Imunodeficiência secundária Flashcards
Definição imunodeficiência secundária
comprometimento transitório ou persistente da função das células ou dos tecidos do sistema imunológico, por conta de fatores extrínsecos a ele. A melhora da condição primária costuma melhorar ou reverter o problema imunológico;
Consequências imunodeficiências secundárias
Alteração na barreira epidérmica e de mucosa.
Alteração na fagocitose e na citotoxicidade.
Perda de anticorpos, ou diminuição da produção.
Alteração dos linfócitos T helpers.
Como abordar imunodeficiências secundárias
Manejo: melhora da condição primária e remoção do infrator ou do fator ambiental.
Medidas gerais: redução da exposição a infecções, profilaxia com antibiótico, reposição de imunoglobulinas e imunização.
Doenças infecciosas
Principais doenças: HIV, sarampo, micobactérias, COVID-19 e esquistossomose.
- HIV: sem tratamento adequado, pode levar à AIDS, caracterizada por linfopenia (redução de LT CD4) e aumento da suscetibilidade e infecções oportunistas, pela falta de qualidade na produção de anticorpos, com consequente imunodeficiência.
Repercussões na imunidade, que levam à imunossupressão: apoptose induzida, efeito citopático vital, apoptose causada por ativação imune específica e citotoxicidade para células infectadas pelo HIV.
Infecções oportunistas frequentes: candidíase disseminada, citomegalovírus, pneumonia por P. jirovecii, disseminação de fungos (na criptococose ou na hipoplasmose, por exemplo), herpes simples, entre outras.
- Sarampo: leva à imunossupressão persistente por meses ou anos após a infecção inicial. Repercussões na imunidade, que levam à imunossupressão: linfopenia de células B e T; diminuição de células B e T de memória; inibição da proliferação de linfócitos; tendência à resposta induzida por Th2 (alergia).
- COVID-19: em casos graves, pode haver exaustão das células T reguladoras e tempestade de citocinas inflamatórias, com consequente inflamação maciça nos pulmões, destruição deles, hipóxia e miocardite. Pode haver infecções bacterianas secundárias também. A imunodeficiência secundária pode, ou não, ser transitória.
Repercussões na imunidade, que levam à imunossupressão: redução do número e da função de células NK (comprometendo a resposta imunológica para vírus); linfopenia de LT CD4 e LT CD8; sinalização de IFN-alfa prejudicada.
Desnutrição
Epidemiologia: é a causa mais comum de imunodeficiência no mundo, por conta do acesso limitado a fontes de alimentos ou de doenças crônicas, como neoplasias. Sem substrato, o sujeito não monta novas proteínas de forma eficaz, o que inclui as imunoglobulinas.
- Repercussões na imunidade, que levam à imunossupressão:Atrofia do timo, apoptose de timócitos, redução de IgA secretora e celulari-
dade diminuída em baço e linfonodos, mais comuns em crianças, o que compromete a maturação de linfócitos T.
Diminuição dos níveis de sistema complemento.
Prejuízo da quimiotaxia e da função dos neutrófilos.
Prejuízo da citotoxicidade de células NK e da maturação de células dendríticas.
Redução de células T efetoras de memória e dos linfócitos B circulantes.
Deficiência de micronutrientes, como zinco, selênio, vitamina A, vitamina C, vitamina D e vitamina E, o que prejudica o bom funcionamento do sistema imune, mas é raro.
Diabetes Melittus
Repercussões na imunidade, que levam à imunossupressão: disfunção de neutrófilos; redução de C4 (prejudicando o sistema complemento, importante para a defesa contra infecções bacterianas) e redução da resposta proliferativa linfocitária.
- Infecções mais comuns: pele, tecidos moles, trato respiratório, trato urinário, sepse e osteomielite.
- Consequências:
Disfunção imunológica aumenta a suscetibilidade a infecções e faz com que os pacientes morram mais, em decorrência delas.
Neuropatia diabética e má circulação, especialmente na doença vascular periférica, aumentam o risco de infecções. A migração de leucócitos pode não ser adequada em tecidos desnervados.
Extremos de idade
Neonatos e prematuridade: quase todos os parâmetros imunológicos são mais baixos ao nascimento do que na vida adulta, sendo que, quanto mais prematura for a criança, menos imunocompetente ela é.
Repercussões na imunidade, que levam à imunossupressão: predomínio do fenótipo Th2, causando alergias; resposta reduzida ao receptor TLR das células mononucleares, reduzindo a produção de citocinas pró-inflamatórias. Menor citotoxicidade das células NK; diminuição dos componentes da cascata do sistema complemento (C1q, C3, C4, properdina e fator B); ativação ineficiente e falha das células T citotóxicas efetoras; linfócitos B abundantes ao nascimento, mas ainda do tipo NAIVE a apenas com IgM na superfície.
Transferência materna de IgG: só ocorre a partir das 32 semanas de IG, então a criança prematura pode nascer sem este anticorpo;
Imunossenecência
as alterações imunológicas da velhice ocorrem a partir dos 60
anos.
Repercussões na imunidade, que levam à imunossupressão: diminuição da função dos TLR; células B de memória, plasmócitos e anticorpos específicos diminuem com a idade; prejuízo da função das células NK; involução tímica reduz os linfócitos T NAIVE e os linfócitos T de memória.
Síndromes genéticas e metabólicas:
Síndrome de Down: aumento de infecções, autoimunidade, doenças auto inflamatórias e malignidades hematológicas, por conta da desregulação da expressão de genes localizados no cromossomo 21, normalmente relacionados ao INF.
Repercussões na imunidade, que levam à imunossupressão: redução tímica e involução tímica prematura; hipogamaglobulinemia; diminuição das células B virgens e de memória, por apoptose, o que pode estar relacionado à enteropatia perdedora de proteínas.
Doença infecciosa mais frequente: otite média.
- Síndrome de Turner
- Fibrose cística
- Erros inatos do metabolismo.
Medicamentos imunodeficiencia secundária
Causas: medicamentos usados para tratar doenças inflamatórias, distúrbios autoimunes, doenças alérgicas, malignidades, rejeição de transplantes e doença do enxerto contra o hospedeiro.
- Glicocorticoides: são fatores de transcrição que alteram a expressão de vários genes, o que resulta em um efeito anti-inflamatório não seletivo, com repercussão sobre a função celular. Quando usados em doses maiores do que o necessário, podem levar à imunossupressão, com consequente suscetibilidade a infecções virais,bacterianas e fúngicas.
Repercussões na imunidade, que levam à imunossupressão: diminuição de resposta, anergia celular, citocinas pró-inflamatórias, fagocitose e quimiotaxia.
- Imunobiológicos: são mais direcionados, mas também podem causar imunodeficiência secundária (o metotrexato causa citopenia e diminui a proliferação das células T e B e dos anticorpos, por exemplo).
Doenças neoplásicas
Patogenia: tratamento com quimioterapia, agentes biológicos e radioterapia destrói as células do sistema imunológico e causa imunodeficiência secundária. Doenças em que isto é mais comum:
Leucemia linfocítica crônica (LLC) – costuma cursar com hipogamaglobulinemia, de modo que a suplementação de IgG pode ser indicada.
Mieloma múltiplo – há deficiência na imunidade humoral, por conta da produção deficiente de plasmócitos (linfócitos B que produzem anticorpos).
Linfoma não Hodgkin;
Timoma com imunodeficiência (síndrome de Good).
Cirurgia e trauma da imunodeficiencia secundária
Principais causas de imunossupressão: traumas graves e extensos; queimaduras; cirurgias; sepse pós-operatória.
- Patogenia: rompimento das barreiras epiteliais libera DAMPs, o que aumenta as citocinas inflamatórias e a resposta inflamatória sistêmica não infecciosa (SIRS), com consequente prejuízo da imunidade inata.
- Mecanismos compensatórios: são ativados para evitar danos causados por reações inflamatórias avassaladoras. Podem ser pró ou anto-inflamatórios, com consequentes imunossupressão e anergia.
- Repercussão imunológica da remoção cirúrgica do timo (timectomia) ou do baço (esplenectomia).
o Timectomia – costuma ser feita na cirurgia cardíaca para a correção de malformações cardíacas congênitas. Em lactentes, causa linfopenia de células T (afetando mais LT CD4 do que LT CD8, normalmente, devido a um prejuízo na maturação). Adultos jovens podem ter populações de linfócitos com abundância de células T efetoras e redução da diversidade delas, o que sugere um envelhecimento prematuro, após a timectomia na infância.
Esplenectomia – compromete as funções do baço enquanto filtro opsonizante e eliminador de patógenos; retarda a produção de imunoglobulinas; prejudica a função fagocitária; e diminui a remoção de imunocomplexos. Também aumenta a suscetibilidade a infecções por bactérias encapsuladas, principalmente S. pneumoniae, N. meningitidis e H.influenzae tipo B. A esplenectomia é feita em alguns casos de trauma, citopenias autoimunes e neoplasias, e a asplenia funcional pode ocorrer na doença falciforme, após repetidos isque-
mias e infartos esplênicos.