Endocrinologia do Ciclo Menstrual Flashcards
Quais as características do ciclo menstrual típico?
O ciclo menstrual normal varia entre 21 a 35 dias, sendo sua duração média 28
dias. Ele é constituído de 2 fases, a fase proliferativa ou folicular, na qual ocorre o
desenvolvimento dos folículos, e a fase secretora ou lútea, na qual ocorre a ovulação.
A primeira fase do ciclo é variável no número de dias, porque depende do dia que vai
acontecer a ovulação. A segunda fase é mais fixa, durando geralmente 14 dias.
Quais as características da ovulação e dos tipos de menstruação?
A ovulação é a transformação do folículo liberado em corpo lúteo. É o corpo
lúteo que faz a progesterona aumentar e manter seu nível na segunda fase. Se não
houver fecundação, o corpo lúteo degenera e esse é o sinal para cessar a produção de
progesterona, o que culmina na menstruação. Uma menstruação normal consiste na
perda de 30-70mL de sangue e até 7 dias é considerado normal. No entanto, existem
variações:
▪ Hipermenorreia: quando há menstruação por mais de 7 dias ou quando há relato
da mulher sobre o aumento do fluxo.
▪ Oligomenorreia: atraso menstrual por muitos meses. SOP: ausência de ovulação
ou ovulação tardia; é um exemplo disso.
▪ Polimenorreia: intervalos de ciclos <21 dias.
▪ Amenorreia: ausência de menstruação.
Quais as características do eixo hipotálamo-hipófise-ovário?
O eixo HHO não está isolado no organismo
feminino. Ele sofre influências da tireoide, das
adrenais, do tecido gorduroso, do fígado, dos
rins, do SNC e de outros sistemas. A influência é
mediada por neurotransmissores como
noradrenalina, serotonina, dopamina, GABA,
entre outros. O principal hormônio hipotalâmico
envolvido no ciclo menstrual é o hormônio
liberador de gonadotrofinas, o GnRH.
O GnRH é responsável pela liberação de
LH e de FSH, hormônios secretados pela
hipófise anterior. Não há secreção contínua de
GnRH, ela é pulsátil. Ele praticamente só existe
na circulação porto-hipofisária, porque sua
meia-vida é muito curta. O ciclo menstrual e o ciclo
circadiano são responsáveis por essa secreção. O
sistema supra-hipotalâmico (norepinefrinadopamina) recebe interferência de endorfina,
serotonina, prolactina, gonadotrofinas, catecolestrogênios, atividade física, alterações
emocionais, estresse e nutrição. Por isso, o ciclo menstrual das mulheres no geral pode
variar de acordo com suas emoções, seu estado de saúde e diversas outras alterações
no corpo.
Como ocorre a secreção de GnRH e quais as suas características?
A secreção de GnRH varia em frequência e
amplitude durante todo o ciclo menstrual e isso é
imprescindível para a fisiologia – é esse
mecanismo que permite a variação de FSH e LH
durante o ciclo.
Além disso, existe o mecanismo de feedback
negativo FSH/LH e GnRH, assim como existe o
mesmo mecanismo entre estrogênio/progesterona e
GnRH.
A secreção de LH e FSH, também pulsátil,
depende também da secreção dos esteroides
ovarianos, isto é, estrógeno e progesterona, que
são responsáveis pelo feedback negativo às
gonadotrofinas. O FSH é responsável pelo
crescimento folicular, enquanto o LH é responsável
pela ovulação.
Quais as características da prolactina?
Entre os hormônios hipofisários, vale a pena destacar, ainda, a prolactina, que tem
ação sobre as mamas, ovários, fígado, adrenais e outros órgãos. Sua função primária é
a lactação, mas, tratando-se do ciclo menstrual, é válido relacionar a secreção pulsátil
da PRL com a secreção de dopamina. Quando os níveis de dopamina caem, há
elevação da síntese e liberação da prolactina. Ainda, o hormônio tireotrófico (TRH)
é um dos maiores estimuladores da síntese de prolactina. Assim, cabe associar
que, se uma paciente com irregularidade menstrual procura um ginecologista e há
diagnóstico de elevação da prolactina, a dosagem de hormônios tireoidianos (TSH e T4
livre) pode surpreender um hipotireoidismo não suspeitado anteriormente.
A hipersecreção de PRL causa uma disfunção do eixo HHO, gerando secreção
inadequada e acíclica de gonadotrofinas, galactorreia, anovulação e irregularidade
menstrual. Isso ocorre porque a PRL mantém os receptores de LH no corpo lúteo,
permitindo adequada produção de progesterona na segunda fase do ciclo
Quais as características hormonais do ovário e do crescimento folicular?
O ovário produz estrogênio através dos folículos ovarianos e progesterona
pelo corpo lúteo. Seu estroma é responsável por produzir androstenediona e
testosterona. Assim, os ovários tem função ovulatória e função de síntese hormonal, a
fim de favorecer a nidação e o desenvolvimento da gravidez. Desde a 20ª semana de
vida intrauterina, os ovários estão em atividade e só cessam na menopausa.
A função ovulatória dos ovários se baseia na foliculogênese, que independe do
FSH. Durante a vida fetal, existem
os folículos primordiais (5 a 7
milhões), que param na primeira
divisão meiótica, até que o processo
de ovulação de inicie. Esses
folículos reduzem em número até o
nascimento, até cerca de 2 milhões.
Na menarca, os folículos passam a
ser cerca de 400.000 em ambos os
ovários e, durante a menacme (período fértil da mulher; da menarca até a menopausa),
em cada ciclo, o FSH recruta e seleciona em torno de 15 folículos, reassumindo a
meiose, que passam a folículo pré-ovulatório. O LH promove a formação do oócito
maduro.
Nesse sentido, ocorre a
dominância, apenas um óvulo
sendo selecionado com
concentração maior de receptores
FSH e LH. Quando o FSH estiver
baixo, os outros param de ser
estimulados, enquanto o que tem
mais receptores se mantém. O
processo que mais acontece no
ovário é a atresia.
Funcionalmente, os
ovários podem ser divididos em
compartimento folicular, no qual
são produzidos o estrógeno e a
inibina B; corpo lúteo, no qual o
principal produto é a progesterona, e há também a inibina A; e estroma, no qual os
principais produtos são os androgênios. As inibinas têm como função, praticamente,
apenas realizar o feedback negativo com FSH e GnRH.
Quais as características da esteroidogênese?
A produção de esteroides começa com uma molécula de LDL, que é captada
pelo ovário, cai dentro da teca e é hidrolisada por diversas enzimas. As células da teca
transformam colesterol em androstenediona e testosterona, sendo influenciado por
LH, que aumenta a produção de androgênios. A aromatase é responsável por esse
processo, que também está presente na gordura. Assim, a quantidade de gordura
corporal influencia na produção de estrona e estradiol – quanto maior, mais produção.
Para que haja esteroidogênese ovariana adequada, deverá ocorrer interação
harmoniosa entre o Sistema Nervoso Central (hipotálamo), hipófise e gônadas (ovários).
No hipotálamo, ocorre a interação do sistema neural com mecanismos bioquímicos
formando o sistema neuroendócrino. Neurotransmissores hipotalâmicos(dopamina, serotonina, norepinefrina) influenciam a secreção de GnRH, o qual é
sintetizado no núcleo arqueado e secretado de forma pulsátil. Para que a hipófise exerça
sua função, é necessário estímulo prévio hipotalâmico. Se este mecanismo ocorrer de
forma adequada, a hipófise secretará as gonadotrofinas (FSH e LH), que exercerão
seu efeito à distância (ovários). As gônadas femininas sintetizam estrogênios que farão
retrocontrole negativo sob a liberação de FSH/LH (hipófise) e GnRH (hipotálamo).
Após a menopausa, o ovário perde a função reprodutora, mas não a endócrina.
Não há mais folículo, logo, haverá diminuição nos níveis de estradiol e inibina e, assim,
elevação dos níveis de FSH e LH. Essa elevação estimula as células do estroma,
mantendo a produção de androstenediona e testosterona em proporções reduzidas.
Quais as características do ciclo menstrual e dos mecanismos de feedback?
No ciclo menstrual regular, o FSH aumenta no final do ciclo menstrual anterior e
tem elevação progressiva na fase folicular inicial, mantida até o pico de estradiol no
meio do ciclo. Esse platô é um marcador de diminuição dos níveis de FSH, por feedback
negativo para o GnRH. O estradiol tem níveis séricos baixos na fase folicular inicial e
tem uma elevação rápida na fase folicular tardia, até um pico no meio do ciclo queocorre 24h antes do pico de LH – esse é o marcador de que a ovulação acontecerá
em 12h a 14h. A progesterona, por sua vez, mantém níveis séricos baixos, até o dia
do pico de LH, quando começa a aumentar. A elevação da progesterona reflete um
preparo do útero para estabelecer a fecundação – o corpo lúteo produz progesterona
também, o que explica seu aumento na fase lútea.
Uma vez que não há fecundação e o corpo lúteo se rompe, os níveis de
progesterona e estradiol caem. Desse modo, como o estrogênio promove a
proliferação do endométrio e a progesterona o transforma para receber o embrião,
sem esses estímulos, as células endometriais descamam, ocorrendo a menstruação.
O que acontece quando a mulher não ovula?
O estrogênio não diminui, porque o folículo continua e fica produzindo estrogênio, só
não houve o pico de LH e FSH. O endométrio continua se proliferando sem a
contraposição da progesterona. Assim, a progesterona não cai e não há menstruação.
Essa é a primeira causa de amenorreia – anovulação.