Leucemias Agudas Flashcards

1
Q

Do que a infiltração na medula é acompanhada na LMA?

A

É frequentemente acompanhada de neutropenia, anemia e plaquetopenia.

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2
Q

O que é a leucemia mieloide aguda (LMA)?

A

É uma doença clonal do tecido hematopoiético caracterizada pela proliferação anormal de células progenitoras da linhagem mieloide, ocasionando a produção insuficiente de células sanguíneas maduras normais.

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3
Q

Qual a fisiopatologia da leucemia mieloide aguda?

A
  • proliferação rápida de um clone que também perde sua capacidade de diferenciação
  • acúmulo de células de aspecto citológico imaturo ou blastos no sangue periférico e na medula óssea
  • a proliferação exagerada do clone dentro da medula óssea leva a uma inibição da hematopoese normal
  • isso resulta em anemia, plaquetopenia, neutropenia e os sintomas associados como: cansaço, fraqueza, sindrome purpúrica e febre
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4
Q

Qual é o quadro clínico da leucemia?

A
  • a falência medular é caracterizada por cansaço, fraqueza, palidez cutânea e de mucosas, decorrentes da anemia
  • quadro purpúrico caracterizado por petequias, sangramento gengival e metrorragias, equimoses cutâneas secundárias a plaquetopenia
  • processos infecciosos secundários a neutropenia
  • infiltração de órgãos e tecidos pelo clone leucêmico, como discreta hepatoesplenomegalia, infiltração de gengivas com consequente hipertrofia gengival e, mais raramente, infiltração cutânea
  • massa tumoral formada por mieloblastos acometendo a medula espinhal e órbita (mais raro)
  • leucostase (sindrome caracterizada por isquemia de múltiplos órgãos e por disfunção respiratória e do SNC. Associada à número elevado de blastos circulantes (acima de 100.000/mm3)
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5
Q

Como é feita a investigação diagnóstica na leucemia mieloide aguda?

A

Estudo do hemograma e mielograma.
Hemograma:
- anemia, plaquetopenia e, habitualmente, leucocitose a custa de blastos, ou número normal ou diminuído de leucócitos normais com presença de blastos

Mielograma:
- medula inteiramente substituída por blastos. Os blastos tem uma relação núcleo-citoplasma mais baixa, com cromatina frouxa, presença de vários nucleolos e citoplasma granular, com presença de bastonete de Auer.

*deve ser feita a imunofenotipagem dos blastos para demonstrar sua origem mieloide, já que isso define o diagnóstico e o tratamento a ser feito.

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6
Q

Quais são os fatores prognósticos da leucemia mieloide aguda?

A
  • Idade: paciente com mais de 60 anos tem pior prognóstico do que pacientes jovens
  • Quadro de mielodisplasia previa ao diagnóstico ou tratamento quimioterápico anterior, especialmente com drogas anquilantes, tem pior prognóstico.
  • presença de mutações no receptor de tirosina-quinase FLY3 confere pior prognóstico
  • resposta à terapia de indução de reemissão: os pacientes que entram em missão completa tem sobrevida francamente melhor do que os que não entram
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7
Q

Quais os cariótipos de melhor e pior prognóstico?

A

Pacientes com menos de 60 anos de idade:

  • portadores de t(8;12), t(15;17) e inv(16) ou t(16;16) tem prognóstico favorável
  • os portadores de anomalias cromossômicas complexas -7, anormalidades do (3q), del(5q) e -5, t(6;9), t(6;11), t(11;19) tem prognóstico adverso ou desfavorável.
  • o resto das anormalidades, incluindo cariótipo normal tem prognóstico intermediário.

Nos maiores de 60 anos

  • anomalias cromossômicas complexas com 3 ou mais alterações, tem pior prognóstico
  • anomalias não-complexas com menos de 3 alterações tem melhor prognóstico
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8
Q

Qual é o tratamento suporte para a LMA?

A
  • verificar se existe acesso venoso adequado. Usualmente os pacientes requerem o uso de cateteres de longa permanência para garantir que a terapia seja adequadamente administrada, nos horários certos, com velocidade necessária, sendo bastante recomendável o uso de bombas de infusão.
  • se o paciente for neutropênico febril, antes de começar a quimioterapia é necessário iniciar antibióticos de amplo espectro
  • para preservar a função renal o paciente deve ser hidratado de forma endovenosa com 3.000ml de soro em 24hrs e usar alopurinol 600mg/dia VO.
  • para evitar náuseas e vômitos usar ondansetrom na dose de 8mg antes da quimioterapia e a cada 12hrs após o término desta.
  • fazer uso de concentrados de plaquetas de forma profilática se o nível destas cair abaixo de 10.000 no sangue periférico.
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9
Q

Qual é a terapia de indução de remissão completa para LMA?

A

O objetivo principal é diminuir a massa tumoral e restituir a hematopoese normal.
A terapia padrão para todos os tipos de LMA, exceto a LMA M3 consiste no uso da daunorrubicina (45 a 60mg/dia durante 3 dias, EV, 60min) e citarabina (100mg a 200 mg/dia EV, de forma contínua durante 7 dias).
Este ciclo pode ser repetido 14 a 28 dias após o início, se não for obstina uma remissao completa caracterizada pela ausência de blastos, número normal de neutrófilos e plaquetas acima de 100.000/mm3 no sangue periférico e presença de menos de 5% de blastos na medula óssea.

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10
Q

Qual a terapia de indução de remissão para a LMA M3?

A

Adição de ácido all-transretinoico (ATRA) ao tratamento quimioterápico é mandatória, ja que melhora a porcentagem de remissao completa e diminui as complicações hemorrágicas.

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11
Q

Qual a terapia pós remissão para LMA?

A

O objetivo dessa terapia é, após a remissão completa, evitar a recidiva da doença.

  • para os portadores de anomalias cariotípicas de bom prognóstico, 3 ou mais ciclos mensais de quimioterapia com citarabina em doses elevadas (3g/m2 a cada 12 hrs nos dias 1,3 e 5 do ciclo) é o tratamento preconizado.
  • para os portadores de anomalias cariotípicas de prognóstico intermediário ou adverso, o tratamento de escolha nos menores de 60 anos de idade é um transplante alogênico com doador HLA-compatível na família ou, como segunda opção, um doador HLA-compatível não relacionado.
  • nos maiores de 60 anos de idade, a melhor opção, independente do cariótipo, é usar citarabina em doses intermediárias por mais de um ciclo conforme a tolerância.
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12
Q

Qual a grande causa de óbito precoce nas LMA e qual a prevenção?

A

São episódios de neutropenia febril tratados inadequadamente. Por esse motivo o uso de antibióticos de amplo espectro e a trazia de suporte adequada devem ser iniciados o mais cedo possível.

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13
Q

O que é a leucemia linfoide aguda (LLA)?

A

Se caracteriza pela proliferação clonal e pelo acúmulo na medula óssea e no sangue periférico de células imaturas denominadas linfoblastos. Essas células proliferam e ocupam a medula óssea inibindo o crescimento e a maturação normal dos precursores hematopoieticos da série vermelha, granulocítica e megacariocítica.

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14
Q

Qual a epidemiologia da LLA?

A

Neoplasia mais frequente em crianças. Acomete principalmente crianças entre 2 e 10 anos de idade. No adulto a incidência é menor, aumento após os 40 anos. É mais comum no sexo masculino. Se não tratada evolui para óbito rapidamente.

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15
Q

Qual a etiopatogenia da LLA?

A
  • contato com agente químicos (benzeno, agrotóxicos, tintas, solventes)
  • exposição a radiações ionizantes ou tratamento com quimioterapia por neoplasias prévias.
  • vírus (EBV, HIV, HTLV1) podem estar presente na etiologia
  • alterações cromossômicas como: Down, oferecem 20x mais risco de o indivíduo desenvolver leucemia do que outras crianças.
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16
Q

Qual com o que estão relacionados os sintomas da LLA?

A

Estão relacionados com o grau de infiltração da medula óssea e a diminuição da produção dos precursores normais das séries eritrocítica, granulocítica e megacariocítica, assim como da intensidade com que as células anômalas infiltram outros órgãos.

17
Q

Como é o quadro clínico na LLA?

A

Se caracteriza por palidez cutâneo-mucosa, fadiga, cansaço, palpitações, dispneia relacionadas com o grau de anemia, febre e quadros infecciosos (do trato urinário e respiratório) devido à diminuição do número absoluto de neutrófilos; aparecimento de petéquias, equimoses espontâneas, gengivorragia e epistaxe por causa da diminuição do número de plaquetas.

18
Q

Quais são os achados no exame físico dos pacientes com LLA?

A

Os pacientes podem apresentar adenomegalias, hepatomegalia e esplenomegalia. Infiltração do sistema nervoso central (SNC) pode ser observada ao diagnóstico ou em razão da iatrogenia após acidente de punção liquórica em pacientes com leucocitoses acentuadas ao diagnóstico. Nesse caso os pacientes podem apresentar cefaleia, parestesias ou paralisias dos pares cranianos (VII, III, VI) e sintomas de hipertensão craniana. Também pode ser vista infiltração testicular. A infiltração desses 2 sítios confere pior prognóstico, uma vez que a quimioterapia não os atinge adequadamente.

19
Q

Quais sintomas podem apresentar os pacientes com LLA-T?

A

Podem apresentar sintomas relacionados à massa mediastinal volumosa, como tosse seca, dispneia e sintomas de compressão de veia cava superior.
Sintomas de leucostase: tonturas, visão turva, zumbidos no ouvido, cefaleia, podem ser relatados, se houver leucocitose > 100.000.
A infiltração maciça na medula óssea pode provocar dores ósseas intensas espontâneas e à compressão do esterno (sinal de Kraver).

20
Q

Qual sintoma é frequente em crianças?

A

É frequente a presença de dores articulares com sinais flogísticos (artrite), podendo erroneamente ser diagnosticado como portador de febre reumática, devido a infiltração óssea das epífises, próximo a cartilagem de crescimento.

21
Q

Como é realizado o diagnóstico de LLA?

A

É realizado na medula óssea seguindo critérios morfológicos, citoquímicos, imunofenotípicos, citogenéticos e moleculares, os 2 últimos para caracterizar os fatores de prognóstico.

22
Q

Como é a classificação citológica e citoquímicos FAB para o diagnóstico de LLA?

A

É necessário o encontro de mais de 30% de blastos na medula óssea, caracterizados pela ausência de grânulos no citoplasma das células e 3% desses blastos positivos na reação de peroxidase e/ou Sudam Black (SBB).

23
Q

Como é a subdivisão da FAB na classificação dos blastos linfoides do ponto de vista morfológico?

A
  • LLA tipo L1: blastos pequenos, homogêneos, alta relação núcleo-citoplasmática, citoplasma escasso, nucléolo pouco evidente
  • LLA tipo L2: blastos de tamanho variável, relação núcleo citoplasmática menor, citoplasma basofílico sem grânulos, núcleo com membrana nuclear irregular, cromatina frouxa com nucléolo proeminente.
  • LLA tipo L3: blastos de grande porte com citoplasma intensamente basofílico e com vacúolos.
24
Q

Quais os exames laboratoriais para o diagnóstico da LLA?

A
  • Hemograma completo em que geralmente se observa anemia normocítica normocrômica, mais frequentemente leucocitose, com presença de blastos circulantes, neutropenia e plaquetopenia
  • Mielograma: geralmente hipercelular em relação aos blastos (maior ou igual a 30%) com hipocelularidade em maior ou menos grau que as outras séries.
  • Imunofenotipagem dos blastos da medula óssea e/ou do sangue periférico
  • Liquor cefalorraquidiano (presença de linfoblastos no SNC)
25
Q

Quais são os fatores de risco para a recidiva em SNC?

A

Em crianças: imunofenótipo T, leucocitose > 100.000/mm3, t(9;22), t(4,11), blastos no LCR (iatrogenia), resistência ao metotrexato.
Em adultos: imunofenótipo T ou B maduro, leucocitose e presença de massa mediastinal.

26
Q

Como se dá o tratamento da LLA?

A

O objetivo é a erradicação do clone leucêmico e o restabelecimento da hematopoese normal. A quimioterapia deve ser precedida de hidratação adequada (3L/24hrs), de preferência por catéter central, para evitar síndrome de lia-se tumoral, e consistir de administração de alopurinol, para prevenir produção excessiva de ácido úrico.
Alcalinizar a urina, se necessário (leucocitose)
Tratar infecções bacterianas, fúngicas e eventualmente virais com antibióticos de amplo espectro. Usa-se anfotericina B ou lipossomal para as infecções fúngicas e eventualmente aciclovir para virais.
Terapia de suporte com hemoderivados pode ser realizada para manter níveis de hemoglobina com os quais o paciente se sinta confortável e número de plaquetas.

27
Q

Quais são as contra indicações relativas para o tratamento quimioterápico?

A

Cuidado com a administração de quimioterápicos em pacientes com insuficiência renal, cardíaca ou hepática.

28
Q

Como é a terapia antileucêmica? (5 etapas)

A
  • indução da remissão: dura 28 dias, é feita com 3 ou 4 drogas, como vincristina (VCR), antracíclicos, geralmente daunorrubicina (DRM), asperginase (L-ASP) e prednisona (PRD).
  • consolidação: realizada com altas doses de metotrexato (MTX) ou citarabina (ARA-C). Mais recentemente utilizam-se altas doses de MTX associado a L-asparginase peguilada.
  • manutenção: dura, em geral, 2 a 3 anos, faz- se com MTX e 6-mercaptopurina (6-MP). Não se deve associar alopurinol a 6-MP por potencializar mielossupressão.
  • profilaxia da infiltração do SNC: frequentemente os pacientes apresentam recidiva no SNC. A profilaxia é feita com MTX e ou ARA-C associada a dexametasona. Alguns protocolos incluem radioterapia de crânio, principalmente em crianças.
29
Q

Quando é indicado o transplante de medula óssea (TMO)?

A

O TMO alogênico, com doador compatível é indicado nos pacientes com fatores prognósticos adversos é alto risco para recidiva.

30
Q

Para avaliar um paciente com leucemia linfoide aguda quais os 3 passos fundamentais para instituir o melhor tratamento possível?

A
  • realizar o diagnóstico citológico e citoquímico (classificação FAB)
  • realizar diagnóstico imunofenotípico por citometria de fluxo (classificação EGIL)
  • considerar os fatores prognósticos: clínicos, laboratoriais e citogenéticos
31
Q

O que vai ser encontrado na história e no exame físico do paciente com LLA?

A

Na história: palidez cutâneo-mucosa, febre e manifestações hemorrágicas.
No exame físico: presença de linfonodos, hepato-esplenomegalia e sinais de infiltração do SNC. Observar no homem infiltração testicular.
Observar se há sinais de hiperviscosidade (cefaleias, zumbidos, torpor) para realizar leucoférese previa à quimio.