Cirrose e suas Causas Flashcards
Estruturas do fígado
- Sinusoides: conduzem sangue das circulações porta e sistêmica p/ veia centrolobular (VCI)
- São fenestrados (buracos) e desprovidos de membrana basal
- Permite que sangue seja metabolizado nos hepatócitos
- Espaço de Disse: espaço virtual entre sinusoide e hepatócito
- Contém as céls estrelada (ou de Ito): gênese da fibrose
Estruturas do fígado
- Céls estreladas: são quiescentes e armazenam vitamina A
- Quando estimuladas (ativ. necroinflamatória) sintetizam matriz extracelular (colágeno I e II)
- Transformação é induzida pelas céls de Kupffer (imunes)
- Deposição de colágeno no espaço de Disse faz capilarização dos sinusoides: perda das fenestrações
- Fibrose em ponte: traves fibróticas
- Nódulos de regeneração: tentativa frustado dos hepatócitos se regenerarem (s/ relação com a V. centrolobular)
Cirrose
*Fibrose + Nódulos de regeneração
- Processo patológico irreversível do parênquima hepático
- Fibrose hepática em ponte: shunts vasculares dentro das traves fibróticas
- Rearranjo da arquitetura lobular: Nódulos de Regeneração (s/ comunicação centrolobular)
- Resposta do parênquima a qualquer estímulo lesivo persistente: inflamação e necrose hepatocitária
Cirrose
- Fibrose + Nódulos de Regeneração (risco de câncer)
- Biópsia: padrão-ouro (mas não é necessário p/ dx) pedir só se dúvida
- Estágio avançado: reduzido e atrofiado
- Dado simiológico patognomônico: redução do lobo hepático direito (<7 cm) à hepatimetria de percussão
Manifestações Clínicas da cirrose
- Hipertensão porta: ascite, varizes esôfago-gástrica, esplenomegalia congestiva (pancitopenia), circulação porta visível (cabeça de medusa), Sd. hipertensão portopulmonar
- Insuficiência hepatocelular (avançado): icterícia, Encefalopatia, coagulopatia, hipoalbuminemia (anasarca), desnutrição, imunodepresão, Sd. hepatorrenal/pulmonar
- Sinais de Hiperestrogenismo-hipoandrogenismo (fases iniciais da cirrose c/ ↑ estrogênio): eritema palmar, telangiectasias (aranhas vasculares), ginecomastia, atrofia testicular, perda da libido/ disfç erétil, rarefaçao de pelos (padrão feminino)
Cirrose - Insuf. Hepática
- ↓ metabolização da bilirrubina: Icterícia (↑BD)
- ↓ síntese de ptna: ↓ albumina/ coagulopatia
- ↓ eliminação de toxina (aônia): encefalopatia
4, Alteração da regulação hormonal (↑ estrogênio): ginecomastia, teleangiectasias, eritema palmar - Transaminases: normais ou discretamente elevadas (s/ hepatócitos viáveis p/ morrer)
Cirrose de etiologia alcoólica - Sinais sugestivos
- Intumescimento de parótidas
- Contratura palmar de Dupuytren
- Neuropatia
- Pancreatite crônica associadas
Cirrose - Laboratorial
- Sem cirrose: ALT (TGP) > AST (TGO) c/ relação >1
- Com cirrose: relação ALT/AST <1 (exceto hepatite alcoólica)
- FA e GGT se elevam: hepatopatias colestáticas (cirrose biliar 1ª e colangite esclerosante)
- Hiperbilirrubinemia: mau prognóstico
- Hipoalbuminemia
- Alargamento de TP e diminui ativ. protrombina (K-dependentes)
- Hipergamaglobulinemia
- Hiponatremia: péssimo prognóstico (excesso de ADH)
Classificação funcional de Child-Pugh
- BEATA
- 5 a 6 ptos: grau A (compensada) c/ sobrevida em 1 a 2 anos de 100-85%
- 7 a 9 ptos: grau B (dano funcional significativo) c/ 80-60%
- 10 a 15 ptos: grau C (cirrose descompensada) c/ 45-35%
- B ilirrubina (mg/dl): < 2 (1); 2-3 (2); >3 (3)
- E ncefalopatia: ausente (1); grau I a II (2); grau III e IV (3)
- A scite: ausente (1); controlável (2); mal controlada (3)
- T empo de protrombina: <1,7 (1); 1,7-2,3 (2); >2,3 (3)
- A lbumina: >3,5 (1); 3,5-3 (2); <3 (3)
Escore de MELD
- Usada para transplante (tratamento)
- BIC
- Bilirrubina
- INR
- Creatinina
Causas de Cirrose Hepática
80% são causadas pela hepatite C e doença hepática alcoólica
- V - vírus B e C
- I - Infiltração gordurosa: álcool ou não-álcool
- D - depósito: cobre (Wilson), ferro (hemocromatose)
- A - Autoimune: colangite biliar 1ª, hepatite autoimune, criptogênica (10-15%)
Etiologias raras de cirrose
- Deficiência de a-1-antritripsina: inibidor da elastase dos neutrófilos ausente (jovem + cirosse/enfisema+ hx familiar)
- Cirrose cardíaca: hepatomegalia congestiva crônica
- Galactosemia: autossômico recessivo por def. de GALT (desnutrição, hepatopatia, catara e retardo mental) → teste do pezinho
- Tirosinemia hereditária tipo 1: erro inato autos. recessivo (hepatopatia + Sd. Fanconi)
Etiologias raras de cirrose
- Fibrose cística: autos. recessiva por mutação gene CFTR c/ cirrose biliar focal multilobular
- Atresia congênita das VB: multifatorial, brancos, associada a sd. de poliesplenia c/ ↑BD tardia
- Cistos de colédoco: colestase extra-hepática neonatal em asiáticos
- Colestase intra-hepática familiar progressiva (Dç de Byler): autos. recessiva (2a causa)
- Rarefação de ductos biliares interlobulares (RDBIL): forma sindrômica (Sd. Alagille - principal causa de colestase intra-hepática familiar progressiva) associada a outras malformações congênitas e a não sindrômica
Síndrome de Alagille (displasia artério-hepática)
- Forma sindrômica da RDBIL
- Causa mais comum de colestase intra-hepática congênita s/ anomalias extra-hepáticas
- Austossômica dominante
- Sexo masculino (PIG ao nascer)
- Fácie típica: fronte/ orelhas proeminentes, olhos fundos, hipertelorismo, hipognatismo
- Voz estridente e aguda
- Cardiopatias, colestase, def. arco vertebral, anomalia ocular/renal
- Retardo mental
- TTO: suporte c/ vitaminas e uso de UDCA
- Prognóstico melhor na variante sindrômica
Tratamento da Cirrose
*Cirrose: hipercatabólico e desnutridos
- Terapia antifibrótica: colchicina, propiltiouracil, INF
- Nutricional: ptna 1-1,5 g/kg/d, evitar frutos do mae (infecção Vbrio vulnificus e Yersinia)
- TTO específico da causa
- TTO das complicações
- Transplante hepático
Doença Hepática Gordurosa Alcoólica (DHA)
- Esteatose assintomática: fígado gorduroso (libação alcoólica)
- Esteato-hepatite aguda (hepatite alcoólica): pequena fração leva a cirrose fazendo quadro clínico de hepatite
- Cirrose alcoólica (cirrose de Laennec): 5%
Doença Hepática Gordurosa Alcoólica (DHA)
*1 lata cerveja = 1,7 U
- Principal determinante: quantidade de álcool ingerida
- Homens 21 U/sem (desenvolve se >80g/d por >10 anos)
- Mulheres 14 U/sem (>30-40g/d >10 anos) por ter ↓ enzima álcool desidrogenase na mucosa gástrica
- Amplificadores de risco: hemocromatose, hepatite B e C, desnutrição
Doença Hepática Gordurosa Alcoólica (DHA)
- Metabólico tóxico do etanol: acetaldeído → peroxidação das membranas e necrose heptocitária
- Não metabolização: acúmulo no hepatócito (gotícula de gordura)
- Predominio na região central (perivenular) do lóbulo hepático
- Costuma ser MACROvesicular (ou microvesicular)
Esteato Hepatite
- Biópsia: necrose hepatocitária, infiltrado neutrofílico***, distribuição perivenular (central) do infiltrado, Corpúsculos de Mallory (último não necessário)
- Presença de necrose hepatocitária e infiltração por leucócitos num parênquima esteatótico (leucócito predominante é o neutrófilo polimorfonuclear)
- A fibrose inicia região centrolobular e se torna panlobular
Causas de esteatose hepática de acordo com o tamanho das gotículas de gordura
- MACROvesicular: álcool, desnutrição, obesidade, DM, corticoide, nutrição parenteral total
- Microvesicular: álcool, esteatose aguda na gravidez, Sd. de Reye, Ácido valproico, tetraciclina, doença dos vômitos da Jamaica
QC da Esteato-Hepatite Alcoólica
- Geralmente assintomáticos
- Hipertrofia de parótidas
- Mais propensos a infecções bacterianas (PNM, ITU, bacteremia)
- Hepatomegalia inicial dolorosa, febre e icterícia
- Hipertensão porta transitória (s/ cirrose) c/ ascite, HDA e Falência hepática
- CONTRATURA PALMAR DE DUPUYTREN (clássico da DHA)
- Dx com questionário CAGE (cut-down,annoyed, guilty, eye opener)/ AUDIT e laboratório com aumento de GGT e de VCM
- CAGE é DICA (diminuir, incomodo, culpa e abrir os olhos)
Laboratorial da Esteato Hepatite Alcoólica
*Acompanhamento: AST/ALT >2; GGT elevado; macrocitose (VCM>100); pancitopenia; aumento sérico da transferrina deficiente em carboidratos
- Relação AST(TGO)/ALT (TGP)> 2 (SEMPRE)
- AST (TGO) quase nunca ultrapassa 300 U/L
- Aumento de FA e GGT sempre ≤3x LSN
- BD > 10 indica hepatite alcoólica grave
- Hipoalbuminemia, TAP alargado mesmo sem cirrose
- Hiperglicemia, hipertrigliceridemia, hiperuricemia, hipocalemia, hipoMg, HipoP, ácido fólico reduzido
- Anemia MACROcítica, lecucocitose com desvio à esquerda (leucocitose), plaquetopenia, hipergamaglobulinemia policlonal (75%)
- REAÇÃO LEUCEMOIDE com leucócitos >20.000 (≠ de LMC)**
Tratamento da Hepatite Alcoólica
- Abstinência ao álcool (pode reverter a cirrose em fases iniciais)
- Medicamentos: naltrexona; acamprosato e baclofeno
- Suporte nutricional em casos graves
- Encefalopatia e/ou Índice de Maddrey ≥ 32 (casos graves): Corticoterapia com prednisolona 32mg/d VO (s/ metabolização hepática forma já ativa) por 4 semanas melhor sobrevida e pode acrescentar Pentoxifilina (inib do TNF)
- Maddrey ≥32 indica risco da doença supera risco do tto (avalia o TAP e BT)
- Transplante necessita de abstinência alcoólica por pelo menos 6 meses
Prognóstico da Hepatite Alcoólica
- Mau: > idade, bilirrubina >10, coagulopatia, Encefalopatia, azotemia, grau de leucócitos, coexistência de infecção, não responsividade a corticoide na 1a semana, escassez de esteatose na biópsia, reversão do fluxo portal na USG c/ doppler
- Paciente que se recupera de hepatite alcoólica aguda tem chance de óbito nos próximos 3 anos até 10x maior que população normal
Principais Síndromes Neuropsiquiátricas do Alcoolismo
- Encefalopatia de Wernicke: QC agudo por deficiência de tiamina (Vit B1) c/ tríade de encefalopatia, disfunção oculomotora, ataxia de marcha (reversível com tto)
- Síndrome amnéstica de Korsakoff: sequela da recuperação da EWernicke, tem amnésia anterógrada (não retém informações novas) e retrógrada seletiva (perda de lembranças por “falsas memória”) sem recuperar completamente
- Alargamento ventricular c/ disfunção cognitiva: toxicidade direta do etanol, desnutrição crônica e outros insultos neurológicos
Principais Síndromes Neuropsiquiátricas do Alcoolismo
- Degeneração cerebelar alcoólica: perda das céls de Purkinge do córtex cerebelar (superior e anterior do vermis) c/ alteração de marcha, equilíbrio e coordenação dos MMII. Ocorre após anos.
- Dç de Marchiafa-Bignami: rara lesão em corpo caloso por álcool + desnutrição c/ demência, espasticidade, disartria e incapacidade de marcha (coma ou sd. Da desconexão inter-hemisférica)
- Neuropatia periférica induzida pelo álcool: polineuropatia sensitivo-motora c/ padrão distal e simétrico
- Miopatia alcoólica: rabdomiolise (aguda) e atrofia multifatorial (crônica)
- Síndrome da abstinência: álcool é depressor do SNC e aumento compensatório do tônus simpático (estimulante do SNC) → cessa → sd hiperadrenérgica c/ convulsão, alucinou-se e delirium tremens (após 24-48h)
Doença Hepática Gordurosa Não-Alcoólica
- Prevalência de 20% (hepatopatia crônica mais comum do mundo)
- Lesões identificas as induzidas pelo consumo exagerado de álcool (macrovascular + inflamação lobular e necrose hepatocelular)
- Maioria relacionado a SÍNDROME METABÓLICA com Resistência Insulínica e aumento de triglicerídeos no fígado
Outras causas de DHGNA que não a síndrome metabólica
- Desnutrição proteicocalorica (Kwashiorkor): acúmulo de ác. Graxos no fígado
- Cx para obesidade: intoxicação hepática por lipopolissacarídeo (LPS)
- Perda ponderal rápida: >1,5kg/sem (↑ metabolização de ác graxos)
- Nutrição parenteral total: muita gordura p/ metabolizar no fígado
- Drogas: corticoides, antirretrovirais, cloroquina, amiodarona
- Intoxicação ocupacional: DDT, tetracloreto
- Gravidez: complicação tardia (3T) em feto masculino e mulher c/ defic da 3-hidroxiacil-CoA desidrogenase → remoção feto imediata
- Síndrome dos vômitos da Jamaica: frutas contaminadas pela hipoglicemia A
- Infecções: genótipo 3 da hepatite C
- Outros: hipotireoidismo, Cushing, diverticulite, DII
NASH - Fisiopatologia e QC
- Esteatose (20%) → esteato-hepatite NASH (3-5%) → Cirrose (1-3%)
- Excesso de ácidos graxos = toxinas → ↑ TNF-alfa e IL-6 → disfunção mitocondrial (peroxidação → especies reativas de oxigênio/EROS)
- Desequilíbrio entre entrada e saída de lipídios no fígado
- QC:Assintomático, dor abdominal , fraqueza, mal-estar , hepatomegalia firme, indolor e ↑ de transaminases (TGP*>TGO)
NASH - Laboratorial
- AST/ALT <1 (TGP é maior) e AST/ALT >2 indica cirrose
- GGT não se eleva a mais de 4x
- FA se eleva no máximo 2x
- Diagnóstico de EXCLUSÃO (excluir todas outras hepatopatias)
- USG: indica esteatose
- Biópsia: indica cirrose, predomínio em região centrolobular (≠ virais que são periportal)
NASH - Biópsia Hepática
*Dx padrão ouro
- Estádio 1: esteatose isolada
- Estádio 2: esteatose + inflamação em infiltrado com fibrose periventricular em zona 3
- Estádio 3: esteatose + inflamação + hepatócitos balonizados
- Estádio 4: todos acima + corpúsculos de Mallory (menor número que na alcoólica) +/- fibrose
- Indicações de Bx: >45 anos (se obesidade ou DM), estigmas de cirrose e AST/ALT>1
NASH - Tratamento
- Melhor eficácia: Perda de Peso (dieta + exercício)
- Boa eficácia: Glitazona (uso em diabéticos mas efeito adverso de ganho de peso) e Vitamina E/tocofenorol (em não diabéticos ação antioxidante)
- Metformina não tem eficácia comprovada
- Transplante ortotopico do fígado (última opção)
Hepatite Autoimune (HAI)
*Antimusculo liso com elevação de IgG
- Doença típica em mulheres jovens (tipo 1) ou crianças (tipo 2)
- Hipergamaglobulinemia, presença de marcadores HLA-B8, DR3 (mulheres jovens) ou DR4 (idosos)
- Agressão autoimune contra o fígado com uma “hepatite de interface”
- HAI tipo 1: FAN e antimúsculo liso (maioria dos casos)
- HAI tipo 2: anti-LKM
- HAI tipo 3: anti-SLA
- Associação extra-hepáticas: Sjogren, artrite, GN
Hepatite Autoimune (HAI) - QC
- 40% aguda e fulminante
- 60% insidiosa (Assintomática), fadiga, anorexia, icterícia e artralgia
- Amenorreia, hirsutismo e acne em mulheres
- Se cirrose risco de carcinoma hepatocelular é de 1%
- Extra-hepática: maculopapular, vasculite, eritema nodoso, artrite, GN, Sjogren, tireoidite (deposição de imunocomplexos circulantes)
Hepatite Autoimune (HAI) - Laboratorial
- Semelhante das hepatites virais
- Aminotransferases entre 100-1000, BD entre 3-10, Hipoalbuminemia e alargamento TAP/INR
- Hipergamaglobulinemia >2,5 (policlonal)
- Biopsia: hepatite de interface
- FA e GGT normais ou pouco elevado*
Classificação da HAI
- Tipo 1: FAN (homogêneo), antimusculo liso, antiactina, p-ANCA (atípico) → mais comum, predomínio em mulher jovem c/ hipergamaglobulinemia e manifestações extra-hepáticas autoimunes
- Tipo 2: apenas anti-LKM → predomínio em meninas <14 anos c/ ascendência mediterrânea
- Tipo 3: apenas anti-SLA → QC = tipo 1 com evolução mais grave e recidivante (agressivo)
Hepatite Autoimune (HAI) - Tratamento
- HAI grave: sintomas hepatite crônica, aumento das aminotransferases ≥5-10x o LSN, gamaglobulinas≥ 2x; histopatologico severo com necrose em ponte e necrose multilobular
- Glicocorticoide + Azatioprina
- Mau prognóstico: ≤20 ou ≥60 anos, hipoalbuminemia e não normalização das aminotransferases em 6 meses de tto
Colangite Biliar Primária
*Antimitocondria com elevação de IgM
- Hepatopatia autoimune crônica com destruição dos ductos biliares intra-hepáticos manifestando-se como colestase
- Predomínio em mulheres jovens entre 40-60 anos (50%)
- FA elevada em indivíduos assintomáticos
- Níveis elevados de IgM
- Autoanticorpo antimitocôndria: marcador sorológico especifico (S=95% e E=98%) que é imunoglobulina IgM
- Prognóstico não é bom e maioria evolui com falência hepática na ausência de tto (ácido ursodesoxicólico)
Colangite Biliar Primária - Fisiopatogenia
- Associação com HLA DRB1 e DQB1, IL12A, DR3 e DR13
- Desencadeador: chlamydophila pneumonias, E. Coli, tabagismo, TRH
- Coexiste com: Sjogren, T. Hashimoto, Dç Graves, dç celíaca, ES e Raynaud
- Lesão imune ducto biliar (espaço porta) → aumento sal biliar (tóxico) → lesão crônica nos hepatócitos
- Proliferação de canaliculado biliares e diminuição do número de ductos biliares
Colangite Biliar Primária - QC
- Associação com Sjogren e tireoidite de Hashimoto
- Tríade: prurido + icterícia + hiperpigmentação cutânea
- Prurido: sinal mais precoce*
- Assintomático com aumento de FA*
- Fadiga*
- Prurido (acúmulo de ácido lisofosfatídico por aumento da enzima autotaxina): é o primeiro sintoma!
- Xantelasma (depósito de colesterol na pele)
- Icterícia
- Disautonomia
- Há risco aumentado de apresentar baixa densidade óssea - dor óssea
- Início insidioso
- Outros: esteatorreia, equimoses ITU repetição
Colangite Biliar Primária - Diagnóstico e TTO
*Fosfatase alcalina é o primeiro a aumentar
- 2 dos 3 critérios: antimitocôndria + (AMA); hepatograma sugestivo de colestase; Biópsia hepática c/ colangite destrutiva não superativado com lesão dos ductos biliares interlobulares
- Biópsia não é obrigatória
- TTO: Ácido Ursodesoxicólico (sal biliar sintético não tóxico) com função de retardar a doença
- Colestiramida reduz circulação de sais biliares, diminuindo os sintomas de colestase (prurido) mas NÃO reverte a doença
- Transplante (doença avançada)
Doença de Wilson (DW)
*Se expressa no fígado
- Anomalia hereditária autossômica recessiva por acúmulo tóxico de cobre no organismo
- Cobre é metabolizado no fígado e excreção na bile
- Mutação no gene ATP 7B, gene que sintetiza proteína de membrana do hepatócitos (CERULOPLASMINA) que realiza transferência do cobre do citoplasma para os canaliculado biliares
- Ocorre por incapacidade do fígado em excretar cobre p/ bile (retenção) e produção de ceruloplasmina deficiente (circulação do metal na forma livre)
Doença de Wilson (DW) - QC
- Início entre 5-30 anos
- Forma hepática: mais em crianças, ocorre hepatite crônica ativa (assintomática que evolui p/ cirrose e complicações), fulminante (adultos jovens com hemólise maciça) e cirroe
- Forma neuropsicológica: em adultos com depósito de Cu nos gânglios da base, alterações de personalidade, esquizofrenia, distúrbios de movimento (distonia, tremores, disartria, disfonia, rigidez) + ANÉIS DE KAYSER-FLEISCHER
- Anéis de Kayser-Fleischer: deposição de Cu na membrana de Descemet da córnea (verde-dourada)
- Pode acumular nos túbulos próximas fazendo Síndrome de Fanconi
Doença de Wilson - Laboratorial e TTO
- Índice de Nazer >9 indica péssimo prognóstico
- Índice de Nazer: bilirrubina, AST, TP
- Ceruloplasmina <20 mg/dl
- Excreção urinária de cobre (urina 24h): aumentada (>100 mcg/24h)
- Padrão-ouro: biópsia hepática com >200 mcg/g de cobre
- Fase pré-sintomática: suplementação diária de Zinco (inibe absorção intestinal de cobre e produz metalotioneína quelante endógeno de Cu)
- Sintomática e Nazer<7: Trientina (quelante de Cu preferível) ou D-penicilamida (quelante)+ Zinco
- Cura ou hepatite fulminante: Transplante Ortotópico de Fígado (TOF)
Hemocromatose Adquirida
*Sobrecarga de ferro
- Anemias com acúmulo de ferro: Talassemia maior, Anemia Sideroblástica, Anemias hemolíticas crônicas
- Acumulo dietético de ferro
- Doenças hepáticas crônicas: hepatite C, doença hepática alcoólica e esteato-hepatite não alcoólica
Hemocromatose Hereditária
*Formas familiares
- Hemocromatose hereditária relacionada ao HFE: Homozigose C282Y ou Heterozigose C282Y/H63D
- Hemocromatose hereditária nao relacionada ao HFE
- Hemocromatose juvenil
- Sobrecarga neonatal de ferro
- Hemocromatose autossômica dominante (ilha de Solomon)
Hemocromatose Hereditária
- ↑ absorção intestinal de ferro → Deposição excessiva de ferro no fígado/ pâncreas/ coração → Lesão parenquimatosa - FIBROSE
- Sintomas inespecíficos: astenia, letargia, fadiga, artralgias, perda da libido, impotência sexual, amenorreia, hepatomegalia, atrofia testiculos (hipogonadismo)
- Laboratorial: ↑ Saturação de transferrina e ↑ Ferritina
- Mutação no gene HFE***
- Hepatocarcinoma é uma das complicações mais graves e causa mais comum de morte nestes pctes
Hemocromatose Hereditária - Manifestações Clínicas (6H)
- Hepatopatia: dor abdominal crônica em QSD, hepatomegalia
- Hiperglicemia: “Diabetes Bronzeado”c/ depósito de hemossiderina e fibrose no pâncreas fazendo DM (pior prognóstico)
- Heart (20-30%): ICC, arritmias (extrassístole)
- Hiperpigmentação cutânea (depósito de melanina na derme): generalizada e predominante na face, pescoço, faces extensoras, genital
- H artropatia (50%): pode ser queixa inicial, dxx c/ osteoartrite <40 anos, não associado a extensão da doença. Depósito de pirofosfato cálcico (condrocalcinose) em metacarpofalangianas na 2a e 3a articulações
- Hipogonadismo
- Predisposição a infecções: Yersinia, Vibrio vulnificus, Listeria e Pasteurella
Hemocromatose Hereditária - Dx
- Ferro sérico: normal (20µmol/L)
- Índice de saturação da transferrina: elevado >50-60%
- Ferritina sérica: elevado > 300µg/L (quando >1000 indica fibrose)
- Biópsia hepática: não é necessário para fechar Dx
- Mutação C282Y (PCR) em homozigose: teste genético
- RM de abdome estabelece a concentração de ferro no fígado não sendo necessário biópsia se associado com teste mutação
Hemocromatose Hereditária - TTO
- Doença se expressa no intestino e não no fígado
- Evitar: suplementação de ferro, vitamina C e carne vermelha
- Flebotomia (sangria): principal ferramenta terapêutica com objetivo de manter a Ferritina sérica em <50µg/ml (índice de saturação não é bom preditor terapêutico)
- Não impede artropatia, hipogonadismo e carcinoma hepatocelular (risco 100x maior)
- Reduz a dependência à insulina, pigmentação, distúrbios cardíacos
- Transplante hepático não cura a doença
- Quelante de ferro não é indicado de rotina*
Hepatite Medicamentosa
- Qualquer grau de alteração hepática que tenha relação com o uso de alguma droga
- Maioria assintomática
- Pode acometer hepatocitos (lesão hepatocelular), fluxo biliar (lesão colestática) e estruturas vasculares
- Mecanismo indiossincrásica (própria do indivíduo)
- Mais frequente no sexo feminino
Classificação da hepatite farmacoinduzida
- Necrose zonal: acetaminofeno, tetracloreto, sinvastativa
- Inespecífica: AAS, oxacilina
- Semelhante hepatite viral: halotano, isoniazida, fenitoína, diclofenaco
- Semelhante autoimune: metildopa, nitrofurantoína, propiltiouracil
- Colestase não inflamatória: estrogênio
- Pequenos ductos: amoxicilina, piroxicam, tiabendazol, haloperidol
- Esteatose hepática pequenas gotículas: tetraciclina, ácido valproico, amiodarona
- Esteatose de grandes gotículas: etanol, corticoesteroides
- Tumor adenoma: estrogênio
- Tumor angiossarcoma: cloreto de vinila
- Trombose de veia hepática: estrogênio
Hepatite Medicamentosa
- Aumento predominante de ALT/AST
- Início da hepatotoxicidade entre 5 a 90 dias
- Biópsia hepática: infiltração eosinofílica hepática ou formação de granulomas no parênquima
- Evolução é controlável com a suspensão do medicamento
- Diagnóstico de exclusão e resolução após interrupção da toxina suspeita
Hepatite Medicamentosa - Paracetamol
- Hepatoxina intrínseca dose-dependente que faz necrose e insuficiência hepática aguda associada à insuficiência renal
- Lesão hepática com doses >10-15g
- Sinais clínicos apos 24-48h da ingestão
- Manejo: suporte + descontaminação gástrica c/ carvão ativado dentro das 1as 4 horas da ingestão + N-acetilcisteína (NAC) nas 1as 8 horas
- A NAC reduz gravidade da necrose hepática e taxa de mortalidade, principalmente se antes do aumento de aminotransferases
Hepatite Medicamentosa - RIPE
- Isoniazida + Rifampicina tem sigenergismo hepatóxico
- Isoniazida possui metabólito acetil-hidrazina que é tóxico
- Lesão ocorre nos primeiros 2-3 meses do uso da droga
- Icterícia é marcante
Hepatite Medicamentosa
- Amiodarona: Se assemelha à hepatite alcoólica aguda
- Alfametildopa:6% dos casos
- Amoxicilina/clavulanato:
- Eritromicina: reação colestática com infiltração das células inflamatórias e necrose dos hepatócitos
- Halotano: semelhante à hepatite viral
- Fenitoína: semelhante à hepatite viral + hipersensibilidade
- Ácido Valproico: administração de L-carnitina reduz morbimortalidade
Hepatite Medicamentosa - ACO
- Colestase hepatocelular
- Neoplasia dos hepatocitos
- Maior predisposição à formação de cálculos biliares de colesterol
- Trombose de veia hepática (Sd. De Budd-Chiari)
- Ocorre principalmente por estrogênio
- Resolução em 2-3 meses
Síndrome de Zieve
- Relacionada a dç hepática crônica por álcool
- Dor abdominal no epigástrio e hipocôndrio direito, icterícia, hiperlipidemia e anemia hemolítica (pode ser falsamente interpretadas com an. Macrocítica)
Hemossiderose
- É DIFERENTE de Hemocromatose
- É depósito de ferro sem dano tecidual no sistema reticuloendotelial
- Há acúmulo de hemossiderose (ptna que armazena ferro)