Erick Erickson Flashcards
Erikson tinha uma visão otimista ou pessimista sobre a natureza humana? Explique.
Erik tinha uma visão otimista da natureza humana. Ele pensava que, embora nem todos fossem bem-sucedidos na obtenção de esperança, objetivo, sabedoria e outras virtudes, temos potencial para obter tudo isso. Nada em nossa natureza nos impede; tampouco temos de inevitavelmente sofrer conflitos, ansiedades e neuroses devido às forças biológicas instintivas.
As teorias de Erikson permitem uma visão otimista porque cada fase do crescimento psicossocial, embora centrada em torno de crises, oferece a possibilidade de um resultado positivo. Nós somos capazes de resolver cada situação de maneira ajustada e fortalecedora. Mesmo que falhemos numa fase e desenvolvamos uma resposta mal adaptada ou uma fraqueza básica, ainda há esperança de mudança numa fase posterior.
Nós temos potencial para direcionar conscientemente o nosso crescimento durante toda a vida. Não somos exclusivamente produtos das experiências de infância. Ainda que tenhamos pouco controle durante as primeiras quatro fases do nosso desenvolvimento, obtemos cada vez mais independência e capacidade de escolher formas de responder às crises e demandas da sociedade. As influências da infância são importantes, mas os acontecimentos das fases posteriores podem contrabalançar experiências anteriores infelizes.
Quais as influências que estiveram presentes na construção da teoria de Erik Erikson? E em quais pontos dentro dessas influências ele divergia?
Erik Erikson foi treinado na tradição freudiana, por Anna Freud, filha de Sigmund Freud, de onde tirou grande parte de suas ideias centrais, que serviram como base para a abordagem da personalidade proposta por Erikson. Embora Erikson tenha proposto mudanças significativas na teoria psicanalítica, acreditava que a psicanálise é sempre o ponto de partida, a base de tudo, fazendo com que se considerasse um freudiano leal, mesmo após seu afastamento da psicanálise. Erikson ainda teve contato com Henry Murray, enquanto afiliou-se à sua clínica em Harvard.
As mudanças mais significativas propostas por Erikson foram os estágios de desenvolvimento da criança, entendendo que a formação da personalidade não se dá por volta dos cinco anos, como Freud, mas que se desenvolve ainda ao longo de oito etapas; Uma segunda proposição de Erikson estava ao enfatizar que o ego é uma parte independente da personalidade, que não depende do id e nem está submisso a ele; A terceira distinção de sua teoria se dava ao afirmar que a personalidade não é construída apenas com bases biológicas, mas que sofre influências culturais e históricas.
Qual era a visão de Erikson para a concepção de pessoa e mundo?
A respeito da sua concepção de pessoa, Erikson via a natureza humana de forma otimista, acreditando no potencial que todos têm de serem bem sucedidos na obtenção de esperança, objetivo, sabedoria e outras virtudes. Além disso, entendia que os indivíduos não têm que obrigatoriamente sofrer de conflitos, ansiedade e neurose devido às forças biológicas instintivas. Dentro de sua teoria, acreditava que mesmo quando falhamos numa fase do desenvolvimento e desenvolvemos uma resposta mal adaptada ou uma fraqueza básica (características motivadoras derivadas da resolução insatisfatória da crise de desenvolvimento), ainda há esperança de mudança numa fase posterior.
A teoria de Erikson é parcialmente determinista, entendendo que as primeiras quatro fases acontecem em grande parte fora do nosso controle, onde somos expostos a colegas, pais e professores. Porém, acredita que nas fases posteriores podemos adquirir autonomia e independência, tendo chances de exercer o livre-arbítrio. No geral, acreditava que a personalidade é formada em maior parte pelas experiências e pela aprendizagem do que pela hereditariedade.
Mesmo que as capacidades inatas sejam importantes no desenvolvimento da personalidade, o ego emerge da sociedade e é, em grande parte, moldado por ela. A ênfase de Erikson nos fatores sociais e históricos ia de encontro ao ponto de vista predominantemente biológico de Freud.
Como a Psicanálise influenciou Erikson?
O trabalho de Erikson é firmemente baseado na teoria psicanalítica; ninguém desde Freud fez tanto para desenvolver e aplicar os princípios da psicanálise a novos campos e aos problemas do mundo atual. No processo, Erikson desenvolveu uma teoria original enraizada no entendimento psicanalítico, porém com campo de ação, conceito e ênfase significativamente diferentes. Ele foi chamado de “freudiano emancipado não-dogmático”. Os conceitos de identidade e crise de identidade de Erikson têm tido grande influência profissional nas ciências sociais, além de terem se tornado palavras de uso familiar.
Erikson concordava com algumas formulações teóricas de Freud, mas se desviou da linha de racio- cínio freudiana nos seus métodos de avaliação da personalidade. Ele questionava a utilidade e até a segurança de algumas das técnicas freudianas, a começar pelo divã analítico. Para Erikson, pedir aos pacientes para que se deitem no divã poderia levar a uma exploração sádica, criar a ilusão de objetividade, estimular uma ênfase excessiva no material inconsciente e gerar impessoalidade e al- tivez excessivas por parte do terapeuta. Para promover uma relação mais pessoal entre o terapeuta e o paciente e garantir que se vissem um ao outro como iguais, Erikson preferia que eles ficassem de frente um para o outro e sentassem em cadeiras confortáveis.
Considera-se que Erik Erikson ampliou a teoria de Freud de três maneiras. Quais são?
Primeiramente Erikson aprimorou os estágios de desenvolvimento. Freud enfatizava a infância e propunha que a personalidade era moldada aproximadamente aos 5 anos, Erikson sugeria que a personalidade continua se desenvolvendo numa sucessão de oito etapas durante toda a vida.
O segundo afastamento da teoria freudiana foi enfatizar mais o ego do que o id. Na sua opinião, o ego era uma parte independente da personalidade; ele não depende do id nem é submisso a ele.
O terceiro tema que Erikson ampliou foi ao reconhecer o impacto da personalidade nas forças culturais e históricas. Para ele, não somos totalmente regidos por fatores biológicos inatos que operam na infância.Embora estes sejam importantes, não nos dá a explicação completa da personalidade.
Por que Erikson propunha que não somos exclusivamente produtos das nossas experiências na infância?
Para Erikson, nós temos potencial para direcionar conscientemente o nosso conhecimento durante toda a vida. Ainda que tenhamos pouco controle durante as primeiras quatro fases do nosso desenvolvimento, obtemos cada vez mais independência e capacidade de escolher formas de responder às crises e demandas da sociedade. Desta forma, a teoria de Erikson é considerada mais otimista que a freudiana.
O trabalho de Erikson com os indígenas Sioux e Yurok teve importante influência em seu pensamento. Quais as constatações feitas pelo teórico no estudo de ambas as aldeias indígenas?
Em 1937, viajou para Dakota do Sul para investigar a causa da apatia entre as crianças Sioux. Ele descobriu que elas se encontravam presas entre sistemas de valores conflitantes: os valores tribais tradicionais que aprenderam no início da infância e os valores da classe média branca ensinadas na escola. Em sua cultura, nem a propriedade nem a competição eram valorizadas. Alguns anos depois, Erikson visitou os Yurok, indígenas que viviam junto ao Rio Klamath, no norte da Califórnia. Constatou que a aquisição de posses era uma preocupação constante entre os Yurok. As crianças eram ensinadas a serem moderadas, a valorizar o ganho a longo prazo sobre os impulsos imediatos, e engajadas em fantasias de pegar o salmão e acumular dinheiro.
Quais as contribuições mais significativas que a teoria de Erikson trouxe? Justifique cada um dos pontos.
Uma teoria psicossocial do desenvolvimento, da qual emerge uma concepção ampliada do ego e estudos psico-históricos que exemplificam sua teoria psicossocial nas vidas de indivíduos famosos. O psicossocial está ligado ao desenvolvimento. Significa especificamente que os estágios de vida de uma pessoa, do nascimento até a morte, são formados por influências sociais interagindo com um organismo que está amadurecendo física e psicologicamente. Erikson dizia que existe “um mútuo ajuste entre o indivíduo e o ambiente, ou seja, entre a capacidade do indivíduo de se relacionar com um espaço de vida de pessoas e de instituições em constante expansão, por um lado, e, por outro, a prontidão dessas pessoas e instituições em torná-lo parte de uma preocupação cultural contínua.
Qual o conceito de Ego para Erik e como ela se difere da proposta por Freud?
Para Freud o ego não tem força própria; portanto, deve tomar emprestada sua energia do id. Além do mais, o ego está constantemente tentando equilibrar as demandas cegas do superego contra as forças incessantes do id e as oportunidades realistas do mundo externo. Freud acreditava que, para as pessoas psicologicamente sadias, o ego é desenvolvido o suficiente para colocar rédeas no id, mesmo que seu controle ainda seja tênue e os impulsos do id possam emergir e invadir o ego a qualquer momento.
Já Erikson defendia que o ego é uma força positiva que cria uma identidade pessoal, uma noção de “eu”. Como centro da personalidade, o ego ajuda as pessoas a se adaptarem aos vários conflitos e crises da vida e evita que elas percam sua individualidade para as forças nivela- doras da sociedade. Sendo assim, via o ego como uma agência organizadora parcialmente inconsciente que sintetiza nossas experiências presentes com identida- des pessoais passadas e também com as imagens esperadas do self. Ele definiu o ego como a capacidade de uma pessoa de unificar experiências e ações de uma maneira adaptativa.
Quais são os sete pontos básicos necessários de entendimento para compreensão dos estágios psicossociais propostos pelo teórico?
1º) Princípio epigenético: um termo tomado emprestado da embriologia. O desenvolvimento epigenético implica um crescimento gradual dos órgãos fetais. O embrião não inicia como uma pequena pessoa completamente formada, esperando apenas expandir sua estrutura e forma. Em vez disso, ele se desenvolve, ou deve se desenvolver, de acordo com um ritmo predeterminado e em uma sequência fixa.
2º) Interação dos opostos: diz respeito a um conflito entre um elemento sin-tônico (harmonioso) e um elemento distônico (perturba- dor), presentes nos estágios da vida.
3º) Força básica: em cada estágio, o conflito entre os elementos distônicos e sintônicos produz uma qualidade de ego ou força de ego.
4º) Patologia central: pouca força básica em qualquer estágio re- sulta em uma patologia central para aquele estágio.
5º) Embora Erikson tenha se referido a seus oito estágios como estágios psicossociais, ele nunca perdeu de vista o aspecto biológico do desenvolvimento humano.
6º) Multiplicidade de conflitos e eventos: os eventos nos estágios iniciais não causam o desenvolvimento posterior da personalidade. A identidade do ego é moldada por uma multiplicidade de conflitos e eventos – passados, presentes e previstos.
7º) Crise de identidade: mais evidente a partir da adolescência e caracterizado por ser o “ponto de virada, um período crucial de vulnerabilidade e potencial aumentado
Descreva resumidamente os 8 estágios psicossociais de desenvolvimento do ego propostos por Erikson.
- Confiança básica versus desconfiança básica. O primeiro estágio, em que o sentimento de confiança do bebê em si mesmo e no mundo se desenvolve a partir da qualidade do cuidado direto. Isto resulta na virtude da esperanç̧a, que estabelece a base para o desenvolvimento da fé.
- Autonomia versus vergonha e dúvida. O segundo estágio, no qual a criança interage com o mundo de novas formas e um sentimento de autonomia desenvolve-se com o senso de livre escolha. A virtude adquirida neste estágio é a vontade, que se desenvolve como base para o reconhecimento adulto de um espírito de justiça, manifesta na instituição social da lei.
- Iniciativa versus culpa. O terceiro estágio, em que a atividade mais básica é o brincar. A virtude deste estágio, finalidade, enraíza-se na fantasia e no brincar, os quais formam as raízes do drama, da dança e do ritual na vida adulta.
- Diligência versus inferioridade. O quarto estágio, em que a atenção se transfere do brincar para um sentido de trabalho. A virtude deste estágio é a competência, baseada no desenvolvimento de habilidades práticas, capacidades gerais e um sentido de habilidade manual.
- Identidade versus confusão de identidade. O quinto estágio, época em que o adolescente questiona os modelos de papéis e identificações do passado. Durante este período de transição entre a infância e a idade adulta, a pergunta “Quem sou eu?” é fundamental. A fidelidade é a virtude básica deste estágio, quando o indivíduo se defronta com a necessidade de se comprometer com um conjunto de valores e uma carreira, formando um marco de sua identidade.
- Intimidade versus isolamento. O sexto estágio, em que se desenvolve um sentido de responsabilidade adulta, juntamente com a independência dos pais e da escola. Estabelecem- se relacionamentos íntimos com os outros. A genuína mutualidade com um parceiro amoroso forma a base para o comprometimento decisivo que geralmente ocorre neste estágio. O amor é a virtude associada a este estágio; ele se manifesta na intimidade e mutualidade genuínas.
- Geratividade versus estagnação. O sétimo estágio, incluindo preocupações com criatividade e produtividade no trabalho e na vida pessoal, a favor de filhos, idéias, produtos e princípios. A virtude desenvolvida neste estágio é a consideração.
- Integridade versus desespero. O oitavo estágio. Época de lidar com as preocupações fundamentais. Desenvolvimento da capacidade de ver nossa vida como um todo e um maior senso de perspectiva. Pode ocorrer desespero se não tivermos adquirido alguma medida de auto-aceitação. A sabedoria é a virtude que se desenvolve a partir de nossos encontros tanto com o desespero quanto com a integridade, à luz das preocupações fundamentais.
Comente as diferenças entre os estágios do desenvolvimento de Freud e os de Erikson.
Enquanto Freud baseou sua descrição dos estágios de desenvolvimento humano em experiências específicas relacionadas a órgãos, os estágios de Erikson baseiam-se em estilos mais gerais de relacionar-se e lidar com o ambiente. Embora, segundo Erikson, estes estilos de comportamento muitas vezes se desenvolvam inicialmente através de um determinado órgão, eles se referem a amplos padrões de atividade.
Defina o que são as virtudes básicas e cite qual a virtude desenvolvida em cada estágio.
As virtudes são forças inerentes e se caracterizam por uma sensação de potência e desenvolvimento positivo. A esperança é a virtude do primeiro estágio, confiança versus desconfiança. A vontade é a virtude advinda da crise de autonomia versus vergonha e dúvida. A finalidade está enraizada no estágio de iniciativa versus culpa. A competência é a virtude oriunda do estágio de diligência versus inferioridade. A fidelidade provém da identidade versus confusão de identidade. O amor é a virtude que se desenvolve da intimidade. A consideração se origina da geratividade. A sabedoria provém da crise de integridade versus desespero.
Porque a teoria de Erik Erikson é apenas uma parte determinista?
A teoria de Erikson é apenas uma parte determinista porque durante as primeiras
quatro fases, as experiências às quais somos expostos estão em grande parte, fora do nosso controle. Nós temos mais chance de exercer o livre-arbítrio durante as últimas quatro fases. Por este motivo, a teoria é considerada uma parte determinista pois durante as primeiras fases, nossas escolhas são afetadas, não temos controle sobre elas, e nas últimas quatro fases, conseguimos exercer o livre-arbítrio.
Qual a função do Terapeuta para Erikson?
Erikson assinala que um terapeuta competente possui uma forte noção do potencial de crescimento e desenvolvimento do paciente. A função do terapeuta é fomentar este crescimento, em vez de impor ao paciente suas próprias expectativas para o futuro ou sua experiência anterior. Este foco está implícito na exigência de que o terapeuta se submeta à análise didática e na ênfase ao papel da transferência e contratransferência na psicanálise. A transferência refere-se aos sentimentos positivos ou negativos que os pacientes desenvolvem por seus terapeutas.
