Hepatites virais Flashcards
O que é hepatite?
Inflamação do parênquima hepático, causando lesão tecidual e necrose hepatocelular. Pode ser uma afecção localizada ou parte de uma doença sistêmica.
Explique por que a primoinfecção e a vacinação conferem imunidade permanente à hepatite A.
O vírus da hepatite A não possui envelope, estrutura relacionada a variações genéticas e antigênicas. Logo, há apenas 1 sorotipo, e o indivíduo fica protegido quando ganha imunidade a esse sorotipo.
Transmissão do vírus da hepatite A.
- Água e alimentos contaminados;
- Contato direto com o doente;
- Compartilhamento de fômites com o doente.
Descreva a patogênese do vírus da hepatite A, apontando os momentos em que ocorrem: viremia, período de incubação, sintomas sistêmicos, aumento de AST/ALT, aumento das bilirrubinas séricas, contaminação do ambiente, insuficiência hepática aguda e resposta imune específica.
O vírus da hepatite A penetra a mucosa do trato gastrointestinal e alcança a circulação porta (viremia), chegando até o fígado. Os vírus infectam os hepatócitos, se multiplicam e causam morte hepatocelular. A presença do vírus e a morte das células progridem por 2-6 semanas (período de incubação), até iniciarem uma resposta inflamatória local (sintomas sistêmicos) que acaba por expandir a lesão tecidual (aumento de AST/ALT). A inflamação progride de forma a desorganizar a arquitetura hepática, causando colestase (aumento das bilirrubinas séricas). Os vírus passam a ser eliminados com a bile, voltando à luz intestinal e contaminando o ambiente com as fezes do doente. Dependendo da extensão da necrose, é possível que o fígado não seja mais capaz de exercer suficientemente suas funções (insuficiência hepática aguda), causando, por exemplo, coagulopatia (não produção de fatores da coagulação) e encefalopatia (não metabolização de produtos tóxicos). Eventualmente, a resposta imune específica é desenvolvida, criando anticorpos HAV e eliminando o vírus do organismo. A doença não cronifica, a imunidade é permanente e não há sequelas para o paciente.
A hepatite A cronifica?
Não.
Qual a faixa etária mais acometida pelo vírus da hepatite A, no Brasil?
Escolares (média de 9,78 anos).
Quais as manifestações clínicas da hepatite A?
.forma assintomático (crianças <6 anos);
.forma sintomática:
-fase prodrômica (dura dias): febre, anorexia, mialgia, náuseas, vômitos, diarreia e mal-estar;
-resolução da doença ou fase ictérica;
-fase ictérica (dura semanas): icterícia, colúria, acolia fecal, dor no hipocôndrio direito e hepatomegalia.
.pode evoluir para insuficiência hepática aguda (coagulopatia e encefalopatia) e hepatite fulminante.
Como é feito o diagnóstico da hepatite A?
Clínico + sorologia anti-HAV
Interprete os resultados para as seguintes sorologias anti-HAV:
a) IgM - / IgG -
b) IgM + / IgG +
c) IgM - / IgG +
a) Não imunizado;
b) Infecção aguda;
c) Imunizado (primoinfecção ou vacinação).
Como é avaliado o prognóstico do indivíduo infectado pelo vírus da hepatite A?
Exames laboratoriais:
- Bilirrubinas séricas: indica necrose e desorganização da arquitetura hepática, também agravando a lesão neurológica;
- Tempo de protrombina;
- AST/ALT: >3x dos valores normais;
- Hemograma: leucopenia ou leucocitose, linfocitose, atipia linfocitária (alguns casos).
Qual o tratamento para a hepatite A?
Não há tratamento antiviral específico.
Pode ser necessário transplante hepático.
Em quantas doses é realizada a vacina para a hepatite A? Qual o intervalo? Indicações para a vacinação.
2 doses, intervalo de 6 meses. Indicações: -crianças >1 ano; -profissionais de risco (área da saúde, áreas endêmicas, lidam com lixo e água contaminada); -hepatopatias crônicas; -imunossupressos; -homossexuais masculinos.
Explique por que a hepatite C costuma cronificar e por que não existe vacinas para a doença.
O vírus da hepatite C é envelopado e, por isso, possui muitos variantes genotípicos e antigênicos. Assim, o vírus escapa da resposta imune específica do indivíduo (tanto pela primoinfecçao quanto pelas vacinas).
Qual a via de transmissão do vírus da hepatite C? Sempre é possível identificar a via de contaminação do paciente?
Via parenteral (sangue contaminado). *Em cerca de 50% dos casos não é possível identificar a via de transmissão do vírus.
Descreva a patogênese do vírus da hepatite C.
O vírus chega à corrente sanguínea do indivíduo hígido e, por via hematogênica, alcança o fígado, onde se prolifera e provoca reação inflamatória. A lesão tecidual é menos intensa que na hepatite A e B, geralmente cursando sem sintomas na fase aguda. Entretanto, como não há uma resposta imune específica eficaz contra as várias quasiespécies do vírus, a infecção tende a cronificar e a fibrose do fígado leva à disfunção hepática progressiva, hipertensão portal, cirrose hepática e carcinoma ao longo dos anos.
Dos casos de hepatite C, quantos cronificam?
> 70%.
Como é feito o diagnóstico de hepatite C?
Sorologia + PCR
Sorologia: se positiva, aponta para infecção crônica ou imunidade e cura após primoinfecção;
PCR: se positiva, aponta para infecção crônica.
Como é feito o prognóstico para a hepatite C?
Biópsia hepática + genotipagem HCV
Quando é indicado o tratamento para a hepatite C?
Em pacientes com maior risco ou com doença mais avançada (coinfecção HIV-HCV, cirrose, insuficiência hepática, etc.).
Qual o mecanismo de transmissão do vírus da hepatite B?
Contato com sangue ou outros fluídos do paciente infectado.
Mais comum: sexualmente e transmissão maternofetal
Descreva a patogênese do vírus da hepatite B.
O vírus ganha a corrente sanguínea no momento da transmissão e chega até o fígado, onde se replica. A patogênese, a partir desse momento, é muito semelhante à da hepatite A. A presença do vírus e a morte das células progridem gradualmente até promoverem uma resposta imune específica. Quanto maior essa resposta, maior será a sintomatologia na fase aguda da doença. Apesar disso, maior será a probabilidade de clareamento viral (cura) nesses indivíduos. Em pacientes com oligo ou assintomáticos, é mais provável que a infecção cronifique.
Quais são os marcadores da infecção por HBV? Explique cada um. (7)
a) HBcAg: antígeno do capsídeo viral (core). Único marcador não sorológico (restrito ao fígado). Identificado por imunohistoquímica;
b) HBsAg: antígeno de superfície (envelope). 1o marcador sorológico a positivar;
c) Anti-HBc IgM: primeira imunoglobulina, marcador de infecção recente (negativa em até 8 meses) ou reagudização da fase crônica;
d) Anti-HBc IgG: marcador de infecção aguda ou crônica. Positiva para o resto da vida;
e) HBeAg: proteína não-estrutural, marcador de replicação ativa (fase aguda ou fase crônica em replicação ativa);
f) Anti-HBe: positiva após a fase aguda ou fase crônica em replicação ativa;
g) Anti-HBs: anticorpo contra o HBsAg. Indica cura ou imunização passiva (vacinação).
Dos casos de hepatite B, quantos evoluem para forma ictérica?
30%.
Dos casos de hepatite B, quantos cronificam?
Adultos: 5-10%;
Crianças menores <5 anos: 70-90%;
Infecção perinatal: 70-90%. Maior risco de hepatocarcinoma.
Quais as manifestações clínicas da hepatite B?
Fase aguda: febre, anorexia, náuseas, vômitos, diarreia, mialgia, mal-estar. Resolve em 20-30 dias. Risco de hepatite fulminante (1% dos casos).
Fase crônica: assintomático, em fase avançada com replicação ativa evolui para cirrose e hepatocarcinoma.
O portador inativo da hepatite B crônica possui melhor prognóstico, estando associado a menor risco de cirrose e hepatocarcinoma. Entretanto, a infecção pode reagudizar em 2 situações. Quais são?
.Mutação pré-core (escape do anti-HBe);
.Imunossupressão do hospedeiro.
O que é mutação pré-core na hepatite B?
É a mutação que permite o HBV a replicar-se novamente, evadindo do sistema imune do hospedeiro. O paciente apresenta anti-HBe elevado e HBeAg indetectável, mas há elevação de transaminases e detecção de DNA por PCR. A hepatite B do portador previamente inativo reagudiza, voltando os sintomas e aumentando os riscos de cirrose e hepatocarcinoma.
Como é feito o diagnóstico da hepatite B?
Sorologia.
Interprete o seguinte resultado da sorologia para hepatite B: HBsAg + Anti-HBc IgM + Anti-HBc IgG +/- HBeAg + Anti-HBe - Anti-HBs -
Hepatite B aguda.
Interprete o seguinte resultado da sorologia para hepatite B: HBsAg - Anti-HBc IgM - Anti-HBc IgG + HBeAg - Anti-HBe +/- Anti-HBs +
Cura.
Interprete o seguinte resultado da sorologia para hepatite B: HBsAg + Anti-HBc IgM - Anti-HBc IgG + HBeAg + Anti-HBe - Anti-HBs -
Hepatite B crônica.
Interprete o seguinte resultado da sorologia para hepatite B: HBsAg + Anti-HBc IgM - Anti-HBc IgG + HBeAg - Anti-HBe + Anti-HBs -
Portador inativo.
Interprete o seguinte resultado da sorologia para hepatite B: HBsAg - Anti-HBc IgM - Anti-HBc IgG - HBeAg - Anti-HBe - Anti-HBs +
Vacinação.
Interprete o seguinte resultado da sorologia para hepatite B: HBsAg - Anti-HBc IgM ou IgG + HBeAg - Anti-HBe - Anti-HBs -
Hepatite B oculta.
Qual o tratamento para a fase aguda da hepatite B?
Não há tratamento específico.
Pode ser necessário transplante hepático.
É possível a cura para a hepatite B no paciente crônico? Quais os objetivos do tratamento?
Sim, em <3% há cura (perda sustentada do HBsAg, com ou sem soroconversão para Anti-HBs). Nos outros 97%, o tratamento busca reduzir a progressão da doença hepática e reduzir o risco de evolução para cirrose ou hepatocarcinoma.
Quando é indicado o tratamento para a hepatite B crônica?
Para HBeAg reagente, já há indicação de tratamento se houver AST/ALT alteradas.
Para HBeAg não-reagente, avaliar AST/ALT, PCR e biópsia hepática.
Em quantas doses é realizada a vacina da hepatite B? Quando são realizadas?
Dose tripla:
Maternidade - 2o mês - 6o mês.
*A vacinação nas primeiras 12h de vida é quase 100% eficaz em impedir a transmissão vertical de mães HBsAg +
Para adultos Anti-HBs - e HBsAg -, realizar vacina também.