DRC Flashcards
O que é a Doença Renal Crônica (DRC)?
A DRC é a perda progressiva e irreversível da função renal, definida pela presença de dano renal ou redução da taxa de filtração glomerular (TFG) por mais de 3 meses, independentemente da causa.
Quais fórmulas são comumente utilizadas para estimar a TFG?
As fórmulas mais usadas são a Cockcroft-Gault, MDRD (Modification of Diet in Renal Disease), e CKD-EPI (Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration).
Como é feito o estadiamento da DRC com base na TFG?
O estadiamento da DRC é dividido em 5 estágios:
Estágio 1: TFG ≥ 90 mL/min/1.73m² (com lesão renal evidente)
Estágio 2: TFG 60-89 mL/min/1.73m²
Estágio 3a: TFG 45-59 mL/min/1.73m²
Estágio 3b: TFG 30-44 mL/min/1.73m²
Estágio 4: TFG 15-29 mL/min/1.73m²
Estágio 5: TFG < 15 mL/min/1.73m² (doença renal terminal).
Como a albuminúria é classificada no estadiamento da DRC?
A albuminúria é classificada em 3 categorias:
A1: < 30 mg/g (normal a levemente aumentada)
A2: 30-300 mg/g (moderadamente aumentada)
A3: > 300 mg/g (severamente aumentada).
Quais são as principais causas de DRC?
doenças renais hereditárias como a doença renal policística.
Quais são as causas de DRC associadas a rins de tamanho normal ou aumentado?
Causas incluem diabetes mellitus, amiloidose, HIV e doença renal policística.
Quais complicações decorrem da redução da função excretora renal na DRC?
Complicações incluem acúmulo de toxinas urêmicas, hipercalemia, hiperfosfatemia, acidose metabólica e sobrecarga de volume.
Quais complicações decorrem da redução da função endócrina renal?
As complicações incluem anemia (por deficiência de eritropoetina) e distúrbios ósseos (osteodistrofia renal, devido à deficiência na ativação da vitamina D e hiperparatireoidismo secundário).
Qual é o manejo geral do paciente com DRC?
O manejo inclui controle da pressão arterial, controle glicêmico, restrição de sódio e proteínas, correção de distúrbios eletrolíticos, uso de inibidores da ECA ou BRAs para reduzir a progressão da doença, e prevenção e tratamento de complicações como anemia e doenças ósseas.
Como é definida a Doença Renal Crônica (DRC)?
A DRC é definida pela presença de lesão renal ou redução da função renal (TFG < 60 ml/min/1,73 m²) por um período maior ou igual a 3 meses.
Quais são os marcadores de lesão renal na DRC?
Os principais marcadores incluem:
Albuminúria ≥ 30 mg/dia
Hematúria de origem glomerular (hemácias dismórficas)
Cilindros celulares no sedimento urinário
Distúrbios eletrolíticos ou acidose metabólica atribuída a doenças tubulares renais
Anormalidades em exames de imagem (cicatrizes, cistos, obstruções, estenose de artéria renal)
Achados patológicos em biópsia renal
História de transplante renal.
Quais doenças tubulares renais podem causar distúrbios eletrolíticos ou acidose metabólica na DRC?
Incluem acidoses tubulares renais, Síndrome de Fanconi, Síndrome de Bartter, Síndrome de Gitelman e diabetes insipidus
Quais anormalidades em exames de imagem podem indicar DRC?
Anormalidades incluem cicatrizes renais, cistos renais patológicos, obstruções urinárias crônicas, litíase renal, massas renais e estenose significativa de artéria renal
Quais achados podem ser detectados em biópsias renais em pacientes com DRC?
Biópsias podem revelar doenças glomerulares (ex.: lesão mínima, nefropatia membranosa), doenças vasculares (ex.: aterosclerose, tromboses, vasculites) e danos relacionados à hipertensão arterial sistêmica (HAS).
Por que é necessário um período mínimo de 3 meses para diagnosticar DRC?
O período de 3 meses é necessário para diferenciar a DRC da IRA (insuficiência renal aguda), já que a IRA geralmente apresenta recuperação da função ou lesão renal antes desse período.
Quais são os dois marcadores mais comuns de DRC na prática clínica?
Os marcadores mais comuns são a creatinina e a albuminúria.
Como é classificada a Doença Renal Crônica (DRC) conforme a TFG?
A DRC é classificada em 5 estágios:
Estágio 1: TFG ≥ 90 ml/min/1,73 m²
Estágio 2: TFG 60-89 ml/min/1,73 m²
Estágio 3a: TFG 45-59 ml/min/1,73 m²
Estágio 3b: TFG 30-44 ml/min/1,73 m²
Estágio 4: TFG 15-29 ml/min/1,73 m²
Estágio 5: TFG < 15 ml/min/1,73 m² (insuficiência renal ou DRC estágio terminal).
Quais são os níveis de albuminúria usados na classificação da DRC?
A albuminúria é dividida em três categorias:
A1: Normal, < 30 mg/g
A2: Microalbuminúria, 30-300 mg/g
A3: Macroalbuminúria, > 300 mg/g.
Qual é o estágio da DRC com maior risco de complicações renais e cardiovasculares?
O estágio 5 A3 (TFG < 15 ml/min/1,73 m² e albuminúria > 300 mg/g) tem o maior risco de complicações renais e cardiovasculares
Quando o paciente com DRC deve ser encaminhado ao nefrologista?
O paciente deve ser encaminhado ao nefrologista nos seguintes casos:
Estágio 4 da DRC (TFG entre 15 e 29 ml/min/1,73 m²)
Albuminúria > 300 mg/24h
Insegurança do médico clínico no manejo
de DRC estágio 3a ou 3b.
Quais são as terapias de substituição renal indicadas para pacientes com DRC estágio 5?
As terapias de substituição renal incluem hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal.
Em quais estágios da DRC o acompanhamento pode ser feito por um médico da atenção primária?
Nos estágios 1, 2 e 3 da DRC, com albuminúria ≤ 300 mg/24h, o paciente pode ser acompanhado por um médico da atenção primária, devido ao baixo risco de complicações
Quais são as três principais causas de Doença Renal Crônica (DRC) no mundo?
As três principais causas de DRC são:
Diabetes mellitus
Hipertensão arterial sistêmica (HAS)
Glomerulopatias (primárias e secundárias).
Quais são as principais causas de DRC nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento?
Nos países desenvolvidos, a principal causa de DRC é o diabetes mellitus. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, a principal causa é a hipertensão arterial sistêmica (HAS).
Quais condições podem levar ao desenvolvimento de glomerulopatias crônicas?
As glomerulopatias crônicas podem ser causadas por:
Doenças autoimunes
Medicamentos
Infecções crônicas (HIV, hepatite B, hepatite C, tuberculose)
Amiloidoses
Neoplasias.
Qual é a principal doença genética que provoca DRC?
A principal doença genética que provoca DRC é a Doença Renal Policística Autossômica Dominante (DRPAD).
Como o tratamento da doença de base pode ajudar a prevenir ou retardar a progressão da DRC?
O tratamento adequado da doença de base (como diabetes ou hipertensão) é a principal forma de prevenir ou retardar a progressão da DRC, pois trata a causa subjacente da disfunção renal.
Quais são as principais drogas nefrotóxicas que podem causar DRC?
As principais drogas nefrotóxicas incluem:
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)
Carbonato de lítio
Quimioterápicos.
Quais são as principais causas de uropatias obstrutivas que podem levar à DRC?
As principais causas de uropatias obstrutivas são:
Nefrolitíase
Hipertrofia prostática benigna
Neoplasias de próstata, bexiga ou ureter
Compressão por neoplasias de órgãos
adjacentes (ex.: útero, reto, cólon,
linfonodos)
Bexiga neurogênica.
Quais doenças hereditárias podem levar à DRC?
As principais doenças hereditárias que causam DRC são:
Doença renal policística autossômica dominante ou recessiva
Síndrome de Alport
Anomalias Congênitas dos Rins e do Trato Urinário (CAKUT)
Oxalúria primária
Doença de Fabry
Esclerose tuberosa.
Quais são as principais causas vasculares renais de DRC?
As principais causas vasculares incluem:
Estenose de artéria renal
Nefropatia isquêmica
Ateroembolismo renal
Necrose cortical aguda.
Quais condições podem causar nefropatias túbulo-intersticiais crônicas, levando à DRC?
As condições incluem:
Rim do mieloma (sequela)
Refluxo vesicoureteral
Anemia falciforme
Sarcoidose
Sequela de pielonefrites.
Quais são as principais causas de DRC associadas a rins de tamanho normal ou aumentado?
As causas incluem:
Diabetes mellitus
Doença renal policística autossômica dominante
Nefropatia associada ao HIV
Esclerose sistêmica
Amiloidose
Anemia falciforme
Uropatias obstrutivas.
O que os exames de imagem frequentemente revelam em casos avançados de DRC?
Exames de imagem frequentemente mostram rins reduzidos, com redução da ecogenicidade cortical e, em casos avançados, perda da diferenciação corticomedular.
O que acontece com os néfrons remanescentes após a perda de unidades funcionais na DRC?
Os néfrons remanescentes passam por um processo de hiperfiltração adaptativa, onde aumentam sua capacidade de filtração glomerular para compensar a perda dos néfrons. Esse processo é estimulado por citocinas e pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona (RAA).
Qual é o impacto da hiperfiltração adaptativa no longo prazo?
Embora inicialmente benéfica, a hiperfiltração adaptativa provoca danos adicionais aos néfrons remanescentes, contribuindo para a progressão da DRC, mesmo que a doença de base esteja controlada.
Quais são as principais alterações laboratoriais observadas na DRC?
As principais alterações laboratoriais incluem:
Elevação da ureia e creatinina
Proteinúria
Distúrbios eletrolíticos e acidose metabólica (em estágios mais avançados)
Anemia
Distúrbios minerais ósseos (ex.: hiperparatireoidismo secundário).
A partir de qual estágio da DRC podemos observar sinais de comprometimento da função excretora e endócrina renal?
Esses sinais começam a aparecer a partir do estágio 3b da DRC.
Por que a DRC é frequentemente chamada de doença “silenciosa”?
A DRC é frequentemente silenciosa porque os sintomas clínicos geralmente só aparecem quando há uma perda significativa da função renal. Quando presentes, os sintomas são inespecíficos e resultam da retenção de escórias nitrogenadas e das complicações exócrinas e endócrinas.
Quais são as consequências da retenção de escórias nitrogenadas na DRC?
A retenção de escórias nitrogenadas, como ureia, fenóis, indóis e hipuratos, pode causar sintomas inespecíficos associados à DRC, principalmente em estágios avançados.
Quais são as principais consequências da DRC relacionadas à função endócrina dos rins?
As principais consequências são:
Queda na produção de eritropoietina: causa anemia
Queda na produção de vitamina D ativa (calcitriol): leva à hipocalcemia, hiperfosfatemia e hiperparatireoidismo secundário.
O que ocorre com a excreção de toxinas urêmicas na DRC?
Há redução na excreção de toxinas urêmicas, resultando em elevação da ureia e creatinina (azotemia) e, em casos mais graves, pode causar sintomas urêmicos (uremia).
Quais são as consequências da DRC relacionadas à excreção de eletrólitos?
Sódio: A retenção de sódio é acompanhada de água, resultando em hipervolemia
Potássio: Acúmulo de potássio provoca hipercalemia
Fósforo: Acúmulo de fósforo resulta em hiperfosfatemia.
Como a DRC afeta a excreção de água e hidrogênio (H⁺)?
Água: Redução na excreção de água pode causar hiponatremia
Hidrogênio (H⁺): A redução da excreção de íons H⁺ leva à acidose metabólica.
Qual é o impacto da DRC no risco de doenças cardiovasculares?
A DRC aumenta o risco de doenças cardiovasculares, que são uma das principais causas de mortalidade em pacientes com DRC
O volume urinário está geralmente preservado na DRC. Quando ocorre oligúria ou anúria?
O volume urinário costuma estar preservado, exceto em pacientes com longa história de diálise, que podem evoluir para oligúria ou anúria. Se um paciente com DRC desenvolve oligúria ou anúria, deve-se suspeitar de uma insuficiência renal aguda (IRA) sobreposta
Qual é a principal causa da anemia na Doença Renal Crônica (DRC)?
A principal causa é a deficiência relativa de eritropoietina (EPO), já que a produção desse hormônio é reduzida nos rins afetados pela DRC.
Como a eritropoietina (EPO) é produzida?
A EPO é produzida pelos fibroblastos intersticiais do rim em resposta à hipóxia. Fatores indutores de hipóxia (HIF) estimulam a produção de EPO quando há queda no conteúdo de O₂ no sangue.
Quais são os valores de hemoglobina que definem anemia, de acordo com a OMS?
Homens: Hemoglobina < 13 g/dL
Mulheres: Hemoglobina < 12 g/dL.
Quais são outros fatores que contribuem para a anemia nos pacientes com DRC?
Redução na sobrevida das hemácias
Coletas de sangue repetidas
Perdas sanguíneas nos acessos vasculares e hemodiálise
Perdas sanguíneas crônicas gastrointestinais
Deficiência de vitamina B12 e ácido fólico
Inflamação crônica
Hiperparatireoidismo secundário (fibrose da medula óssea pelo PTH).
Qual é o tipo de anemia encontrada na DRC?
A anemia da DRC é normocítica e normocrômica, ou seja, não altera o tamanho e a coloração das hemácias.
Em quais estágios da DRC a anemia é mais comum?
A anemia surge a partir do estágio 3b e está presente em cerca de 50% dos pacientes no estágio 4 e em quase 100% dos pacientes no estágio 5.
Por que os pacientes com DRC têm uma maior demanda por ferro?
Devido às perdas sanguíneas aumentadas (até 2 gramas de ferro por ano) e à dificuldade na absorção intestinal de ferro, causada pela produção de hepcidina relacionada ao quadro inflamatório da DRC.
O que é hepcidina e qual seu papel na anemia da DRC?
A hepcidina é uma proteína reguladora do metabolismo de ferro, cuja produção é aumentada em estados inflamatórios, como na DRC. Ela reduz a absorção intestinal de ferro, levando ao balanço negativo de ferro e contribuindo para a anemia.
Como a ferritina é utilizada na avaliação do estoque de ferro corporal em pacientes com DRC?
A ferritina é um marcador de estoque de ferro, mas sua produção pode ser aumentada em estados inflamatórios. Nos pacientes com DRC, uma ferritina reduzida indica deficiência absoluta de ferro, mas uma ferritina normal ou elevada pode refletir tanto um estoque adequado quanto uma inflamação associada à retenção de escórias nitrogenadas.
Quais são os valores de referência para o diagnóstico de deficiência absoluta de ferro em pacientes com DRC?
Os valores de referência para deficiência absoluta de ferro em pacientes com DRC são:
Ferritina ≤ 100 ng/mL
Índice de saturação da transferrina ≤ 20%.
Por que a investigação da deficiência de ferro é importante nos pacientes com DRC?
Embora a deficiência de eritropoietina (EPO) seja a principal causa da anemia na DRC, a deficiência de ferro é comum e contribui para a anemia. Por isso, é importante sempre investigar a ferropenia associada.
Qual é o papel dos rins na saúde mineral óssea?
Os rins convertem a vitamina D em sua forma ativa, o calcitriol (1,25-di-hidroxivitamina D), e regulam os níveis séricos de fósforo e cálcio por meio da excreção e reabsorção desses minerais.
Quais são os dois processos iniciais da doença mineral óssea na DRC?
Redução da excreção de fósforo
Queda na produção de calcitriol.
O que é o FGF-23 e qual é seu papel na DRC?
O fator de crescimento fibroblástico 23 (FGF-23) é um hormônio que aumenta a excreção de fósforo pelos néfrons remanescentes e inibe a produção de calcitriol.
Como a redução do calcitriol afeta o paratormônio (PTH)?
A queda de calcitriol reduz a absorção intestinal de cálcio, o que estimula a produção de PTH. Além disso, a própria falta de calcitriol aumenta o PTH diretamente, causando hiperparatireoidismo secundário.
Por que o hiperparatireoidismo secundário ocorre na DRC?
O hiperparatireoidismo secundário ocorre devido à redução dos níveis de cálcio sérico e à queda de calcitriol, que estimulam a produção de PTH para aumentar a reabsorção óssea de cálcio e tentar manter o equilíbrio.
Quais são as complicações da doença mineral óssea nos estágios avançados da DRC?
As complicações incluem:
Hiperfosfatemia
Hipocalcemia
Hiperparatireoidismo secundário
Calcificação vascular e tecidual
Aumento do risco de doenças cardiovasculares.
O que provoca a hipocalcemia nos estágios avançados da DRC?
A hipocalcemia nos estágios avançados é causada pela hiperfosfatemia, que leva à formação de cristais insolúveis de fosfato de cálcio e sua deposição nos tecidos.