Jurisprudência Flashcards
Porque é invalida a criação de lei estadual que cria cadastro de pessoas que usam droga?
Lei estadual que cria cadastro de usuários e dependentes de drogas, com informações concernentes ao registro de ocorrência policial, inclusive sobre reincidência, é materialmente e formalmente inconstitucional, vez que:
- Invade a competência privativa da União de legislar sobre matéria penal e processual penal (artigo 22, I, da CF/88),
- A seletividade social do cadastro é incompatível com o Estado de Direito e os direitos fundamentais que a Constituição de 1988 protege, especialmente, a igualdade (CRFB, art. 5º, caput ), a dignidade da pessoa humana (CRFB, art. 1º, III), o direito à intimidade e à vida privada (CRFB, art. 5º, X) e o devido processo legal (CRFB, art. 5º, LIV).
- viola o sistema constitucional especial de proteção de dados.
STF. Plenário. ADI 6.561/TO, Rel. Min Edson Fachin, julgado em 04/09/2023
Quais são os parâmetros norteadores das decisões judiciais a respeito de políticas públicas voltadas à realização de direitos fundamentais? (3 parâmetros)
1 - intervenção do Poder Judiciário em caso de ausência ou deficiência grave do serviço (o que não configura violação o princípio da sepação dos poderes);
2 - como regra, em lugar de determinar medidas pontuais, deve apontar as finalidades a serem alcançadas, requisitando a apresentação de plano e/ou meios adequados para alcançar o resultado;
3 - no caso de déficit de profissionais, pode ser suprido por concurso público, remanejamento, ou contratação de OS ou OSCIP (Org da sociedade civil de interesse público).
STF. Plenário. RE 684.612/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, redator Min. Roberto Barroso, julgado em 01/07/2023 (repercussão geral - tema 698) (info1101)
VERDADEIRO OU FALSO.
Comissão do concurso pode excluir o candidato em razão do “seu não enquadramento no fenótipo negro”, desde que essa decisão seja possível de recurso.
Verdadeiro.
O STJ já ratificou a constitucionalidade dos editais em concursos públicos que preconizam vagas para negros e pardos, mas, da decisão da comissão que analisa as autoidentificações, fazendo a heteroidentificação, deve caber recurso. Não pode ser irrecorrível, ainda que isso esteja previsto no edital. Há a exigência do franqueamento do contraditório e da ampla defesa.
RMS 62.040, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade (julgado em 17/12/2019)
VERDADEIRO ou FALSO
A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário Municipal, por se tratar de cargo público de natureza política, por si só, não caracteriza ato de improbidade administrativa.
VERDADEIRO.
O nepotismo é vedado pela Súmula Vinculante (STF) nº 13. Contudo, não se aplica para cargos públicos de natureza política, como Secretário Municipal. Por existir uma fidúcia, é possível nomear parentes.
EXCEÇÃO (da exceção)
Caracteriza nepotimos se ficar demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade ou manifesta ausência de qualificação técnica ou idenoneidade moral do nomeado.
STF. 1ª Turma. Rcl (reclamação) 28024 AgR (Agravo Regimental), Rel. Min Roberto Barroso, julgado em 29/05/2018.
VERDADEIRO ou FALSO
Em situações expecionais, é possível, para efeito de estabilidade, a contagem do tempo de serviço prestado por força de decisão liminar.
Verdadeiro, mas é uma exceção à regra do julgamento do Recurso Extraordinário 608482/RN, que estabelece que “não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a manutenção no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que tomou posse em decorrência de execução provisória de medida liminar ou de outro provimento judicial de natureza precária, supervenientemente revogado ou modificado.
VERDADEIRO ou FALSO
Nos casos de preterição de candidato na nomeação em concurso público, o termo inicial do prazo prescricional quinquenal recai na data em que foi nomeado outro servidor no lugar do aprovado no certame.
VERDADEIRO.
STJ - 2ª Turma. AgInt do REsp 1.643.048/GO - Rel.Min. Assusete Magalhães, julgado em 05/03/2020
VERDADEIRO ou FALSO
Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada.
VERDADEIRO.
A teoria do risco administrativo, adotada pela CF no artigo 37, admite excludentes de responsabilidade, hipóteses nas quais o Estado não responderá pelo resultado. Em regra, no caso de presos foragidos que cometem crime, não caracteriza responsabilidade objetiva do Estado, a não ser que haja nexo causal entre o momento da fuga e o crime praticado. Deve haver comprovação de nexo Direto.
STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, relator p/Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020 (Repercussão Geral - Tema 362) Info 993
VERDADEIRO ou FALSO
Não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertence.
FALSO
Não viola o instituto da confusão (artigo 381 do Código Civil)
É constitucional o recebimento de honorários sucumbenciais pela Defensoria quando estas representarem o litigante vencedor em demanda ajuizada contra qualquer ente público, ainda que contra o ente federativo que integram.
As reformas EC 45/2004, 74/2013 e 80/2014 - garantiram autonomia funcional à Defensoria Pública. Não subordinadas ao Poder Executivo.
Contudo, não é permitido o rateio do valor entre os defensores.
Teses fixadas:
1 - É devido o pagamento de honorários sucumbenciais à Defensoria Pública, quando representa parte vencedora em demanda ajuizada contra qualquer ente público, inclusive aquele que integra;
2 - O valor recebido a título de honorários sucumbenciais deve ser destinado, exclusivamente, ao aparelhamento das Defensorias Públicas, vedado o seu rateio entre os membros da instituição.
STF. Plenário. RE 1.140.005/RJ. Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 26/06/2023 (Repercussão Geral) Tema1002 Info1100
VERDADEIRO ou FALSO
O Poder Judiciário não pode determinar a lotação de Defensor Público em desacordo com os critérios previamente definidos pela própria instituição, desde que cumpridos os parâmetros do artigo 98, caput e § 2º, do ADCT.
Verdadeiro.
É inconstitucional — por violar a autonomia administrativa da Defensoria Pública — a imposição, por via judicial, de lotação de defensor público em divergência com os critérios prefixados pela própria instituição, quando estes já considerem a proporcionalidade da efetiva demanda de seus serviços e a respectiva população na unidade jurisdicional, com prioridade de atendimento às regiões com maiores índices de exclusão social e adensamento populacional.
Tese fixada pelo STF:
Ofende a autonomia administrativa das Defensorias Públicas decisão judicial que determine a
lotação de defensor público em localidade desamparada, em desacordo com os critérios previamente definidos pela própria instituição, desde que observados os critérios do art. 98, caput e § 2o, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT.
*(Art. 98. O número de defensores públicos na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda pelo serviço da Defensoria Pública e à respectiva população.
§1º No prazo de 8 (oito) anos
§ 2º Durante o decurso do prazo previsto no § 1º deste artigo, a lotação dos defensores públicos ocorrerá, prioritariamente, atendendo as regiões com maiores índices de exclusão social e adensamento populacional.)
*
STF. Plenário. RE 887671/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 08/03/2023 (Repercussão Geral – Tema 847) (Info 1086).
VERDADEIRO ou FALSO
É ilegítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias, por vioalação à privacidade.
FALSO.
A publicação é legítima.
ARE 652777/SP. Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/04/215 (repercusão geral) (Informativo 782)
VERDADEIRO ou FALSO
É inconstitucional lei estadual que obriga prévia notificação do consumidor para que a concessionária possa fazer a vistoria técnica no medidor de energia.
VERDADEIRO
É inconstitucional, por violar a competência exclusiva da União para explorar os serviços e instalações de energia elétrica e para legislar sobre energia, lei estadual que obra as empresas a expedirem notificação com aviso de recebimento para a realização de vistoria técnica no medidor de usuário residencial.
Artigos 21, XVII, “b”;22, IV; e 175, parágrafo único, CF/88.
STF. Plenário. ADI 3703/RJ, Rel. Min Edson Fachin, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 06/03/2023 (Info1085)
VERDADEIRO ou FALSO
É obrigatória a comprovação de envio da notificação da autuação e da imposição da penalidade de trânsito, acompanhadas de aviso de recebimento.
FALSO.
A notificação da autuação e a imposição da penalidade devem ser enviadas, mas não se exige aviso de recebimento.
VERDADEIRO ou FALSO
É válida a criação de lei estadual que cria cadastro de pessoas que usam droga.
FALSO.
É inconstitucional lei estadual que cria cadastro de usuários e dependentes de drogas, com informações concernentes ao registro de ocorrência policial, inclusive sobre reincidência.
Essa lei invade a competência privativa da União para legislar sobre matéria penal e processual penal (artigo 22, I, da CF/88), bem como viola o estado de direito, os direitos fundamentais e o sistema constitucional especial de proteção de dados.
STF. Plenário. ADI 6.561/TO, Rel. Min Edson Fachin, julgado em 04/09/2023
VERDADEIRO ou FALSO
É válida a norma estadual que confere à Defensoria Pública possibilidade de requisitar instauração de inquéritos policiais.
FALSO.
o STF já decidiu que é constitucional lei complementar estadual que confere à Defensoria Pública a prerrogativa de requisitar, de quaisquer autoridades públicas e de seus agentes, certidões, exames, perícias, vistorias, diligências, processos, documentos, informações, esclarecimentos e demais providências necessárias.
Entretanto, é inconstitucional norma estadual que confere à DPE o poder de requisitar instauração de inquérito.
O Poder de requisitar inquérito está intrinsecamente ligado à persecução penal, o que exiege uma disciplina uniforme em todo o território nacional.
Artigo 5º do Código de Processo Penal - de ofício, requisição da autoridade judiciária ou do MP, ou a requerimento do ofendido ou representante deste.
Logo, viola o art. 22, I, da CF/88, a norma estadual que, indo de encontro à disciplina processual editada pela União, amplia o poder de requisição para instauração de inquérito policial para
conferir tal atribuição à Defensoria Pública.
STF. Plenário. ADI 4346/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, redator do acórdão Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 13/03/2023 (Info 1086).
VERDADEIRO ou FALSO
É constitucional lei estadual que condiciona a habilitação e permanência de entidades desportivas em campeonatos à apresentação de regularidade fiscal e trabalhista, sob pena de rebaixamento.
FALSO.
A lei configura SANÇÃO POLÍTICA, caracterizada por meio indireto e coercitivo de cobrança de tributos e outras obrigações. É inconstitucional. A previsão de rebaixamento de divisão fere o princípio da proporcionalidade e da razoabilidade.
INFORMATIVO 964 - ADI 5450/DF, Plenário, Min. Alexandre de Moraes, j. 18/12/19
VERDADEIRO ou FALSO.
O contribuinte que, de forma contumaz e com dolo de apropriação, deixa de recolher o ICMS cobra do adquirente da mercadoria ou serviço incide no tipo penal do artigo 2º, II, da Lei 8.137/1990.
VERDADEIRO.
O STJ considerou, por um tempo, que o mero inadimplemento do imposto retido pelo contribuinte configurava apropriação, com efeitos criminais. Contudo, o STF firmou entendimento de que deve haver DOLO (ânimo de apropriação) e RECORRÊNCIA (repetição da conduta).
Informativo 964. RHC 16334/SC, Min Roberto Barroso, j. 18/12/19
- Recurso Ordinário no Habeas Corpus
Segundo a jurisprudência do STF, para caracterização de crime contra a ordem tributária na prática da apropriação e inadimplemento do ICMS retido pelo contribuinte, quais circunstâncias geralmente são verificadas (6)?
São circunstâncias objetivas e factuais como:
- o inadimplemento prolongado sem tentativa de regularização,
- a venda de produtos abaixo do preço de custo,
- a criação de obstáculos à fiscalização,
- a utilização de laranjas no quadro societário,
- o encerramento irregular das atividades empresárias,
- débitos inscritos em dívida ativa em valor superior ao capital social integralizado
Informativo 964. RHC 16334/SC, Min Roberto Barroso, j. 18/12/19
VERDADEIRO ou FALSO.
Por envolver relação jurídico - administrativa, compete à Justiça do Trabalho examinar ação movida por servidor público contra a Administração Pública, ainda que admitido mediante concurso, sob o regime da CLT.
FALSO.
Competirá à Justiça comum examinar ação de servidor público que não se amolda ao regime estatutário (celetista).
Informativo 964. CC (conflito de competência) 8018/PI, Plenário, Min. Alexandre de Moraes, j. 19/12/19
VERDADEIRO ou FALSO
Por estar inserido no rol da competência concorrente para legislar sobre a organização das polícias civis (CF/88, art 24, XVI), não invade a competência da União (legislar sobre processo penal) a lei estadual que redenomina o cargo de “datiloscopista policial” para “perito papiloscopista”.
VERDADEIRO.
A Lei 12.030/2009, que estabeleceu normas gerais para as perícias oficiais de natureza criminal, não foi exaustiva ao especificar quem são os peritos (criminais, médico-legista e odontolegistas) e não vedou que se lhes equiparassem os cargos de datiloscopista ou papiloscopista.
VERDADEIRO ou FALSO
São Ilícitas as provas colhidas em inquérito policial conduzido por autoridade policial incompetente (federal X estadual).
FALSO.
O princípio do juiz natural previsto no art. 5º, LIII, da CF/1988 (“ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”) não se estende às autoridades policiais, porquanto não investidas de competência para julgar.
HC 169348/RS, 1ª Turma, Min. Marco Aurélio, j. 17/12/19
VERDADEIRO ou FALSO
A realização de acordo de transação penal NÃO enseja a perda de objeto de habeas corpus anteriormente impetrado (inépcia da denúncia e a ausência de justa causa para a ação penal).
VERDADEIRO.
O acusado impetrou HC para trancar o processo, após firmou acordo de transação penal. Esse acordo não gera extinção anômala (por perda de objeto) do HC.
HC 176785/DF, 2ª Turma, Min. Gilmar Mendes, j. 17/12/19