvolver polineuropatia (PAF), este é um processo irreversível, mesmo depois de serem retransplantados?

A

Depende do grau de doença, da idade e da patologia associada. Por exemplo, se o doente for diabético a polineuropatia vai progredir. No entanto, se o doente for retransplantado e não tiver outras patologias associadas, a doença não progride, mas as lesões neurológicas instaladas são permanentes.
Assim, o retransplante tem de ser feito numa fase em que o doente ainda não tenha nenhuma doença muito avançada, caso contrário não faz sentido estar a retransplantar.
A idade do doente também é muito importante para todas as doenças, por exemplo no transplante de pâncreas em doentes com diabetes melittus tipo I, estes passam a ser doentes diabéticos tratados por insulina de um pâncreas que recebem. As artérias deste doente já terão alguma aterosclerose, mas este processo é atenuado pela transplantação, apesar de não desaparecer devido ao envelhecimento natural. O doente, ao envelhecer, vai progredir na aterosclerose mesmo com o transplante (apesar de ser uma progressão ser mais lenta).

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15
Q

Quem são as 3 peças importantes do processo de transplantação?

A
  • Recetor
  • Dador
  • Imunossupressão: o intermediário
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16
Q

Caracterize o Recetor

A

Pessoa com uma doença que destruiu a função de um órgão, (or exemplo, o fígado ou o rim).
No entanto, no rim ainda há a perspetiva da hemodiálise e da dialise peritoneal (técnicas de substituição renal).
No fígado existem apenas técnicas muito temporárias - 1 ou 2 dias para manter o doente à espera de transplante.
Em relação ao coração, também já existem alguns corações artificiais que também podem ser utilizados;

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17
Q

Caracterize o Dador

A

Fornece o órgão funcional. Pode ser cadáver ou um dador vivo, sendo que o cadáver pode ser em morte cerebral ou em paragem cardiorrespiratória;

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18
Q

O que torna um transplantado um “doente especial”?

A

Antigamente um doente transplantado chegava a uma urgência desde Bragança até ao Algarve e ninguém lhe tocava, pegavam nele metiam-no numa ambulância rapidamente e mandavam-no para a unidade de transplantação onde tinha sido transplantado. Isto porque estes doentes eram imunossuprimidos e geravam medo, mas, hoje em dia, já todos os médicos nas urgências sabem de uma forma, ou de outra, pelo menos manejar a dualidade entre o recetor, o dador e a imunossupressão e compreendem patologias a que estão associadas.
Assim, o doente transplantado:
- pode sofrer ainda da doença que levou ao transplante ou de sequelas da mesma. É uma pessoa com uma doença que levou à necessidade de transplante (por exemplo, diabetes à perda de um rim; alcoolismo à perda do fígado);
- foi sujeito a uma cirurgia de transplante, podendo ser menos agressiva (ex: transplante de rim isolado), ou mais agressiva (transplante hepático, pulmonar ou cardíaco);
- está imunossuprimido, à partida à mais suscetível a infeções e tumores;
- habitualmente utiliza outros fármacos para além dos imunossupressores, seja para combater os efeitos nefastos da imunossupressão, ou para combater/controlar a doença que motivou o transplante.

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19
Q

Quais são os tipos de Imunossupressão?

2

A
  • Natural / Não Deliberada
  • Deliberadamente induzida
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20
Q

Caracterize a Imunossupressão Natural / Não Deliberada

A

Não é causada deliberadamente, mas sim consequência de:
* Tumores malignos (sobretudo em fases mais terminais, ou tumores das células da linha hematológica);
* Infeções - nomeadamente choque séptico (quando o doente está muito infetado deixa de conseguir responder à infeção que já tem, a qualquer outra infeção e também deixa de conseguir reagir contra o órgão transplantado. Assim, tem de se parar a imunossupressão. Quando o doente não tem uma infeção assim tão grave, apenas se baixa a dose de imunossupressão e ajusta a mesma, de acordo com a gravidade);
o Mielosupressão como efeito secundário de fármacos (ex: nolotil em altas doses e ao fim de muito
tempo).
Em qualquer uma destas 3 situações, o sistema imunitário ou está deprimido, ou está envolvido noutra “luta”, pelo que não é necessário suprimi-lo.

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21
Q

Caracterize a Imunossupressão Deliberadamente induzida

10

A

Através de fármacos induz-se a imunossupressão deliberadamente, entre os quais:
- Corticoesteróides
- Azatioprina
- Inibidores da calcineurina: ciclosporina A e tacrolimus (FK 506) – nefrotóxicos
- Micofenolato mofetil – usa-se bastante no rim e é da família da azatioprina, sendo um antiproliferativo da medula
- Inibidores mTOR: sirolimus e everolimus – potentes anti-fibróticos e anti- proliferativos, mas menos utilizados hoje em dia, porque não são imunossupressores tão potentes. Devido ao efeito de anti-cicatrizante, é complicado utilizá-los imediatamente a seguir ao transplante
- Soros anti-linfocitários
- Anticorpos monoclonais (MAB): baziliximab, rituximab, etc – utilizados sobretudo para tratar rejeições graves e como indutores, de modo a poupar o rim, numa primeira fase dos efeitos deletérios dos anti-calcineurínicos.
- Irradiação;
- Plasmaferese;
- Indução da tolerância imune

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22
Q

Qual a característica que devemos ter em atenção quando vamos utilizar Inibidores da calcineurina como a ciclosporina A e o tacrolimus (FK 506)?

A

São nefrotóxicos

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23
Q

Em que situações usamos mais o Micofenolato mofetil?

A

Usa-se bastante no rim e é da família da azatioprina, sendo um antiproliferativo da medula

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24
Q

Caracterize os Inibidores mTOR: sirolimus e everolimus. Porque razão não são usados nos dias seguintes à operação?

A

Potentes anti-fibróticos e anti-proliferativos, mas menos utilizados hoje em dia, porque não são imunossupressores tão potentes.
Devido ao efeito anti-cicatrizante, é complicado utilizá-los imediatamente a seguir ao transplante.

25
Q

Em que situações usamos mais os Anticorpos monoclonais (MAB): baziliximab, rituximab, etc?

A

Utilizados sobretudo para tratar rejeições graves e como indutores, de modo a poupar o rim, numa primeira fase dos efeitos deletérios dos anti-calcineurínicos.
No transplante renal usa-se soros anti-linfocitários e anti-calcineurínicos em doses muito baixas. No transplante hepático em doentes com alteração da função renal é que se usa os anticorpos monoclonais (como o baziliximab) como indutor durante 4/5 dias e ao 5º dia inicia-se os anti-calcineurínicos, de modo a poupar o rim.

26
Q

Quais são os principais efeitos secundários que devemos ter em atenção na imunossupressão?

8

A
  • Toxicidade (nomeadamente a neurotoxicidade e nefrotoxicidade, visto que o intervalo terapêutico entre a toxicidade e a não ação terapêutica é bastante reduzido à essencial fazer uma regular monitorização dos níveis séricos);
  • Hipertensão;
  • Aumento dos triglicéridos;
  • Aumento da resistência à glicose periférica, provocando diabetes;
  • Hipercolesterolémia;
  • Alguns são anti-cicatrizantes, pelo que os doentes podem ter feridas minor durante imenso tempo sem cicatrizar;
  • Aumento da incidência e da gravidade de infeções, nomeadamente infeções oportunistas (exemplo: citomegalovírus);
  • Aumento da incidência de alguns tumores:
    o Linfomas – PTLDs (Post-transplant lymphoma disease);
    o Tumores da pele;
    o Sarcoma de Kaposi;
    o Alguns tumores endócrinos;
    o Leucemias (no fundo estão dentro dos PTLDs)
27
Q

A imunossupressão pode causar um Aumento de incidência de alguns tumores. Quais são?

5

A
  • Linfomas – PTLDs (Post-transplant lymphoma disease);
  • Tumores da pele;
  • Sarcoma de Kaposi;
  • Alguns tumores endócrinos;
  • Leucemias (no fundo estão dentro dos PTLDs)

Apesar do risco de aparecimento de alguns tumores não aumentar, se houver aparecimento de um tumor (qualquer que seja), a evolução deste é muito mais grave, pois são muito mais agressivos. Neste último caso
usa-se os inibidores do mTOR (utilizados, por ex, em tumores do rim fora do âmbito de transplantação).

28
Q

Na imunossupressão há um aumento da gravidade dos tumores que possam surgir, ou já existam. Qual a terapêutica indicada nestes casos?

A

Apesar do risco de aparecimento de alguns tumores não aumentar, se houver aparecimento de um tumor (qualquer que seja), a evolução deste é muito mais grave, pois são muito mais agressivos.
Neste último caso usa-se os inibidores do mTOR (utilizados, por ex, em tumores do rim fora do âmbito de transplantação).

29
Q

Indique as 2 novas técnicas de imunossupressão

Mais recentes

A
  • Anticorpos monoclonais - funcionam como indutores e permitem reduzir a dose de imunossupressores e a toxicidade dos mesmos;
  • Dessensibilização prévia de pacientes com incompatibilidade no grupo sanguíneo, ou que
    desenvolvem anticorpos anti-HLA (antigénio leucocitário humano) contra o dador. No fundo, o que se anda à procura é da imunotolerância. Ex: mulher que rejeitou 3/4 transplantes hepáticos (“liver eater”) foi transplantada com um fígado que não pertencia o agrupo sanguíneo da doente -possível graças à dessensibilização. É um processo longo: primeiro faz-se a dessensibilização e depois pesquisa-se os anticorpos anti-AB0 e anti-HLA. Se estes anticorpos subissem, a doente tinha de voltar a terapêutica agressiva imunossupressora. Este caso em específico correu muito bem, mas é sempre arriscado, pois não se sabe como vai correr a longo prazo.
30
Q

Caracterize o Autotransplante

A

Autotransplante – ex: doente com tumor retroperitoneal precisa de fazer nefrectomia direita. A ablação cirúrgica do tumor apresenta uma elevada possibilidade de afetar também o rim esquerdo.
Como o rim direito já estava dado como perdido (por estar envolvido pelo tumor), a equipa cirúrgica removeu o rim esquerdo da sua localização anatómica (desconectaram-no da aorta e da veia cava e conectaram-no com os vasos ilíacos), implantando-o na fossa ilíaca (esquerda, ou direita). Desta forma, salvaram o rim esquerdo.

Outro ex: antigamente, lesões vasculares eram reparadas “fora” – num aneurisma do rim este era retirado, reparava-se o aneurisma e depois implantava-se na zona mais fácil (vasos ilíacos e não aorta e veia cava).

31
Q

Caracterize o Alotransplante

A

Alotransplante - dentro da mesma espécie, de um:
* dador vivo;
* dador cadáver:
o em morte cerebral;
o de coração parado (“non heart beating donor”) – doente que, depois de ser reanimado, não consegue sobreviver sem manobras de reanimação mantidas;

32
Q

O que é o Xenotransplante?

A

Xenotransplante: transplante feito com órgão de outra espécie (atualmente não se faz).

33
Q

Quais são os 2 tipos de Local de implantação do órgão transplantado?

A
  • Ortotópico: no mesmo local onde estava o órgão anteriormente (localização anatómica). É necessário remover o órgão em primeiro lugar e, só depois, implantar o novo órgão (fígado; coração; pulmão, etc);
  • Heterotópico: o órgão fica noutra localização diferente da sua localização anatómica (rim - o doente pode ficar com 3/4/5 rins, nomeadamente na fossa ilíaca; pâncreas – implanta-se na região pélvica).
    o Aquando de um transplante de pâncreas e rim, o rim é colocado à esquerda e o pâncreas
    à direita, um bocadinho mais acima.
34
Q

Quais são os Tipos de transplante múltiplo?

(mais do que 1 órgão) - 3

A

Em bloco: do mesmo dador e quando há relações anatomias e vasculares comuns entre os órgãos
* Coração – Pulmão ;
* Fígado – Intestino (habitual em crianças com o intestino curto).

Combinado/simultâneo: do mesmo dador, mas sem relações anatómicas
* Pulmão – rim
* Pâncreas – rim (reno-pancreático): hoje em dia apenas se usauma incisão mediana e rebate-se o abdómen por dentro
* Fígado – rim
* Coração – fígado
* Coração – fígado – rim
Etc

Diferido: feito em tempos diferentes e com dadores diferentes (ex: doente transplantado hepático
desenvolve insuficiência renal e sofre transplante renal)

35
Q

Quais são os Tipos de dadores que existem?

A

Vivo

Cadáver
- Morte cerebral
- Morte cardíaca
Vivo
- Relacionado
- Não-relacionado
Relação afetiva;
Dador altruísta;
Dador cruzado, ex:
Filha quer dar ao pai (par 1), mas têm grupos sanguíneos diferentes; Noutra família, filho quer dar à mãe (par 2), mas também são incompatíveis. No entanto, a filha do par 1 é compatível com a mãe do par 2 e o filho do par 2 é
compatível com o pai do par 1 à ambos os pares dão e recebem órgãos de forma cruzada. Isto também pode ocorrer em cadeia, com vários dadores

36
Q

Como é que é efetuada a avaliação do dador cadáver?

A
  • Dados laboratoriais, entre eles (valores das provas de função hepática, renal e cardíaca);
  • Provas de morte cerebral;
  • Certas contraindicações (doenças malignas fora do SNC; HIV+; toxicodependência; séosis);
  • Consulta do RENNDA
37
Q

Até que idade podemos ter dadores renais?

A

utilizam-se dadores até aos 70 anos (a cada década de vida perde-se 10ml de taxa de filtração
glomerular)

38
Q

Até que idade podemos ter dadores hepáticos?

A

Utilizam-se dadores até aos 90 anos (a “velhice” não provoca insuficiência hepática).

39
Q

Qual é o único órgão passível de ser doado por um doente com a seguinte tríade de doenças: Hipertensão, Displipidemia e DM tipo I?

A

Fígado!!

40
Q

Quais os órgãos que se pode colher?

A

Praticamente todos, entre eles coração, pulmão, fígado, intestino, rins, pâncreas, tecidos, osso, córneas…
No entanto, a maioria dos dadores atualmente não tem condições para serem dadores de coração, de pulmão
e de pâncreas, por causa da idade e das comorbilidades.

41
Q

O que são os Dispositivos de perfusão pulsátil?

A

Colhe-se um órgão e este é colocado nestas máquinas (bombas de perfusão), onde vai ser perfundido. Aqui, o órgão é lavado e o soro que o está a perfundir tem fatores que não permitem a sua degradação e, por isso diminui-se o tempo de isquémia e, consequentemente, o dano da desta. Assim, estes dispositivos permitem seleção e o transporte dos órgãos.
Em todas as colheitas há uma agressão ao órgão, devido ao facto de ser um dador cadáver, ou em paragem
cardíaca (pode haver uma fase de instabilidade hemodinâmica) - estas máquinas visam minorar isso

42
Q

Quais são os critérios para o dador cadáver de critérios expandidos/subótimo?

4

A
  • Dador de coração parado
  • Dador pediátrico (normalmente usam-se os 2 rins quando se faz o transplante renal por serem tão pequenos)
  • Dador com mais de 60 anos
  • Dador com mais de 50 anos e 2 dos seguintes fatores:
    o Hipertensão arterial
    o AVC como causa da morte
    o Creatinina > 1.5mg/dL
43
Q

Em que situações não se utilizam dadores subótimos?

A

Estes dadores não vão doar a qualquer doente - não se coloca, por exemplo, um órgão subótimo num doente muito novo (a não ser que esteja em SU).

A urgência para o transplante também interfere sobre a decisão do uso, ou não, de órgãos subótimos.
- Por exemplo, entra uma rapariga de 20 anos na urgência com uma hepatite fulminante provocada por paracetamol, portanto precisa urgentemente de um transplante hepático. Se apenas houver o fígado de um doente com 91 anos, ele é usado e serve como “ponte”, pois, à partida, a rapariga terá de ser transplantada de novo.
- Se a taxa de filtração glomerular de um rim for < 30-40ml, considera-se o transplante de dois rins.

Nota - Isto apenas ocorre em órgãos vitais (fígado, coração, pulmão)!! Os rins, por exemplo, têm a hemodialise para substituir a função renal, enquanto não há um dador.

44
Q

Quais são as vantagens de um Dador vivo?

6

A
  • Aumentar o número de órgãos disponíveis;
  • Aumentar a qualidade dos órgãos, porque não estão sujeitos à instabilidade hemodinâmica da morte cardíaca, nem a fatores da morte cerebral;
  • Diminuir os riscos de mortalidade a aguardar o transplante;
  • Escolher o momento ideal para o transplante;
  • Responder à vontade de doação da pessoa;
  • Ttransplante preventivo - o doente pode ser transplantado sem sequer começar hemodialise.
45
Q

Quais são os dois pontos essenciais para o dador ideal?

A

O melhor candidato, num dado momento, nem sempre é o mais jovem, ou o mais saudável.

46
Q

Uma jovem que precisa de um transplante renal tem como dador o irmão de 25 anos, saudável, e a mãe com 50. Quem é que se escolhe para doar o órgão? O mais novo que tem um rim melhor ou a mais velha que pode ter um rim pior?

A

Neste caso, a mãe é considerada um melhor dador - por um lado, não se retiram hipóteses de sobrevivência ao filho, que tem 25 anos e pode vir a desenvolver algum tipo de doença, enquanto que a mãe (com 50 anos), como ainda não desenvolveu doença, é bastante provável manter uma função renal e um nível de saúde normal o resto da vida.

Por outro lado, o órgão que se vai transplantar pode não durar a vida inteira e a filha, daqui a 15 anos, muito
provavelmente terá de ser retransplantada. Aí, haverão outras possibilidades, entre as quais o irmão.

Escolhe-se sempre o dador mais velho (apesar de o risco cirúrgico ser maior para este), ainda mais se for uma rapariga jovem, pois esta pode passar por uma gravidez e meter os seus rins/ rim, sujeito ao stress de uma gravidez.

47
Q

Quais são os Benefícios para o dador?

A

Zero!! Os benefícios são apenas ver satisfeita a vontade de doar - não se deve de esperar nada em troca.
É uma cirurgia, é menos um órgão, etc

48
Q

Na transplantação, quais são os problemas éticos relacionados com o primun no nocere?

A

Desde o início dos nossos estudos que somos educados no princípio primun no nocere, ou seja, tratar apenas, não agredir o individuo.
Durante um transplante, retiramos um órgão a alguém saudável (tão saudável que pode viver a sua vida toda sem aquele órgão/parte do órgão).
Assim, apesar deste dilema temos de nos tornar tecnicamente competentes para cumprir o desejo de quem quer doar, tendo sempre a atenção e a consciência do que estamos a fazer a esta pessoa, que é saudável e
solidária.

49
Q

Quando é que foi o primeiro transplante pulmonar?

A

1963

Durou apenas 18 dias devido ao problema biológico

50
Q

Quando é que foi o primeiro transplante pulmonar com sucesso?

A

1981

Depois do aparecimento da ciclosporina

51
Q

Porquê que o transplante bipulmonar é mais eficaz?

A

Os transplantes bipulmonares têm mais sucesso que o unipulmonar - por um lado, o doente fica com dois
pulmões a funcionar e, por isso, com uma capacidade vital maior. Por outro, a grande maioria das patologias exigem o transplante pulmonar (ex: fibrose quistica), não sendo habitual ser necessário só um pulmão. Por fim, a manutenção do outro pulmão, que provavelmente pode estar doente, pode ser nociva.

52
Q

Quais são as indicações para o transplante pulmonar?

5

A

As indicações para o transplante:
* DPOC;
* Fibrose pulmonar idiopática;
* Fibrose cística;
* Deficiência alfa 1- tripsina;
* Hipertensão pulmonar idiopática.

53
Q

Qual é o tempo de sobrevida de um transplante pulmonar?

A

A sobrevida deste transplante anda à volta dos 5 anos e meio.

54
Q

Quais são 2 características pelas quais se evita o Transplante multivisceral e intestinal?

A

É dos transplantes mais complicados e mais imunogénicos

55
Q

Em que situações faz-se um transplante multivisceral e intestinal? Qual o principal critério?

A

Normalmente, deve-se a intestino curto ou falência intestinal e, habitualmente, quando as pessoas já não
conseguem fazer alimentação parentérica total.

56
Q

Qual principal vetor para infeções no transplante multivisceral e intestinal?

A

Catéter

57
Q

Qual a sobrevida do transplante cardíaco?

A

22 anos pós transplante, só 20% é que estão vivos - normal e expectável.

58
Q

Quais são os critérios para a prioritização dos doentes para transplante hepático?

5

A

MELD (Model for Endstage Liver DIsease). Este inclui:
* INR (tempo pro-trombina);
* Valor da bilirrubina;
* Sódio sérico;
* Creatinina sérica;
* Hemodiálise (se o doente a realiza, ou não)