Tema 14 - “O Ocidente e os Outros”: a Rússia dos rumos pós-soviéticos de Ieltsin ao neoimperialismo de Putin Flashcards

1
Q

A Rússia após o colapso da URSS em 1991 marcou o início da nova era

quais as consequências da governação da Russia de Boris Ieltsin?

A

Sob a presidência de Boris Ieltsin, a Rússia vivenciou uma transição turbulenta de um regime socialista centralizado para uma economia de mercado capitalista. As reformas económicas, conhecidas como “terapia de choque”, procuraram acelerar a transição para o capitalismo, mas resultaram em graves consequências, como alta inflação, desigualdade social e crises económicas.

A Rússia enfrentou dificuldades enormes, incluindo a falência de várias indústrias e o aumento do desemprego, o que gerou descontentamento entre a população. Embora o apoio ocidental fosse forte, especialmente dos Estados Unidos, as reformas não conseguiram estabilizar o país, e as tensões internas e a resistência de algumas partes da sociedade dificultaram o progresso.

A crise económica global de 1997-1998 agravou ainda mais a situação. A queda do rublo e a recessão que se seguiu mostraram a fragilidade da economia russa, criando um ambiente de instabilidade. Nesse contexto, surgiu Vladimir Putin, um ex-agente do KGB, que assumiu o cargo de primeiro-ministro em 1999. No mesmo ano, Ieltsin renunciou, e Putin foi nomeado presidente interino, iniciando sua trajetória que marcaria uma nova fase para a Rússia.

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Q

A Rússia após o colapso da URSS em 1991 marcou o início da nova era

quais as implicações da governação de Vladimir Putin?

A

Sob a presidência de Boris Yeltsin, a Rússia enfrentou instabilidade, a desvalorização de sua moeda, e uma perda significativa de prestígio internacional. Nesse cenário de fragilidade, Putin surgiu como uma figura central. Ex-agente da KGB e aliado de longa data de Anatoly Sobchak, Putin foi nomeado primeiro-ministro por Yeltsin em 1999. A renúncia de Yeltsin, ainda em 1999, deu a Putin a presidência interina, e ele foi eleito presidente em 2000 com uma mensagem de restaurar a ordem e o poder do Estado.

Com a dissolução da União Soviética, a nova Federação Russa enfrentou uma série de desafios, incluindo a dispersão de seu arsenal nuclear, a fragmentação territorial com tensões étnicas e políticas, e a aproximação das antigas repúblicas soviéticas com o Ocidente. Esses desafios moldaram as ações de Putin ao longo de seu governo, especialmente no que diz respeito à proteção de russos étnicos fora das fronteiras e à resistência à expansão da NATO.

Nos primeiros anos do século XXI, Putin tentou estabelecer uma relação cooperativa com o Ocidente, especialmente após os atentados de 11 de setembro de 2001. Ele apoiou a luta contra o terrorismo e ofereceu a colaboração da Rússia nas operações internacionais. Contudo, a expansão da NATO para o Leste Europeu, especialmente com a adesão de ex-países do bloco soviético, foi vista por Putin como uma ameaça direta à segurança russa. A crescente distância entre a Rússia e o Ocidente foi intensificada por eventos como a independência de Kosovo (1999), a guerra no Iraque (2003), e o apoio do Ocidente às revoluções em países da ex-União Soviética, como a Revolução Laranja na Ucrânia (2004-2005), que representavam uma ameaça à influência russa.

Durante os seus primeiros anos como presidente, Putin focou na estabilização interna, promovendo uma centralização de poder e uma reestruturação da economia russa. Sob sua liderança, a Rússia recuperou parte da sua força econômica, beneficiada pelo aumento dos preços do petróleo e gás natural. No entanto, sua política também envolveu a repressão à oposição, o controle da mídia e o enfraquecimento das instituições democráticas, criando um sistema de governo cada vez mais autoritário. O seu estilo de liderança foi caracterizado pelo “putinismo”, uma combinação de nacionalismo, conservadorismo social e centralização do poder, que também foi consolidado através de sua postura militar agressiva. Na política externa, houve alguns eventos-chave da sua liderança que refletem a sua trajetória:

  • A Segunda Guerra da Chechênia (1999-2000): Um dos primeiros testes para Putin foi a Segunda Guerra da Chechênia (1999-2000), onde ele usou uma abordagem militar agressiva para sufocar o movimento separatista checheno. A destruição da capital Grozny e a eliminação de líderes separatistas fortaleceram sua imagem como líder firme e defensor da integridade territorial da Rússia, ganhando o apoio popular. Esse conflito também estabeleceu um padrão para a política externa de Putin, que frequentemente recorre à força militar em situações de crise.
  • A Intervenção na Geórgia (2008): A invasão da Geórgia demonstrou a disposição de Putin de usar a força militar para manter a influência da Rússia sobre ex-repúblicas soviéticas.
  • A Anexação da Crimeia (2014): Após os protestos da Praça Maidan na Ucrânia, Putin reagiu com a ocupação e anexação da Crimeia, um movimento que gerou uma grave crise nas relações com o Ocidente.
  • A Guerra na Ucrânia (2022): A relação entre a Rússia e a Ucrânia tornou-se especialmente tensa em 2014, quando a Ucrânia, após a Revolução Euromaidan, depôs o presidente pró-russo Viktor Yanukovych e se inclinou para o Ocidente. A resposta de Putin foi rápida e militar: em fevereiro de 2014, a Rússia anexou a Crimeia, uma ação que foi amplamente condenada pelo Ocidente e resultou em sanções econômicas. A Rússia também começou a apoiar separatistas no leste da Ucrânia, o que culminou em um conflito prolongado. Putin justificou suas ações com a necessidade de proteger a população de etnia russa, mas a comunidade internacional considerou essas ações uma violação da soberania ucraniana. Putin tem defendido repetidamente a ideia de que a Ucrânia faz parte de um espaço histórico e cultural russo. Ele argumenta que a separação da Ucrânia da Rússia foi um erro histórico, impulsionado pela União Soviética. Esse discurso de “restaurar a grandeza da Rússia” tem sido fundamental para justificar as ações da Rússia, especialmente na Ucrânia. Em 2021, Putin escreveu um artigo afirmando que a Ucrânia nunca deveria ter sido independente da Rússia, negando seu direito à autodeterminação. Em 2022, Putin lançou uma invasão em grande escala da Ucrânia, alegando que a Rússia estava sendo ameaçada pela expansão da OTAN e pela aproximação da Ucrânia com o Ocidente. A guerra, iniciada sob o pretexto de “desnazificar” a Ucrânia, resultou em uma grande crise humanitária e econômica, com sanções severas impostas ao governo russo. O Ocidente respondeu com apoio militar e financeiro à Ucrânia, além de diplomacia internacional para isolar a Rússia. A guerra tem sido devastadora tanto para a Ucrânia quanto para a Rússia, e a situação continua sem uma resolução clara. O futuro da Rússia e da Ucrânia continua incerto, à medida que o conflito se arrasta e a oposição russa ao Ocidente se intensifica. A luta pela soberania da Ucrânia é agora uma questão central para a segurança e a ordem internacional, com a resistência ucraniana sendo apoiada por uma coalizão internacional. Para Putin, a guerra reflete uma luta pela restauração da grandeza da Rússia, enquanto o Ocidente vê nela uma violação flagrante do direito à autodeterminação das nações.

Ele consolidou alianças com países como China e Irão para desafiar o Ocidente, reforçando uma ideologia nacionalista baseada na restauração do orgulho russo e rejeição aos valores ocidentais. O embate com o Ocidente intensificou-se, com sanções económicas, propaganda e estratégias de guerra híbrida, levando analistas a classificarem o cenário como uma “nova Guerra Fria”.

A política de Putin é muitas vezes vista como uma tentativa de reconstruir uma forma de império russo, distinto do regime comunista da União Soviética, mas igualmente assertivo em sua busca por influência. Em seu discurso de fevereiro de 2022, Putin justificou a invasão da Ucrânia ao afirmar que “a Ucrânia foi criada pela Rússia”, um reflexo claro de sua mentalidade imperialista. Para muitos analistas, esse revanchismo de Putin remete ao início da Guerra Fria, reintroduzindo divisões ideológicas e estratégicas entre o Oriente e o Ocidente.

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A Rússia após o colapso da URSS em 1991 marcou o início da nova era

qual era a relação entre a Rússia e o Ocidente?

A

Nos anos 1990, as relações entre a Rússia e o Ocidente foram inicialmente caracterizadas por uma certa cooperação estratégica, especialmente em questões como o controle de armas nucleares e apoio à transição da Rússia para um regime democrático. No entanto, a expansão da OTAN para o Leste Europeu gerou um sentimento de cerco na elite russa, o que aumentou as tensões e preparou o terreno para a política conformacional de Putin. Para ele, o colapso da União Soviética foi uma “catástrofe geopolítica”, e suas ações visaram reverter essa perceção, promovendo um “Russkiy Mir” (Mundo Russo) que reforçasse a identidade e a influência russa.

A Rússia tem utilizado os seus vastos recursos energéticos como um instrumento de poder geopolítico. A dependência europeia do gás russo tem sido um fator crucial nas relações entre Moscou e o Ocidente, especialmente durante a guerra na Ucrânia, que aprofundou as tensões sobre o fornecimento de energia.

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A Rússia após o colapso da URSS em 1991 marcou o início da nova era

como a dissolução da união soviética impactou os EUA?

A

O fim da União Soviética colocou os Estados Unidos como a única superpotência global, dando início a um período unipolar. Durante a presidência de George H. W. Bush, os Estados Unidos adotaram uma postura cautelosa em relação ao colapso soviético, evitando celebrações públicas para não humilhar a Rússia. A preocupação era prevenir ressentimentos nacionalistas que poderiam gerar instabilidade ou revanchismo. Bush reconheceu que uma Rússia cooperativa era crucial para garantir a segurança global:

  • Desarmamento Nuclear: A Rússia tinha um vasto arsenal nuclear, e garantir seu desarmamento foi uma prioridade.
  • Guerra do Golfo (1990-1991): A Rússia teve um papel simbólico importante ao apoiar as operações militares lideradas pelos EUA.
  • Transição Pacífica: Bush também buscava uma transição relativamente suave da União Soviética para a Federação Russa, sem grandes ruturas internacionais.

A década de 1990 foi marcada por intensas negociações de desarmamento nuclear entre os Estados Unidos e a Rússia. Dois acordos destacam-se:

  • Tratados START (Strategic Arms Reduction Treaty): Esses tratados, que haviam sido iniciados ainda durante a União Soviética, visavam reduzir os arsenais nucleares intercontinentais de ambos os lados, alcançando reduções significativas.
  • Acordos de Budapeste (1994): Esses acordos envolveram a Ucrânia, que herdou parte do arsenal nuclear soviético, comprometendo-se a transferir suas armas nucleares para a Rússia. Em troca, garantias de soberania e integridade territorial foram feitas pelos EUA, Reino Unido e Rússia.

Contudo, esses acordos foram posteriormente violados por Putin, com a anexação da Crimeia em 2014 e a invasão da Ucrânia em 2022, evidenciando a fragilidade dessas garantias.

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