Modificações do organismo materno Flashcards
Quais as principais alterações posturais que ocorrem na gestação?
Ocorre um aumento da lordose lombar para compensar o deslocamento anterior do centro de gravidade, além de uma inclinação pélvica anterior e aumento da cifose torácica.
Por que as gestantes podem apresentar maior propensão a quedas?
Devido ao deslocamento anterior do centro de gravidade, à instabilidade articular pelo relaxamento ligamentar e à diminuição do equilíbrio postural.
Como a relaxina e a progesterona influenciam as articulações durante a gestação?
Essas hormonas promovem o relaxamento dos ligamentos e das articulações, especialmente da sínfise púbica e das articulações sacroilíacas, para facilitar o parto.
O que é a diástase do músculo reto abdominal e por que ocorre?
É o afastamento dos músculos retos abdominais causado pelo crescimento uterino e pelo efeito da relaxina, levando a menor suporte da parede abdominal.
Quais queixas musculoesqueléticas são comuns na gestação?
Lombalgia, dor pélvica, dor no nervo ciático e fadiga muscular, devido às alterações posturais e ao aumento do peso corporal.
Como o volume corrente muda na gestação (quantidade de ar que entra e sai dos pulmões)?
O volume corrente aumenta em cerca de 30-40% para suprir a maior demanda metabólica de oxigênio (há um aumento da expansão torácica e maior movimentação do diafragma).
O que acontece com a capacidade residual funcional (CRF) durante a gestação?
A CRF diminui em 25% devido à elevação do diafragma pelo crescimento uterino.
Como a ventilação alveolar é alterada na gravidez?
Há um aumento da ventilação alveolar devido ao aumento do volume corrente e da frequência respiratória, promovendo uma leve alcalose respiratória compensada.
Qual hormônio influencia a hiperventilação na gestação?
A progesterona estimula diretamente o centro respiratório no bulbo, aumentando a sensibilidade ao CO₂ e levando à hiperventilação compensatória.
Por que as gestantes podem relatar sensação de dispneia?
Devido ao aumento da ventilação, à elevação diafragmática e à maior sensibilidade ao CO₂, levando a uma percepção de falta de ar, mesmo sem hipoxemia real.
Como o débito cardíaco se modifica na gestação?
O débito cardíaco aumenta em cerca de 40-50%, atingindo seu pico entre a 20ª e 24ª semana de gestação.
Isso ocorre por aumento do volume sistólico e aumento da frequência cardíaca.
O que acontece com a frequência cardíaca materna durante a gravidez?
A frequência cardíaca aumenta progressivamente, com um acréscimo médio de 10-20 bpm.
Como a pressão arterial se comporta ao longo da gestação?
A pressão arterial tende a diminuir no segundo trimestre devido à vasodilatação periférica (causada pela progesterona) e ao aumento do volume plasmático, retornando aos valores pré-gestacionais no terceiro trimestre.
O que é o síndrome da hipotensão supina e por que ocorre?
É uma queda da pressão arterial quando a gestante se deita em decúbito dorsal, causada pela compressão da veia cava inferior pelo útero gravídico, reduzindo o retorno venoso ao coração.
Qual alteração na ausculta a gestante pode apresentar de forma fisiológica?
Sopro sistólico e desdobramento de B1
Por que que há uma queda da resistência vascular periférica?
- Aumento do fluxo uteroplacentário porque a placenta funciona como um “shunt”/fístula;
- Vasodilatação: o estrogênio e a progesterona promovem maior sensibilidade ao óxido nítrico;
- Diminuição da sensibilidade vascular à angiotensina II e à norepinefrina;
Como o volume sanguíneo materno se modifica na gestação?
O volume sanguíneo aumenta em cerca de 40-50% para suprir as necessidades fetais e placentárias.
Ocorre uma expansão do volume plasmático, aumento menor da massa eritrocitária (hemodiluição fisiológica) e aumento da retenção hídrica.
O que acontece com a concentração de hemoglobina durante a gestação?
Há uma hemodiluição fisiológica, pois o aumento do volume plasmático (50%) é proporcionalmente maior do que o aumento da massa eritrocitária (30%), levando a uma leve anemia fisiológica.
Como a coagulação é afetada na gravidez?
A gestação é um estado de hipercoagulabilidade, com aumento dos fatores de coagulação (VII, VIII, IX, X e fibrinogênio) e redução da atividade fibrinolítica, reduzindo o risco de hemorragia, mas aumentando o risco trombótico.
O que acontece com os leucócitos na gestação
Há um aumento fisiológico da contagem de leucócitos (leucocitose), especialmente durante o terceiro trimestre, sem necessariamente indicar infecção.
Explique sobre o estado de hipercoagulabilidade com base na tríade de Virchow na gestante
- Estase sanguínea: ocorre uma compressão da veia cava inferior pelo útero gravídico, que reduz o retorno venoso, favorecendo a estase para MMII.
- Hipercoagulabilidade: aumento dos fatores de coagulação e uma redução dos anticogulantes, isso prepara o organismo para o descolamento placentário e o parto, minimizando os riscos de hemorragia, mas aumenta o risco de TVP embolia pulmonar.
- Lesão endotelial: principalmente no puerpério.
Obs.: Isso aumenta o risco de TEV de 5 a 6 vezes na gestação e 20 vezes no puerpério.
O que ocorre com a imunidade na gestante?
Na gestação, há uma modulação do sistema imunológico para permitir a tolerância materna ao feto (que expressa antígenos paternos) sem comprometer a defesa contra infecções. Isso ocorre principalmente por meio da supressão da imunidade celular e humoral de forma seletiva.
*Supressão da imunidade celular
A resposta imune celular, mediada principalmente pelos linfócitos T, é ajustada para evitar uma resposta agressiva contra o feto:
1. Mudança no perfil de linfócitos T helper (Th)
* Há um predomínio da resposta Th2 (associada à imunidade humoral) e uma supressão da resposta Th1 (que promove imunidade celular e inflamação). Isso reduz a resposta citotóxica contra células fetais.
* Essa alteração torna a gestante mais suscetível a infecções intracelulares, como tuberculose, listeriose e infecções virais (exemplo: influenza e varicela).
2. Redução da atividade das células NK (natural killers)
* As células NK são importantes na defesa contra vírus e células tumorais. Na gestação, as NK circulantes têm sua atividade reduzida, enquanto as NK uterinas são moduladas para favorecer a implantação e remodelação vascular placentária.
3. Alteração da função dos macrófagos e células dendríticas
* Os macrófagos placentários (células de Hofbauer) ajudam na tolerância imunológica ao feto, reduzindo a resposta inflamatória.
*Supressão da imunidade humoral
Apesar da predominância do padrão Th2 (que favorece a produção de anticorpos), há algumas alterações:
1. Redução na produção de IgG
* Os níveis de IgG total caem levemente devido à hemodiluição e alterações na síntese. Isso pode diminuir a proteção contra algumas infecções.
* No entanto, a transferência transplacentária de IgG aumenta no terceiro trimestre para garantir imunidade passiva ao feto.
2. Diminuição na resposta a novas infecções e vacinas
* A produção de anticorpos contra antígenos novos pode ser menos eficiente, tornando a gestante mais vulnerável a algumas infecções.
*Consequências clínicas da imunomodulação na gestação
* Maior susceptibilidade a infecções virais e bacterianas, especialmente tuberculose, listeriose, gripe e hepatites.
* Menor risco de doenças autoimunes baseadas na resposta Th1, como artrite reumatoide (que pode melhorar na gestação).
* Maior risco de complicações em infecções graves, como a gripe H1N1, devido à resposta inflamatória exagerada quando a infecção já está instalada.
Essa imunomodulação é um equilíbrio entre tolerância ao feto e proteção materna, mas pode aumentar o risco de certas doenças durante a gestação.
O que caracteriza o estado diabetogênico da gestação?
O estado diabetogênico é caracterizado por resistência insulínica progressiva no segundo e terceiro trimestres, levando a hiperglicemia materna para garantir o suprimento contínuo de glicose a feto.
Quais hormônios contra-insulínicos contribuem para o estado diabetogênico na gestação?
Lactogênio placentário humano (hPL), cortisol, progesterona e estrogênios.