Sangramentos da 2a metade da Gestação Flashcards
Quais as principais causas de sangramento nesse período?
DPP, PP, Rotura uterina, Rotura de vasa prévia, Ca colo útero, cervicite, pólipo, etc, sendo que até a vasa prévia são as que há risco à vida. DPP e PP correspondem a até 50% dos diagnósticos.
Qual a definição de DPP?
É a separação intempestiva (repentina) da placenta que estava normalmente fixada no corpo uterino após 20s de gestação e antes da expulsão do feto. Isso implica em sangramento uterino e redução no fornecimento de oxigênio e nutrientes para o feto.
Qual a incidência da DPP? Em qual período é mais frequênte?
Ocorre em 1-2% das gestações, sendo mais comum entre a 24a e 26a semana de gestação. *Vale ressaltar que até 20% das DPPs não apresentam sangramento vaginal.
Quais as possíveis complicações fetais da DPP?
É a principal causa de óbito perinatal***, PIG, restrição do crescimento fetal, parto prematuro e sofrimento fetal.
Quais as possíveis complicações maternadas da DPP?
Coagulação Intravascular Disseminada (CID), hemorragia, choque, histerectomia, óbito.
Qual a classificação da DPP?
4 graus: - Grau 0: DPP assintomática e sem sangramento. É diagnosticada após o parto com visualização do hematoma na histopatologia da placenta. - Grau 1: DPP sintomática, sangramento escasso, sem dor abdominal e sem hipertonia uterina. Não há comprometimento fetal e o diagnóstico é feito após o parto pela visualização do hematoma após a dequitação. Sem repercussões hemodinâmicas e coagulopatia. - Grau 2: DPP sintomática, sangramento moderado, hipertonia uterina, dor abdominal, taquicardia materna, alterações posturais da PA, sinais de sofrimento fetal. - Grau 3: DPP sintomática, sangramento exacerbado, dor abdominal intensa, hipertonia uterina, hipotensão materna, ÓBITO FETAL (descolamento de mais de 50% da placenta). Pode ser 3a (sem coagulopatia) ou 3b (com coagulopatia).
Qual a fisiopatologia do descolamento?
Por algum motivo, há uma hemorragia retroplacentária com formação progressiva de um hematoma. O aumento deste exerce pressão sobre a placenta, promovendo e aumentando seu descolamento, o que, por sua vez, aumenta ainda mais o hematoma, instalando-se um ciclo vicioso progressivo e irreversível. A morte fetal é inevitável quando a placenta está mais de 50% descolada.
Qual a colocação do sangue na DPP e por quê?
Escura, pois há metabolização do sangue por enzimas no trajeto desse sangue até a vagina.
Qual a fisiopatogenia da Hipertonia uterina?
O sangue em contato com o útero promove irritação no miométrio, fazendo com que este se contraia e muitas vezes haja trabalho de parto. Essa contratilidade está quase sempre associada a algum grau de hipertonia uterina por 2 mecanismos: a irritação do miométrio quando em contato com o sangue e o aumento exagerado das metrossístoles (taquissistolia) -> não há tempo para relaxamento uterino pois logo depois de uma sístole já se inicia outra.
Qual a fisiopatogenia da hipotensão uterina pós parto?
Com a evolução da DPP, o sangue infiltra no miométrio e promove alterações citoarquiteturais, fazendo com que, após o parto, esse miométrio não seja mais capaz de se contrair eficientemente, atenuando as ligaduras vivas de Pinard e facilitando a ocorrência de HPP.
O que é o útero de Couvelaire?
É o aspecto macroscópico do útero em hipotonia após DPP por infiltração de sangue no miométrio, se mostrando edemaciado, arroxeado e com sufusões hemorrágicas. Também é chamado de apoplexia uteroplacentária.
Qual a fisiopatologia das discrasias sanguíneas na DPP?
A formação do hematoma promove grande liberação e ativação de tromboplastina (trombogênico). Esta substância é liberada para a corrente sanguínea materna, favorecento a trombogênese no organismo materno. Esse quadro caracteriza a CID, que promove lesões de órgão alvo (como NCA nos rins e cor pulmonale) e consumo dos fatores de coagulação, fazendo com que haja uma depleção nos compostos que favorecem a coagulação e liberação de fibrinolíticos, promovendo INCOAGULABILIDADE.
Como é feito o diagnóstico de DPP e quais seus fatores de risco?
EMINENTEMENTE CLÍNICO. Os FR são: Traumáticos (acidente automobilístico, agressão, retração uterina intensa - amniotomia em polidrâmnio, gemelaridade após expulsão do 1° bebe, RPMO em polidrâmnio -, brevidade do cordão, Versão fetal externa, miomatose uterina, torção, hipertensão da VCI), não traumáticos (HAS, pré-eclâmpsia, RPMO, tabaco e cocaína, álcool, idade, multiparidade > 5, placenta circuvalada, anemia e má nutrição, DPP em gestação anterior).
Explique os seguintes fatores de risco: - Versão fetal externa; - Brevidade de cordão umbilical.
São fatores de risco traumáticos internos, sendo que a versão fetal externa é uma manobra utilizada raramente para alteração artificial da apresentação fetal. A brevidade do cordão pode ser relativa (circulares do cordão) ou absoluta, fazendo com que, na descida do feto, a placenta descole.
Explique os seguintes fatores de risco: - Acidente automobilístico; - Síndromes Hipertensivas; - Tabaco e cocaína;
Acidente automobilístico é a principal causa traumática de DPP, ocorrendo tanto pela desacelaração quanto pelo trauma direto. Deve haver monitorização fetal. Síndromes hipertensivas são os principais fatores na fisiopatogenia da DPP (obstrução e infartos no sítio placentário). O tabaco dobra o risco de DPP até a 32a semana e a cocaína está nitidamente relacionada à DPP. Ambos causam necrose na decídua basal.
Qual o QC clássico de DPP? Explique cada um.
Dor abdominal: pode variar de um leve desconforto até ser muito intensa. Caso a placenta seja de inserção posterior, a dor é lombar. Na pcte em TP, a dor persiste entre as contrações. Sangramento: exteriorizado (80%) ou hematoma retroplacentário. O hemoâmnio é detectado em até 50% das DPPs. Aumento do tônus uterino: pode chegar até hipertonia Útero de Couvelaire. Deve-se pesquisar fatores de risco na história clínica.
Qual a relação entre o volume de sangue exteriorizado e a gravidade do sangramento?
O sangramento exteriorizado pode não refletir a gravidade do descolamento, pois grande parte pode estar na forma de hematoma.
Quais achados são muito sugestivos de DPP?
A dor abdominal nos sangramentos de 2a metade da gestação é muito típico de DPP. No geral, HAS e hipertonia dizem MUITO a favor de DPP.
Quais os achados de EF na DPP?
EF de choque (extremidades frias, TEC > 2s, …), pulso paradoxal de Boero (ocorre no início da hemorragia, em que, por um reflexo vagal, a paciente está hipotensa mas sem taquicardia. Com a evolução do quadro, a paciente torna-se taquicárdica), manifestações de sofrimento fetal agudo (relacionado com a extensão do descolamento), convergência tensional.
Qual o uso dos exames laboratoriais na DPP?
Usados para rastrear complicações da DPP (discrasia sanguínea, anemia grave e choque hipovilêmico).
Qual o papel da USG na DPP?
Apresenta maior utilidade para excluir o diagnóstico de placenta prévia do que para confirmar DPP, não é sempre que se visualiza o hematoma e pode-se confundir hematoma com coleção normal de sangue. Quando alterado, o achado é o hematoma retroplacentário, paredes espessas da placenta e bordos da placenta sem continuidade.
Quais os DDs de DPP?
As outras causas de sangramento de 2a metade: PP (principal), rotuma uterina, rotura de vasa prévia e rotura do seio marginal. Outros: trabalho de parto (pode haver rompimento de vasos cervicais na dilatação), polidrâmnio agudo, gravidez abdominal avançada, varizes vulvares e vaginais.
Qual a conduta em caso de DPP?
Depende da vitabilidade fetal: - Feto vivo: a opção é a cesária, mas, se está em TP iminente (período expulsivo), pode-se realizar o parto por via baixa. - Feto morto: A melhor opção é, caso as condições maternas estejam preservadas, manter ela em observação (conduta expectante). Se as condições maternas se alterarem, realizar o parto pela via mais rápida (pref vaginal pois há o risco de incoagulabilidade na cesárea pela CID) -> Término da gestação por via baixa, estabilização materna e amniotomia.
Por que a amniotomia é indicada em DPP?
Reduz o volume uterino, o que facilita a contração das astérias espiraladas (diminui o sangramento) e redução da entrada de tromboplastina na circulação materna. Além disso, acelera ou inicia o trabalho de parto.
Quais as complicações da DPP?
Choque hipovolêmico, IRA, NCA, NTA, óbito fetal, CID, útero de Couvelaire.
Qual o prognóstico da DPP?
Mortalidade de 3% na mãe e de 90% em média no feto (100% em casos gravos e 25% em casos leves), principalmente pela prematuridade.
O que é DPP crônico?
A formação do hematoma cessa completamente de alguma forma sem o parto, geralmente ocorrendo em oligodrâmnio, RCF e pré-eclâmpsia. Feto maduro: interrupção imediata. Feto imaturo: monitorização e avaliação diária do coágulo por US.