Perturbação Afetiva Bipolar Flashcards

1
Q

Qual a diferença entre humor e afeto?

A
  • O humor corresponde a um sentimento pervasivo e sustentado que é experimentado internamente que influencia o comportamento de uma pessoa e a sua perceção do mundo.
  • O afeto é a expressão externa do humor.
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2
Q

Epidemiologia da doença bipolar

A
  • Prevalência: 1-2%
  • Aumento do risco se hx familiar de doença bipolar.
  • Igual prevalência em homens e mulheres.
  • Sintomas aprecem em idades jovens (18-20 anos) e o nº de episódios da doença aumenta com a idade.
  • Cerca de 10-15% morrem por suicídio.
  • 90% dos doentes apresentam recorrência dos sintomas após o primeiro episódio da doença.
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3
Q

Quais os sintomas de um episódio maníaco?

A

Mnemónica: DIGS FAR

D - Distractability
I -Insomnia (or lesser need for sleep)
G - Grandiosity (inflated self esteem)
S - Speech (pressured)

F- Flight of ideas (racing thoughts)
A -psychomotor Agitation (increase in goal-directed activity)
R - Recklessness

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4
Q

Quais os critérios de diagnóstico de episódio maníaco (DSM-V)?

A

A)Alteração persistente do HUMOR (elevado, expansivo ou irritável) e AUMENTO DA ENERGI ou atividade dirigida durante pelo menos 1 semana presente na maior parte do dia, quase todos os dias.

B) Pelo menos 3 dos seguintes sintomas (4 se humor irritável):

  • Aumento da auto-estima ou grandiosidade
  • Diminui as necessidades de sono
  • Pressão do discurso
  • Pensamento acelerado e fuga de ideias
  • Distractibilidade (atenção facilmente dispersável)
  • Aumento da atividade dirigida a objetos
  • Envolvimento em atividades de risco

C) É obrigatório causar disfuncionalidade social ou profissional ou necessitar de hospitalização ou caraterísticas psicóticas.

D) Episódio não pode ser atribuível a efeito de substâncias, fármacos ou outra condição médica.

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5
Q

Num doente com episódio maníaco, há algum diagnóstico que possa ser feito para além do episódio?

A

Sim. Perturbação afetiva bipolar tipo I.

(Episódio maníaco é condição necessária e suficiente para o diagnóstico de PAB tipo I).

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6
Q

Como se diagnostica um episódio hipomaníaco (DSM-V)?

A

A) Alteração persistente do HUMOR (elevado, expansivo ou irritável) e AUMENTO DA ENERGIA ou atividade dirigida durante pelo menos 4 dias presente na maior parte do dia, quase todos os dias.

B) Pelo menos 3 sintomas (4 se humor irritável) de episódio maníaco (ver atrás).

C) Associado a clara alteração no funcionamento, percebida por terceiros, sem no entanto ser suficientemente grave para causar disfuncionalidade.

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7
Q

Como se distingue mania de hipomania?

A

Ao contrário da mania, a hipomania:

  • Não causa disfuncionalidade.
  • Não necessita de hospitalização.
  • Não tem caraterísticas psicóticas.
  • Menor duração.
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8
Q

O que são os estados mistos no contexto da PAB?

A

No DMS-V esta categoria foi eliminada, existindo apenas como especificador, atualmente. Não pressupõe a existência de todos os critérios para o diagnóstico de episódio depressivo e maníaco. O diagnóstico faz-se na presença de sintomas dos dois polos afetivos, sem criterios de episódio maníaco e depressivo.

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9
Q

Estados mistos - resposta ao tx?

A
  • Melhor resposta ao ácido valpróico.

- Pior resposta ao lítio.

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10
Q

Como se faz o diagnóstico de perturbação de ciclos rápidos? (DSM-V)

A

Alterações de humor recorrentes (depressão, hipomania ou mania):

  • Ocorrência de mais de 4 episódios distintos de alteração do humor por ano.
  • Episódios separados por um período de remissão dos sintomas ou mudança para episódio de polaridade oposta.
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11
Q

Particularidades da perturbação de ciclos rápidos

A
  • 15%-30% dos doentes bipolares.
  • Mais frequente em mulheres.
  • É comum haver hipotiroidismo concomitante.
  • Uso de antidepressivos é fator de risco.
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12
Q

Como se diagnostica a ciclotimia? (DSM-V)

A

A) Instabilidade do humor persistente.

B) Presença de vários períodos com sintomas hipomaníacos (sem critérios para episódio hipomaníaco) e vários períodos com sintomas depressivos (sem critérios para episódio depressivo) durante pelo menos 2 anos.

  • Apesar de não cumprir critérios para hipomania ou depressão, os sintomas causam disfunção significativa no funcionamento.
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13
Q

Quais os critérios de diagnóstico para episódio depressivo? (DSM-V)

A

A) Pelo menos 2 sintomas (leve ou moderado) ou 3 (grave):

  • Humor deprimido
  • Anedonia (perda de prazer e interesse)
  • Diminuição da energia e atividade

B) Pelo menos 2 (leve), 3 (moderado) ou 4 (grave) dos seguintes sintomas:

  • Diminuição da concentração
  • Diminuição da auto-estima e confiança
  • Ideias de culpa e desvalorização
  • Pessimismo
  • Ideias de auto-lesão
  • Perturbação do sono
  • Diminuição do apetite

C) O grau de severidade dos sintomas e o impacto funcional são tidos em conta para a classificação em leve, moderado ou grave.

D) Duração não inferior a 2 semanas.

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14
Q

Particularidades dos episódios depressivos no contexto de PAB?

A
  • Os episódios depressivos são comuns no curso da doença bipolar.
  • A apresentação inicial da maioria dos doentes é um episódio depressivo (contudo, o dx de perturbação bipolar só é feito após o primeiro episódio de mania/hipomania).
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15
Q

Como se prevê quais são os doentes deprimidos que vão desenvolver uma doença bipolar?

A

Doentes com perturbação depressiva bipolar ou unipolar apresentam quadro clínico idêntico (sintomatologia atual não é suficiente), contudo existem algumas caraterísticas que nos permitem ficar alerta para a possibilidade de estarmos perante uma depressão bipolar:

  • Início do quadro em idade jovem
  • Quadro clínico mais grave
  • Ideação suicida grave
  • Caraterísticas psicóticas
  • Lentificação psicomotora
  • Despertar cedo pela manhã
  • Agravamento matinal dos sintomas
  • Depressão com caraterísticas atípicas como hiperfagia ou hipersónia.
  • Outras caratarísticas incluem hx familiar de depressão bipolar ou de suicídio, depressão pós-parto ou psicose pós-parto.
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16
Q

Fatores transculturais na PAB?

A

Populações de negros e minorias étnicas podem ter aumento da prevalência de PAB e é mais frequente apresentarem primeiro episódio de mania com caraterísticas psicóticas do que uma população caucasiana com doença bipolar. Alguns fatores que podem explicar estas diferenças incluem exclusão social ou acesso tardio aos serviços de saúde.

17
Q

Distinção mania vs esquizofrenia

A
  • A mania tem presença de delírios e alucinações apenas durante a alteração de humor ao passo que na esquizofrenia estes são independentes do humor.
  • A hx familiar de doença bipolar vs esquizofrenia também ajuda.
18
Q

Distinção mania vs patologia do lobo frontal

A
  • Na doença do lobo frontal são caraterísticas alterações do comportamento (expansividade ou desinibição) em doentes da meia idade ou idosos sem hx de perturbação afetiva ao passo que na mania estes ocorrem em jovens ou idosos com hx de perturbação afetiva.
19
Q

Distinção mania vs consumo de substâncias psicoativas

A
  • Pesquisa de tóxicos na urina (negativa na mania)
  • Se a pesquisa for positiva, as alterações do comportamento têm de persistir após a substância se tornar indetetável para ser considerado mania.
20
Q

Distinção doença bipolar vs perturbação da personalidade borderline

A
  • Na perturbação borderline não há sintomas clássicos de mania.
  • Na perturbação borderline as alterações do humor normalmente são reativas a situações ou conflitos vivenciados (independente de fatores externos).
  • Na perturbação borderline as alterações de humor podem ser muito rápidas variando no próprio dia ou semana, enquanto que na doença bipolar as alterações de humor são mantidas por períodos de tempo maiores.
21
Q

Diferença entre Perturbação bipolar I e II?

A
  • PERTURBAÇÃO BIPOLAR I: diagnóstico é feito após 1 episódio maníaco ou misto (os episódios depressivos são comuns mas não fazem diagnóstico).
  • PERTURBAÇÃO BIPOLAR II: diagnóstico é feito após 1 episódio hipomaníaco alternando com 1 episódio depressivo major.
22
Q

O que é o estupor maníaco?

A
  • Situação rara devido à disponibilidade de tx para a mania.
  • Doentes em mutismo e imóveis.
  • Expressão facial sugere elação - quando os doentes recuperam deste estado, lembram-se de ter experienciado pensamento acelerado (típico da mania).
23
Q

Quais os princípios básicos do tratamento do doente bipolar?

A
  • Criar e fomentar a aliança terapêutica.
  • Oferecer educação em relação ao dx e tx.
  • Fomentar a adesão terapêutica.
  • Monitorizar e abordar sintomas e risco (sobretudo risco de suicídio, isolamento social, uso de substâncias, abordar comportamentos de risco, higiene do sono)
24
Q

Tratamento para a doença bipolar I

A

STEP 1: Tratar a dça bipolar I durante 8 semanas com quetiapina (>600 mg/dia) ou lítio (0,8 mEq/L) associado a lamotrigina (50-200 mg/dia).

STEP 2: Para situações resistentes usar combinação de olanzapina 6-12 mg com fluoxetina ou aumentar a dose de quetiapina associada a lamotrigina.

STEP 3: Para doença refratária aumentar a dose do OFC ou uma das seguintes combinações: litio+SSRI+bupropiona; quetiapina alta dose+SSRI+bupropiona; usar modafinil ou pramipexole como adjuvantes.

STEP 4: Para doença intratável usar terapia eletroconvulsiva.

25
Q

Como se trata um episódio maníaco?

A

1) Medidas gerais: diminuir hiperatividade física e mental, tratar a doença psicótica e prevenir a deterioração do estado de saúde.

2) Tx farmacológico:
- Episódio ligeiro a moderado - lítio, valproato ou antipsicótico (olanzapina)
- Episódio grave - lítio/valproato+risperidona/olanzapina (benzo i.m ou antipsicótico i.m pode ser necessario)

3) Eletroconvulsivoterapia (80% de resposta mesmo em doentes que não responderam a fármacos)

NOTAS:

  • Duração mínima do tx é 6 meses (duração média de episódio maníaco) com redução lenta da tx (se rápido pode haver recrudescimento súbito do quadro maníaco).
  • Tx continuado diminui o risco de novo episódio maníaco.
  • Em doença grave há benefício na combinação estabilizador de humor + antipsicótico.
26
Q

Como se faz o tratamento de manutenção da doença bipolar ?(Aspetos gerais)

A
  • Discutir com o doente a tx (nomeadamente o switch para o lítio).
  • Considerar o lítio como tx de 1a linha.
  • Se lítio insuficiente adicionar ácido valpróico.
  • Se lítio não tolerado considerar em alternativa: ácido valpróico, olanzapina ou quetiapina.
  • Não dar ácido valproico a mulher em idade fértil.
  • Monitorizar eficácia e tolerância.
  • Se suspender fazer gradualmente e monitorizar sinais de recaída (durante 2 anos, pode ser feito nos cuidados de saúde primários).
27
Q

Quais as recomendações da DGS para a tx de manutenção da doença bipolar no adulto?

A
  1. São considerados fármacos de 1a linha os seguintes: (1) lítio, (2) valproato de sódio, (3) aripiprazol, (4) olanzapina e (5) quetiapina.
  2. Na PAB tipo I cujo episódio maníaco tenha respondido ao tx com aripiprazol, olanzapina ou quetiapina, estes são 1a linha.
  3. Na PAB tipo I cujo episódio depressivo tenha respondido ao tx com quetiapina, esta é de primeira linha.
  4. Na doença bipolar tipo I sem ciclos rápidos:
    - Se polaridade maníaca ou indiferenciada - lítio ou olanzapina
    - Se polaridade depressiva - lamotrigina
    - Se indiferenciada - quetiapina, valproato e carbamazepina.
  5. Na doença bipolar tipo I com ciclos rápidos:
    - Se polaridade maníaca - lítio ou valproato.
    - Se indiferenciada - quetiapina.
  6. Na doença bipolar tipo II usar lítio se for sem ciclos rápidos ou lamotrigina se tiver ciclos rápidos.
  7. O tratamento deve durar pelo menos 3 anos após o último episódio depressivo ou maníaco. Manter 5 anos se risco de recaída.
28
Q

Como se trata um episódio depressivo?

A
  1. Tem sintomas psicóticos?
    Se sim: Lítio ou lamotrigina+olanzapina (considerar ECT se grave).
    Se não:
  2. Depressão grave?
    Se sim: Lítio+ antidepressivo
    Se não: lítio ou lamotrigina (ou quetiapina se leve)
  3. Resistente ao tratamento?
    Se sim: considerar adicionar lamotrigina, bupropiona, paroxetina ou SSRI, venlafaxina ou iMAO.