Genética Flashcards
Deficiência intelectual: definição
Quociente intelectual (QI) =< 70 + comprometimento de habilidades adaptativas (conceitual, social, prático, atividades cotidianas).
(Em crianças < 5 anos, fala-se em Atraso Global do Desenvolvimento, pela impossibilidade de realizar o teste de QI).
DI: classificação (4)
- DI leve: QI entre 50-70.
- DI moderada: QI entre 49-35.
- DI grave: QI entre 34-20.
- DI profunda: QI < 20.
DI: causas não genéticas (3)
- Pré-natal: exposição a teratógenos (destaque para Transtorno do Espectro do Álcool Fetal) e condições maternas adversas (DM).
- Peri-natal: prematuridade e baixo peso, icterícia importante, encefalopatia hipóxico-isquêmica.
- Pós-natal: infecções do SNC, TCE, convulsão, desnutrição.
DI: causas genéticas (4)
- Gênicas - DI ligada ao X (síndrome do X frágil).
- Cromossômicas - manifestações: DI, microcefalia, alterações viscerais (sobretudo cardiopatias e nefropatias) e sinais dismórficos secundários.
- Epigenéticas.
- Multifatorial (genético + ambiental).
DI: síndrome alcoólica fetal (3)
- Parte do Transtorno do Espectro do Álcool Fetal e principal causa não genética de DI.
- Ingestão de qualquer quantidade de álcool em qualquer momento da gestação (não é dose-dependente).
- Fenótipo: fenda palpebral encurtada, ponte nasal baixa, filtro nasal plano, lábio superior fino, hipoplasia malar.
DI: síndrome de Down (4)
- Trissomia do cromossomo 21.
- Principal causa genética de DI.
- Associação com idade materna avançada (> 35 anos).
- Fenótipo: DI, microcefalia, cardiopatia, baixa estatura, prega epicântica, fenda palpebral oblíqua, pavilhão auditivo pequeno.
DI: síndrome do X frágil (4)
- Principal causa herdada de DI.
- Parte da DI ligada ao X - predomínio no sexo masculino.
- Mutação por expansão CGG no gene FMR1 (> 200 repetições).
- Fenótipo: DI moderada em homens e leve em mulheres, face alongada e orelhas proeminentes, macrorquidia, alterações de linguagem e comportamento (TEA - principal causa de autismo sindrômico, TDAH, ansiedade).
DI: pré-mutação da síndrome do X frágil (2)
- Expansões CGG de 55-200 (> 200 = mutação completa).
2. Fenótipo: TEA, TDAH, falência ovariana prematura (mulheres) e ataxia e tremor (homens).
DI: investigação diagnóstica com base no fenótipo
- Com fenótipo reconhecível: cariótipo (suspeita de aneuploidias, como síndrome de Down), FISH (suspeita de deleção ou duplicação) ou testes moleculares para a síndrome do X frágil.
- Sem fenótipo reconhecível: microarray cromossômico, sequenciamento do exoma e do genoma.
DI: importância do diagnóstico etiológico (5)
- Tratamento e orientações antecipatórias.
- Evolução e prognóstico.
- Risco de recorrência e aconselhamento genético.
- Apoio familiar.
- Legitimação de direitos e recursos legais.
Anomalias congênitas: tipos (4)
- Malformação: potencial de desenvolvimento alterado e não progressiva.
- Displasia: potencial de desenvolvimento alterado e progressiva.
- Disrupcão: potencial de desenvolvimento normal, mas comprometido por uma influência destrutiva - gera fenótipos bizarros.
- Deformação: desenvolvimento normal finalizado, porém alterado por força mecânica.
Anomalias congênitas: pré-axial vs pós-axial
- Pré-axial: lado radial no MS e tibial no MI.
2. Pós-axial: lado ulnar no MS e fibular no MI.
Anomalias congênitas: malformações menores vs dismorfismos menores
- Malformações menores: malformações que não geram comprometimento funcional.
- Dismorfismos menores: alterações morfológicas que representam variantes da normalidade, não sendo consideradas malformações - ex: pavilhão auricular, filtro nasolabial.
Anomalias congênitas: isoladas vs múltiplas
- Isoladas: sequência = 1 anomalia primária > várias anomalias secundárias.
- Múltiplas: síndrome = várias anomalias determinadas por uma etiologia comum; associação = várias anomalias que ocorrem em conjunto em uma frequência maior do que isoladamente, mas sem etiologia comum e normalmente desconhecida.
Anomalias congênitas: exemplos de sequências (3)
- Potter: agenesia renal/obstrução do trato urinário > oligodrâmnio > hipoplasia pulmonar, dismorfismos faciais e alteração de grandes articulações.
- Prune-Belly: obstrução do trato urinário > agenesia da musculatura da parede abdominal > abdome em ameixa.
- Holoprosencefalia: holoprosencefalia > alterações faciais (hipotelorismo, ciclopia).
Anomalias congênitas: exemplo de associação
VACTERL: MF de vértebras, atresia anal, cardiopatia, fístula traqueo-esofágica, displasia renal e defeito de membros.
Teratógenos: definição
Substância que age no desenvolvimento intrauterino provocando defeitos estruturais e/ou funcionais.
Teratógenos: princípios (5)
- Depende de um genótipo fetal suscetível.
- A suscetibilidade depende do período de exposição.
- A intensidade das manifestação depende da dose.
- Apresentam mecanismos específicos - no geral, provocam alteração do crescimento e diferenciação celular e morte celular, resultando em malformações, defeitos funcionais, RCIU e morte do concepto.
- As manifestações dependem da natureza do agente.
Teratógenos: talidomida (3)
- Tratamento de eritema nodoso e reação hansênica tipo 2.
- Defeitos nos membros: transversais (amelia), longitudinais pré-axiais e intercalares (focomelia).
- Não produz amputações nem defeitos longitudinais pós-axiais.
Teratógenos: exemplos (5)
- Químicos: talidomida, ácido valproico, isotretinoína, misoprostol, álcool.
- Biológicos: Zika, rubéola, toxoplamose, CMV.
- Físicos: radiação e calor.
- Procedimentos: punção de vilosidades coriônicas no primeiro trimestre.
- Patologias maternas: DM.
Teratógenos: ácido valproico
Defeito no fechamento do tubo neural (espinha bífida).
Teratógenos: isotretinoína (3)
- Cardiopatia.
- MF do SNC.
- Microtia.
Teratógenos: Zika (3)
- Microcefalia.
- Artrogripose.
- Alterações do SNC: calcificações, atrofias, dilatação ventricular.
(Considerado uma sequência disruptiva em que a anomalia primária é a infecção do SNC).
Displasia óssea vs disostose
- Displasia: alteração morfológica do esqueleto como um todo por defeito no desenvolvimento do tecido condro-ósseo.
- Disostose: malformações ósseas pontuais.
Displasia óssea: clínica (5)
- Baixa estatura.
- Desproporção corporal.
- Luxação.
- Contratura.
- Fratura.
Displasia óssea: investigação (2)
- Radiografia: sempre o primeiro exame!
2. Investigação molecular: confirmação diagnóstico ou diagnósticos diferenciais.
Displasia óssea: acondroplasia (4)
- Espectro de fenótipos, desde os mais graves (displasia tanatofórica) até os mais leves (acondroplasia e hipocondroplasia).
- Mutações no gene FGFR3 do cromossomo 4.
- Condições autossômica dominante - o genótipo em homozigose normalmente morre precocemente. Porém 80% são de novo e 20% familial.
- Fenótipo: baixa estatura, desproporção corporal por membros curtos, hipoplasia de face média com macrocefalia relativa, rigidez de cotovelos e mão em tridente.
Displasia óssea: colagenopatias tipo 2 (3)
- Espectro de fenótipos, de graves a leves.
- Mutações no gene do colágeno 2 COL2A1.
- Fenótipo: baixa estatura, desproporção por tronco curto (displasia espôndilo-epifisária).
Displasia óssea: osteogênese imperfeita (5)
- Espectro de fenótipos dos tipos I - VI.
- Mutações no gene do colágeno 1.
- Condição autossômica dominante.
- Fenótipo: fragilidade e fraturas ósseas, esclera azulada, surdez.
- Tratamento: pamidronato (inibe a reabsorção óssea pelos osteoclastos), avaliação ortopédica, odontológica e auditiva.
Displasia óssea: diagnóstico pré-natal (2)
- USG: encurtamento dos ossos longos - sugere que há displasia óssea compatível com a vida ou não, mas não permite concluir o tipo de displasia.
- TC: apenas quando há suspeita ultrassonográfica de displasia incompatível com a vida.
(O diagnóstico final é pós-natal)
Síndrome de Down: suspeita ao nascimento (6)
- Hipotonia - sobretudo axial.
- Face arredondada e hipoplasia malar.
- Prega epicântica e fenda palpebral oblíqua.
- Língua protrusa.
- Pescoço curto e com excesso de pele.
- Prega palmar única, clinodactilia do quinto dedo e sulco plantar entre o hálux e o segundo artelho.
Síndrome de Down: alterações sistêmicas (5)
- Cardiopatias.
- Atresia de esôfago/duodeno.
- Hipotireoidismo.
- Deficiência imunológica (pneumonia de repetição).
- Alterações oftalmológicas, auditivas e odontológicas.
Síndrome de Down: etiologias (5)
Trissomia do cromossomo 21 causada por:
- Não-disjunção meiótica = 47, XX, +21.
- Translocação robertsoniana - normalmente envolvendo o cromossomo 14 = 46, XX, rob(14;21), +21.
- Translocação 21q21q - isocromossomo = 46, XX, i(21).
- Mosaicismo = 47, XX, +21[x células]/46, XX [y células].
- Trissomia 21 parcial.
Síndrome de Down: risco de recorrência (4)
O risco de recorrência depende da etiologia:
- Não-disjunção meiótica: risco de idade materna + 1% - não precisa investigar genitores.
- Translocação robertsoniana: genitora = 15%, genitor = 5% (apesar do risco teórico de 33%) - precisa investigar genitores!
- Translocação 21q21q: 100% - precisa investigar genitores!
- Mosaicismo: risco de idade materna + 1% - não precisa investigar genitores.
Síndrome de Down: conduta ao nascimento e seguimento clínico (7)
- Investigação de cardiopatia com ecocardiograma, atresia de esôfago e duodeno
- Hemograma.
- Função tireoidiana.
- Encaminhamento para estimulação.
- Encaminhamento para geneticista.
- Avaliação auditiva e visual.
- Risco de luxação atlanto-occipital.
Síndrome de Turner: etiologia (3)
Cromossomo X íntegro + ausência do braço curto do outro cromossomo sexual (principalmente X, mas Y em 6% dos casos).
- Monossomia do cromossomo X = 45, X.
- Mosaicismo = uma linhagem celular 45, X.
- Isocromossomo X (ou Y).
Síndrome de Turner: clínica (3)
- Baixa estatura proporcionada.
- Hipogonadismo primário por disgenesia gonadal.
- Dismorfismos muito variados: pescoço alado, implantação baixa e em tridente dos cabelos, tórax em escuto, cúbito valgo, ptose palpebral, palato em ogiva, nevos pigmentados, micro/retrognatia.
Síndrome de Turner: sinais por faixa etária (3)
- Neonato: comprimento abaixo do esperado para a IG, excesso de pele no pescoço e linfedema de mãos e pés.
- Adolescente/adulto: baixa estatura, amenorreia primária e hipogonadismo hipergonadotrófico, pescoço alado, tórax em escudo, hipertelorismo mamário
Síndrome de Turner: doenças associadas (6)
- Cardiopatias = valva aórtica bicúspide e coarctação da aorta.
- Nefropatias = rim em ferradura e duplicação ureteral.
- Doenças autoimunes = hipotireoidismo por tireoidite linfocítica crônica.
- Hiperlipidemia e obesidade.
- Osteopenia.
- Hipoacusia.
(A inteligência é normal!)
Síndrome de Turner: seguimento clínico (3)
- Investigação de complicações (cardiopatias, nefropatias, doenças autoimunes, osteopenia, alteração auditiva).
- Hormônio de crescimento (hGh) - pouco efeito se idade óssea > 11 anos.
- Reposição de hormônios sexuais.
Síndrome de Turner: cuidados (3)
- Ressecção das gônadas: se houver cromossomo Y, pelo risco aumentado de transformação maligna.
- Contraindicação à gestação (fertilização in vitro): se houver cardiopatia, pelo risco de descompensação.
- Contraindicação a correções estéticas: risco aumentado de cicatrização hipertrófica.
Síndrome de Klinefelter: etiologia
Presença de uma cópia extra do cromossomo X = 47, XXY.
Síndrome de Klinefelter: clínica (5)
- Infertilidade e microrquidia - sinais mais frequentes
- Ginecomastia.
- Redução da pilificação facial e pubiana.
- Redução da massa muscular.
- Deficiência intelectual leve.
(Apenas 30% dos casos são diagnosticados, a maioria na vida adulta por infertilidade e microrquidia).
Síndrome de Klinefelter: enfermidades associadas (6)
- Maior risco de câncer de mama e de câncer de células germinativas extragonadais.
- Insuficiência venosa e TVP.
- DM2 e síndrome metabólica.
- Osteoporose.
- Doenças autoimunes: LES, AR.
- Transtornos psiquiátricos: ansiedade, depressão, esquizofrenia.
Síndrome de Klinefelter: seguimento clínico (3)
- Reposição de testosterona: desenvolvimento dos caracteres sexuais, massa muscular e óssea.
- Suporte psicológico.
- Fertilização assistida: se houver desejo de ter filhos.
Síndrome de Marfan: etiologia e fisiopatologia
- Mutação no gene FBN1 produtor da fibrilina - proteína que confere resistência elástica, presente em tecidos como aorta, zônulas ciliares, pele.
- Pode se manifestar como haploinsuficiência (menor quantidade de proteína normal) ou efeito dominante negativo (quantidade normal de proteína alterada).
Síndrome de Marfan: alterações cardiovasculares (4)
- Dilatação da raiz da aorta.
- Dissecação de aorta.
- Prolapso de valva mitral.
- Outros: dilatação da artéria pulmonar e calcificação do anel aórtico.
Síndrome de Marfan: alterações oculares (3)
- Ectopia lentis: luxação do cristalino por ruptura do músculo ciliar.
- Miopia > 3 di: olho alongado.
- Outros: córnea achatada e hipoplasia ciliar.
Síndrome de Marfan: alterações esqueléticas (4)
- Alta estatura e magreza.
- Membros compridos e finos.
- Aracnodactilia (dedos compridos) - sinal do punho e do polegar.
- Outros: pé chato, pectus escavatum ou carinatum.
Síndrome de Marfan: alterações pulmonares, dermatológicas e neurológicas
- Pulmão: bolhas apicais e pneumotórax espontâneo.
- Pele: estrias e hérnias de repetição.
- SNC: ectasia dural lombossacra.
Síndrome de Marfan: critérios diagnósticos (5)
- Raiz da aorta > 2Z (ou > 3Z, se paciente com menos de 20 anos).
- Ectopia lentis.
- Escore sistêmico (SS) > 7.
- Mutação patogênica no gene FBN1.
- Parente de primeiro grau afetado.
Necessário 2, com exceção da combinação gene + familial.
Síndrome de Marfan: seguimento clínico (5)
- Avaliação cardiológica: ecocardiograma, betabloqueador, prótese valvar.
- Avaliação oftalmológica: miopia, lensectomia.
- Avaliação ortopédica/fisioterápica: escoliose, pé plano, degeneração articular.
- Evitar esportes de contato, de competição e exercício isométrico.
- Evitar fluoroquinolonas.
Neurofibromatose tipo 1: etiologia (2)
- Mutação no gene NF1, produtor da neurofibromina - proteína de supressor tumoral (regulação negativa do ciclo celular).
- Herança autossômica dominante.
Neurofibromatose tipo 1: clínica (4)
- Manchas café com leite >= 6
- Nódulos de Lisch >= 2
- Efélides axilares e inguinais
- Neurofibromas
Neurofibromatose tipo 1: critérios diagnósticos (7)
- Manchas café com leite >= 6.
- Nódulos de Lisch >= 2.
- Neurofibromas >= 2 ou neurofibroma plexiforme.
- Efélides axilares e inguinais.
- Glioma óptico.
- Parente de primeiro grau afetado.
- Displasia de esfenoide e pseudoartrose tibial.
(A presença de pelo menos 2 confirma o diagnóstico!)
Neurofibromatose tipo 1: tumores associados (4)
- SN: glioma óptico, astrocitomas, bainha de nervo periférico.
- Hematológicos: leucemia, síndromes mielodisplásicas.
- Adrenal: feocromocitoma.
- TGI.
(Perda da heterozigozidade no segundo evento)
Síndrome de Marfan e Neurofibromatose tipo 1: evolução e diagnóstico em crianças
Doenças progressivas - diagnóstico difícil em crianças!
Erros inatos do metabolismo: fisiopatologia
Mutação em um gene que codifica uma proteína (normalmente uma enzima), comprometendo uma rota metabólica e levando à menor síntese do produto e ao acúmulo do substrato, o que é progressivamente tóxico.
EIM: antecedentes de suspeita (4)
- Consanguinidade entre os genitores.
- História prévia de morte neonatal e infantil sem causa definida.
- História familiar de encefalopatias crônica sem causa definida.
- Parte de comunidades específicas: Amish, judeus, Ashkenazi.
EIM: sinais clínicos de suspeita (5)
- Hepatopatia, icterícia e esplenomegalia.
- Regressão no desenvolvimento neurológico, convulsões, movimentos anormais.
- Vômitos recorrentes e rejeição alimentar.
- Hipoglicemia, alcalose e acidose metabólica.
- Malformações osteoarticulares.
EIM: grupo 1 - doenças que causam intoxicação
Acúmulo de moléculas pequenas, como aminoácidos, açúcares e metais, levando a sintomas em agudização quando exposto ao substrato.
Ex: aminoacidopatias, intolerância a açúcares, defeitis do ciclo da ureia e intoxicação por metais.
EIM grupo 1: doença do xarope do bordo (3)
- Deficiência da enzima que degrada corpos cetônicos, causando acúmulo e intoxicação pelo aminoácido leucina.
- Hipotonia axial, movimentos anormais de membros superiores (boxeador) e inferiores (ciclista), cheiro forte e adocicado da urina e suor, edema cerebral e coma.
- Dieta com restrição de leucina.
EIM grupo 1: fenilcetonúria (3)
- Deficiência da enzima que degrada o aminoácido fenilalanina, causando seu acúmulo.
- Diagnóstico pela triagem neonatal no teste do pezinho, mas grave comprometimento neurológico se não for tratada nos primeiros 14 dias (deficiência intelectual, convulsão, autismo).
- Dieta com restrição de fenilalanina.
EIM grupo 1: galactosemia (2)
- Defeito na enzima que degrada o metabólito da galactose, causando seu acúmulo.
- Catarata congênita (sempre pesquisar galactosemia!) e insuficiência hepática com seus comemorativos - icterícia, sangramento, hepatomegalia (o galactitol é muito tóxico ao fígado).
EIM grupo 2: doenças do metabolismo energético (3)
- A deficiência enzimática leva à falta de ATP e ao comprometimento da síntese e do aproveitamento de substratos energéticos, como glicose e glicogênio, ácido graxo e corpos cetônicos.
- Sinais comuns: dificuldade de ganho de peso, retardo de crescimento, hipoglicemia, acidemia lática, comprometimento de cérebro + coração + músculos.
- Exemplos: colagenoses, acidemias láticas, doenças mitocondriais e defeitos de oxidação dos ácidos graxos.
EIM grupo 3: doenças do acúmulo de moléculas complexas (3)
- Deficiência enzimática que leva ao acúmulo de moléculas grandes e complexas, como mucopolissacarídeos, ácidos graxos, oligossacarídeos.
- Sintomas crônicos e progressivos.
- Exemplos: mucopolissacaridoses, doenças dos peroxissomos, lipofuscinoses.
EIM grupo 3: mucopolissacaridoses (3)
- Acúmulo de mucopolissacarídeos.
- Primeiros sintomas: manchas mongólicas, malformações ósseas - gibas, infeções de repetição.
- Com o tempo: atraso no DNPM, face grosseira, baixa estatura, hérnias umbilicais e inguinais.
EIM: confirmação diagnóstica (4)
- Exames laboratoriais de rotina: hemograma, glicemia, ácido lático, gasometria, provas hepáticas e renais.
- Exames laboratoriais específicos: dosagem de aminoácidos, de ácidos graxos, de mucopolissacarídeos, análise de enzimas específicas.
- Exame histopatológico: pele, fígado, medula óssea.
- Exames de imagem: crânio, tórax.
EIM: princípios do tratamento (6)
- Terapia gênica e transplante de órgãos.
- Restrição dietética do substrato.
- Reposição da enzima deficiente e estimulação da atividade da enzima.
- Reposição do produto deficiente.
- Bloqueio da formação do metabólito tóxico e remoção do metabólito.
- Aconselhamento genético.
(Sempre com abordagem multidisciplinar!)
Farmacogenética: definição
Resposta individual à administração de fármacos e xenobióticos, causada principalmente por deficiências enzimáticas (mas também de proteínas transportadoras e receptores).
Farmacogenética: tipos de acetiladores da isoniazida e resposta ao tratamento
- Acetiladores lentos: apresentam efeitos adversos com o esquema contínuo - sudorese, rubor, parestesia e queimação nos membros, tontura.
- Acetiladores rápidos: não têm eficiência sob o esquema intermitente.
Farmacogenética: esquema indicado da isoniazida
Esquema contínuo > Se surgirem efeitos colaterais, passar para esquema intermitente.
(O ideal seria saber, antes do tratamento, se o paciente é um acetilador rápido ou lento)
Farmacogenética: deficiência de pseudocolinesterase e succinilcolina
A pseudocolinesterase degrada a succinilcolina, portanto sua deficiência gera paralisia muscular e apneia prolongada quando submetido à anestesia com succinilcolina.
Farmacogenética: outros xenobióticos associados à deficiência da pseudocolinesterase (2)
- Pesticidas organofosforados (dano neuromuscular).
2. Cocaína e heroína (rápida overdose).
Farmacogenética: etiologia e fisiopatologia da hipertermia maligna
- Mutação no gene do canal liberador de cálcio (rianodina).
- Quando em contato com anestésicos desencadeantes (haloteno, succinilcolina), o canal mutado deixa de funcionar e libera uma grande quantidade de cálcio no citoplasma das células musculares.
Farmacogenética: clínica da hipertermia maligna
Febre alta, acidose e hipercalcemia.
Farmacogenética: tratamento da hipertermia maligna
Dantroleno sódico - 2,5 mg/kg.
Farmacogenética: etiologia e fisiopatologia da deficiência de G6PD
- Mutação no gene produtor da G6PD, responsável pela formação de NADPH nas hemácias, usado como antioxidante.
- Na presença de substâncias desencadeantes (sulfas, nitrofuranos, antimaláricos), a hemácia sofre dano oxidativo e morre, configurando uma anemia hemolítica.
Farmacogenética: CYP450
Conjunto de enzimas hepáticas responsáveis pela metabolização de muitas substâncias endógenas e exógenas, como hormônios, vitaminas A e D, ácido graxos e sais biliares, medicamentos, pesticidas e produtos industrializados.
Farmacogenética: definição e perfis de metabolização da CYP2D6
- Subconjunto de enzimas da CYP450 responsável pela metabolização de vários medicamentos, como antidepressivos, antipsicóticos, antiarrítmicos, anti-hipertensivos, broncodilatadores etc.
- Perfis de metabolização muito variados com base no número de cópias do gene - nula, lenta, normal, rápida e ultrarrápida.
Deficiência auditiva: classificação por tipo, início e intensidade
- Tipo: condução (ouvido externo e médio), neurossensorial (ouvido interno) e mista.
- Início: pré-lingual (antes da aquisição da fala) e pós-lingual.
- Intensidade: leve, moderada, moderada a severa, severa e profunda.
Deficiência auditiva: causas genéticas (2)
- Mutações de herança AR (maioria), AD, ligada ao X ou mitocondrial.
- Pode ser sindrômico ou não sindrômico (maioria).
Deficiência auditiva: causas não genéticas (3)
- Pré-natais: CMV, toxoplasmose e rubéola.
- Perinatais: anoxia e prematuridade.
- Pós-natais: meningite bacteriana e medicamentos ototóxicos (depende de suscetibilidade genética).
Deficiência auditiva: principais causas sindrômicas (4)
- Sd de Waardenburg (HAD).
- Sd brânquio-oto-renal (HAD).
- Sd de Treacher-Collins (HAD).
- Sd de Usher (HAR).
Deficiência auditiva: síndrome de Waardenburg (2)
- Deficiência auditiva neurossensorial.
2. Distúrbio de pigmentação da íris (heterocromia) e dos pelos (mecha branca).
Deficiência auditiva: Sd brânquio-oto-renal (3)
- Alterações branquiais: fístulas e cistos branquiais.
- Alterações otológicas: DA (condução, neurossensorial ou mista), apêndices auriculares e fossetas.
- Alterações renais: hipoplasia, displasia, agenesia.
Deficiência auditiva: Sd de Usher (3)
- Tipo I: DA NS pré-lingual severa-profunda, distúrbios vestibulares e retinite pigmentar progressiva a partir da adolescência (deficiência visual).
- Tipo II: DA NS pré-lingual leve-severa, sem distúrbios vestibulares e RPP na adolescência/vida adulta.
- Tipo III: DA NS pós-lingual, distúrbios vestibulares presentes ou não, RPP de início tardio.
Deficiência auditiva: Sd de Treacher-Collins (2)
- DA de condução.
- Anomalias de face: retro/micrognatia, microtia, ausência de arco zigomático (estruturas derivadas do primeiro e segundo arcos branquiais).
Deficiência auditiva: causas genéticas não sindrômicas (4)
- HAR: pré-lingual, não progressiva, severa-profunda, 50% dos casos por mutação do gene GJB2 (proteína conexina 26).
- HAD: pós-lingual, progressiva, principalmente para sons agudos.
- Herança ligada ao X.
- Herança mitocondrial: herança materna para todos os descendentes, provoca DA causada por ototoxicidade induzida por aminoglicosídeos (gentamicina, estreptomicina, tobramicina).
Deficiência auditiva: riscos genéticos (3)
- Causas não genéticas: risco desprezível.
- Causas genéticas: depende do mecanismo de herança (HAR, HAD, HLX, mitocondrial).
- Causas indefinidas: risco empírico de 10% para irmãos e 5% para filhos.
Deficiência visual: causas não genéticas (3)
- Pré-natais: Zika, toxoplasmose, rubéola.
- Perinatais: prematuridade, anóxia.
- Pós-natais: trauma, meningite.
Deficiência visual: causas genéticas não sindrômicas (7)
- Anoftalmia: ausência de globos oculares.
- Distrofias de córnea: leva à opacificação bilateral de córnea e pode ser gelatinosa ou granular.
- Aniridia: ausência de íris, levando a fotofobia, catarata, glaucoma e opacificação de córnea - investigar se é aniridia isolada ou parte da síndrome dos genes contíguos WAGR (aniridia, tumor renal de Wilms, anomalias genitais e retardo do desenvolvimento).
- Glaucoma congênito e juvenil de ângulo aberto.
- Catarata congênita: opacidade do cristalino - investigar se é catarata isolada ou associada à galactosemia.
- Amaurose congênita de Leber: distrofia hereditárias de retina, com DV moderada-grave, nistagmo e fotofobia.
- Neuropatia óptica hereditária de Leber: perda visual subaguda e indolor entre 25-35 anos, herança mitocondrial.
Aconselhamento genético: definição
Comunicação do risco de ocorrência e recorrência familial de anomalias genéticas, envolvendo suas implicações, possibilidades de prevenção, tratamentos disponíveis, prognóstico e apoio psicológico.
Aconselhamento genético: conceitos importantes (3)
- Não trata apenas de risco de ocorrência e recorrência - importante carga emocional relacionada à culpa pela transmissão da doença.
- Não é diretivo - não pode recomendar ou não a reprodução, que deve ser decisão da família com base nas informações dadas.
- Não é responsabilidade exclusiva do médico geneticista.
Aconselhamento genético: características da herança autossômica dominante (4)
- Homens e mulheres afetados em proporções semelhantes.
- Inúmeras gerações afetadas.
- Todos os afetados são filhos de pais afetados (recorrência vertical).
- Pais afetados passam para filhos, excluindo a possibilidade de herança ligada ao X.
Aconselhamento genético: características da herança autossômica recessiva (3)
- Casos esporádicos na família, normalmente com filho afetado de pais normais.
- Recorrência na irmandade (horizontal)
- Presença de consanguinidade.
Aconselhamento genético: características da herança recessiva ligada ao X (3)
- Apenas homens afetados.
- Mulheres são somente portadoras.
- Homens afetados ligados por uma mulher portadora.
Aconselhamento genético: características da herança mitocondrial (3)
- Homens e mulheres afetados.
- Transmissão unicamente por via materna e para todos os descendentes da mãe afetada.
- A intensidade das manifestações clínicas é extremamente variável, devendo ser discutida apenas por profissionais habilitados.
Aconselhamento genético: fatores de influência na herança multifatorial/complexa (3)
- Grau de parentesco com o probando: quanto menor o grau, maior a proporção de material genético compartilhado.
- Intensidade das manifestações clínicas do probando: quanto maior a intensidade, maior o número de genes de suscetibilidade envolvidos.
- Sexo do probando e do indivíduo: os sexos feminino e masculino apresentam diferentes limiares (quantidade de genes necessários para manifestação do fenótipo), e se o sexo de maior limiar for afetado, maior a quantidade de genes de suscetibilidade envolvidos.
Consanguinidade: definição e risco
- União entre familiares com grau de parentesco de até primos em terceiro grau.
- Risco de expressão da mutações autossômicas recessivas herdadas de um ancestral comum.
Consanguinidade: risco genético (3)
- Primos de segundo e terceiro grau: + 1%.
- Primos de primeiro grau: + 1,5-3%.
- Relação incestuosa (pais-filhos ou irmãos): > 50% de anomalia genética.
Consanguinidade: orientações (5)
- Antecedentes pessoais.
- Antecedentes familiares e heredograma.
- Origem étnica do casal - se necessário, realizar exames para investigar doenças típicas de alguns grupos, como anemia falciforme em negros, talassemia beta em caucasianos.
- Acompanhamento gestacional por USG.
- Triagem neonatal ampliada (outros EIM), avaliação audiológica e oftalmológica.
Diagnóstico pré-natal: indicações (5)
- Idade materna avançada.
- Filho anterior com anomalia cromossômica.
- Genitor portador de translocação equilibrada.
- Alterações à USG pré-natal.
- Antecedente familiar de anomalias hereditárias.
Diagnóstico pré-natal: testes (3)
- Invasivos: punção de líquido amniótico, vilo corial e cordão umbilical (ordem crescente de invasividade).
- Minimamente invasivos: NIPT (DNA fetal em sangue materno, proveniente do sinciciotrofoblasto), diagnóstico pré-implantação.
- Não invasivos: USG com translucência nucal, exame morfológico e ecocardiografia fetal.
Diagnóstico pré-natal: limitação dos testes de material placentário
A punção de vilo coriônico e o NIPT (DNA fetal em sangue materno) podem indicar mosaicismo. Diante disso, é preciso confirmar com a punção de líquido amniótico.
DOWN
Condições clinicas associadas e que devem ser investigadas periodicamente (4)
Hipotireoidismo
Leucemia
Alteração oftalmológica e auditiva
Luxação atlantoaxial