PNEUMONIA Flashcards
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Conceito de Pneumonia:
ENFOQUE HISTOPATOLÓGICO
PREENCHIMENTO DO ESPAÇO ALVEOLAR por INFILTRADO NECROINFLAMATÓRIO - os alvéolos encontram-se totalmente ocupados por leucócitos (geralmente neutrófilos) e exsudato purulento, contendo debris celulares, neutrófilos e bactérias.
ENFOQUE CLÍNICO
INFECÇÃO AGUDA DO PULMÃO. Todo e qualquer processo inflamatório agudo do parênquima pulmonar decorrente da infecção por algum microorganismo (bactéria, vírus ou fungo).
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Conceito de Pneumonia (PAC):
- Pacientes sem história de internação > 48h nos últimos 90 dias.
- Pacientes sem história de uso de ATB intravenoso, quimioterapia ou tratamento para úlcera de pressão nos últimos 30 dias.
- Pacientes NÃO oriundos de unidades especiais de internação prolongada (ex.: asilos, home care).
- Pacientes que não se encontram sob tratamento em clínicas de diálise.
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Padrões histopatológicos de Pneumonia:
(2)
PNEUMONIA LOBAR
Caracterizada pela consolidação alveolar extensa, ocupando uma grande área do parênquima pulmonar, como um lobo inteiro. O agente principal é o Streptococcus pneumoniae (90 – 95%), mas qualquer bactéria de alta virulência pode desenvolver esse padrão pneumônico.
BRONCOPNEUMONIA
Caracterizada pela consolidação alveolar multifocal - são múltiplos focos acinares (ou lobulares), coalescentes, que predominam na região peribrônquica. Este é o tipo mais frequente de apresentação da pneumonia. Qualquer agente infeccioso causador de pneumonia pode cursar com este padrão. O próprio “pneumococo”, o Staphylococcus aureus, e as bactérias Gram - negativas costumam acometer o pulmão dessa forma. Se a coalescência dos focos broncopneumônicos atingir um grande volume, o infiltrado pode transformar-se em uma pneumonia lobar ou sublobar.
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Pneumonia TÍPICA x Pneumonia ATÍPICA:
Divisão muito utilizada antigamente, mas que perdeu importância com o passar do tempo. Hoje especialistas preferem dividir em “Germes” ou “Agentes atípicos (M. pneumoniae, C. pneumoniae, Legionella spp. e vírus)” e em “QC típico” ou “QC atípico” – que não necessariamente significam que sejam causados por germes típicos ou atípicos, respectivamente, uma vez que a resposta ao agente dependerá de inúmeros fatores, a exemplo da capacidade imunológica e a idade do paciente.
No entanto, é importante conhecer a divisão:
TÍPICA - QC clássico (Início hiperagudo de febre alta com calafrios; dor pleurítica; queda do estado geral; tosse com expectoração esverdeada e imagens de consolidação alveolar na radiografia de tórax. Ocasionada pelo Pneumococo.)
ATÍPICA - QC atípico (Progressão mais lenta e predominância de sintomas sistêmicos sobre os respiratórios. Temperatura não tão alta, tosse pouco produtiva e expectoração mucoide. Pouca dor pleurítica. Semiologia respiratória pobre. Ocasionada por germes atípicos).
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Agentes etiológicos da Pneumonia “TÍPICA”:
BAC PIOGÊNICAS AERÓBICAS
SP HI MC KP SA SPY PA
BAC ANAERÓBIAS
PE B PR PO F
BAC PIOGÊNICAS AERÓBICAS
1) Streptococcus pneumoniae* (Exc: RN)
2) Haemophilus influenzae
3) Moraxella catarrhalis
4) Klebsiella pneumoniae
5) Staphylococcus aureus
6) Streptococcus pyogenes
7) Pseudomonas aeruginosa
BAC ANAERÓBIAS CAVIDADE BUCAL (PNEUMONIA ASPIRATIVA)
1) Peptostreptococcus
2) Bacteroides
3) Prevotella
4) Porphyromonas
4) Fusobacterium
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Agentes etiológicos da Pneumonia “ATÍPICA”:
GERMES ATÍPICOS
M CPN LP CP CB
VÍRUS
I P A C
GERMES ATÍPICOS
1) Mycoplasma pneumoniae
2) Chlamydia pneumoniae
3) Legionella pneumophila
4) Chlamydia psittaci
5) Coxiella burnetii
VÍRUS RESPIRATÓRIOS
1) Influenza A e B
2) Parainfluenza
3) Adenovírus tipos 3, 4 e 7
4) Coronavírus – vírus SARS
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Fisiopatologia da Pneumonia:
1º COLONIZAÇÃO DAS VAS
O microorganismo patogênico coloniza o epitélio faríngeo e, posteriormente, é aspirado para as VAI. Nesse estágio inicial não causam quaisquer sinais/sintomas porque são apenas “moradores” da flora local, juntamente com as saprófitas, que não causam patologia em pessoas imunocompetentes. A colonização é transitória, durando semanas.
As bactérias anaeróbias (também presentes na cavidade bucal - responsáveis pela pneumonia aspirativa) são os principais colonizadores do epitélio faríngeo, presentes numa concentração 10 vezes maior que a de aeróbios.
Em termos de concentração bacteriana na faringe, depois dos anaeróbios vêm os Gram-positivos aeróbios (maioria saprófita).
O epitélio faríngeo dos indivíduos hígidos é revestido por uma camada de fibronectina – uma proteína que serve como receptor para a adesão dos aeróbios Gram-positivos, no entanto, eventualmente, “aparece” um agente patogênico, como o S. Pneumoniae.
A idade avançada e determinadas afecções debilitantes, como DPOC, diabetes mellitus e alcoolismo, podem modificar a flora colonizadora por reduzir a quantidade de fibronectina do epitélio, permitindo a exposição de receptores das células epiteliais para agentes Gram-negativos aeróbios - H. Influenzae, M. Catarrhalis e K. Pneumoniae que começam a sobressair e colonizar as VAS (e eventualmente as inferiores) desses pacientes.
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Fisiopatologia da Pneumonia:
2º VIRULÊNCIA BACTERIANA x DEFESAS DO HOSPEDEIRO
Para ocorrer pneumonia uma ou mais das seguintes situações tem que estar presente:
(1) Contato do alvéolo com um agente de alta virulência.
(2) Contato do alvéolo com um grande inóculo de bactérias.
(3) Defeito nos mecanismos de defesa do hospedeiro.
DEFESAS DO HOSPEDEIRO
- Partículas “infectantes” > 2 micra geralmente são depositadas no muco do epitélio traqueobrônquico e então conduzidas pelo movimento ciliar das células epiteliais até a orofaringe, onde são deglutidas. O reflexo da tosse e outros reflexos epiglóticos podem eliminar abruptamente uma grande quantidade dessas partículas.
- Secreção de IgA específica (VAS*/VAI).
- Partículas “infectantes” muito pequenas < 2 micra conseguem atingir os bronquíolos terminais e os alvéolos, estruturas desprovidas de cílios. Entretanto, o surfactante alveolar é rico em substâncias de efeito antibacteriano, como IgG, IgM, complemento, fibronectina, lisozimas e proteínas ligadoras de ferro. Os anticorpos antibacterianos específicos agem de duas formas: (1) o IgM ativa o sistema complemento capaz de destruir a bactéria pelo seu poder lítico; (2) o IgG reveste a superfície bacteriana, permitindo o seu reconhecimento pelos fagócitos alveolares. No interior dos alvéolos encontram-se alguns macrófagos, responsáveis pelo primeiro ataque fagocítico às bactérias.
- Quando os macrófagos não conseguem conter a proliferação bacteriana, passam a servir de mediadores da resposta inflamatória, liberando citoquinas, como o TNF-alfa, a IL-1 e fatores de quimiotaxia para neutrófilos, como o IL-8, o C5a e o leucotrieno B4. Estes fatores, chamados quemoquinas,
- também são liberados pelas células do endotélio e do epitélio alveolar. Os neutrófilos então são recrutados no local, desencadeando e perpetuando o processo inflamatório agudo.
VIRULÊNCIA BACTERIANA
- Alta virulência.
- Liberação de exotoxinas.
- Presença de cápsula polissacarídica - Pneumococo. A defesa contra este tipo de germe depende muito da presença de anticorpos específicos contra os antígenos capsulares (o que pode ser obtido com a vacina antipneumocócica polivalente).
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Condições predisponentes da Pneumonia:
(10)
1) Idade avançada
2) Tabagismo
3) DPOC
4) Alcoolismo
5) Diabetes Mellitus
6) Insuficiência Cardíaca Congestiva
7) Uremia Crônica
8) Infecções Virais (Principalmente Influenza)
9) Queda da Consciência
10) Doença Cerebrovascular
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
MC da Pneumonia “TÍPICA”:
SINTOMAS
QC clássico. Pneumonia Pneumocócica.
Patologia hiperaguda (2-3 dias), com uma história de calafrios com tremores, seguidos de febre alta (39-40oC), dor torácica pleurítica e tosse produtiva com expectoração purulenta (esverdeada).
1- Febre alta.
2- Tosse.
3- Expectoração purulenta.
4- Calafrios.
5- Dor torácica pleurítica.
6- Tremores.
*** Quanto mais idoso e mais debilitado for o paciente por alguma doença de base, mais o quadro clínico se afasta do que foi descrito acima! Por isso, TODO paciente IDOSO DEBILITADO, ou QUALQUER INDIVÍDUO PREVIAMENTE DOENTE, que evolui com um quadro inexplicado de desorientação e queda do estado geral ou simplesmente taquidispneia, mesmo na ausência de febre, tosse produtiva ou leucocitose, deve ter a pneumonia bacteriana como um de seus diagnósticos diferenciais. Um RX Tórax deve ser prontamente solicitado e, se mostrar um infiltrado sugestivo de pneumonia, um curso de antibioticoterapia empírica deve ser logo iniciado, visando os agentes mais prováveis***.
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
MC da Pneumonia “TÍPICA”:
EXAME FÍSICO
1- Hipertermia (TAx > 38oC)
2- Estertoração pulmonar.
3- Taquipneia (FR > 24 ipm).
4- Taquicardia (FC > 100 bpm).
5- Síndrome de consolidação pulmonar:
- Som bronquial (“sopro tubário”);
- Aumento do FTV;
- Submacicez;
- Broncofonia e pectorilóquia fônica.
6- Síndrome de derrame pleural:
- MV diminuído ou abolido;
- FTV diminuído ou abolido;
- Submacicez;
- Egofonia.
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
MC da Pneumonia “TÍPICA”:
EXAMES LABORATORIAIS INESPECÍFICOS
Leucocitose neutrofílica entre 15.000-35.000/mm3, com desvio para esquerda. Hematoscopia: Presença de granulações grosseiras e/ou corpúsculos de Dohle no citoplasma.
Leucopenia pode ocorrer e é considerada um importante sinal de mau prognóstico.
A bioquímica na maioria das vezes está normal, mas pode mostrar hiponatremia leve a moderada. A hiponatremia grave e a elevação das enzimas hepáticas são mais comuns na pneumonia por Legionella pneumophila.
O aumento agudo das escórias renais sugere sepse grave ou nefrite intersticial pelo antibiótico utilizado.
A gasometria arterial depende da gravidade e extensão da pneumonia, bem como da reserva cardiopulmonar prévia do paciente. Achados mais frequentes: hipoxemia e alcalose respiratória. O encontro de hipoxemia grave (PaO2 < 60 mmHg), acidose metabólica ou respiratória são importantes sinais de mau prognóstico.
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
MC da Pneumonia “TÍPICA”:
EXAMES DE IMAGEM (RX)
CARACTERÍSTICAS
PADRÕES SUGESTIVOS
OBRIGATÓRIO para o diagnóstico. Auxilia na definição da gravidade.
***INFILTRADO PULMONAR
TIPOS
Alveolar broncopneumônico (ocorre na maioria dos casos, independente do agente etiológico): múltiplas condensações lobulares coalescente.
Infiltrado alveolar: Presença do “broncograma aéreo”. Os alvéolos em volta do brônquio estão preenchidos de exsudato, contrastando com o ar em seu interior.
Pneumonia lobar ou sublobar: Grande área de consolidação alveolar.
PADRÕES SUGESTIVOS
Pneumonia lobar - Pneumococo*.
Pneumonia do lobo pesado - Klebsiella pneumoniae (pneumonia de Friedlander), geralmente em alcoólatras ou diabéticos. O lobo comprometido costuma ser o superior, e na radiografia observa-se abaulamento da cisura (pelo edema lobar
inflamatório).
Pneumatoceles - Staphylococcus aureus. Formação de cistos com paredes finas, geralmente múltiplos.
- *Pneumonia Redonda** - Streptococcus
pneumoniae. Condensação de formato arredondado (pseudotumor). Típica de crianças.
Lesão cavitária - Anaeróbios (pneumonia aspirativa), Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus e Streptococcus pneumoniae sorotipo 3 (raro). Necrose parenquimatosa, com formação de cavitações. Lesão cavitária pequena (< 2 cm): pneumonia necrosante. Lesão cavitária grande (> 2 cm), contendo nível hidroaéreo: abscesso pulmonar.
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
MC da Pneumonia “ATÍPICA”:
SINTOMAS
Parece uma virose respiratória prolongada. O principal agente é o Mycoplasma pneumoniae, incidindo geralmente numa faixa etária jovem > 5a e <40a.
Instalação subaguda (10 dias), abrindo com sintomas gerais de uma “síndrome gripal”: dor de garganta; mal estar; mialgia; cefaleia; tosse seca (costuma piorar após a 1º semana, passando a ser o principal sintoma; às vezes persiste por várias semanas; pode ser uma tosse seca, que atrapalha o sono do paciente, mas também pode mostrar-se produtiva; nesse caso, a expectoração geralmente é branca, mas em 30-50% dos casos é descrita como purulenta.); febre entre 38-39oC.
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
MC da Pneumonia “ATÍPICA”:
EXAMES LABORATORIAIS INESPECÍFICOS
Leucocitose neutrofílica (20%).
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
MC da Pneumonia “ATÍPICA”:
EXAMES DE IMAGEM
O grande marco da síndrome da pneumonia “atípica” é a importante dissociação clinicorradiológica encontrada nesses pacientes. Enquanto o exame do aparelho respiratório é totalmente normal ou revela apenas discretos estertores crepitantes ou sibilos, a radiografia de tórax mostra um infiltrado pulmonar maior do que o esperado. O infiltrado pode ser do tipo broncopneumônico (típico das infecções por micoplasma ou clamídia) ou do tipo intersticial reticular ou reticulonodular (típico das viroses).
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Diagnóstico de Pneumonia:
BASE
EXAMES ADICIONAIS
BASE
***Quadro clinicolaboratorial
+
RX tórax em PA e Perfil***.
Procura do agente etiológico somente se houver motivo para acreditar que o resultado possa alterar o antibiótico selecionado empiricamente (evitar custos desnecessários). Assim, na PAC, em especial nos casos que serão tratados em regime ambulatorial, a escolha do antibiótico é empírica, com base nos agentes mais frequentemente identificados em estudos epidemiológicos, eventualmente com algum ajuste em função de fator de risco específico ou situação epidemiológica.
LOCAL DE TRATAMENTO/EXAMES ADICIONAIS
- Tratamento ambulatorial - Desnecessários.
- Tratamento em enfermaria - Gram e cultura de escarro (Escarro purulento, sem antibiótico prévio ou com falha a este). 2 Hemoculturas (Casos mais graves ou sem resposta ao tratamento). Sorologia (Na suspeita específica, em surtos ou para estudos epidemiológicos). Antígeno urinário (pneumococo e Legionella - Casos mais graves ou sem resposta ao tratamento). Toracocentese.
- Tratamento em UTI - Todos os exames acima e broncoscopia ou aspirado traqueal com cultura quantitativa em pacientes em ventilação mecânica.
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Diagnóstico de Pneumonia:
ETIOLOGIAS MAIS FREQUENTES DE ACORDO COM O LOCAL DE TRATAMENTO
AMBULATÓRIO
ENFERMARIA
CTI
AMBULATÓRIO
Streptococcus pneumoniae
Mycoplasma pneumoniae
Vírus respiratórios*
Chlamydophila pneumoniae
Haemophilus influenzae
ENFERMARIA
Streptococcus pneumoniae
Mycoplasma pneumoniae
Chlamydophila pneumoniae
Vírus respiratórios*
Haemophilus influenzae
Legionella
CTI
Streptococcus pneumoniae
Bacilos Gram-negativos
Haemophilus influenzae
Legionella sp.
Staphylococcus aureus
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Conduta na Pneumonia:
TRATAMENTO AMBULATORIAL OU INTERNAÇÃO ?
Critérios do CURB 65
TRATAMENTO AMBULATORIAL (SIM) E INTERNAÇÃO (NÃO) para as perguntas:
CURB 65 - 0 ou 1 (por Idade > 65a)?
Sem comorbidades descompensadas; SPO2> 90%; RX tórax sem acometimento multilobar?
Sem limitações socioeconômicas; Sem limitações psicossociais; Via oral disponível?
Julgamento clínico favorável?
CURB 65 (Todos 1 pt)
Confusão mental presente ?
Ureia > 50 mg/dl ?
Respiração > 30 irpm ?
“Baixa” pressão arterial PAS < 90 ou PAD < 60 mmHg?
65 Idade > 65 anos ?
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
Conduta na Pneumonia:
Paciente internado, mas CTI quando ?
1 Critério Maior
2 Critérios Menores
CRITÉRIOS MAIORES
- Necessidade de ventilação mecânica
- Choque séptico
CRITÉRIOS MENORES
- PaO2/FIO2 < 250
- Envolvimento de mais de um lobo
- PAS < 90 mmHG
- PAD < 60 mmHG