Tema 16 - Conclusão: uma nova (des)ordem mundial na era da incerteza? Flashcards
O mundo contemporâneo atravessa um momento de transição profunda
Como a ascensão do Sul Global e o Declínio da Ordem Ocidental têm causado mudanças na dimâmica geopolítica?
O século XXI é amplamente reconhecido como um período de incertezas geopolíticas e econômicas, com o envelhecimento das estruturas de poder estabelecidas após a Segunda Guerra Mundial. A hegemonia política e económica dos países ocidentais, centrada nos Estados Unidos e na Europa, está a ser gradualmente substituída por uma multipolaridade emergente, onde as potências do Sul Global – especialmente a China, Índia e, em menor grau, o Japão e a Indonésia – estão se destacando. Segundo as projeções mais recentes, o PIB combinado da Ásia pode ultrapassar o dos Estados Unidos e da Europa até 2050, refletindo o crescimento vigoroso das economias asiáticas. Este fenômeno, no entanto, não implica uma simples troca de posições entre o Ocidente e o Oriente. A ascensão da China, em particular, representa um desafio profundo para a ordem internacional liderada pelos EUA, dado o crescente poder econômico, militar e tecnológico da nação. A China, com sua estratégia de expansão geopolítica e uma agenda militar assertiva, especialmente em relação a Taiwan, está moldando um novo padrão de relações internacionais que desafia as normas ocidentais. A Índia, por sua vez, com seu peso demográfico e crescente potência tecnológica, emerge como um protagonista regional na Ásia, ampliando sua influência no cenário global. Embora o Ocidente, em particular os Estados Unidos, ainda mantenham uma significativa parcela da economia global e dominem as finanças internacionais, o peso das potências asiáticas está em ascensão. A Europa, que outrora se via como um modelo de integração e estabilidade democrática, enfrenta desafios internos, com o populismo e o nacionalismo crescendo em várias de suas nações. Além disso, instituições internacionais como a ONU e o FMI, tradicionalmente dominadas pelo Ocidente, estão cada vez mais refletindo a realidade de uma ordem mundial multipolar, com maior representação das potências emergentes.
O mundo contemporâneo atravessa um momento de transição profunda
Como se deu o Declínio da Ordem Euro-Atlântica e quais são os desafios das Potências Emergentes?
A ordem internacional construída após a Segunda Guerra Mundial, com o Ocidente como seu pilar central, está gradualmente cedendo lugar a novas dinâmicas. O papel preponderante da Europa e dos Estados Unidos, tanto nas esferas econômicas quanto políticas, está em declínio, embora ainda se mantenham como atores influentes no cenário global. A ascensão de potências como China e Índia, que combinam crescimento econômico com assertividade política, desafia a supremacia ocidental. Em particular, a China tem sido um agente transformador, alterando a estrutura econômica global com suas práticas comerciais e sua crescente presença militar. O projeto da Nova Rota da Seda (Belt and Road Initiative), lançado pela China, ilustra sua ambição de redesenhar as rotas comerciais e estabelecer uma infraestrutura global sob sua liderança. Essa estratégia não só expõe as vulnerabilidades do sistema internacional liderado pelo Ocidente, mas também demonstra como a China está redefinindo as regras do comércio e da diplomacia, desafiando a primazia do dólar e do sistema financeiro internacional dominado por Washington. Embora o Ocidente ainda controle uma parcela significativa da economia global e seja um ator dominante nas finanças internacionais, o sistema internacional parece estar se afastando de um eixo euro-atlântico para um arranjo mais multipolar. O declínio da ordem liderada por Washington é visível, com os Estados Unidos se retirando de várias iniciativas multilaterais e com o crescente ceticismo em relação ao papel da Europa nas questões globais.
O mundo contemporâneo atravessa um momento de transição profunda
quais são os desafios Internos e como surgiram as ppressões no Ocidente?
A ascensão de novos imperialismos, como os de China e Rússia, traz à tona questões centrais sobre a viabilidade da democracia ocidental como modelo para o futuro. A crise da democracia liberal, visível nas divisões internas dos Estados Unidos e na crescente onda de populismo na Europa, gera incertezas sobre a capacidade do Ocidente de liderar o sistema internacional de forma eficaz. Figuras como Donald Trump nos EUA e líderes populistas na Europa têm questionado a validade das instituições democráticas e do papel da democracia no cenário global. O crescente nacionalismo e a ascensão de líderes autoritários, tanto no Ocidente quanto em outras partes do mundo, colocam em xeque os valores democráticos que historicamente definiram a cultura política do Ocidente. A relação entre o Ocidente e o Islã, por exemplo, continua a ser um ponto de tensão, alimentando um “choque de civilizações” que polariza ainda mais as sociedades em diversas partes do mundo. Além disso, a questão do multiculturalismo e da convivência entre diferentes religiões e culturas segue sendo um desafio em várias nações ocidentais, principalmente com a ascensão de movimentos de extrema-direita que questionam o próprio conceito de convivência democrática.
O mundo contemporâneo atravessa um momento de transição profunda
qual é o Futuro da Europa (Entre o Euro-Entusiasmo e o Euro-Absenteísmo)?
A Europa, enfrenta agora a complexa tarefa de reafirmar a sua relevância no novo cenário mundial. A crise económica, os fluxos migratórios, o nacionalismo crescente e a instabilidade política têm minado a coesão europeia, desafiando a ideia de uma Europa unificada e pacífica. A geração mais jovem, que cresceu com a promessa de uma Europa unida e sem fronteiras, agora vê-se a questionar esse ideal, especialmente à medida que os valores democráticos e o projeto europeu se veem desafiados por forças políticas internas e externas. O futuro da Europa dependerá de sua capacidade de superar as divisões internas e de se reafirmar como uma potência relevante, capaz de influenciar o rumo da política global, enquanto navega por um cenário internacional cada vez mais competitivo e multipolar. algumas complicações são:
- Polarização Política nos Estados Unidos: existe uma crescente divisão nos Estados Unidos, onde a polarização entre os partidos republicano e democrata tem se acentuado. Um dos exemplos mais evidentes dessa polarização é a questão do aborto. Para muitos republicanos, a defesa da vida e o direito à vida do nascituro são princípios fundamentais, o que os leva a uma posição contra a legalização do aborto, até mesmo em casos de violação. Por outro lado, os democratas defendem o direito da mulher de decidir sobre seu próprio corpo, incluindo a possibilidade de abortar até o nono mês de gestação. Esse debate se transformou em uma das questões mais divisivas da política americana contemporânea. essa polarização não se limita apenas ao aborto, mas também à incapacidade dos dois lados de dialogar ou negociar soluções medianas. O que antes poderia ser discutido e mediado por consenso, hoje é um campo de batalha ideológico. A linguagem política também se tornou mais agressiva, com ataques pessoais sendo comuns em vez de discussões construtivas. Isso reflete uma falha no que deveria ser a base da democracia: a capacidade de ouvir e respeitar as opiniões divergentes.
- Cultura de Cancelamento e Intolerância: A ascensão da cultura de cancelamento é outro tema central no texto. A ideia de “cancelar” alguém por suas opiniões ou ações tornou-se uma prática comum, especialmente nas redes sociais. Essa mentalidade de estigmatizar, excluir ou silenciar aqueles que não compartilham da mesma visão de mundo gerou um ambiente onde a intolerância se tornou predominante. Em vez de promover o debate saudável e a diversidade de opiniões, muitos passaram a ver o outro como uma ameaça, o que leva ao afastamento de posições e a um círculo vicioso de desconfiança. A liberdade de expressão e o respeito pela diferença são pilares essenciais que estão sendo minados por essa crescente tendência de cancelamento. Em vez de aceitar que as pessoas possam ter visões divergentes sem que isso implique em um ataque à sua moral ou caráter, a sociedade está cada vez mais polarizada, o que enfraquece as instituições democráticas.
- A Posição da Europa e a Mudança de Paradigma: na europa existe uma crescente desconexão da Europa Ocidental com o papel que ela desempenhou no cenário global nas últimas décadas. Enquanto os Estados Unidos buscam novas oportunidades comerciais e estratégias de poder, principalmente na Ásia, a Europa está enfrentando um declínio em sua influência política e económica. deu-se a ascensão de novos atores globais, como China e Rússia, a liderança ocidental tem sido desafiada. Além disso, a crise da União Europeia é um reflexo desse declínio. A burocracia europeia se tornou cada vez mais impenetrável e distante, o que afasta as gerações mais jovens do ideal europeu. Para muitos, a União Europeia já não é vista como um projeto de paz e prosperidade, mas como uma estrutura burocrática distante da realidade cotidiana. O entusiasmo que existia nas gerações anteriores em relação ao projeto europeu foi substituído por um ceticismo crescente, especialmente entre os jovens.
- A Crise de Liderança Global e o Declínio das Potências Ocidentais: existe a questão do declínio da liderança global do Ocidente. As democracias liberais estão sendo desafiadas por novos movimentos autoritários, e as potências ocidentais não parecem ser capazes de encontrar soluções eficazes para as crises globais. A Rússia, sob Vladimir Putin, e a China, com sua crescente influência, representam desafios diretos à ordem liberal que foi estabelecida após a Segunda Guerra Mundial. O Ocidente, especialmente os Estados Unidos, está a voltar-se para uma política mais isolacionista, priorizando interesses nacionais em detrimento da liderança global. Isso fica evidente na retórica de Donald Trump, que defende a construção de um muro na fronteira com o México e busca distanciar os Estados Unidos de compromissos internacionais, como o Acordo de Paris e a Organização Mundial de Comércio. Essa postura reflete uma mudança significativa na política externa americana, que antes era orientada para um papel de liderança global, mas agora parece mais preocupada com os interesses internos.
- A Perda da Capacidade de Negociar Soluções Mediadoras: A crise política e social nos Estados Unidos e na Europa reflete uma perda da capacidade de negociar soluções intermediárias, algo fundamental para a democracia. O autor argumenta que a democracia, por sua natureza, deve buscar soluções que atendam a diferentes pontos de vista e respeitem a diversidade. No entanto, a falta de diálogo e a ascensão de posições extremas dificultam essa negociação. Como resultado, a democracia se vê em um impasse, onde as soluções mais racionais e equilibradas são substituídas por atitudes radicais que não permitem a construção de consenso.
- Questões de Liberdade e Direitos Reprodutivos: A questão do aborto, que já foi mencionada, é um exemplo claro de como as sociedades estão divididas. existe o direito da mulher de decidir sobre seu corpo e a dignidade humana envolvida na imposição de um aborto forçado, especialmente em casos de violação. Ao mesmo tempo, ele reconhece que o debate sobre o aborto se tornou cada vez mais polarizado e difícil de resolver de maneira equilibrada. No entanto, em uma democracia madura, seria possível encontrar um meio-termo que respeitasse tanto os direitos das mulheres quanto os princípios morais de quem é contra o aborto.
- O Papel da Europa no Mundo e as Mudanças Sociais: é importante também considerar o papel da Europa na geopolítica atual e o impacto das mudanças sociais e políticas internas nos países europeus. A saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) é vista como um reflexo de um movimento maior de ceticismo em relação ao projeto europeu. Ao mesmo tempo, ele observa que alguns países da Europa Central, como a Polônia e a Hungria, estão se afastando dos valores democráticos, o que representa uma ameaça à unidade e estabilidade da União Europeia. Além disso, a crescente insatisfação com a União Europeia, que é vista por muitos como uma estrutura distante e burocrática, leva a uma falta de engajamento, especialmente entre os jovens. A Europa precisa reavaliar sua posição no mundo e reconsiderar seu modelo de integração, já que a confiança nas instituições europeias tem diminuído.