OBS01 - Sangramentos da Gravidez Flashcards
Como podemos dividir os sangramentos na gravidez?
Sangramentos da primeira metade (menos de 20 semanas de idade gestacional) e sangramentos da segunda metade (20 ou mais semanas de idade gestacional).
O que é possível identificar em uma gestação tópica com 4,5,6 e 7 semanas na USG transvaginal? E na USG abdominal?
- 4 semanas: saco gestacional.
- 5 semanas: vesícula vitelínica.
- 6/7 semanas: embrião / batimentos cardioembrionários.
Na USG abdominal é possível observar as mesmas estruturas com uma semana de defasagem.
O que devemos identificar quando o saco gestacional for maior ou igual a 25mm na USG de uma gestação tópica?
Devemos identificar a presença do embrião.
O que devemos identificar quando o comprimento cabeça nádega for maior ou igual a 7 mm na USG de uma gestação tópica?
Devemos identificar embrião com batimentos.
Caso o embrião não seja visível na USG após 7 semanas qual diagnóstico devemos pensar? E se o saco gestacional não for visível após 4 semanas?
USG sem embrião mas com saco vitelínico após 7 semanas (tempo limite para visualização), devemos pensar em gravidez anembrionada.
Se USG não demonstrar o saco vitelínico após 4 semanas (tempo limite para visualização) e B-HCG for positivo, devemos pensar em ectópica.
Qual a causa mais comum de sangramento da primeira metade da gravidez?
Abortamento.
Qual a definição de abortamento? Qual a clínica dessa afecção? Como devemos fazer a avaliação inicial?
- Definição: interrupção da gestação com IG<20 semanas OU <500g OU <16,5cm.
- Clínica: dor abdominal e sangramento com IG < 20 semanas.
- Avaliação inicial: anamnese e exame físico (exame especular).
Quais os tipos de abortamento? Como classifica-los através do exame físico?
- Colo aberto:
> Abortamento incompleto.
> Abortamento inevitável.
> Abortamento infectado. - Colo fechado:
> Abortamento completo.
> Ameaça de abortamento.
> Aborto retido.
Como identificamos um quadro de abortamento completo? Qual deve ser a conduta?
- Identificação:
> Colo fechado.
> Útero vazio e menor (endométrio < 15mm). - Conduta: orientação.
Como identificamos um quadro de ameaça de abortamento? Qual deve ser a conduta?
- Identificação:
> Colo fechado.
> Embrião vivo, útero compatível com IG. - Conduta: repouso, uso de anti-espasmático, abstinência sexual…
*Não há evidência clara que gera alguma redução da taxa de abortamento, mas geralmente é recomendada.
Devemos fazer progesterona na ameaça de abortamento? Justifique.
Não, pois não há evidência de funcionamento.
Como identificamos um quadro de aborto retido? Qual deve ser a conduta?
- Identificação:
> Colo fechado.
> Embrião morto e útero pode estar menor. - Conduta: Esvaziamento ou conduta expectante.
*A conduta expectante, apesar de descrita na literatura, tem maior risco de complicações inclusive curetagem de urgência e discrasias sanguíneas.
Como identificamos um quadro de abortamento incompleto? Qual deve ser a conduta?
- Identificação:
> Colo aberto.
> Útero menor, com presença de restos (endométrio > 15 mm). - Conduta: esvaziamento.
Como identificamos um quadro de abortamento inevitável? Qual deve ser a conduta?
- Identificação:
> Colo aberto.
> Útero compatível, com presença de embrião. - Conduta: esvaziamento.
Como identificamos um quadro de abortamento infectado? Qual deve ser a conduta?
- Identificação:
> Colo aberto.
> Febre, odor fétido, leucocitose, sinais sistêmicos de infecção… - Conduta: ATB (glindamicina e gentamicina) + esvaziamento.
Quais são as técnicas de esvaziamento uterino na primeira metade da gravidez?
- Gravidez menor ou igual a 12 semanas: AMIU (preferível) ou curetagem.
- Gravidez com mais de 12 semanas:
> Sem feto: curetagem.
> Com feto: Misoprostol (altas doses) +/- curetagem (se restos).
*Quanto menor o útero, mais misoprostol pode-se usar pelo menor risco de ruptura uterina.
Como podemos classificar o abortamento?
- Cronologia:
> Menor igual a 12 semanas: precoce.
> Maior que 12 semanas: tardio. - Forma:
> Espontâneo.
> Provocado. - Frequência:
> Esporádico: não precisa ser investigado, um ou dois casos.
> Habitual: precisa ser investigado, 3 ou mais episódios.
Quais as ocasiões em que o o abortamento provocado é permitido no Brasil?
- Anencefalia: dois médicos assinam o laudo do USG, a idade gestacional precisa ser maior que 12 semanas. Pode ser feito a qualquer momento da gravidez.
*Não precisa ser dois USG, um mesmo USG pode ser laudado por 2 médicos.
- Risco a vida materna: dois médicos assinam o laudo. Pode ser feito a qualquer momento da gravidez.
- Estupro: apenas o relato da mulher (com assinatura de documentos comprobatórios) já é válida, não precisa de boletim de ocorrência, nem perícia, nem juiz.
*Objeção de consciência do médico quanto a não realização do procedimento: o médico pode se negar a fazer o procedimento, mas o hospital não pode deixar a paciente desamparada, sendo obrigatório a indicação de outro profissional.
Qual a causa mais comum de abortamento esporádico?
A causa mais comum são as aneuploidias (alteração do número dos cromossomos). Destacando-se as trissomias principalmente a trissomia do 16, que é a causa mais comum de abortamento no geral.
Quais as causas mas comuns de abortamento habitual? Como identifica-las e como trata-las?
- Incompetência istmo-cervical:
- Clínica e diagnóstico:
> Aborto tardio repetido, com feto “nascendo” cada vez mais cedo.
> Feto vivo e nasce sem complicações.
> Colo curto.
> Dilatação indolor do colo.
- Tratamento: circlagem (12-16 semanas) pela técnica de McDonald.
*Técnica de McDonald: sutura em bolso no colo com fio inabsorvível. O fio é retirado por volta da trigésima semana ou se trabalho de parto.
**Outras técnicas: Shirodkar, Salles-Amaral, Hefner, Wum…
***Fora do período gestacional a técnica de escolha é a de Lash.
- Síndrome de Anticorpo Anti-fosfolipídio:
- Clínica:
> Colo normal.
> Pode ter LES associada.
> Tromboses.
> Feto morto.
- Diagnóstico: clínica + anticorpos positivo (2 dosagens positivas).
> Anticardiolipina.
> Anticoagulante lúpico.
> Anti-beta 2 glicoproteína. - Conduta: AAS + heparina.
*Heparina na SAF: se SAF com evento trombótico, faz heparina na dose terapêutica. Se SAF com evento obstétrico, faz heparina na dose terapêutica.
- Outras: genéticas, anatômicas, endócrinas (tireoideopatia , DM descompensado)….
Quais são as características gerais da mola completa e da mola parcial? Quem mais maligniza?
- Mola completa:
> Não há embrião.
> Genes paternos.
> Diploide (46 XX): um espermatozoide 23 X e um óvulo sem material genético. O material genético do pai se duplica gerando 46 XX.
> Malignização em torno e 20%. - Mola parcial:
> Presença de tecido fetal.
> Genes paternos e maternos.
> Triploide (69 XXY): dois espermatozoides 23 X / 23 Y e um óvulo 23 X. Isso gera material triploide 69 XXY .
> Malignização em torno e 5%.
*Uma pequena porção das molas parciais pode ser tetraploide.
Qual a clínica da mola hidatiforme?
- Sangramento de repetição.
- Secreção em “suco de ameixa”.
- Saída de vesículas (patognomônico).
- Útero maior do que o que deveria (útero em sanfona, vai aumentando e diminuindo a medida que sangra e o tumor prolifera).
- Hiperêmese.
- Pré-eclâmpsia (principalmente se menos de 20 semanas).
- Hipertireoidismo (semelhança do B-HCG com o TSH).
*Pré-eclâmpsia antes de 20 semanas nunca acontece na gestação normal, logo é praticamente patognomônico de mola.
** *O diagnóstico de mola hidatiforme parcial é mais tardio, já que o quadro clínico da mola hidatiforme completa é mais exuberante (anemia, pré-eclâmpsia, hiperêmese…).
Como é feito o diagnóstico da mola hidatiforme?
- Elevação acentuada do B-HCG.
- USG com:
> Flocos de neve.
> Tempestade de neve.
Como é feito o tratamento da mola hidatiforme? Há indicações para a realização de histerectomia?
Esvaziamento uterino a vácuo (vacuoaspiração) + histopatológico.
*Histerectomia pode ser realizada em pacientes com prole definida e mais de 40 anos. Ela não zera o risco de mola, mas reduz bastante.
**Pode fazer AMIU como técnica de esvaziamento, mas não é o mais indicado. Não pode fazer curetagem (risco de ruptura uterina) nem misoprostol (risco de embolização trofosblástica).
Como é feito o controle de cura da mola hidatiforme? Há alguma diferença entre os tipos de mola?
O controle de cura é o mesmo independente do tipo de mole ou da realização de histerectomia. Ele usa como parâmetro básico o valor do B-HCG. Que deve ser feito:
- Semanal: até 3 dosagens negativas.
- Mensal: até 6 meses.
Se mantiver negativo = alta, agora se presença de um dos critérios abaixo sugere malignização ()mola invasora) e o tratamento passa a ser quimioterapia (metotrexato é a primeira opção). Critérios:
- Aumentar em 2 semanas (dias 1,7 e 14).
- Ficar 3 semanas em platô (dias 1,7,14,21).
- 6 meses ainda positivo (questionável).
- Metástases (mais comum no pulmão e segundo mais comum na vagina).
*Alguns autores orientam realização de radiografia/TC de tórax apenas em sintomáticas outros de rotina. O exame ginecológico da vagina deve ser seriado.
Na presença de cistos grandes em anexos em uma paciente com com diagnóstico de mola hidatiforme devemos realizar a anecextomia?
NÃO devemos fazer anexectomia (retirada dos anexos), a presença eventual de cistos não indicam tumor, apenas estímulo hormonal acentuado.
Qual cuidado devemos ter em uma paciente realizando controle de cura após tratamento de mola hidatiforme?
Ela não pode engravidar, usamos o B-HCG no controle de cura. Logo, devemos orientar contracepção de alta eficácia (não pode DIU por se tratar de patologia intrauterina).
Qual a clínica da gestação ectópica? E da ectópica rota?
Tríade da gestação ectópica:
- Atraso menstrual.
- Dor abdominal.
- Sangramento.
Ectópica rota:
- Choque (instabilidade hemodinâmica).
- Sinal de Blumberg +.
- Sinal de Proust + (abaulamento e dor no fundo de saco de Douglas).
*A progesterona materna é inferior a uma gestação normal, assim como o crescimento do B-HCG, que normalmente só aumenta 50% em 24/72h ou mesmo diminui.
Quais exames complementares podemos utilizar para diagnóstico de gestação ectópica?
USG: útero vazio (com IG ou B-HCG na qual estruturas já deveriam ser visualizadas).
+
B-HCG > 1.500 (valor discriminatório do B-HCG).
*Valor discriminatório do B-HCG: tem que ter saco vitelínico na USG, se não tiver é gravidez ectópica.