Memória - teste 1 - teórica Flashcards
Quais são os diversos processos envolvidos na aprendizagem/memória?
-codificação
-retenção
-recuperação
Sobre a codificação…
Depende da atenção (recordo mais facilmente aquilo a que dou mais atenção) e do nível de processamento.
Sobre a retenção…
Depende do intervalo temporal (quanto mais tempo decorre sobre um episódio/acontecimento, pior será a recuperação).
O intervalo de retenção é o tempo que decorre entre a aprendizagem e a recuperação.
Sobre a recuperação…
Consiste em ir à memória procurar alguma informação. É um tipo de teste/tarefa de memória. Dá-se através da reativação da pista usada na codificação.
O que são pistas?
Levam a um alvo que pode ser uma emoção, contexto, palavra, som, aroma…Por vezes não consigo aceder a uma memória pois não estou a aceder à pista correta. Se perdermos a pista, perdemos “chave” de acesso à memória. Quanto mais pistas estiverem associadas, mais fácil a recuperação mas, por outro lado, quantos mais alvo estiverem associados a uma mesma pista, pior será a recuperação. Não há “alvos” sem haver uma pista, mesmo que esta não seja clara. Episódios com maior carga emocional ou recompensas mais interessantes são os mais fáceis de relembrar.
Algumas variáveis que afetam os processos de memória…
-atenção
-“guardar” (ou não) no sítio certo
-mecanismos que ajudam a salvar as memórias mais facilmente
Que tipos de aprendizagem existem?
Aprendizagem acidental e intencional
Na aprendizagem acidental…
-a pessoa não sabe que a sua memória vai ser testada (apenas acontece de aprender alguma coisa enquanto está a realizar uma atividade);
-provavelmente é a aprendizagem quotidiana mais frequente
-o experimentador faz com que a pessoa preste atenção à informação mas sem que esta realize muito esforço para a tentar decorar (podem dar-lhes cover tasks, para orientar a atenção delas para a informação, possibilitando que esta seja guardada na memória de uma maneira não ativa, como organizar os itens em categorias.
Na aprendizagem intencional…
A pessoa sabe que mais tarde vai ter que recordar a informação aprendida e, como tal, envolve-se ativamente num processamento mais elaborado, por exemplo, conhecimento que adquirimos aos estudar
Nota que…
A intencionalidade da aprendizagem não é sinónimo de melhor recordação relativamente à acidentalidade, pois há coisas que recordo de forma acidental e retenho bem na memória. No entanto, se processar com o intuito de recordar mais tarde a memória vai, provavelmente, ser melhor, porque vou utilizar estratégias que me permitam recordar de melhor forma.
De maneira geral, a aprendizagem intencional é mais eficaz. Contudo, a acidental também pode ser quando é igualmente elaborada.
Explicação para o nosso cérebro não reter determinadas informações…
O professor pediu para desenharmos uma moeda de 5 cêntimos, o que levou ou alunos à conclusão de que, a maioria, não sabia como era o aspeto de uma, apesar de estarmos constantemente em contacto com estas moedas. PORQUÊ? Não precisamos de saber o seu aspeto (desenhos, formas, frases, etc…) para a utilizarmos corretamente! Ou sej,a o nosso sistema cognitivo é altamente PARCIMONIOSO (só gasta energia com aquilo que é realmente necessário).
Teoria dos níveis de processamento
Níveis de processamento: influência do esforço exercido durante a memorização. Refere-se ao grau em que as pessoas elaboram a informação durante o estudo. Informação processada profundamente é melhor recuperada. A extensão da recuperação pode ser prevista a partir do nível de processamento.
Quais são os dois tipos de processamento?
-repetição de manutenção
-repetição elaborativa ou de elaboração
O que é a repetição de manutenção? (tipo de processamento)
Leva a processamento superficial e consiste em repetir a informação vezes sem conta. No geral, a evocação não melhora muito e o reconhecimento é apenas ligeiramente melhorado, logo, a exposição repetida a alguma coisa não melhora a memória (processamento artificial).
O que é a repetição elaborativa ou de elaboração? (tipo de processamento)
Leva a um processamento profundo, em que associamos informação nova que recebemos com a que já tínhamos guardada em nós, interligando-as e criando novo conhecimento (processamento profundo), informação que recebe menos elaboração é menos processada.
Que tarefas de processamento há?
-Superficial
-Intermédio
-Profundo (a auto referência, ou seja, quando associamos algo a nós mesmos, é dos melhores e mais profundos tipos de processamento)
A imagética…
Leva a uma melhor recordação pois recriar imagens mentais requer esforço e desencadeia um processamento elaborado e mais profundo, levando a que a capacidade de recordação seja melhor. Isto demonstra que o nível de processamento é importante, mas o tipo de processamento também…Ao adquirir uma informação, a recuperação é melhor se recorrer à imagética.
Porque é que a nossa memória é melhor para imagens do que para palavras?
Porque, do ponto de vista evolutivo, a nossa capacidade de processar imagens é muito anterior à de processar palavras, isto é, o nosso cérebro habituou-se a processar melhor a informação através de imagens.
Também é mais fácil…
Recordar palavras concretas (e.g. maçã) do que palavras abstratas (e.g. desenvolvimento) pois, ao primeiro caso, podemos associar (mais facilmente) uma imagem.
Teoria da dupla codificação…
Formar imagens mentais leva à criação de 2 tipos de códigos:
-código verbal
-código de imagem
Duas pistas (verbal e imagética) associadas ao mesmo alvo facilitam a sua recuperação.
Explica o efeito geração
A memória é melhor para a informação que geramos, do que para a informação que apenas vemos, ouvimos ou lemos. A geração causa um processamento elaborativo. Se eu conseguir gerar a minha própria informação, lembro-a melhor. Exemplo: memorizamos muito melhor a matéria se fizermos os nossos próprios apontamentos, em vez de nos guiarmos pelos dos outros, isto porque somos nós a gerar a informação.
Explica o “aha” affect
Quando as pessoas resolvem um probelma. Por exemplo, lemos uma frase e, inicialmente, não a percebemos. Ao tentarmos atribuir-lhe um significado estamos a criar uma solução, sendo a nossa memória melhor.
Explica o efeito de realização…
Ações realizadas são melhor recordadas do que simplesmente lidas ou observadas em outros (e.g. dobrar um guardanapo). Mais uma vez, porque há um maior nº de pistas associadas ao alvo, o que melhora a memória, como já foi referido.
Exemplo: para um estudo, são me apresentadas, num ecrã, frases com ações, sendo que algumas delas tenho de realizar e outras não; ou então, um grupo de pessoas apenas as lê, e o outro realiza-as (“meter a mão no bolso” - uns apenas leem, outros põem mesmo). A memória é melhor para as frases cuja ação realizei/para as pessoas que fizeram o que a frase diz, pois ao realizar estou a juntar pistas (pistas de movimento, táteis, de textura e peso, etc…)
Explica o efeito de produção
Palavras que são ditas em voz alta (gritadas, cantadas) levam a melhor recordação (mais pistas associadas). Também o são (mas menos expressivamente) se forem balbuciadas, soletradas, escritas, digitadas ou lidas por outra pessoa
O que é o processamento automático?
Automaticidade da codificação: alguma informação é codificada de forma mais automática, sem que haja intenção clara e sem grande esforço (e.g. localização espacial, tempo ou frequência, sequência ordinal dos episódios recordados).
Quais são as característica dos estímulos?
Podem ser:
-nominais: o que o experimentador entende que o estímulo é e o que acha que o participante está a memorizar;
-funcionais: o que o participante identifica e entende como estímulo.
Estes nem sempre coincidem, por exemplo: mostro ao participante uma fotografia de um carro vermelho (que, por acaso, era um ferrari) querendo, como investigador, que a pessoa foque na cor. No entanto, como este é amante de carros, apenas decora que é ferrari.
O que é o efeito se superioridade das imagens?
As imagens são melhor recordadas do que as palavras (têm mais pistas associadas). Pois, lidamos com palavras muito tarde na evolução e têm suportes neuronais diferenciados (e as áreas são mais “amplas” para imagens). As imagens são pistas mais prováveis de serem únicas e conterem um nível de detalhe mais elevado. Este efeito é intensificado por imagens dinâmicas (ex: vídeo).
O ser humano recupera mais facilmente…
aqueles objetos que são “pegáveis” ou manuseáveis
O que é o efeito de superioridade auditiva?
Sons são melhor recordados do que as palavras que os representam (e.g. balir, cacarejar). A memória é ajudada pela imagética auditiva (pois esta pode também gerar uma imagética pessoal, por exemplo: ouço uma ovelha a balir, vou guardar o som associado e a imagética, ou seja, mais pistas para o alvo)
O que é o efeito de concreticidade?
Informação concreta é melhor recordada do que a informação abstrata, é ajudada por um código visual ou imagético.
Quais são as 3 dimensões das emoções/estímulos emocionais?
-valência: determina a positividade ou negatividade da emoção
-intensidade (arousal): há emoções que aumentam e energia (raiva) e outras que diminuem a energia (tristeza)
-dominância: há emoções que me fazem sentir dominado (tristeza) e outras que me fazem sentir dominante (felicidade).
A memória é afetada pelo conteúdo emocional?
Sim, as memórias emocionais são melhor recordadas do que as memórias neutras. As memórias mais emocionais são mais vívidas e contém mais detalhes. Quanto mais importante e intenso o evento, mais ele afeta a memória. Se for extremamente intenso, para o lado negativo, não nos recordamos tão bem, a nossa memória “fecha” - memórias reprimidas.
Quanto mais nos tentamos esquecer, menos lembramos.
O que é o princípio de Pollyanna?
-dimensão da valência
Com o tempo, as pessoas (e.g. idosas) acabam por recordar melhor informação positiva - viés positivo.
Em certas circunstâncias, a informação negativa é melhor recordada (e.g. se foi percebido como o episódio mais importante da vida e flashbulb memories)
-flashbulb memories: episódios que tiveram muito impacto na vida das pessoas, de um modo geral. Por exemplo, 11 de setembro, Portugal ganhar o euro 2016. No entanto, o esquecimento não deixa de ocorrer nessas memórias/acontecimentos. As flashbulb memories estudam-se, normalmente, utilizando acontecimentos famosos (no entanto, cada um pode ter a sua).
Frequência e familiaridade…
A informação frequente tende a ser melhor recordada do que informação rara; A capacidade de memória depende do tipo de teste que é usado…
-reconhecimento: saber se já vimos determinada coisa antes, é melhor com informação menos frequente. O reconhecimento é mais ou menos fácil, dependendo dos distratores.
-evocação: recordar algo, é melhor quando a informação é frequente.
Explica o trabalho de Ebbinghaus
Usou sílabas sem sentido, sendo o sujeito das próprias experiências.
Savings;
Re-aprendizagem:
-mesmo que não estejamos conscientes do conhecimento prévio (não conseguimos recordar as sílabas sem sentido), ele influencia as nossas aprendizagens.
-é necessário menos esforço para aprender uma informação uma segunda vez, depois de ela ter sido esquecida.
Curva do esquecimento;
Que tarefas de recuperação existem?
-evocação livre;
-evocação forçada;
-evocação serial;
-evocação guiada ou por pistas;
Explica a evocação livre…
Recordação da informação sem constrangimentos, isto é, é apresentada uma informação e a pessoa recorda na ordem que bem entender e tudo o que conseguir. Método bom para descobrir o que é que a pessoa sabe bem.
Indicadores ou medidas obtidas:
-precisão: quanta informação é recordada de forma correta?
-intrusões: informação não apresentada, mas recordada; bom para estudar memórias falsas; os erros que as pessoa fazem seguem certos princípios e, ao estudá-los, podemos perceber melhor como a memória funciona.
-ordem de evocação: acesso à organização da informação (análise de clusters) e interferências acerca da força do traço de memória; informação guardada na memória é recordada primeiro.
Explica a evocação forçada…
As pessoas são forçadas a recordar uma determinada quantidade de informação (as pessoas recordam mais do que se fosse numa evocação livre). A informação menos bem guardada é recordada no fim.
Indicadores ou medidas obtidas:
-intrusões
Explica a evocação serial…
Recordação da informação pela ordem que foi aprendida ou apresentada. Melhor que a livre pois cada uma das recordações funciona como pista para a seguinte.
Indicadores ou medidas obtidas:
-precisão;
-intrusões
Explica a evocação guiada por pistas…
A informação é evocada em resposta a uma pista. As pessoas aprendem conjuntos de informações e, posteriormente, a informação é evocada em resposta a uma pista. As pessoas aprendem conjuntos de informações e, posteriormente, a informação é evocada em resposta a uma pista.
Por exemplo:
sapo-tosta, roupa-casaco…
sapo-?, roupa-?
A pista de recuperação ajuda a perceber e controlar o contexto de codificação (as pistas podem ser mais ou menos associadas ao alvo). Quando eu aprendo um par, a melhor pista para esse par será aquela que foi apresentada inicialmente (a informação foi apresentada em conjunto). A melhor pista para a recuperação é sempre a que foi dada na fase de codificação (relembrar princípio da codificação específica).
As pessoas desenvolvem um “plano de recuperação”, no qual elas próprias criam pistas que as guiam durante a recordação, para evitar que recordem novamente informação que já foi recordada.
Indicadores ou medidas obtidas:
-precisão;
-intrusões;
Sobre a curva de esquecimento (ou de retenção)…
Quanto mais tempo passar, menos as pessoas se vão lembrar da informação. A curva do gráfico mostra a quantidade de informação retida ao longo do tempo. Ao longo do tempo, a quantidade de informação esquecida aumenta, mas o ritmo do esquecimento diminui.
O que é a Jost’s Law?
Para memórias de força semelhante, memórias mais antigas são esquecidas mais lentamente que memórias mais recentes
O que é overlearning de Ebbinghaus?
As pessoas continuam a estudar informação que já conseguem recordar sem erros. Este treino contínuo diminui a curva de esquecimento.
O que é reminiscência (reminiscence)?
Recordar informação que já tinha sido esquecida (observa-se em testes de evocação livre, por exemplo)
Hypermnesia
Aumento da memória depois das pessoas tentarem recordar várias vezes seguidas a informação. Ocorre porque os pedaços de informação que foram recordados anteriormente podem servir como pistas para recordar a informação que tinha sido esquecida. Este efeito pode ser mais forte do que o efeito do esquecimento. Ocorre mais com fotos e com intervalos de tempos mais curtos.
Nas tarefas de reconhecimento…
A pessoa deve identificar uma informação antiga (o conteúdo que estamos a processar é comparado com o conteúdo guardado na memória)
O reconhecimento velho-novo (old-new) consiste em…
Identificar se um item e velho (foi estudado, está guardado na memória) ou novo (não guardado ou retido na memória)
Old item: correspondem aos alvos
New item: são os distratores
Diferencia hit, false alarm, miss, correct rejection
Hit: reconhecimento de velho estímulo (digo sim a um estímulo que já vi)
False alarm: reconhecimento de um estímulo novo (digo sim a um estímulo que nunca vi)
Miss: não reconheço um estímulo velho (digo não a um estímulo que já vi)
Correct rejection (digo não a um estímulo que nunca vi)
O que é a discriminação?
Capacidade de distinguir itens novos e velhos na memória
O que é o Bias?
Grau de disposição das pessoas para aceitar o que é relembrado como novo ou velho. Algumas pessoas só aceitam informação nova quando têm a certeza absoluta que nunca a viram antes, para evitar falsos alarmes (estado conservativo). Noutros casos, há pessoas mais dispostas a reconhecer toda a informação como velha, para evitar omissões (estado liberal).
Sobre o reconhecimento velho-novo…
O reconhecimento da escolha forçada ocorre quando são apresentados vários itens a uma pessoa em que ela tem que indicar qual é que é o velho.
O pior dos erros é o false alarm: é melhor um criminoso à solta do que um inocente preso.
No reconhecimento, ponderar hits e false alarms é muito importante. Alguém com 90% de hits e 10% de false alarms, tem boa memória. Alguém com 80% de hits e 80% de false alarms tem péssima memória (não é capaz de distinguir entre alvos e distratores)
O que é a cronometria mental?
Tempo necessário para realizar algumas operações mentais. As operações mais complexas demoram mais tempo.
Tempo de respostas…
As diferenças de tempos de resposta são informativas acerca da natureza dos processos envolvidos.
TRSimples=[1E-1R]
TRComplexos=[2E-1R]
Todos os humanos respondem mais rápido aos estímulos auditivos. Demora menos tempo um estímulo auditivo a chegar ao córtex auditivo do que um estímulo visual a chegar ao córtex visual. Se for acrescentando complexidade às tarefas, o tempo de resposta é mais longo. Se diminuir a complexidade das tarefas, o tempo de resposta é mais curto.
O que é o método subtrativo de Donders?
Existem 2 tarefas simples (A e B) numa primeira fase. Numa segunda fase, acrescentam a tarefa de interesse e ficamos com as 3 tarefas (A,X,B). Para calcular o tempo que precisas para X, fazes:
X=(A+X+B)-(A+B)
Quando não há uma decisão a realizar, o tempo de resposta é mais reduzido.
O que é o método aditivo de Sternberg?
Na primeira fase começa-se já com a tarefa de interesse e mais duas simples (A,X,B); na segunda fase, acrescentam mais uma tarefa, que torna o processo mais complexo (X’) e ficas com 4 tarefas (A, X, X’, B). Para calcular o X que te interessa fazes X=(A+X+X’+B)-(A+X+B)
O que é eye tracking?
Informa ao investigador o que as pessoas estão a ver e por quanto tempo. O tempo gasto a olha para algo chama-se fixação e pode indicar se isso já está armazenado na memória (se conhecemos algo passamos menos tempo a observá-lo).
O que é a análise de clusters?
Informação que é armazenada em conjunto deve ser recuperada em conjunto. A forma como alguém agrupa a sua memória dá-nos a perceber como funciona a sua organização, que conceitos estão “próximos” uns dos outros. Pode ser um indicador do tipo de processos que utilizamos para organizar a informação e para a recuperação, por exemplo.
Intervalos de retenção inter-itens: pausas mais longas indicam uma mudança de cluster para o seguinte.