Hepatites Flashcards
Fígado
- Unidade funcional: lóbulo hepático (composto por vários hepatócitos)
- No seu interior há a veia centrolobular
- É um polígono que em cada vértice é formado pelo espaço porta composto pela artéria hepática, veia porta e ducto biliar
- Sinusóides hepáticos possuem as células endoteliais e as de Kupffer (fagocitárias)
Fígado - Vascularização
- Veia porta: responsável por 70% da perfusão dos hepócitos (rica em sangue venoso com 1a passagem de sangue de substâncias intestinais recém-absorvidas)
- União da veia mesentérica superior com a veia esplênica
- Artéria hepática: faz 30% da perfusão
- Desembocam na veia centrolobular que vai para a VCI
Fígado - Função dos Hepatócitos
- Depuração de toxinas (amônia em ureia com ciclo Krebs-Henseleit) que vem da veia porta e excreção
- Capta, conjuga e excreta BI
- Síntese de glicose, albumina, fatores de coagulação
- Única fonte de albumina e outras proteínas plasmáticas (exceto imunoglobulinas
- Principal fonte de glicose sérica (glicogênio armazenado/ gliconeogênese)
- Fonte das lipoproteína plasmáticas (sintetiza lipídios)
Metabolismo da Bilirrubina
- 85% da bilirrubina é proveniente da Hb (protoporfirina que vira biliverdina)
- Hb → Protoporfirina → Biliverdina → Bilirrubina livre + albumina → Bilirrubina indireta não conjugada
- Captação: BI não conjugada ligada à albumina chega aos hepatócitos
- Conjugação: BI pela ação da enzima glucoranil-transferase se torna BD conjugada (solúvel em água)
- Excreção da bile: BD sai dos ductos biliares e depende de ATP sendo a primeira a ser afetada se distúrbio hepatócitos
- Fase intestinal: 50% da BD é convertida em urobilinogênio no intestino grosso e uma parte é eliminada pela urina
Distúrbios do metabolismo da Bilirrubina
- Superpordução: hemólise (predomina BI) e eritropoese ineficaz
- Diminuição da captação: medicamentos, jejum, infecção, dç hepatocelular*(atua em todos)
- Diminuição da conjugação: Sds Gilbert, Crigler-Najar II e I, def. Adquirida de glucoronil-transferase, icterícia neonatal fisiológica
- Alteração da excreção: Sd. Dubin-Johnson, Rotor, colestase intra-hepática recorrente (benigna), medicamentos e da gravidez, infecção.
- Obstrução biliar: estenose, tumor, calculose, corpo estranho
Síndrome de Gilbert
- Diminuição parcial leve da conjugação
- Deficiência parcial de glucoronil-transferase
- Distúrbio hereditário do metabolismo da bilirrubina mais comum (7% dos caucasianos)
- Predomínio em meninos (3:1)
- Início da icterícia LEVE aos 20 anos de idade (BT ≤5mg/dl)
- Depois da hemólise é a principal causa de hiperbilirrubinemia não conjugada
- Icterícia se agrava após: jejum prolongado ou retirada de gorduras da dieta; exercício intenso; álcool e ácido nicotínico
Síndrome de Gilbert
*Diferencial com Crigler-Najjar II
- Dx geralmente de exclusão: s/ sinais/sintomas sistêmicos, excluir hemólise (reticulócitos), fç hepática normal e biópsia normal (não necessária)
- Teste de restrição: aumento de BI
- TTO: não é necessário, mas pode ser usado fenobarbital em baixas doses p/ reduzir icterícia por aumentar atividade de glucoronil-transferase
- Única consequência clínica é acumulo de drogas de metabolização hepática
Síndrome de Crigler-Najjar Tipo I
- Diminuição total da conjugação
- Ausência completa da glucoronil-transferase
- Aparece no RN com hiperbilirrubina indireta muito alta (45 mg/dl) com morte dentro do primeiro ano (por Kernicterus)
- BI passa facilmente a BHE com efeitos tóxicos no SNC
- Funções hepáticas e histologia normais
- TTO: plasmaférese é o melhor inicial (fototerapia melhora transitória e inibidores da heme-oxigenase é útil nas crises) e fenobarbital não tem ação.
- TTO curativo: transplante hepático
Síndrome de Crigler-Najjar tipo II
- Diminuição grave da conjugação
- Deficiência moderada a grave da glucoronil-transferase
- Consequências menos graves que a tipo I e mais grave que a Gilbert
- Níveis de BI entre 6 a 20 mg/dl (variável de VD)
- A icterícia pode não aparecer até a adolescência e complicações neurológicas são raras
- TTO: fenobarbital reduz níveis séricos de BI
Síndrome de Dubin-Johnson (icterícia crônica idiopática)
*Alteração na excreção
- Defeito na excreção, secundário a um defeito no gene MRP2 (hepatócitos não conseguem excretar mais BD conjugada p/ a bile)
- Comum em judeus Sefarditas (Irã/Iraque)
- BT mista (2-5 mg/dl) com predomínio da BD
- ACO pode acentuar ou provocar a icterícia
- QC: assintomáticos ou c/ sintomas GI (hepatomegalia discreta e hipersensibilidade) sendo rara colestase
Síndrome de Dubin-Johnson (icterícia crônica idiopática)
- Fosfatase alcalina normal
- Dx: Predomínio de coproporfirina I na urina (em vez da III que é normal)
- Pode haver acúmulo de pigmento na região centrolobular
- Bom prognóstico sem necessidade de tratamento
Síndrome de Rotor
*Disturbio no armazenamento
- Distúrbio de armazenamento de BD conjugada que retorna p/ sangue sem ser excretada pela bile
- Dxx com Dubin-Johnson, com aumento de 3-4x mais nos níveis urinários de coproporfirina e não haver pigmentação nos hepatócitos
Colestase (Síndrome Colestática)
- Colestase é o acúmulo de BD e outros ingredientes da bile (ácidos biliares e colesterol) por problema na drenagem biliar intra ou extra-hepática
- Histopatologico c/ acúmulo de pigmento biliar nos hepatócitos e céls de Kupffer
- Icterícia + Sd. Colestática (colúria, acolia fecal, prurido por aumento do tônus opiodérgicos)
- Estertorareis e deficiência de ADEK em casos graves
- Colestase intra-hepática: hepatites virais (A*), tóxica e medicamentosa (fenotiazinas e estrogênios), dçs infiltrativas e cirrose biliar.
- Colestase extra-hepática: cálculos e neoplasias
Observações importantes
- BT >2 mg/dl confirma icterícia
- Níveis séricos aumentado de FA e GGT confirmam colestase, mas não define local de obstrução
- FA pode aumentar em distúrbios ósseos e na gestação (isoformas =)
- GGT pode ser exacerbada por medicamentos ou álcool (analisar em conjunto com FA)
- Aumento de aminotransferase: hepatites virais, isquêmico e intoxicação por paracetamol
- Inversão de aumento de aminotransferase por FA/GGT sugere obstrução aguda por cálculos
Observações importantes
- Se AST (TGO) > ALT (TGP) em relação 2:1 pensar em hepatite alcoólica
- Leucocitose com neutrofilos pode sugerir hepatite alcoólica e fulminante. Leucocitose com desvio p/ esquerda indica colangite ou leptospirose
- Suspeita de hemólise solicitar: LDH, reticulócitos, haptoglobina e sg periférico
- TAP é a alteração laboratorial mais precoce na insuf. Hepática sendo preferido em relação ao PPTa
- USG é o exame inicial p/ avaliar obstrução mecânica
Hepatites Virais
- Aguda: <6 meses (maioria autolimitada)
- Crônica: > 6 meses (B e C) com risco de Cirrose (RN 95% e adultos 5%)
- Fulminante: Encefalopatia <8 semanas (principalmente B) com aumento de TAP e INR
- Evolução depende do grau da resposta imunológica
- TODAS hepatites virais (agudas ou crônicas) são de Notificação Compulsória em até 7 dias (semanal)
História Natural Clínica das Hepatites virais
- Contágio e incubação variável de 4-12 semanas
- Fase Prodrômica: sintomas inespecíficos (febre baixa, fadiga, náusea, artralgias/artrites, esplenomegalia em 10%, tosse, coriza = quadro gripa) com ↑ de transaminases (TGO/TGP)
- Fase Icterícia: icterícia, colúria, acolia, prurido, ↑ BD conjugada e ↑ ↑ ↑ transaminases (>10x)
- Pode não ocorrer essa fase
- Fase Convalescência: melhora dos sintomas e marca fim da fase aguda pode evoluir para cura ou cronificação
Provas de Função Hepática
- Albuminemia
- Tempo e Atividade de Protrombina (TAP) com INR
- Bilirrubinas
- Amonemia (amônia sérica )
Hepatites virias
*Resposta imune contra os hepatócitos infectados
A. Transmissão fecal-ora, incubação 15-45 dias s/ forma crônica
B. Transmissão vertical, horizontal, sexual, percutânea, hemotransfusão, transplante de órgãos, incubação por 30-180 dias c/ formas crônicas em RN (90%), crianças (20-50%) e adultos (5-10%)
C. Transmissão uso de drogas (IV), hemotransfusão, hemodiálise, sexual, percutânea com incubação por 15-150 dias com forma crônica em adultos (85-90%)
D. Sempre coinfecção com vírus B, sexual ou percutânea com formação crônica
E. Transmissão fecal-oral, incubação de 15-60 dias e raramente cronificação (imunodeprimidas)
Hepatite A
- Risco de epidemia, alta infectividade e evolução benigna
- Vírus de RNA, família Picornaviridae gênero Hepatócitos, há só um sorotipo de HAV
- Acomete mais crianças com <10 anos
- Principal via de transmissão oral-fecal (má higiene e saneamento) e pode ocorrer por via sexual
- Replicação viral apenas em hepatócitos
Hepatite A
- QC: maioria assintomático (criança), sintomática (10%), fulminante (0,35% em idosos), recidivastes (10%) e não cronifica nunca
- Sintomas mais prolongados e sintomáticos em adultos (gastroenterite)
- É a hepatite viral mais relaciona à síndrome colestática intra-hepática
- Pode ocorrer síndrome nefrótica por lesão glomerular
- Dx: Anti-HAV IgM por 3-6 meses/ IgG (cicatriz)
- TTO: sintomáticos e afastamento de atividades por 2 meses (alta transmissão)
Hepatite A - Profilaxia
- Imunização: dose única aos 15 meses de vida (Até os 4 anos, 11 meses e 29 dias) pelo MS
- Pós Exposição com vacina anti-HAV IgG negativo fazer dose única de vacina até 2 semanas
- Imunoglobulina até 2 semanas em <1 anos e/ou imunodeprimidos
Hepatite B Aguda - Vírus
- Vírus de DNA (único*) com envoltório lipídico
- Antígeno de superfície: HBsAg (marcador da presença do HBV no corpo)→ Anti-HBs (garantia de proteção/ cura)
- Antígeno interior: HBcAg (não é detectado no sangue)→ Anti-HBc (IgM, IgG)
- Antígeno interior secretado na replicação viral: HBeAg → Anti-HBe (indica fase não replicativa de baixa infectividade aparece quando aquele desaparece)
- O HBsAg é o primeiro antígeno a aparecer seguido do anti-HBc IgM/ IgG, depois o HBeAg e Anti-HBeAg e por último anti-HBs
- Genótipos C e F tem maior risco de hepatocarcinoma
Hepatite B Aguda - Transmissão
- Transmissão por contato com sangue e outros fluidos corporais, diretamente proporcional à carga viral do paciente
- Vias de transmissão: vertical, horizontal, sexual, percutânea (manicure, piercing), hemotransfusão, transplante de órgãos
- Via SEXUAL é a mais comum
- Transmissão vertical intrauterina (transplacentária maior nos últimos trimestre) é rara (5-10%) e associada a mãe HBeAg +, TP pré-termo e manipulação da placenta
- Transmissão vertical perinatal responde por 90-95% durante as contrações, ruptura da membrana e contato com mucosas/ secreções
Hepatite B - História Natural
- Aparecimento do HBsAg em 1-10 semanas antes do início dos sintomas, estando positivo na fase prodrômica
- Incubação: 60-90 dias
- Fase clínica: dura 1-2 semanas com aumento de aminotransferase e do anti-HBc e com aparecimento do HBeAg
- Convalescença: queda das aminotransferase e da icterícia e presença de Anti-HBs se cura