Cirurgia baseada na evidência Flashcards
Quais são as 3 perspetivas para a avaliação de resultados na cirurgia?
- a perspetiva do doente
- a perspetiva do médico
- a perspetiva da sociedade
Caracterize a perspetiva do doente na avaliação de resultados na cirurgia
O mais importante é a
sobrevivência e a melhoria da qualidade de vida
Caracterize a perspetiva do médico na avaliação de resultados na cirurgia
Dá mais importância à
normalização de variados parâmetros
Caracterize a perspetiva do sociedade na avaliação de resultados na cirurgia
Focada no custo vs benefício e
eficácia
Na avaliação de resultados na cirurgia é fundamental avaliar um parâmetro de forma a informar corretamente o doente. Qual é?
É fundamental avaliar a taxa de complicações associada, e os doentes devem ser informados destas complicações. Esta avaliação vai interferir na prática clínica e permite perceber se é necessária uma mudança na terapêutica de modo a melhorar os resultados.
O que são os critérios de Milão?
5
São os critérios usados para transplantar doentes com cancro do fígado até 5cm ou até 3 tumores com máximo 3cm cada um, existindo outros critérios como o volume, a existência ou não de invasão vascular e metástases pulmonares.
Caso clínico 1
Mulher, 63 anos
* 2002 – Ressecção abdomino-perineal por adenocarcinoma do reto
* 2005 – Metástase hepática com invasão da veia suprahepática direita e da VCI
Que opções temos?
4
- Ressecção imediata
- Quimioterapia neoadjuvante e ressecção
- Tratamento paliativo
- Outra opção
Foi feita quimioterapia
Caso clínico 1
- Mulher, 63 anos
- 2002 – Ressecção abdomino-perineal por adenocarcinoma do reto
- 2005 – Metástase hepática com invasão da veia suprahepática direita e da VCI
Foi feita Quimioterapia
O que fazemos depois?
4
- Continuar quimioterapia
- Ressecção
- Paliação
- Outra opção
Foi feita uma hepatectomia direita com ressecção parcial da VCI, sem necessidade de bypass venoso,
tendo a doente ficado livre da doença há 13 anos.
Caso Clínico 2
- Homem, 75 anos
- Adenocarcinoma do cólon sigmoideu com metástase hepática lobo direito
- 2006 – Foi feita uma sigmoidectomia
O que fazer?
4
- Ressecção imediata
- Quimioterapia neoadjuvante e ressecção
- Tratamento paliativo
- Outra opção
Foi feita quimioterapia neoadjuvante + embolização portal, ocorrendo um aumento da pressão portal
no ramo esquerdo da veia porta, estimulando a hipertrofia do hepatócito
Caso clínico 2
- Homem, 75 anos
- Adenocarcinoma do cólon sigmoideu com metástase hepática lobo direito
- 2006 – Foi feita uma sigmoidectomia
Foi feita quimioterapia neoadjuvante + embolização portal, ocorrendo um aumento da pressão portal
no ramo esquerdo da veia porta, estimulando a hipertrofia do hepatócito
O que fazer depois?
4
- Continuar quimioterapia
- Ressecção
- Paliação
- Outra opção
Foi feita uma tri-sectorectomia direita e quimioterapia adjuvante. Histologia - metástases de ADC. O
pós-operatório não teve complicações. Faleceu 8 anos após resseção de recorrência pulmonar
Caso Clínico 3
- Homem, 25 anos
- Sem história prévia de doença
- Atleta de judo
- Fazia esteroides, sobretudo androgénios
- Dirige-se ao SU com dor abdominal, anemia e hipotensão
Hemoperitoneu. Segmento 3 do fígado- foco de hemorragia. Tem vários tumores no fígado. Foi feita
angiografia para tentar controlar o tumor, mas não se conseguia parar a hemorragia.
O que fazer?
Foi feita uma laparotomia e retirado o tumor. Após analise histológica concluiu-se que se tratava de um carcinoma hepatocelular.
**O que fazer depois? **
(Este doente não cumpre os critérios de Milão - estes critérios servem para doentes com fígados cirróticos, que não é o caso deste doente).
Foi aberta uma exceção e foi feito transplante com um fígado PAF. 6 anos depois teve uma recorrência, após 5 anos livre de doença. Apesar de ter valido a pena todo o procedimento médico, não foi de acordo com a prática clínica mais evidente.
O que é um Fígado PAF?
O fígado do doente PAF é um órgão estrutural e funcionalmente íntegro. A PAF é uma doença de perfil temporal pré-clínico muito lento
A polineuropatia amiloidótica familiar (PAF) é uma doença hereditária rara e degenerativa que causa uma aglomeração de proteínas anormais nos tecidos do organismo, afetando a sensibilidade da pele e causando dores fortes nos membros inferiores e superiores.
A PAF é uma doença neurológica e as principais complicações estão relacionadas ao sistema nervoso periférico (responsável pela transmissão dos estímulos recebidos pelo corpo e pelas respostas a estes estímulos) e autônomo (parte do sistema nervoso que está relacionado ao controle da vida vegetativa, ou seja, controla funções como a respiração, circulação do sangue, controle de temperatura e digestão).
Existem duas formas de tratamento para a doença:
Transplante hepático: esse procedimento permite parar a progressão dos sintomas da PAF, mas não cura lesões já existentes. Além dos riscos causados pela cirurgia, para evitar a rejeição do novo órgão, o paciente pode se tornar mais vulnerável a infecções.
Medicamentos: utilizados para a estabilização e inibição da produção das proteínas mutantes, evitam a formação de depósitos de fibras amiloides e podem diminuir a progressão da doença.
1º Transplante sequencial com resseção da VCI
Linhares Furtado, 1994 (Coimbra)
1º Transplante sequencial com a técnica de “Duplo piggy-back”
João Pena e Eduardo
Barroso, 2001 (Lisboa)
Qual é a técnica ideal para doente PAF?
“Duplo piggy-back”, porque preserva a VCI. Os resultados são muito bons, no entanto há doentes que desenvolvem PAF iatrogénica. É importante reter que a segunda utilização de um fígado “dominó” após um retransplante por PAF iatrogénica é exequível e já foi
conseguida. Isto contribui-o para uma maior controvérsia e para uma expansão das indicações para transplante.