Doencas exantematicas - Eritema infeccioso Flashcards
11 - Qual a etiologia do eritema infeccioso?
O agente etiológico do eritema infeccioso é o parvovírus B19, atualmente denominado Erithrovirus, que é o único membro da família Parvoviridae patogênico para o homem. É um DNA vírus pertencente ao gênero Erythrovirus, devido ao seu tropismo por células precursoras eritróides.
12 - Qual é o comportamento epidemiológico do eritema infeccioso?
O parvovírus pode causar infecção durante o ano todo, porém apresenta um padrão sazonal, sendo que a maioria dos casos ocorre no final do inverno e início da primavera, quando surtos epidêmicos podem acontecer. Parece seguir um padrão cíclico em nosso país, com alta taxa de pessoas acometidas a cada quatro ou cinco anos.
13 - Como é a forma de transmissão do vírus no eritema infeccioso?
A transmissão se dá por contato direto com as secreções respiratórias de pacientes virêmicos, por transfusão sanguínea ou por transmissão transplacentária, quando as mães são infectadas durante a gravidez. Não há relatos de transmissão por fômites.
14 - Qual é a patogênese do eritema infeccioso?
O parvovírus penetra pela via nasal e após cinco dias já pode ser encontrado no soro dos pacientes. A viremia acontece no nono dia pós-infecção. O vírus tem um receptor, um glicoesfingolipídeo (Gb4), em vários tecidos do organismo, predominando as células da linhagem vermelha, daí a infecção pelo parvovírus ocorrer principalmente nessas células.
15 - Quais as manifestações clínicas da infecção pelo parvovirus?
A doença segue um curso bifásico. Na fase virêmica, o paciente apresenta-se com febre, mal estar, cefaléia, mialgia e prurido discreto. É nessa fase que, nos indivíduos com patologias hematológicas, se instala a crise aplástica transitória. Essa é autolimitada e cessa quando a produção de anticorpos pelo paciente conseguir neutralizar o excesso de vírus. Nos imunocomprometidos, como têm incapacidade de produção de anticorpos neutralizantes, a infecção se torna crônica, levando a uma aplasia medular persistente da série vermelha.
A segunda fase inicia-se entre o 15° e o 17° dia após a infecção, com o aparecimento de exantema, artropatia e prurido. Nessa fase não há mais viremia e o quadro clínico se deve à formação e a deposição de imunocomplexos.
16 - Como se apresenta o exame hematológico na infecção pelo parvovírus? E o mielograma?
Os reticulócitos desaparecem do 8° ao 10° dia e reaparecem 5 a 14 dias mais tarde. No indivíduo normal, a hemoglobina cai 2 a 3 g/dl nesse período. Acompanhando a fase de reticulocitopenia pode haver neutropenia, linfopenia e trombocitopenia. Na medula óssea há perda quase total de células eritróides em todas as fases de desenvolvimento, que persiste até o décimo dia pós-infecção.
17 - Como se caracteriza o quadro clínico do eritema infeccioco?
O eritema infeccioso é uma doença da faixa etária escolar e do adolescente, que ocorre entre 5 a 14 anos e afeta os dois sexos igualmente. Em geral, o primeiro sintoma é o exantema, porém em alguns casos pode ocorrer pródromos leves, como febre baixa, mal estar, dor de garganta.
O exantema é bastante característico: inicia-se nas regiões malares da face, de caráter eritêmato-edematoso, dando a impressão de “fácies esbofeteada”. Após um a quatro dias, há progressão para o tronco e regiões proximais dos membros superiores e inferiores, agora com aspecto maculo-papular, com clareamento central, dando um aspecto rendilhado característico. A fase final é muito variável, podendo durar semanas, quando o exantema pode variar na sua intensidade, conforme fatores ambientais como exposição ao sol, alterações na temperatura e também por alterações emocionais. Após o período exantemático, algumas crianças podem desenvolver artralgias durante dias ou semanas.
18 - Como é feito o diagnóstico de eritema infeccioso?
Nos indivíduos imunocompetentes o diagnóstico pode ser clínico, pois o exantema é bastante característico, e também sorológico, pelo encontro de anticorpos IgM por radioimunoensaio ou ensaioimunoenzimático, a partir do terceiro dia do início dos sintomas. Esses anticorpos atingem o pico em 2 a 3 semanas, declinando no prazo de dois a três meses.
Em indivíduos imunodeprimidos ou naqueles com distúrbios hematológicos crônicos, o diagnóstico pode ser feito por meio da reação em cadeia de polimerase (PCR). Vale lembrar que as partículas de DNA podem estar presentes na circulação por vários meses após infecção aguda.
19 - Qual o tratamento da infecção por parvovírus?
Não há necessidade de tratamento para o quadro do eritema infeccioso. Deve-se orientar quanto à evolução com relação à intensificação intermitente do eritema que pode ocorrer após a fase aguda.
O tratamento com imunoglobulina endovenosa na dose de 400 mg/kg/dia, por cinco a dez dias, deve ser indicado para os pacientes imunodeprimidos que apresentem infecção pelo parvovírus. Os anticorpos anti-B19 presentes na imunoglobulina levam ao declínio da concentração sanguínea de vírus e, geralmente após uma semana, observa-se a reticulocitose seguida pelo retorno da hemoglobina para níveis normais.
Nos pacientes portadores de HIV pode ser necessária a administração de imunoglobulina por três dias, de forma periódica, a cada três semanas, por tempo indefinido, até que o adequado tratamento anti-retroviral possa melhorar a resposta imune do indivíduo. Na crise aplástica transitória só é indicada transfusão sanguínea.
20 - Qual o tipo de isolamento e as medidas de prevenção da infecção pelo parvovírus?
Crianças com eritema infeccioso não necessitam isolamento, mesmo numa hospitalização eventual. Podem frequentar a escola normalmente.
Crianças com crise aplástica transitória ou imunodeficientes com anemia crônica hospitalizadas devem ser mantidas em isolamento respiratório, por sete dias ou durante toda a internação, respectivamente.
Portadores de imunodeficiências ou de anemia hemolítica crônica ou gestantes que foram sabidamente expostas a pacientes virêmicos devem ser orientados quanto ao risco que correm e acompanhados para, na menor suspeita, ter o diagnóstico precoce.
Profissionais de saúde grávidas não devem cuidar de pacientes com crise aplástica transitória ou paciente imunodeprimido com anemia crônica causada pelo parvovirus B19, por serem altamente contagiosos.