Genética Flashcards
Deficiência intelectual: definição
Quociente intelectual (QI) =< 70 + comprometimento de habilidades adaptativas (conceitual, social, prático, atividades cotidianas).
(Em crianças < 5 anos, fala-se em Atraso Global do Desenvolvimento, pela impossibilidade de realizar o teste de QI).
DI: classificação (4)
- DI leve: QI entre 50-70.
- DI moderada: QI entre 49-35.
- DI grave: QI entre 34-20.
- DI profunda: QI < 20.
DI: causas não genéticas (3)
- Pré-natal: exposição a teratógenos (destaque para Transtorno do Espectro do Álcool Fetal) e condições maternas adversas (DM).
- Peri-natal: prematuridade e baixo peso, icterícia importante, encefalopatia hipóxico-isquêmica.
- Pós-natal: infecções do SNC, TCE, convulsão, desnutrição.
DI: causas genéticas (4)
- Gênicas - DI ligada ao X (síndrome do X frágil).
- Cromossômicas - manifestações: DI, microcefalia, alterações viscerais (sobretudo cardiopatias e nefropatias) e sinais dismórficos secundários.
- Epigenéticas.
- Multifatorial (genético + ambiental).
DI: síndrome alcoólica fetal (3)
- Parte do Transtorno do Espectro do Álcool Fetal e principal causa não genética de DI.
- Ingestão de qualquer quantidade de álcool em qualquer momento da gestação (não é dose-dependente).
- Fenótipo: fenda palpebral encurtada, ponte nasal baixa, filtro nasal plano, lábio superior fino, hipoplasia malar.
DI: síndrome de Down (4)
- Trissomia do cromossomo 21.
- Principal causa genética de DI.
- Associação com idade materna avançada (> 35 anos).
- Fenótipo: DI, microcefalia, cardiopatia, baixa estatura, prega epicântica, fenda palpebral oblíqua, pavilhão auditivo pequeno.
DI: síndrome do X frágil (4)
- Principal causa herdada de DI.
- Parte da DI ligada ao X - predomínio no sexo masculino.
- Mutação por expansão CGG no gene FMR1 (> 200 repetições).
- Fenótipo: DI moderada em homens e leve em mulheres, face alongada e orelhas proeminentes, macrorquidia, alterações de linguagem e comportamento (TEA - principal causa de autismo sindrômico, TDAH, ansiedade).
DI: pré-mutação da síndrome do X frágil (2)
- Expansões CGG de 55-200 (> 200 = mutação completa).
2. Fenótipo: TEA, TDAH, falência ovariana prematura (mulheres) e ataxia e tremor (homens).
DI: investigação diagnóstica com base no fenótipo
- Com fenótipo reconhecível: cariótipo (suspeita de aneuploidias, como síndrome de Down), FISH (suspeita de deleção ou duplicação) ou testes moleculares para a síndrome do X frágil.
- Sem fenótipo reconhecível: microarray cromossômico, sequenciamento do exoma e do genoma.
DI: importância do diagnóstico etiológico (5)
- Tratamento e orientações antecipatórias.
- Evolução e prognóstico.
- Risco de recorrência e aconselhamento genético.
- Apoio familiar.
- Legitimação de direitos e recursos legais.
Anomalias congênitas: tipos (4)
- Malformação: potencial de desenvolvimento alterado e não progressiva.
- Displasia: potencial de desenvolvimento alterado e progressiva.
- Disrupcão: potencial de desenvolvimento normal, mas comprometido por uma influência destrutiva - gera fenótipos bizarros.
- Deformação: desenvolvimento normal finalizado, porém alterado por força mecânica.
Anomalias congênitas: pré-axial vs pós-axial
- Pré-axial: lado radial no MS e tibial no MI.
2. Pós-axial: lado ulnar no MS e fibular no MI.
Anomalias congênitas: malformações menores vs dismorfismos menores
- Malformações menores: malformações que não geram comprometimento funcional.
- Dismorfismos menores: alterações morfológicas que representam variantes da normalidade, não sendo consideradas malformações - ex: pavilhão auricular, filtro nasolabial.
Anomalias congênitas: isoladas vs múltiplas
- Isoladas: sequência = 1 anomalia primária > várias anomalias secundárias.
- Múltiplas: síndrome = várias anomalias determinadas por uma etiologia comum; associação = várias anomalias que ocorrem em conjunto em uma frequência maior do que isoladamente, mas sem etiologia comum e normalmente desconhecida.
Anomalias congênitas: exemplos de sequências (3)
- Potter: agenesia renal/obstrução do trato urinário > oligodrâmnio > hipoplasia pulmonar, dismorfismos faciais e alteração de grandes articulações.
- Prune-Belly: obstrução do trato urinário > agenesia da musculatura da parede abdominal > abdome em ameixa.
- Holoprosencefalia: holoprosencefalia > alterações faciais (hipotelorismo, ciclopia).
Anomalias congênitas: exemplo de associação
VACTERL: MF de vértebras, atresia anal, cardiopatia, fístula traqueo-esofágica, displasia renal e defeito de membros.
Teratógenos: definição
Substância que age no desenvolvimento intrauterino provocando defeitos estruturais e/ou funcionais.
Teratógenos: princípios (5)
- Depende de um genótipo fetal suscetível.
- A suscetibilidade depende do período de exposição.
- A intensidade das manifestação depende da dose.
- Apresentam mecanismos específicos - no geral, provocam alteração do crescimento e diferenciação celular e morte celular, resultando em malformações, defeitos funcionais, RCIU e morte do concepto.
- As manifestações dependem da natureza do agente.
Teratógenos: talidomida (3)
- Tratamento de eritema nodoso e reação hansênica tipo 2.
- Defeitos nos membros: transversais (amelia), longitudinais pré-axiais e intercalares (focomelia).
- Não produz amputações nem defeitos longitudinais pós-axiais.
Teratógenos: exemplos (5)
- Químicos: talidomida, ácido valproico, isotretinoína, misoprostol, álcool.
- Biológicos: Zika, rubéola, toxoplamose, CMV.
- Físicos: radiação e calor.
- Procedimentos: punção de vilosidades coriônicas no primeiro trimestre.
- Patologias maternas: DM.
Teratógenos: ácido valproico
Defeito no fechamento do tubo neural (espinha bífida).
Teratógenos: isotretinoína (3)
- Cardiopatia.
- MF do SNC.
- Microtia.
Teratógenos: Zika (3)
- Microcefalia.
- Artrogripose.
- Alterações do SNC: calcificações, atrofias, dilatação ventricular.
(Considerado uma sequência disruptiva em que a anomalia primária é a infecção do SNC).
Displasia óssea vs disostose
- Displasia: alteração morfológica do esqueleto como um todo por defeito no desenvolvimento do tecido condro-ósseo.
- Disostose: malformações ósseas pontuais.
Displasia óssea: clínica (5)
- Baixa estatura.
- Desproporção corporal.
- Luxação.
- Contratura.
- Fratura.
Displasia óssea: investigação (2)
- Radiografia: sempre o primeiro exame!
2. Investigação molecular: confirmação diagnóstico ou diagnósticos diferenciais.
Displasia óssea: acondroplasia (4)
- Espectro de fenótipos, desde os mais graves (displasia tanatofórica) até os mais leves (acondroplasia e hipocondroplasia).
- Mutações no gene FGFR3 do cromossomo 4.
- Condições autossômica dominante - o genótipo em homozigose normalmente morre precocemente. Porém 80% são de novo e 20% familial.
- Fenótipo: baixa estatura, desproporção corporal por membros curtos, hipoplasia de face média com macrocefalia relativa, rigidez de cotovelos e mão em tridente.
Displasia óssea: colagenopatias tipo 2 (3)
- Espectro de fenótipos, de graves a leves.
- Mutações no gene do colágeno 2 COL2A1.
- Fenótipo: baixa estatura, desproporção por tronco curto (displasia espôndilo-epifisária).
Displasia óssea: osteogênese imperfeita (5)
- Espectro de fenótipos dos tipos I - VI.
- Mutações no gene do colágeno 1.
- Condição autossômica dominante.
- Fenótipo: fragilidade e fraturas ósseas, esclera azulada, surdez.
- Tratamento: pamidronato (inibe a reabsorção óssea pelos osteoclastos), avaliação ortopédica, odontológica e auditiva.
Displasia óssea: diagnóstico pré-natal (2)
- USG: encurtamento dos ossos longos - sugere que há displasia óssea compatível com a vida ou não, mas não permite concluir o tipo de displasia.
- TC: apenas quando há suspeita ultrassonográfica de displasia incompatível com a vida.
(O diagnóstico final é pós-natal)
Síndrome de Down: suspeita ao nascimento (6)
- Hipotonia - sobretudo axial.
- Face arredondada e hipoplasia malar.
- Prega epicântica e fenda palpebral oblíqua.
- Língua protrusa.
- Pescoço curto e com excesso de pele.
- Prega palmar única, clinodactilia do quinto dedo e sulco plantar entre o hálux e o segundo artelho.
Síndrome de Down: alterações sistêmicas (5)
- Cardiopatias.
- Atresia de esôfago/duodeno.
- Hipotireoidismo.
- Deficiência imunológica (pneumonia de repetição).
- Alterações oftalmológicas, auditivas e odontológicas.
Síndrome de Down: etiologias (5)
Trissomia do cromossomo 21 causada por:
- Não-disjunção meiótica = 47, XX, +21.
- Translocação robertsoniana - normalmente envolvendo o cromossomo 14 = 46, XX, rob(14;21), +21.
- Translocação 21q21q - isocromossomo = 46, XX, i(21).
- Mosaicismo = 47, XX, +21[x células]/46, XX [y células].
- Trissomia 21 parcial.
Síndrome de Down: risco de recorrência (4)
O risco de recorrência depende da etiologia:
- Não-disjunção meiótica: risco de idade materna + 1% - não precisa investigar genitores.
- Translocação robertsoniana: genitora = 15%, genitor = 5% (apesar do risco teórico de 33%) - precisa investigar genitores!
- Translocação 21q21q: 100% - precisa investigar genitores!
- Mosaicismo: risco de idade materna + 1% - não precisa investigar genitores.
Síndrome de Down: conduta ao nascimento e seguimento clínico (7)
- Investigação de cardiopatia com ecocardiograma, atresia de esôfago e duodeno
- Hemograma.
- Função tireoidiana.
- Encaminhamento para estimulação.
- Encaminhamento para geneticista.
- Avaliação auditiva e visual.
- Risco de luxação atlanto-occipital.
Síndrome de Turner: etiologia (3)
Cromossomo X íntegro + ausência do braço curto do outro cromossomo sexual (principalmente X, mas Y em 6% dos casos).
- Monossomia do cromossomo X = 45, X.
- Mosaicismo = uma linhagem celular 45, X.
- Isocromossomo X (ou Y).
Síndrome de Turner: clínica (3)
- Baixa estatura proporcionada.
- Hipogonadismo primário por disgenesia gonadal.
- Dismorfismos muito variados: pescoço alado, implantação baixa e em tridente dos cabelos, tórax em escuto, cúbito valgo, ptose palpebral, palato em ogiva, nevos pigmentados, micro/retrognatia.
Síndrome de Turner: sinais por faixa etária (3)
- Neonato: comprimento abaixo do esperado para a IG, excesso de pele no pescoço e linfedema de mãos e pés.
- Adolescente/adulto: baixa estatura, amenorreia primária e hipogonadismo hipergonadotrófico, pescoço alado, tórax em escudo, hipertelorismo mamário
Síndrome de Turner: doenças associadas (6)
- Cardiopatias = valva aórtica bicúspide e coarctação da aorta.
- Nefropatias = rim em ferradura e duplicação ureteral.
- Doenças autoimunes = hipotireoidismo por tireoidite linfocítica crônica.
- Hiperlipidemia e obesidade.
- Osteopenia.
- Hipoacusia.
(A inteligência é normal!)
Síndrome de Turner: seguimento clínico (3)
- Investigação de complicações (cardiopatias, nefropatias, doenças autoimunes, osteopenia, alteração auditiva).
- Hormônio de crescimento (hGh) - pouco efeito se idade óssea > 11 anos.
- Reposição de hormônios sexuais.
Síndrome de Turner: cuidados (3)
- Ressecção das gônadas: se houver cromossomo Y, pelo risco aumentado de transformação maligna.
- Contraindicação à gestação (fertilização in vitro): se houver cardiopatia, pelo risco de descompensação.
- Contraindicação a correções estéticas: risco aumentado de cicatrização hipertrófica.
Síndrome de Klinefelter: etiologia
Presença de uma cópia extra do cromossomo X = 47, XXY.