Objetivo 03 - anemia falciforme Flashcards
DEFINIÇÃO:
patologia que se caracteriza por dor, anemia crônica e hemácias “afoiçadas” no esfregaço de sangue periférico. É uma condição hereditária de transmissão autossômica recessiva.
Ocorre uma substituição do ácido glutâmico pela valina, na posição 6 da cadeia de β-globina, criando uma molécula de hemoglobina com comportamento totalmente anômalo: a hemoglobina S. Não se trata apenas do afoiçamento de hemácias levando à hemólise e à oclusão microvascular!
Ocorre também inflamação sistêmica, com disfunção endotelial crônica afetando vasos de todos os calibres, além de hipercoagulabilidade.
GENÉTICA
Mutação pontual GAG → GTG (6-Glu →Val) cria o gene βS;
- Homozigotos para o gene βS: “doença” anemia falciforme.
- Apenas uma cópia do βS em associação a outro alelo qualquer: “variante falcêmica” (heterozigotos para o gene βS).
Existem diversas variantes falcêmicas possíveis, na dependência do segundo alelo presente;
Doenças falciformes, fale sobre cada uma.
- Anemia Falciforme (HbSS):
- Traço Falcêmico (HbAS):
- Hemoglobinopatia SC:
- HbS/β-talassemia:
- HbS/HPFH:
- Anemia Falciforme (HbSS): Homozigose para o gene βS; Doença mais grave, pior prognóstico
- Traço Falcêmico (HbAS): Heterozigose com o gene βA, que representa a cadeia β normal; Manifestações sutis, bom prognóstico
- Hemoglobinopatia SC: Heterozigose com o gene βC (hemoglobina C); Gravidade intermediária entre a anemia falciforme e o traço falcêmico
- HbS/β-talassemia: Heterozigose com alguma forma de β-talassemia (β0 ou β+); Gravidade intermediária entre a anemia falciforme e o traço falcêmico
- HbS/HPFH: Heterozigose com o gene da HPFH Indivíduo assintomático;
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
⎯ Queda da hemoglobina e do hematócrito;
⎯ Reticulocitose (entre 3-15%);
⎯ Hiperbilirrubinemia indireta;
⎯ Aumento de LDH e queda da haptoglobina;
⎯ Hemácias falcêmicas são normocrômicas;
⎯ Leucocitose e plaquetose;
⎯ Elevação dos “marcadores de fase aguda” (PCR);
⎯ Esfregaço sanguíneo periférico: hemácias
irreversivelmente afoiçadas; policromasia; corpúsculos
Howell-Jolly (sinal de asplenia); hemácias “em alvo”;
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Confirmação de AF:
eletroforese de hemoglobina
Confirmado o diagnóstico de anemia falciforme, deve-se solicitar uma bateria de exames específicos visando o acompanhamento evolutivo da função dos
múltiplos “órgãos- -alvo” dessa doença.
DIAGNÓSTICO
RASTREIO:
Neonatal / Pré-natal
- Pré-natal → biópsia de vilo coriônico, coletada entre 8- 10 semanas de gestação;
- Neonatal →TODOS os recém-nascidos, por lei, devem realizar o teste do pezinho (entre 2-30 dias de vida);
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
- São derivadas primariamente da oclusão vascular e, em menor grau, da anemia;
- Os primeiros sinais e sintomas da AF iniciam-se quando os níveis de HbF decaem (6 meses de vida);
CRISES DE FALCIZAÇÃO SÃO:
manifestações agudas
da anemia falciforme.
São classificadas:
→ Crises vaso-oclusivas/episódios dolorosos:
→ Crises aplásticas:
→Crises hemolíticas:
→Crises de sequestro esplênico:
INFECÇÕES:
- É a principal causa de morbidade e mortalidade;
- Infecção bacteriana é a principal causa de morte na AF;
- Principais infecção: meningite bacteriana, pneumonia, osteomielite (causada pela Salmonella typhimnrium), septicemia, infecção urinária;
- Múltiplas lesões orgânicas e asplenia parecem ser as responsáveis pelas infecções. Além disso, deficiência de
opsoninas séricas, defeito na via alternativa do complemento, defeitos imunes foram associados; - BAÇO: inicialmente há esplenomegalia pela congestão em virtude da obstrução por células falcizadas, acompanhada de hemorragia ao redor. Essa oclusão vascular
provoca microinfartos, tornando o órgão fibrótico e atrófico (autoesplenectomia + fibrose); - As repercussões da hipofunção esplênica na AF concentram-se principalmente na maior susceptibilidade a
infecções;
CRISES DE FALCIZAÇÃO:
→ Crises aplásticas:
- Queda de Hb + reticulócitos reduzidos =
insuficiência transitória na eritropoese; - Desencadeado por infecção de parvovírus B19 em crianças, na maioria das vezes. Nos adultos, é desencadeado por infecção por Streptococcus pneumoniae, Salmonelas e Epstein-Barr;
CRISES DE FALCIZAÇÃO:
→ Crises vaso-oclusivas/episódios dolorosos:
- São as manifestações mais comuns da doença falciforme. Desencadeado por: infecção, desidratação e tensão emocional. Mais comuns na terceira e quarta década de vida;
- A oclusão microvascular na medula óssea é o fator inicial do episódio doloroso, isso causa isquemia dos tecidos e consequentemente provoca resposta
inflamatória aguda; - Atinge principalmente ossos longos, articulações e região lombar;
- Em crianças entre 6 meses e 2 anos, é comum inchaço e dor nas mãos e pés;
- Autolimitadas e desaparecem em 1 semana;
- Tratamento é sintomático, se persistir é importante afastar diagnóstico de osteomielite;
CRISES DE FALCIZAÇÃO:
CRISES DE FALCIZAÇÃO:
→Crises hemolíticas:
- Incremento brusco na taxa de hemólise;
- É rara e está relacionada a infecção por mycoplasma, deficiência G6PD ou esferocitose hereditária;
- É um agravamento da anemia com acentuação da icterícia;
CRISES DE FALCIZAÇÃO:
→Crises de sequestro esplênico:
- Representa um episódio aguda caracteriza por um acúmulorápido de sangue no baço;
- Definida pela queda nos níveis basais de Hb de pelo menos 2g/dL + hiperplasia de medula óssea + aumento do baço;
- Ocorr e em geral após o 6o mês de vida e é menos frequente após 2 anos;
- São responsáveis por elevado percentual de morte;
- Complicações cardíacas:
- Decorrentes da circulação hiperdinâmica secundárias aos mecanismos compensatórios de anemia;
- Rx tórax: cardiomegalia global, artérias pulmonares proeminentes e aumento do padrão vascular pulmonar;
- Complicações pulmonares:
- Provocadas por fenômenos vaso-oclusivos e infecções;
- Síndrome Torácica Aguda (STA): dor torácica, febre, dispneia, nova opacidade no Rx, queda na Hb, podendo evoluir com hipóxia grave;
- É 3x mais frequente em crianças do que adultos;
- STA é causada por: infarto de costela ou esterno, pneumonia, embolia pulmonar após necrose de medula óssea, infarto pulmonar devido a falcização;
- Complicações neurológicas:
- Acomete 25% dos pacientes com AF. São elas: AVC, hemorragia cerebral, ataques isquêmicos transitórios;
- No SNC, vasos maiores são acometidos por vaso-oclusão;
- Terapêutica básica nas alterações vaso-oclusivas é a transfusão de concentrado de hemácias;
- Complicações hepatobiliares:
- Excreção contínua e elevada de bilirrubinas leva a formação de cálculos biliares. Colecistectomia pode ser
indicada mesmo nos assintomáticos; - Alterações da função hepática são relacionadas a falcização intra-hepática, infecções na transfusão ou hemossiderose transfucional;
- Síndrome do quadrante superior direito:
hiperbilirrubinemia extrema, aumento rápido do fígado, febre e dor acentuada. O tratamento é transfusão de substituição, mantendo níveis de HbS menores que 10%;