Pâncreas Flashcards

1
Q

Causa básica da pancreatite aguda:

A

Processo de autodigestão (pelas próprias enzimas pancreáticas) e inflamação do parênquima pancreático

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2
Q

Formas da pancreatite aguda:

A
  • Forma leve (edematosa)&raquo_space; 80-90%; mortalidade < 1%; há apenas inflamação local autolimitada
  • Forma grave (necro-hemorrágica)&raquo_space; 10-20%; mortalidade de 10-30% ; há amplificação do processo inflamatório local
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3
Q

Principal causa de óbito na pancreatite aguda:

A
  • SRIS com disfunção de múltiplos órgãos (SDMO)
  • Mortalidade bimodal:
  • Precoce: < 2 semanas&raquo_space; SDMO
  • Tardia: > 2 semanas&raquo_space; complicações sépticas
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4
Q

Etiopatogenia da pancreatite aguda:

A

-Teoria da colocalização:
Insulto&raquo_space; fusão dos lisossomos com grânulos de zimogênio (enzimas pancreáticas na forma inativa)&raquo_space; ativação enzimática dentro dos ácidos (principalmente por ação da catepsina B)&raquo_space; autodigestão tecidual (proteólise, lipólise…).
Em alguns pacientes ocorre a autoperpetuação do processo, com liberação de citocinas pró-inflamatórias (IL 1,2,6 e TNFa) que levam à quimiotaxia de neutrófilos e lesão endotelial. Nas formas graves pode ocorrer lesão endotelial intensa com ruptura de vasos pancreáticos e hemorragia

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5
Q

Etiologia das pancreatites agudas:

A
  • Adultos: litíase biliar (principal) e alcool (70-80%)
    • Litíase biliar: 40% dos casos; mulher 50-70 anos
    • Alcool: 35% dos caos; homem 30-45 anos; > 100g etanol/dia; tabagismo aumenta o risco
  • Crianças: trauma e doenças sistêmicas (caxumba)

Outras causas: obstruções anatômicas (câncer, pâncreas divisum, áscaris); pós-CPRE; drogas (metronidazol, diuréticos, estatinas, imunossupressores); hipertrigliceridemia; hipercalcemia; escorpionismo

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6
Q

Manifestações clínicas da pancreatite aguda:

A
  • Dor em andar superior do abdome em barra, com irradiação para dorso.
  • 90% dos casos: associado a náuseas e vômitos
  • A dor é constante e não melhora com vômitos
  • Sinais de desidratação (por conta dos vômitos e da resposta inflamatória sistêmica&raquo_space; vasodilatação
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7
Q

Sinais no EF típicos de pancreatite aguda:

A

São sugestivos de hemorragia. A hemorragia no retroperitôneo pode ir dissecando os planos profundos e chegar próximo à pele)

  • Grey-turner: equimose nos flancos
  • Cullen: equimose periumbilical
  • Fox: equimose na base do pênis
  • Paniculite (bem raro): parecido com eritema nodoso
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8
Q

Diagnóstico da pancreatite aguda:

A

Clínica + aumento de amilase e lipase > 3 vezes o LSN
-Amilase: menos específica (também é produzida nas glândulas parótidas; se eleva em outras condições como parotidite, úlcera péptica, isquemia mesentérica); meia-vida curta
-Lipase: mais específica; meia-vida longa (7-10 dias)
Obs.: grandes elevações NÃO indicam maior gravidade
Outros achados:
-Hiperglicemia por conta de resistência periférica à insulina
-Aumento de ALT: sugere etiologia biliar (VPP de 95%)

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9
Q

Exames de imagem na pancreatite aguda:

A
  • Raio -X de abdome: não diagnostica PA, mas afasta outras condições (como abdome agudo cirúrgico&raquo_space; paciente com irritação peritoneal mas sem pneumoperitôneo no exame de imagem). Achados típicos:
    • Íleo-paralítico (obstrução funcional do TGI&raquo_space; imagem mostrando tanto dilatação do delgado como do cólon)
    • Cuttoff do cólon: ocorre por espasmo do retosigmóide; há dilatação do cólon transverso
    • C-loop duodenal: alargamento do “C” do duodeno por edema na cabeça do pâncreas
  • USG de abdome: é obrigatório para todo paciente com suspeita de PA. É pouco sensível para o diagnóstico mas serve para investigar litíase biliar
  • TC de abdome com contraste IV: é o melhor exame para avaliar o pâncreas porém é solicitado apenas na PA grave. A análise deve ser feita durante a fase portal do contraste (65-70s após a injeção)
  • RNM e US endoscópico: não são melhores que a TC; só em suspeita de coledocolitíase ou alterações estruturais…
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10
Q

Escore de Ranson:

A
  • Serve para avaliar a gravidade da PA
  • Antigo e pouco utilizado na prática
  • 11 critérios (5 na admissão e 6 após 48 horas)
  • 3 ou mais critérios&raquo_space; PA grave
  • Quanto maior o número de critérios maior a letalidade da PA
  • Baixo VPP porém alto VPN (é útil para descartar PA grave)
*Dica: não fazem parte dos critérios de Ranson: TGP, amilase, lipase e bilirrubina
Regra mnemônica: "Importante lembrar totalmente da grande lista para evitar sequestro de homens na UrCa"
-Idade > 55 anos
-Leucócitos > 16000
-TGO > 250
-Glicose > 200
-LDH > 350
-PaO2 < 60mmHg
-Excesso de bases mais negativo que -4
-Sequestro de líquido > 6 litros
-Hematócrito caindo em mais de 10%
-Ureia aumentando em mais de 10
-Cálcio < 8
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11
Q

Escore de Aache-II

A
  • Apache II >= 8: PA grave
  • Complexo e inespecífico para PA
  • Vantagem: pode ser calculado a qualquer momento
  • VPP e VPN inferiores ao Ranson
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12
Q

Índice tomográfico de Balthazar:

A
-Estratifica a gravidade da doença de acordo com achados tomográficos
A- morfologia normal
B- aumento volumétrico (focal ou difuso)
C- Inflamação peripancreática
D- Coleção líquida única
E- duas ou mais coleções
Além disso, soma-se um escore de acordo com o percentual de necrose pancreática:
Ausente >> escore 0
Até 33% >> escore 2
33-50% >> escore 4
>50% >> escore 6

-Índice >= 6: pior prognóstico

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13
Q

Escore de Atlanta:

A

PA grave se o paciente apresentar alguma complicação local (necrose, abscesso, pseudocisto) ou alguma falência orgânica aguda.

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14
Q

Outras maneiras de estratificar a gravidade da PA:

A
  • PCR: PA grave se PCR >= 150 mg/ml; a desvantagem é ter im pico só 48/72hras após o início do quadro
  • A IL-6 também é útil e tem um pico mais precoce que a PCR
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15
Q

Medidas terapêuticas fundamentais para todos os casos de PA:

A

-Hidratação venosa vigorosa e individualizada (o paciente com PA se torna espoliado em volume por conta da SRIS)
-Manter SpO2 > 95% (esses pacientes têm risco de evoluir com SARA)
-Analgesia com opioide (pode usar morfina)
-Suporte nutricional:
-PA leve: dieta zero com reintrodução da alimentação por via oral após diminuição da dor e da inflamação
-PA grave: cateter nasojejunal + NP
Obs.: A NPT pode ser usada se o paciente não tolerar a via enteral, mas aumenta o risco de translocação bacteriana (a mucosa intestinal sem receber alimentos por muito tempo pode atrofiar e servir como porta de entrada para translocação)

Obs.: não se indica ATB profilático no caso de necrose pancreática > 30%, pois não muda a mortalidade e aumenta o risco de infecção fúngica

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16
Q

CPRE na pancreatite aguda:

A

Indicar as seguintes situações:

  • PA biliar grave
  • PA biliar com colangite
  • PA biliar com obstrução persistente (>48Horas)
17
Q

Colecistectomia na pancreatite aguda:

A

-PA biliar leve: em todos os pacientes antes da alta hospitalar (após resolução do quadro inflamatório)
-Idosos e alto risco cirúrgico: pode optar por papilotomia endoscópica
Obs.: na PA grave pode haver necessidade de esperar até 6 semanas antes da cirurgia

18
Q

Complicações da PA: coleções líquidas agudas

A
  • Aparecem em 30-57% dos casos
  • Não são revestidas por tecido epitelial (são apenas coleções líquidas no meio do parênquima)
  • Aparecem nas primeiras 4 semanas
  • Regressão geralmente espontânea, mas se houver persistência ou surgimento de febre, leucocitose, dor&raquo_space; aspiração percutânea e ATB se comprovar infecção
19
Q

Complicações da PA: necrose

A
  • Pode ser pancreática ou peripancreática
  • Ausência de captação de contraste nas áreas necróticas na TC
  • Grande problema: infecção (através de translocação de bactérias gram - )
  • Suspeita: deterioração clínico-laboratorial
  • Confirmação: gás na TC (patognomônico de infecção da necrose) ou germes na PAAF (guiada por TC)
  • TTO: ATB (carbapenêmico) + necrosectomia tardia + drenagem fechada
  • O tto cirúrgico é indicado apenas nas necroses infectadas
  • Complicação no pós operatório da necrosectomia: formação de fístula. Continua saindo secreção pelo dreno. Tem que dosar amilase e, se vier elevada, retirar o dreno e colocar o paciente em NPT + octreotide (repouso do pâncreas para tentar fechar a fístula de modo conservador)
20
Q

Complicações da PA: pseudocisto:

A

-Coleções líquidas sem revestimento epitelial
-Persistem por mais de 4 semanas
-50% são sintomáticos: dor persistente, saciedade precoce, náusea e aumento de amilase
-Diagnóstico: TC ou ressonância
-TTO:
-Assintomáticos: observação (70% regride)
-Sintomáticos ou impossibilidade de excluir câncer: drenagem interna (cirúrgica ou endoscópica) ou dilatação + stent no ducto de Wirsung
Obs.: se estiver infectado tem que fazer drenagem externa (percutânea)

21
Q

Pancreatite crônica:

A

O processo inflamatório é persistente e leva à destruição do parênquima pancreático e sua substituição por um tecido fibrótico cicatricial. É um processo irreversível.
-Em estágios avançados, ocorre calcificação de áreas do parênquima (patognomônico de pancreatite crônica)

22
Q

Principal etiologia da pancreatite crônica:

A

Álcool (> 70% dos casos)
Não existe um limiar seguro de consumo diário abaixo do qual a pancreatite não irá ocorrer. Alguns outros fatores também podem influenciar, tais como: predisposição genética, tabaco…

23
Q

Clínica da pancreatite crônica:

A

Tríade clássica:
-Esteatorreia (insuficiência exócrina)
-DM (insuficiência endócrina
-Calcificação pancreática
Obs.: para ocorrer insuficiência pancreática, a maior parte do parênquima tem que ser destruída
Outros sintomas: dor abdominal (piora com a alimentação e alivia na posição genupeitoral), emagrecimento, icterícia

24
Q

Diagnóstico da pancreatite crônica:

A

Laboratório:

  • Elastase fecal < 200mcg/g (específico para pancreatite crônica avançada)
  • Exames de imagem
  • Teste da secretina (mais sensível): injeta secretina e depois avalia a secreção pancreática; serve para o diagnóstico nas fases mais iniciais da doença
25
Q

Exames de imagem para o diagnóstico de pancreatite crônica:

A
  • US-endoscópico: mais sensível; detecta alterações estruturais mais precocemente. Melhor para fase inicial. Critérios de Rosemont
  • TC ou colangioRNM: a TC é mais utilizada
  • CPRE: caso a TC ou colangioRNM sejam inconclusivas; pode ser usado com finalidade terapêutica ou antes da cirurgia (caso o paciente tenha indicação; critérios de Cambridge
  • Padrão-ouro: histopatologia (mas não é feito)
26
Q

TTO clínico da pancreatite crônica:

A

-Cessar etilismo/tabagismo
-Dieta pobre em gordura (diminui o estímulo para a secreção de colecistocinina e secretina pelo delgado)
-Enzimas pancreáticas (também diminui o estímulo para a secreção de colecistocinina e secretina) + omeprazol (para que não ocorra inativação rápida das enzimas pelo suco gástrico)
-Analgesia escalonada: AINE&raquo_space; amitriptilina&raquo_space; opioide
-Insulina (se necessário)
Obs.: no DM associado à pancreatite crônica, ocorre destruição de todas as células das ilhotas de Langerhans&raquo_space; o pacinte fica mais suscetível a fazer hipoglicemia grave e persistente pelo prejuízo na secreção de glucagon (que é um hormônio contra-insulínico)

27
Q

Tratamento cirúrgico da pancreatite crônica:

A

Indicação: pacientes com dor intratável
Tem que fazer CPRE antes (para auxiliar no planejamento cirúrgico).
1) Doença de grande ducto: > 7mm de dilatação do ducto principal na CPRE&raquo_space; pancreatojejunostomia látero-lateral em Y de Roux (epônimo: Puestow-parrington-rochelle)
2) Doença de pequenos ductos: a cirurgia depende do local onde há lesões predominando. Se for na cabeça do pâncreas&raquo_space; Whipple modificada (preserva o piloro). Se for em corpo/cauda&raquo_space; pancreatectomia subtotal distal - Child (preserva a cabeça do pâncreas)

28
Q

Complicação da pancreatite crônica:

A

Trombose de veia esplênica: pode provocar hipertensão portal segmentar, esplenomegalia e varizes de fundo gástrico.
Conduta: espenectomia

29
Q

Câncer de pâncreas:

A

-Tipo histológico mais comum: adenocarcinoma ductal (80-90%)
-Topografia mais comum: cabeça do pâncreas (70%)
-Mais comum em homens, idosos e negros
-Principal fator de risco: tabagismo
Outros fatores de risco: DM, pancreatite crônica, sd. de peutz-jeghers; sd. de lynch tipo II; história familia…

30
Q

Clínica do CA de pâncreas

A

-Dor abdominal, perda ponderal, icterícia (são os sintomas mais comuns e geralmente já indicam tumor irressecável
Obs.: a perda ponderal também ocorre por sd. disabsortiva
-Sinal de Couvoissier-Terrier: vesícula biliar palpável e indolor
-Linfonodo de Wirchow (supraclavicular E). É uma adenopatia metastética
-Tromboflebite migratória (Sd. de Trosseau). O tumor mais associado à essa síndrome é o de pÂncreas.

31
Q

Exames de imagem para o CA de pâncreas:

A

-USG de abdome: em geral é o primeiro exame a ser feito. Mostra se há dilatação de vias biliares e pode já identificar se há lesão expansiva na cabeça do pâncreas
-TC helicoidal (angioTC): é o melhor exame para CA de pâncreas. Permite melhor visualização de estruturas do retroperitôneo, se há metástases a distância, invasão locorregional, além de avaliar ressecabilidade da lesão (se houver invasão de estrutturas arteriais não é ressecável)
-USG endoscópico: permite fazer biópsia
Obs.: a indicação de biópsia é apenas para pacientes que não possuem critérios para cirurgia curativa

32
Q

Marcador sorológico do CA de pâncreas

A

CA 19-9. Não serve para confirmar o diagnóstico, mas é útil para acompanhar o tto do paciente

33
Q

Estadiamento do CA de pâncreas:

A
  • T1: confinado ao pâncreas com < 2 cm
  • T2: confinado ao pâncreas com > 2 cm
  • T3: invasão de estruturas adjacentes: estômago, colédoco, grandes veias mesentéricas
  • T4: invasão de artérias: tronco celíaco, mesentérica superior
  • N0 ou N1 e M0 ou M1

Qualquer tumor T4 ou M1 é paliativo

34
Q

TTO curativo do CA de pâncreas:

A

-20% dos casos&raquo_space; até T3/N0-1/M0
-Tumor na cabeça: cirurgia de Whipple
-Tumor em corpo/cauda: Child (pancreatectomia subtotal distal).
Obs.: em geral, tumores de corpo/cauda têm pior prognóstico pois são diagnosticados mais tardiamente

Tem que fazer quimioterapia adjuvante com Gemcitabina

35
Q

TTO paliativo do CA de pâncreas:

A

-80% dos casos&raquo_space; T4 ou M1
-CPRE com colocação de Stents em colédoco e/ou duodeno
-Se o paciente a princípio tinha indicação cirúrgica: coledocojejunostomia (derivação bileo-digestiva)&raquo_space; diminui a icterícia. Pode fazer também uma gastrojejunostomia (para diminuir obstrução duodenal).
Pode fazer também quimioterapia com gemcitabina