Doencas exantematicas - escarlatina Flashcards
31 - Qual o agente etiológico da escarlatina?
A escarlatina é doença causada na quase totalidade dos casos por estreptococo β hemolítico do grupo A de Lancefield, produtor de toxina eritrogênica; ocasionalmente é devida a infecção por estreptococos do grupo C e G.
Os estreptococos são bactérias Gram-positivas, apresentam-se em cadeia quando em meio líquido e aos pares, in vivo.Fazem parte da família Streptococcaceae, gênero Streptococcus, que inclui 21 diferentes espécies. Colonizam mais frequentemente o grupo infantil e causam um amplo espectro de doenças supurativas, uma das quais é a escarlatina. Quando não tratados podem levar a complicações tardias não supurativas, como febre reumática e glomerulonefrite difusa aguda (GNDA).
32 - Qual a forma de transmissão, o período de incubação e a faixa etária preferencial da escarlatina?
A transmissão se dá por contato direto com a saliva ou secreção nasal, e o período de incubação é curto, de 12 horas a quatro dias. É rara no lactente, e a faixa etária mais acometida é o pré-escolar e o escolar.
33 - Quais as manifestações clínicas da escarlatina?
A doença inicia-se abruptamente com febre alta, dor de garganta, anorexia, vômitos, cefaléia e às vezes dor abdominal. Após 12 a 48 horas surge o exantema, que se inicia no tronco e evolui para pescoço e membros, poupando palmas de mãos e planta de pés.
O exantema é típico: eritematoso, micropapular, áspero como uma lixa. Na face existem lesões puntiformes na testa, as bochechas são avermelhadas e a região peri-oral apresenta-se pálida, o que é conhecido como sinal de Filatov. O exantema é mais acentuado nas dobras cutâneas e surgem áreas de hiperpigmentação, com a formação de linhas transversais nas dobras de flexão, o denominado sinal de Pástia.
A língua, nos dois primeiros dias, apresenta-se esbranquiçada, cujas papilas edemaciadas e hiperemiadas se sobressaem. No terceiro dia esse revestimento branco desaparece e surge a língua avermelhada com as papilas hipertrofiadas, conhecida como “língua em framboesa”. Ao exame a orofaringe encontra-se hiperemiada, com amígdalas hipertrofiadas, com pontos purulentos.
34 - Qual a duração do quadro de escarlatina e como é caracterizado o período após o exantema?
As manifestações clínicas desaparecem em torno de uma semana e o período posterior é caracterizado por descamação bastante característica da escarlatina. Começa na face e pescoço sob a forma de finas escamas, estende-se ao tronco e depois para extremidades, em torno da segunda ou terceira semana. As mãos e pés são os últimos e apresentam descamação mais intensa, “lamelar ou em dedo de luva”. Em casos leves a descamação cessa em três semanas, em casos graves pode chegar a oito semanas.
35 - Quais os diagnósticos diferenciais de escarlatina?
A escarlatina, em geral, não apresenta dificuldade para o diagnóstico clínico, o que só acontece se o paciente procura o médico no início do quadro, quando o exantema não está bem estabelecido.
O diagnóstico diferencial deve ser feito principalmente com:
- doença de Kawasaki;
- escarlatina estafilocócica;
- reações de hipersensibilidade a drogas;
- outras doenças exantemáticas como rubéola;
- mononucleose;
- sarampo.
36 - Quais as complicações da escarlatina?
A complicação tardia, não supurativa, mais frequente após a escarlatina é a febre reumática, cujo início dos sintomas ocorre de uma a cinco semanas após a faringite. Outra complicação é a glomerulonefrite difusa aguda (GNDA), que pode ser causada por estreptococo nefritogênico, sorotipo M-12 associado a faringite e M-49 associado ao impetigo.
A infecção estreptocócica não tratada pode se disseminar e espalhar-se por contigüidade, causando principalmente adenite cervical, otite média, sinusite, abscesso retrofaríngeo. A disseminação hematogênica da bactéria causando focos à distância é extremamente rara após o advento do tratamento com antibiótico adequado.
37 - Qual o tratamento da escarlatina?
A droga de escolha é a penicilina. Pode ser prescrita a penicilina benzatina nas seguintes doses:
- Crianças com >25 kg = 1.200.000 UI por via IM, em dose única;
- Crianças <25 kg = 600.000 UI por via IM, em dose única.
Para pacientes alérgicos à penicilina, pode-se prescrever a
- eritromicina na dose de 50 mg/kg/dia, por via oral, de 6/6 horas, durante 10 dias.
Outros macrolídeos, como azitromicina, 10 mg/kg/dia, por via oral, uma vez ao dia, durante 5 dias; ou claritromicina 15 mg/kg/dia, por via oral, de 6/6 horas, durante 10 dias, são também efetivos.
Um curso de 10 dias de cefalosporina de 1a geração (cefalexina) é uma alternativa aceitável. Entretanto, 5% das pessoas alérgicas à penicilina também o são à cefalosporina. Pacientes com hipersensibilidade tipo I À penicilina não devem receber cefalosporina.
39 - A criança com escarlatina deve ser afastada da escola?
Sim. Assim que é feito o diagnóstico de escarlatina a criança deve ser afastada da escola e, imediatamente, inicia-se o tratamento com antibiótico adequado. Após, no mínimo, 4 horas de terapia apropriada, a criança poderá retornar à escola se não existir outro fator impeditivo.
40 - Uma criança que procura atendimento com quadro de intensa descamação de pele, afebril, mas relata que há 7 dias teve febre por dois dias, associada a dor de garganta ela deve ser tratada?
Sim, deve ser tratada, pois, sabe-se que a penicilina previne febre reumática aguda, mesmo quando a terapia é iniciada nove dias depois do início da doença aguda, além de encurtar o curso clínico, diminuir o risco de transmissão e também o risco de complicações supurativas