DHGNA - Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica Flashcards

1
Q

Definição

A

É uma doença hepática geralmente difusa caracterizada por alterações histológicas que lembram a hepatopatia alcoólica em indivíduos que não ingerem bebidas alcoólicas em quantidades significativas (< 30g/dia para homens e < 20g/dia para mulheres);

Era conhecida como doença hepática pseudo-alcoólica, hepatite gordurosa, cirrose de Laennec não alcoólica etc;

IMPORTANTE: Afastar a etiologia alcoólica para a Doença Gordurosa do fígado!

Existem 10g de álcool:

  • Em 250ml de cerveja
  • Em 100ml de vinho
  • Em 30ml de uísque
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2
Q

Critérios Histopatológicos para o diagnótico:

A
  • Presença difusa de esteatose hepática e inflamação lobular;
  • Balonização hepatocelular;
  • Fibrose perissinusoidal;
  • Corpúsculos hialinos de Mallory;
  • Em 1980, Ludwig e Cols propuseram o título: Nonalcoholic Steato Hepatitis (NASH);
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3
Q

Epidemiologia

A
  • Hoje é a hepatopatia mais comum nos EUA, sendo a principal causa de elevação das enzimas hepáticas;
  • Somente cerca de 3-5%, no entanto, desenvolve Esteato-Hepatite Não Alcoólica (EHNA ou NASH)
  • A prevalência da esteato-hepatite é entre 1,2-4% enquanto a esteatose sem inflamação chega a 15-39%;
  • 19% dos obesos e 75% dos portadores de obesidade com IMC >30 Kg/m2 desenvolverão a doença (dados nos EUA);
  • Quase todos diabéticos obesos terão a EHNA;
  • 2-3% da população mundial sofre da doença;
  • Ocorre em ambos os sexos e em qualquer idade.
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4
Q

ETIOLOGIA

Causas secundárias de fígado gorduroso não alcoólico (5)

A
  • Caquexia, nutrição parenteral total;
  • Derivação jejunoileal, ressecção intestinal extensa;
  • Emagrecimento rápido, jejum prolongado, desnutrição protéica;
  • Supercrescimento bacteriano;
  • Doença inflamatória intestinal;
  • Toxinas industriais (petróleo);
  • Vírus da hepatite “C” (genótipo 3);
  • Anemia grave,
  • Abetalipoproteinemia (defeito da síntese da apoproteina B, causando ausência de QM, VLDL e LDL)
  • Infilt. gordurosa aguda na gravidez;
  • Doença celíaca;
  • lipodistrofia (dist. do metabolismo das gorduras)
  • Hepatoesteatose familial;
  • Galactosemia (def. de galactose-1-P-uridil-transferase);
  • Homocistinúria (def. da enzima q/ metab. a hemocistina=metabólito da metionina);
  • Tirosinemia (def. de tirosino-aminotransferase = metabolisa a fenilanina e a tirosina);
  • Doença de depósito do glicogênio (def. enzs. Ia-Ib-II-III-IV-V-VI-VII)
  • Intolerância hereditária à frutose;
  • Deficiência sistêmica de carnitina (acetilado b-oxidante dos ac. graxos do fígado)
  • Doença de Wilson;
  • Drogas: Amiodarona, Metotrexate, L-Asparaginase, Fósforo, Nifedipina, Diltiazen, Corticosteróides, Estrogênios, Isoniazida, Tetraciclina, Zidovudina, Aspirina, Cocaína, Ác. Valpróico, AINE;
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5
Q

FISIOPATOLOGIA

pre-requisito indispensável:

Combinação de dois fatores:

A

Retenção de lipídeos no interior dos hepatócitos

A doença resulta da combinação de dois fatores:

  • Depósito hepático excessivo de triglicerídeos;
  • Exagerado estresse oxidativo decorrente de peroxidação lipídica e formação de radicais livres suficientes para produzir necroinflamação e fibrose;
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6
Q

Considerada parte de uma doença multafitorial

Que doença é essa e quais os critérios de diagnótico?

A

Sídrome metabólica

  • Resistência à insulina - Glicemia de jejum > 100mg/dl
  • Obesidade - Circ. Abdominal > 102 cm no homem e > 88 cm na mulher
  • Hipertensão arterial ≥ 130 x 85 mm Hg (ou hipertenso previamente diagnosticado);
  • Hipertrigliceridemia > 150 mg/dl;
  • Baixos níveis de HDL-colesterol: < 40 mg/dl (homem) e <50 mg/dl (mulher);

Situação com 3 desses critérios em pessoas com FGNA associa-se a maior prevalência de fibrose e à tendência à evolução para cirrose e insuf. hepática;

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7
Q

FISIOPATOLOGIA?

A
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8
Q

O QUE É O HOMAR-IR?

A

Modelo matemático que prediz a sensibilidade à insulina a partir de medidas simples de glicemia e da insulinemia em jejum.

Glicemia x Insulina (em jejum)

HOMA-IR = ______________________________

405

HOMA-IR > 2,71: sugestivo de resistência periférica à insulina

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9
Q

CLÍNICA

QUEIXAS ATÍPICAS

A

-A maioria é assintomática, apresentando:

  • Hepatomegalia;
  • Elevação de enzimas hepáticas de causa obscura;
  • Biópsia hepática para diagnostico de outras hepatopatias.

Queixas atípicas: astenias, fadiga fácil, plenitude, desconforto ou dor leve no QSD do abdome;

<strong>Epidemiologia:</strong>

  • Muitos casos ocorrem na 5ª e 6ª décadas, principalmente em mulheres obesas e diabéticas;
  • Há uma crescente incidência em crianças;
  • Pode ocorrer também em homens de peso normal e não diabéticos;
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10
Q

ALTERAÇÕES LABORATORIAIS

enzimas hepáticas e canaliculares?

E se houver cirrose?

Ferritina sérica altera?

Triglicerídeos, Glicemia e HDL colesterol?

A
  • Transaminases podem estar normais - Mais comum com discreta elevação de ALT e/ou AST. Geralmente a relação AST/ALT é < 1, mas à medida que a fibrose aumenta a relação pode ser > 1;
  • Fosfatase Alcalina e a ∂-GT pouco se alteram, diferentemente do que ocorre na hepatopatia alcoólica;
  • Se houver cirrose: hipoalbuminemia, hipergamaglobulinemia e diminuição da atividade protrombínica;
  • Aumento da ferritina sérica pode ser encontrado em 50% dos casos, decorrente da necroinflamação e liberação de ferro nos tecidos e ferritina no soro);
  • Hipertiligliceridemia, hiperglicemia e níveis baixos de HDL-colesterol, são muito freqüentes;
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11
Q

Estadiamento da EHNA (Elizabeth Brunt):

Estágios 1, 2, 3 e 4

A

Estágio 1: fibrose pericelular ou perissinusoidal focal em zona 3;

Estágio 2: fibrose periportal focal, além da fibrose pericelular / perissinusoidal;

Estágio 3: fibrose perissinusoidal / pericelular e portal, com fibrose em ponte entre zonas 3 e 1;

Estágio 4: quadro histológico de cirrose;

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12
Q

Estadiamento da EHNA (Elizabeth Brunt)

Intensidade das alterações necroinflamatórias

Leve, moderada e grave

A

Leve:

  • Alguns hepatócitos balonizados;
  • Nenhuma ou leve inflamação crônica portal;

Moderada:

  • Evidente balonização celular;
  • Inflamação portal e lobular leve a moderada;

Grave:

  • Esteatose paracinar com evidente balonização;
  • Inflamação crônica portal leve a moderada;
  • Inflamação inta-acinar ou lobular acentuada;
  • 30 a 60% dos hepatócitos com vacúolos gordurosos;
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13
Q

HISTOPATOLOGIA - FOTOS

Esteatose macrovacuolar / hepatócitos balonizados

A
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14
Q

HISTOPATOLOGIA - FOTOS

Corpúsculo de Mallory

A
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15
Q

Quais os achados em pacientes etanolistas que negam o uso abusivo de álcool? (3)

A
  • Maior número de corpúsculo de Mallory;
  • Inflamação e fibrose mais acentuadas;
  • Relação AST/ALT > 1;
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16
Q

Formas de diagnóstico? (4)

Achados?

A

Ultrassonografia:

  • Infiltração gordurosa do fígado (aumento difuso da ecogenicidade = fígado brilhante);
  • Sensibilidade de 89% e especificidade de 93%;

Tomografia:

  • Baixa densidade no parênquima hepático, geralmente difusa mas ocasionalmente focal;

Ressonância magnética:

  • Distingue lesões infiltrantes (CHC) no parênquima hepático das áreas isoladas de infiltração gordurosa ou de parênquima hepático normal;

Exame histopatológico:

  • Único meio para estabelecer o diagnóstico de esteato-hepatite e avaliar a intensidade de fibrose (prognóstico);

Indicação:

  • Enzimas persistentemente elevadas;

Alterações mais frequentes:

  • Esteatose macrovesicular na zona centro-lobular (zona 3) ou difusa;
  • Pode haver: balonização de hepatócitos, infiltrado inflamatório misto, material hialino de Mallory e fibrose perissinusoidal e pericelular (tela de galinheiro);
17
Q

Diagnóstico diferencial?

A
  • Doença de Wilson
  • Hepatite crônica “C”
  • Hepatopatias por toxinas industriais
  • Hepatopatia por drogas
  • Hepatite auto-imune
  • Hemocromatose
  • Outras hepatopatias crônicas
18
Q

Prognóstico?

A
  • O FGNA tem evolução lenta;
  • 10 a 16% dos pacientes com EHNA evoluem para fibrose e cirrose, e eventualmente para hepatocarcinoma;
  • Nos EUA a EHNA foi responsável por 13% dos casos e a segunda causa de carcinoma hepatocelular;
19
Q

Fatores preditivos para fibrose avançada?

A
  • Idade acima de 45 anos;
  • Relação AST/ALT > 1;
  • AST maior que 2 vezes o valor normal;
  • Obesidade;
  • Diabetes mellitus tipo II;
  • Sexo feminino;
  • Dislipidemia;
  • HAS;

Obs.: Há evidências de que seja importante causa de cirrose “criptogênica”;

Obs.: O HCV aumenta o risco da evolução da EHNA para hepatopatia crônica e hepatocarcinoma;

20
Q

TRATAMENTO?

A
  • As medidas terapêuticas são dirigidas para as condições associadas: Controle rigoroso do Diabetes mellitus, da obesidade, da HAS e da dislipidemia;
  • Interrupção de drogas potencialmente hepatotóxicas e da exposição a toxinas ambientais;
  • Drogas “hepatoprotetoras”
  • Transplante: Cirrose Hepática
21
Q

TRATAMENTO

Controle da obesidade? Como fazer? (3)

A
  • MEV
    • A perda de peso deve ser de forma gradual (10% em 6 meses), evitando o emagrecimento rápido, pois agrava muito a inflamação e a fibrose; Exercícios físicos reduzem a resistência a insulina e a obesidade visceral, independente da perda de peso (40 a 80 minutos de exercícios diários);
  • Anorexígenos
    • Sibutramina (10-15 mg/dia): Reductil / Cx c/ 30 cáps de 10 e 15mg; Age inibindo a recaptação da norepinefrina (intensifica a saciedade ao nível do SNC); Cuidado!: Fenfluramina, Fenproporex e Dietil Proprion;
    • Orlistat (inibidor da lipase gástrica e pancreática): dimunui a absorção de 30% dos triglicerídeos da dieta.
    • Para os diabéticos indicar acompanhamento com endocrinologista
  • Cirurgia Bariátrica
    • Restringe o volume de alimentos que podem ser ingeridos de cada vez e/ou diminui a capacidade de absorção (Gastoplastia vertical + derivação gastrojejunal).
    • Há redução gradual do peso, diminuindo a esteatose
    • Perda excessiva de peso de forma muito rápida porém pode em alguns casos piorar ou precipitar a esteato-hepatite. Há relato de insuficiência hepática.
22
Q

TRATAMENTO

Controle do DM e Resistência periférica a insulina, Como fazer?

A

Drogas insulino-sensibilizantes:

Metformina (Glucoformin / Cx de 30 cp de 500 e 850mg):

  • Biguanida
  • Dose: 850mg 2xdia às refeições.
  • Sensibilização periférica à insulina
  • Tem resultado promissor na EHNA;

Glitazonas (Rosiglitazona e Pioglitazona):

  • Diminuem a RPI, acarretando melhora histológica no FGNA
  • Uso prolongado relaciona-se com efeitos adversos cardíacos.
  • Contra-indicados na insuficiência cardíaca.
23
Q

TRATAMENTO

Controle da dislipidemia, Como fazer?

A
  • MEV: Orientação alimentar e atividade física
  • Gemfibrosila (Lopid / cáps de 600mg)
    • Dose: 600 mg/dia por 4 semanas;
    • Estimula a síntese de apoproteina a-1 (proteina do HDL)
  • Estatinas ( Inibidores da HGM-CoA redutase: sinvastatina, lovastatina, rosuvastatina, atorvastatina, fluvastatina).
  • Resinas sequestrantes dos ác. Biliares: colestiramina e ác. Nicotínico.
24
Q

TRATAMENTO

DROGAS “HEPATOPROTETORAS”

A

Ácido ursodesoxicólico (Ursacol / Cx de 20 cps de 150mg e 300mg)

  • Dose sugerida: 10-15 mg/Kg/dia, em 2-3 tomadas, por 6 meses
  • Aumenta o fluxo biliar, diminuindo a citotoxicidade dos ac. Biliares, previnindo a apoptose celular, diminuindo a cascata da inflamação.
  • Diminui os níveis de enzimas e a esteatose.
  • Custo elevado, porém sem efeitos colaterais. EM DESUSO - benefício não confirmado

Vitamina E: - 400 mg/dia por 4-10 meses

  • Potente inibidor da peroxidação dos lipídeos

Outros: lecitinas, beta-caroteno, vit. C, selênio, N-acetilcisteina