PRV04 - Vigilância da Saúde Flashcards
Qual a diferença entre endemia e epidemia?
- Epidemia: casos novos acima do esperado. Incidência crescente, ultrapassa o limiar epidêmico
- Endemia: casos novos dentro do esperado. Incidência regular e esperada, com variações cíclicas ou sazonais
Essa diferença depende de um padrão esperado de incidência (últimos 10 anos).
O que é um diagrama de controle? Quais parâmetros podemos tirar dele?
É um gráfico de incidência média, dividida por mês, dos últimos 10 anos de uma determinada doença.
- Faixa endêmica (+/- 1,96 DP da média): média e limites tolerados como normais em cada mês do ano.
- Limiar superior endêmico (limiar epidêmico): valor máximo de normalidade (+1,96 DP dá média).
- Variação da incidência:
> Dentro da faixa: endemia.
> Acima da faixa: epidemia.
> Abaixo da faixa: decréscimo endêmico.
**Logo, para ser considerado endêmica uma doença tem que ter pelo menos 10 anos.
***Curva epidêmica num gráfico número de casos pelo tempo é uma onda de progressão (aumento de casos) e regressão (queda de casos) de casos novos de uma doença.
Como podemos classificar uma epidemia geograficamente e quanto a velocidade de crescimento?
- Classificação geográfica:
- Surto (restrita): casos com relação entre si ou área geográfica pequena.
- Pandemia (ampla): atinge vários países / mais de um continente. - Quando a velocidade de crescimento:
- Explosiva / Maciça (fonte comum): ar (Legionela); água (Cólera); alimento (”maionese”).
- Progressiva / Propagada (pessoa-pessoa / vetor): respiratória (gripe, COVID…); sexual (IST); mosquito (FA, dengue…).
*O gráfico da explosiva tem um crescimento muito acentuado em pouco tempo (chega ao pico mais rápido). Já o gráfico da progressiva tem progressões e regressões variadas, com novos casos surgindo por mais tempo (demora mais para chegar ao pico).
**Existem 3 tipo de gráfico possível para a epidemia explosiva, pode ser por fonte pontual (rápido pico e rápida regressão, sem mais novos casos); fonte persistente (rápido pico e estabilização do numero de novos casos por um tempo) e casos segundários (rápido pico com regressão e surgimento de novas progressões menores que a primeira).
Qual a diferença entre vigilância epidemiológica, sanitária, ambiental e do trabalhador?
- Vigilância epidemiológica: controle de doenças, coleta de dados (notificação compulsória) para promover ações de prevenção e controle.
- Vigilância sanitária: vigilância de bens, produtos e serviços (medicamento, alimento coméstico).
- Vigilância ambiental: vigilância do ambiente físico, psicológico e social (água, resíduos, vetores…).
- Vigilância do trabalho: situações relalacionadas ao trabalho.
O que é um caso autoctone e um caso alóctone?
- Caso autoctone: surgiu na própria comunidade.
- Caso alóctone: caso externo, veio de fora da comunidade.
Quem, quando, como e o que deve ser notificado compulsoriamente?
- Quem: Qualquer pessoa! É obrigação do profissional de saúde (com risco de processos éticos e penais).
- Quando: na suspeita e/ou confirmação. Não precisa da confirmação para notificar.
- Como: normal (semanal) ou imediata (até 24h).
- O que:
- Agravos nacionais (e internacionais).
- Agravos estaduais e municipais.
- Agravos desconhecidos / surtos.
*O município pode adicionar doenças de notificação compulsória (não podem retirar), usando o princípio da descentralização.
**E se não houver doenças de notificação compulsória? Notificação negativa (semanal).
***A “semana epidemiológica” compreende de domingo a sábado.
Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo das “internacionais”?
- Internacionais: VIPS.
- Varíola.
- Influenza (para novos sorotipos virais).
- Polio / Paralisia Flácida Aguda.
- SARS (COVID-19) e tudo relacionado a COVID.
*A varíola é uma doença erradicada no mundo. Já a pólio é uma doena eliminada no Brasil, mas pode reemerger.
Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo dos “anticorpos”?
- Anticorpos: vacinas do MS.
- Tuberculose.
- Hepatites Virais.
- Difteria, Tétano, Coqueluche, Hemófilo “invasivo”.
- Rotavírus (Diarreia Aguda / SHU).
- Doença Pneumocócica “Invasiva”.
- Doença Meningocócica / Outras meningites.
- Febre Amarela.
- Sarampo / Rubéola (caXumba não é mais de notificação compulsória).
- Varicela (Grave / Óbito).
- Síndrome gripal.
- Evento adverso grave pós-vacina.
*Igual a notificação apenas em Unidade Sentinela (unidade de referência).
Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo das “síndromes febris”?
- Síndromes Febris:
- Dengue / Chikungunya / Zika.
- Malária.
- Leptospirose.
- Hantavirose.
- Febre Tifoide.
- Febre Maculosa / Riquetisioses.
- Febre do Nilo Ocidental / Arboviroses.
- Febre Hemorrágica e reemergente.
- Febre purpúrica brasileira.
- Marburg.
- Arenavírus.
- Lassa.
- Ebola.
*A hantavirose é transmitida pela saliva do rato, a febre tifoide por alimentos, água contaminados ou contato próximo com infectados. Já a febre maculosa é transmitida pela picada do carrapato.
**A febre do nilo ocidental é considerada uma arbovirose por ser transmitida por pombos e é uma das principais arboviroses do hemisfério norte.
***A febre purpúrica brasileira não está presente no Brasil há muitos anos.
Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo do “terrorismo”?
- Terrorismo: BAVTT.
- Antraz pneumático.
- Botulismo.
- Tularemia.
- Violência Doméstica e Sexual.
- Tentativa Suicídio.
*Violência contra criança e adolescente também requer notificação ao Conselho Tutelar.
**O botulismo dá uma “síndrome de Guillain Barré” invertida com paralisia descendente, podendo paralisar o nervo frênico e o diafragma.
Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo dos “bichos loucos”?
- Bichos loucos:
- Doença de Creutzfeldt-Jacob.
- Toxoplasmose (Congênita / Gestante).
- Peçonhentos (escorpião, cobra, aranha…).
- Raiva / Acidente com animal potencialmente transmissor de raiva (mamífero).
- Peste (”pulga louca”).
- Acidentes com animais peçonhentos mais comuns no Brasil: 1º Escorpião / 2º Aranha / 3º Serpente / 4º Abelha / 5º Lagarta.
**Não se notifica mordedura como raiva e sim como acidente com animal potencialmente transmissor de raiva.
Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo das “endêmicas”?
- Endêmicas: ENDEMICA.
- Esquistossomose.
- Neoplasias.
- Doença de Chagas (aguda ou crônica).
- Eventos de risco a saúde pública (surtos).
- Malformação congênita.
- Infantil e Materno (óbitos).
- Calazar e Tegumentar (Leishmaniose).
- Acidente de trabalho (biológico e doenças*).
*Igual a notificação apenas em Unidade Sentinela (unidade de referência).
**Qualquer acidente de trabalho, exceto com material biológico, agora é de notificação imediata
***As neoplasias são a única doença crônica de notificação compulsória.
Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo das “exógenas”?
- Exógenas:
- Agrotóxicos (glifosatos, organofosforados…).
- Metais pesados.
- Gases tóxicos.
*Os organosfosforados inibem a acetilcolinesterase, causando uma síndrome colinérgica.
Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo do “si…”?
- Si…
- Sífilis.
- SIDA/HIV e tudo relacionado.
- “Sinistra” Cólera.
- Síndrome do Corrimento Masculino.*
- Síndrome Neurológica Pós “Febre”.*
*Igual a notificação apenas em Unidade Sentinela (unidade de referência).
Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo das “Ranseníase”?
- Ranseníase:
- Hanseníase.
Qual mnemônico utilizado para gravar os nove grandes grupos das doenças de notificação compulsória?
Mnemônicos BESTEIRAS.
- Bichos loucos.
- Endémica.
- Síndromes febris.
- Terrorismo.
- Exógenas.
- Internacionais.
- Ranseníase.
- Anticorpos.
- Si.
Quais são as doenças de notificação imediata? Qual mnemônico podemos utilizar?
Mnemônico: IMEDIATAS
- Internacionais (VIPS).
- Mata “todos” (raiva e acidente com animal potencialmente transmissor de raiva).
- Eventos de risco a saúde pública.
- Doença de Chagas aguda.
- Internacionais antigas (CPF - Cólera, Peste e Febre amarela).
- Acidentes.
- Terrorismo (BAVTT).
- Anticorpos / Vacinas (com exceção de tuberculose e hepatites virais).
- Síndromes febris (para dengue, zika e chikungunya somente se óbito; malária fora da região amazônica e zika em gestantes).
*Dica prática para doenças de notificação semanal (o resto): evolução crônica, difícil modificação e doenças endêmicas normalmente são de notificação semanal.
O que significa prevenção primária, segundária terciária, quaternária e quinquenária? O que é período pré-patogênico e patogênico?
- Período pré-patogênico: a doença ainda não existe.
1.1 - Prevenção primária: combate fatores de risco.
- Proteção específica:
> Vacinação.
> Uso de EPI.
> Sal iodado (prevenção de bócio).
> Água fluorada (prevenção de cárie).
> Ácido fólico na gestação.
- Promoção da Saúde:
> Saneamento básico.
> Alimentação saudável.
- Período patogênico: a doença já existe.
2.1 - Prevenção secundária: atua na fase inicial da doença.
- Detecção e tratamento precoces.
> Rastreamento (fase assintomática/subclínica).
> Diagnóstico precoce (fase sintomática).
- Prevenção de danos: evitar complicações.
2.2 - Prevenção Terciária: atua na fase avançada, a doença já está estabelecida.
- Tratar complicações.
- Reabilitação.
- Período pré-patogênico e patogênico:
3.1 - Prevenção quaternária: prevenção contra iatrogenias (“menos é mais”).
- Atua no paciente.
- Evitar intervenções desnecessárias.
- Identificar e evitar supermedicalização (desprescrição).
- Não solicitar exames sem indicação
3.2 Quinquenária: atua no médico.
- Prevenção contra o Burn-Out
- Qualidade de vida, trabalho…
Quais são os princípios da bioética?
- Beneficência: fazer o bem. Prevenções primária, secundária e terciária.
- Não Maleficência: minimizar o risco, prevenção quaternária.
- Autonomia: respeito a decisão do paciente. Sigilo médico e TCLE.
- Justiça: igualdade respeitando as diferenças (conversa com o princípio da equidade do SUS).
*A beneficência foi o primeiro princípio a ser criado e sempre está acima dos demais (ex.: paciente em greve de fome, respeito a greve de fome, mas se paciente estiver desnutrido e em risco de morte, podemos nutri-lo).
O sigilo médico pode ser quebrado?
Não. Exceto por autorização por escrito do paciente ou se a omissão médica causar dano ao paciente (ex.: paciente fala que irá se suicidar).
*Em menor de idade, exceto quando manutenção do sigilo causar dano ao paciente (ex.: abuso de álcool/drogas, gravidez, aborto, violência, bullying, risco de suicídio, negativa de tratamento).
Podemos usar grupos de WhatsApp para discutir casos?
Sim. Em mídia social fechada, grupo sério, só de médicos e sem expor o paciente.
*Mídia social aberta (TikTok, Instagram…) é proibido, mesmo consentido pelo paciente.
Podemos omitir informações ou negar o acesso a elas?
Não. Exceto se romper o princípio da beneficência (ex.: piorar transtorno de ansiedade prévio, paciente sem capacidade para lidar com informações…).
Podemos omitir intervenções inúteis em pacientes terminais?
Sim. É o conceito da ortotanásia (prevenção quaternária). Morte boa, natural e sem sofrimento.
O que é ortotanásia, distanásia e eutanásia?
- Ortotanásia: morte boa, natural e sem sofrimento.
> Faz parte da prevenção quaternária.
> Paciente deve ter feito Diretivas Antecipadas de Vontade ou seu representante legal . - Distanásia: morte má e com sofrimento
- Eutanásia: abreviar a vida do paciente a pedido do próprio paciente. É proibida no Brasil.
Quais são os três tipos de erros médicos?
- Imperícia: fazer o que não deveria, o que não está capacitado a fazer (despreparado).
- Imprudência: fazer sem cuidado (precipitado).
- Negligência: não fazer o que deveria (omisso).
Qual a diferença entre declaração, atestado e certidão de óbito?
- Declaração versus Atestado:
- São palavras sinonimas
- O formulário oficial no Brasil em que se atesta a morte é a Declaração de Óbito (nome oficial).
*A decaração de óbito é dada em 3 vias autocopiativas: branca (abastecimento do SIM); amarela (família - entregue no cartório) e rosa (prontuário).
- Certidão de Óbito:
- Documento jurídico emitido pelo cartório de registro civil após o registro do óbito.
- Para o corpo ser liberado, é preciso que a família entregue a via amarela para o cartório.
Em que situações devemos emitir e em quais não devemos emitir a Declaração de Óbito?
- Deve emitir:
- TODOS os óbitos (natural ou violento):
> Inclusive nascidos vivos que faleceram logo depois (independe de IG, peso…). Nesses casos, preenche ficha de nascido vivo e DO logo depois.
- Óbito fetal (qualquer um abaixo):
> Gestação com duração ≥ 20 semanas.
OU
> Feto com peso ≥ 500 gramas.
OU
> Estatura ≥ 25 cm.
- Não deve emitir:
- Peças anatômicas amputadas (nesses casos, documento timbrado do hospital autorizando o paciente a levar a peça anatômica).
- Óbito fetal (todos abaixo para não preencher DO):
> Gestação com duração < 20 semanas.
E
> Feto com peso < 500 gramas.
E
> Estatura < 25 cm.
*Nos casos de óbito fetal fica facultativo ao médico preencher DO. Pode ser feito se familiar solicitar para realizar sepultamento, o nome deve ser preenchido como “Natimorto”.
Como deve ser o preenchimento correto da Declaração de Óbito? O que significa cada linha do campo V da declaração?
- Documento: contém 9 blocos, 59 campos e 3 vias.
- Forma de preenchimento:
- Nunca rasurar.
- Uso de caneta preta ou azul (preferível).
- Não preencher CID no campo V (responsável do governo o faz).
- Não entregar documento em branco apenas com assinatura (risco de fraude) - Preenchimento correto do Campo V:
- Parte I: Causas diretamente relacionadas.
a: Causa imediata (terminal).
> Última causa que levou ao óbito.
> Evitar termos vagos, tais como parada cardiorrespiratória, mal súbito, falência múltipla de órgãos…
b: Causa antecedente (intermediária).
d: Causa básica.
> 1ª causa que levou ao óbito.
> Doença ou estado mórbido.
> Causa externa.
> Nunca se deve colocar uma cirurgia na causa básica, colocamos o que motivou a cirurgia (ex.: d) CA colorretal; c) cirurgia de Hartmann).
*Não se deve pular linhas, caso a história seja “pequena”, podemos preencher as linhas “a” e “b” apenas.
Quem deve preencher a Declaração de Óbito em causas naturais e em causas não naturais?
- Causa natural: doença ou estado mórbido na linha “d”.
- Com assistência médica (PSF, particular, plantonista, ambulância, substituto):
> Quem preenche é preferencialmente o médico assistente.
> Pode ser outro médico que saiba a história do paciente caso o médico assistente esteja indisponível.
- Sem assistência médica (ninguém assistia o paciente, ninguém o acompanhava):
> Encaminhar paciente para o Serviço de Verificação de Óbitos, que irá emitir a declaração de óbito
> Sem SVO (sem indícios de trauma/envenenamento): médico de serviço público de qualquer serviço próximo ou qualquer médico preenche DO.
> Sem médico (sem indícios de trauma/envenenamento): 1 responsável pelo indivíduo + 2 testemunhas (cartório) preenchem DO e fazem certidão de óbito.
- Causa não-natural: causa externa/suspeita na linha “d”.
- Encaminhar para médico legista do IML, independente do tempo da causa básica até a morte (se a causa básica foi uma facada há 20 anos, mesmo assim, deve ser encaminhado para o IML)
- Sem IML (acionar entidade policial): qualquer médico como “perito legista eventual” (instituído por juíz).
*Para preencher a DO é NECESSÁRIO examinar o corpo.
**É proibido cobrar pela emissão da DO, Sobre a visita médica, se o paciente for SUS, nunca cobrar. Caso o paciente seja particular, não cobrar se for médico assistente, pode-se cobrar a visita se for médico substituto.
O que é e quais são os tipos de acidente de trabalho?
- Conceito: lesão, doença, morte, agravo ou evento que tem relação com trabalho e que leve a redução temporária ou permanente daquele trabalho.
- Tipos:
- Típico (no horário do trabalho): acontece durante a realização do trabalho, tendo relação ou não com a atividade laboral.
- Trajeto: acidente que ocorre num trajeto por conta do trabalho. Para ser considerado acidente de trajeto, precisa ser um trajeto habitualmente feito, sem desvios.
- Doença ocupacional: doença que acontece por conta do trabalho (nexo causal).
*Para fins previdenciários, o acidente de trabalho e o típico são iguais.
**Acidente de trabalho típico e de trajeto depende da função do trabalhado, por exemplo se um avião cai levando um representante comercial, para ele é acidente de trajeto, para o piloto é acidente de trabalho.
O que fazer frente a um acidente de trabalho?
- Atendimento ao paciente:
- Buscar nexo causal.
- Fornecer atestado. - Notificações
- SINAN: Ficha de Notificação.
> Trabalhador formal e informal (todos, para fins epidemiológicos).
> Qualquer acidente, é de notificação imediata. Exceções:
»_space; Exposição biológica (semanal).
»_space; CA, PAIR, DORT e LER (unidades sentinela).
»_space; Dermatoses e Pneumoconioses (unidades sentinela).
»_space; Intoxicação exógena - agrotóxicos (semanal).
- INSS: CAT.
> Apenas trabalhadores formais (carteira assinada).
> Para preencher o CAT pode ou não ter afastamento (é uma notificação ao INSS de possível afastamento).
> Documento em 4 vias.
> Empresa preenche, mas qualquer um inclusive o médico pode preencher.
> Acidente padrão notificação em até um dia útil, se morte é imediata.
O que NÃO é acidente de trabalho?
- Doenças degenerativas.
- Doenças endêmicas.
*Exceção para o profissional de saúde que sabidamente tem maior risco de desenvolver uma doença pelo seu meio de trabalho (ex.: medico que trabalha em isolamento para tuberculose).
- Doenças não incapacitantes.
O que é a classificação de Schilling?
Tipo 1) O trabalho é a causa obrigatória.
- Nexo causal é automático.
- Ex.: Pneumoconioses, benzenismo…
Tipo 2) O trabalho é um fator de risco.
- Para nexo causal tem que ter alto risco epidemiológico na profissão em relação a população geral.
- Ex.: PAIR, DORT, LER, CA, doença coronariana, Burnout…
Tipo 3) O trabalho é um agravante (piora condição de base).
- Ex.: Asma, dermatite de contato…
O que é e quais dois tipos principais da Pneumoconiose? Como é a clínica dessa doença?
- Conceito: deposição de partículas no parênquima pulmonar que levam a fibrose.
*Em tipos menos comuns a fisiopatologia pode ser diferente.
- Tipos:
- Silicose (Quartzo)
> Principal pneumoconiose no Brasil
> Associada a: jateamento de areia, pedreira, mineração, produção de vidro, cerâmica…
- Asbestose (Asbesto ou Amianto)
> Associada a: isolamento térmico, caixa d’água, telha, cimento, produtos a prova de fogo no geral.
- Clínica:
- Assintomática no início.
- Evolução progressiva com fibrose.
> Silicose: fibrose nodular em lobos superiores (opacidades apicais); linfonodos perimediastinais “em casca de ovo”.
> Asbestose: fibrose mais difusa; placas ou calcificações pleurais em “asa de anjo”.
Como é feito o diagnóstico e o tratamento da Pneumoconiose? Quais as doenças associadas a essa condição?
- Diagnóstico:
- História ocupacional.
- Rx de tórax. - Tratamento: não existe. Prevenção com uso de EPI.
- Doenças associadas:
- Silicose:
> Tuberculose.
- Asbestose:
> Mesotelioma (de pleura, principalmente mas também de petiônio e pericárdio).
> CA de Pulmão.
*Abesto odeia a pleura!
O que causa a perda auditiva induzida por ruído (PAIR)? Como é sua evolução clínica? Existem agravantes? Como é feito o diagnóstico e o tratamento dessa condição?
- Causa: som alto (≥ 85 dB) por ≥ 8h/dia.
- Clínica: perda auditiva.
- Evolução lenta.
- Perda irreversível (há apoptose das células auditivas do orgão de Corti).
- Perda neurossensorial (erro na conversão do estímulo mecânico para elétrico nos neurônios).
- É bilateral.
- Não há progressão da doença sem ruídos.
*Diagnóstico diferencial (mesmo mecanismo fisiopatológico): presbiacusia (perda auditiva pela idade) e uso de aminoglicosídeo.
- Agravantes:
- Vibração.
- Substancias químicas. - Diagnóstico: história clínica-ocupacional + audiometria.
- Perda em frequências entre 3-6KHz (sons mais agudos) → Padrão em gota - Tratamento: não existe. Prevenção com uso de EPI.
O que causa a Lesão por Esforço Repetitivo / Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho (LER / DORT)? Como é sua clínica? Existem agravantes? Como é feito o diagnóstico dessa condição?
- Causa: superutilização de estruturas com pouco tempo de recuperação. Associado a profissões como violinistas, digitador (movimentos repetitivos/monótonos, com ritmo e pressão por produção)…
- Clínica: dor e parestesias que pioram com movimento.
- Agravantes:
- Ambiente com muita vibração.
- Frio. - Diagnóstico: história clínico-ocupacional e exame físico.
Quais as principais doenças típicas na LER/DORT? Quais as profissões associadas a elas?
- Exemplos principais:
- Síndrome do Impacto (manguito rotador): trabalho com movimento de elevação dos MMSS (jogador de basquete, nadador…).
- Epicondilites: tenista (lateral), gosfista (medial)…
- Síndrome do Túnel do Carpo (compressão do nervo mediano): digitadores, pianistas…
> Testes de Phalen (dorso das mãos encostados por um minuto, positivo se dor/parestesia) e Tinel (percussão sob nervo mediano, positivo se dor ou parestesias).
> Piora a noite (paciente acorda com as mãos queimando / com dor).
> Dor pode irradiar para cotovelo e ombro e poupa o mindinho. - Tendinite / Tendossinovite de De Quervain: associada ao uso de celular (dor na região proximal ao polegar).
> Teste de Finkelstein (abraça o polegar com a mão e estende, positivo se dor).
Qual a causa do Burnout? Como é sua evolução clínica? Existem agravantes? Como é feito o diagnóstico e o tratamento dessa condição?
- Causa: trabalhos estressantes, sob pressão, que lidam com o público.
- Clínica: tríade.
- Exaustão emocional.
- Baixa da realização pessoal.
- Despersonalização (se vê no automático, sensação de que está em um sonho, fora do corpo).
*Por definição o Burnout é obrigatoriamente relacionado ao trabalho. Apesar disso, é classificado como Schilling 2 (possível mudança futura).
- Agravantes:
- Doença psiquiátrica prévia. - Diagnóstico: história clínico-ocupacional.
- Tratamento:
- Psicoterapia.
- Avaliar necessidade de uso de medicamento.
- Medidas comportamentais.
*Prevenção quinquenária reduz risco de Burnout.
**Diagnóstico diferencial: depressão, ansiedade…
O que é Benzenismo? Qual a causa e a clínica dessa condição?
- Benzenismo: intoxicação por Benzeno.
- Causa: petróleo e derivados (posto de gasolina, refinaria…).
- Clínica:
> Aplasia de medula óssea (fadiga, pancitopenia, risco elevado a infecções, palidez cutânea, sangramentos…).
> Sintomas neuropsíquicos (astenia, cefaleia, irritabilidade, problema de memória, sonolência, desmielização do SNC…).
> Danos hepáticos e renais.
> Irritação de pele e mucosas.
*Mnemônico: benHEMO, o principal efeito é aplasia medular.
O que é Saturnismo / Plumbismo? Qual a causa e a clínica dessa condição?
- Saturnismo / Plumbismo (Pb): intoxicação por Chumbo.
- Causa: tintas, pilhas, baterias, indústria bélica, funilaria…
- Clínica:
> Dor abdominal sem peritonite (pode ser muito intensa, fazendo diagnóstico diferencial com isquemia mesentérica).
> Gota (por aumento da absorção de ácido úrico).
> Hipertensão (aumento de reabsorção de água e sódio).
> Linha de Burton (linha arroxeada/azulada entre dente e gengiva).
> Anemia sideroblástica (porfiria segundária).
O que é Hidrarginismo? Qual a causa e a clínica dessa condição?
- Hidrargirismo (Mg): intoxicação por Mercúrio.
-Causa: termômetros, lâmpadas fluorescentes, garimpo… e pacientes que consomem alimento contaminados.
- Clínica:
> Rim (Sd. nefrótica).
> Cabeça (irritabilidade e tremores).
*Mnemônico: meRCúrio , rim e cabeça.