DERMATOZOONOSES Flashcards
ESCABIOSE HUMANA (SARNA)
ETIOLOGIA
- É uma dermatose produzida por um ácaro (artrópode), o Sarcoptes scabei.
- Parasita exclusivo da pele do homem, que morre quando fica algumas horas fora dela.
- Infecção é pela fêmea, já que o macho morre após a cópula.
- Não possui notificação compulsória.
TRANSMISSÃO
- Contato direto com a pele/ objetos compartilhados (roupa, toalha) / cadeira, poltrona sem preferência por idade, sexo ou etnia. A transmissão pelas roupas pessoais ou de cama é uma exceção.
- Altamente contagiosa.
- Não é a mesma dos animais, passa de homem para homem.
- Após haver acasalamento, a fêmea perfura a pele e deposita em média 3 ovos, após 2-5 semanas, ovos eclodem mais ácaros mais coceira.
- Se alimentam das proteínas da pele.
CLÍNICA
- Prurido: principal sintoma, sendo alérgeno e mecânico, em geral intenso, durante a noite/final do dia (bicho sai da toca), por conta do calor do leito.
- Há 3 quesitos a serem considerados:
Sulco (ou túnel escabiótico): é uma saliência linear produzida pelo parasita, menor que 1cm, que apresenta uma vesiculopápula perlácea (pápulas), do tamanhão da cabeça de um alfinete, em sua extremidade, onde se encontra a fêmea.
Distribuição: é característica, afetando principalmente os espaços interdigitais das mãos, as axilas, a cintura, tórax, abdome, as nádegas, as mamas, o pênis, a face e os pés.
- Adultos: não é comum afetar o couro cabeludo. Normalmente polpa cabeça, palma e planta dos pés.
- Crianças: as lesões mais exuberantes em face, palmas, nas plantas, no couro cabeludo e no pescoço.
Lesões secundárias: após coceira, pode contaminar essas lesões pré-existentes são escoriações e piodermites (infecções de pele), como impetigo (infecção superficial da pele que acomete principalmente o rosto), foliculite, furúnculo e ectima (infecção profunda da pele).
- Crianças -> encontradas urticárias
- Idosos -> escoriações.
Podem ocorrer casos atípicos, como em:
û Crianças: lesões urticadas, podendo acometer face e couro cabeludo
û Higiene excessiva: lesões mínimas e despercebidas
û Idosos: reação é mínima e com lesões no dorso
û Iatrogenia: quando tratada com corticoides e gera alastramento
û Contaminação de familiares
û Escabiose nodular: nódulos pruroginosos principalmente na região genital
û Hiperinfestação: extensão e diversidade de lesões em imunodeprimidos
û Sarna crostosa: formação de crostas, principalmente em imunodeprimidos, relacionada com a hiperinfestação.
DIAGNÓSTICO
û Clínico: É sugerido principalmente pelo prurido noturno e pela distribuição das lesões.
û Pesquisa dos ácaros, ovos ou cíbalos (bonicos) dos ácaros: deve ser feita rotineiramente, em especial nos casos atípicos (faz uma escara no sulco e colhe o material), embora o exame negativo não exclua o diagnóstico (positivo confirma).
û Dermatoscopia: pode ser utilizada para a identificação do parasita.
TRATAMENTO
- Tratar simultaneamente todas as pessoas infectadas, para evitar o efeito pingue-pongue. Se houver dúvida, é melhor tratar todos os contactantes ao mesmo tempo, mesmo sem sinais da doença.
- Formas resistentes: optar pela junção da terapia tópica com a terapia sistêmica.
Terapia tópica: a primeira escolha é a permetrina, um piretroide sintético, atóxico e eficaz.
- É utilizado em cremes ou loções a 5%, podendo ser usada em adultos, crianças, gravidas e lactantes.
1. Passar o medicamento no corpo todo, da cabeça aos pés, sem banho prévio.
2. Deixar por 10-12h, tomando banho em seguida. Aplicar a noite e tomar banho para retirar pela manhã.
3. Repetir a aplicação em 24h (duas noites seguidas).
4. Após cada aplicação, toda roupa, toalha e roupa de cama devem ser lavadas/deixar em saco plástico fechada por aproximadamente 8 dias trocar diariamente
5. Após duas aplicações, se houver prurido, utilizar cremes corticoides ou anti-histamínicos (fezes dos bichos desenvolvem processo alérgico) até o desaparecimento do prurido, que ocorre de forma gradual corticoide antes AUMENTA MULTIPL
6. Tratamento deve ser repetido em 7 dias (pega os ácaros que podem ter saído dos ovos durante esse período). - O lindano é a segunda escolha de tratamento tópico; é efetivo, mas não deve ser utilizado em crianças menores de 1 ano, gestantes e lactantes. Podem causar reações tóxicas.
Terapia sistêmica: o fármaco de escolha é a ivermectina 200mcg/kg para maiores de 5 anos. Deve ser administrada VO em dose única, que pode ser repetida após 1 semana. Em imunocomprometidos, são necessárias duas doses. Esse tratamento é mais rápido e mais cômodo.
Tratamentos alternativos: enxofre precipitado (3-5 dias; segunda escolha nas crianças), monossulfiram, benzoato de benzila. A injeção de corticoides pode ser feito na forma nodosa.
PEDICULOSE (PIOLHO)
ETIOLOGIA
- São insetos do gênero Anaplura, que são ectoparasitas pequenos. Todos se alimentam de sangue.
- Acometem o couro cabeludo ->subespécie Pediculus humanus capitis
- Acometem o corpo -> subespécie Pediculus humanus corporis
- Acometem o púbis “chato”-> subespécie Pthirus pubis -> recebe outros nomes: pitiríase, pitirose, fitiríase, fitirose
Hematofagia injetam saliva reação dermatite prurido lesões na pele facilitam invasão local
TRANSMISSÃO
- A transmissão é de indivíduo para indivíduo, por meio de contato direto com alguém infectado.
- Locais apertados, transportes coletivos, abraços, brincadeiras infantis.
- É comum em crianças (contato muito próximo) e em pessoas com cabelos compridos.
- Pentes e roupas podem servir como veículos de contaminação.
- Pediculose do corpo -> uso compartilhado de roupas; Pitiríase -> via sexual
CLÍNICA
COURO CABELUDO: há uma queixa de prurido intenso (induzido pela saliva do inseto), principalmente em regiões occipitais e retroauriculares.
- Durante o exame clínico, evidencia-se a presença de ovos (lêndeas), que são ovoides, esbranquiçados e aderentes à haste do cabelo. O encontro dos parasitas é mais difícil e exige um exame mais demorado. Pode haver infecção secundária pelo prurido.
CORPO: prurido de intensidade variável e urticas, que podem ter pontos purpúricos centrais (local da picada), além de áreas de hiperpigmentação e eczema. As áreas mais afetadas são a região interescapular, os ombros, a face posterior das axilas e as nádegas. O diagnóstico é pelo achado do parasita nas pregas de roupas.
PUBIANA: há muito prurido e encontra-se o parasita na pele, frequentemente com a cabeça inserida no folículo piloso, além do encontro de lêndeas às hastes pilosas.
OBS: Infecção secundária (impetigo) e Alopécia.
TRATAMENTO
- No couro cabeludo:
1. Shampoo de permetrina a 1%: deixar 5-10min antes de enxaguar, repetindo após uma semana. - Ou shampoo de lidano ou deltametrina.
2. Remover lêndeas com pente fino do cabelo molhado, após passar vinagre diluído em 50% de água morna.
3. Manter escovas de cabelos submersas em água por 10 minutos é uma medida suficiente para matar o piolho presente nos utensílios contaminados. - Fármaco mais novo que vem sendo empregado com bons resultados é o Spinosad tópico a partir dos 4 anos (utilizado se resistência à permetrina).
- Bactrin VO 3x/dia para o adulto pode ser efetivo.
- Na pediculose do corpo: apenas a higiene e a lavagem da roupa (água quente). são suficientes.
- Na região pubiana: aplicar loção de permetrina 5% 2-3x e retirar as lêndeas.
- Examinar e tratar todos os contactantes.
Métodos de controle natural:
- Catação manual
- Escovação frequente
- Ar quente
- Raspagem da cabeça
- Corte curto dos cabelos
LARVA MIGRANS (BICHO GEOGRÁFICO)
ETIOLOGIA
- Penetração na derme de larvas do Ancylostoma braziliensis
- É um nematelminto parasita intestinal normal do cão e do gato é um contato acidental.
- Ovos se desenvolvem na areia e, em condições favoráveis (calor e umidade), tornam-se infestantes em uma semana. O número de contaminados aumenta nos períodos de chuva
- Praia/parquinho em dia de chuva!
CLÍNICA
- Trajeto da larva: ao penetrar na pele, a larva desloca-se em um trajeto linear e sinuoso, causando uma erupção ligeiramente saliente, que apresenta, na porção terminal, uma pápula eritematosa onde está localizada a larva.
- Prurido: é moderado a intenso, principalmente se a infestação por intensa.
- Locais: pés e as nádegas.
- Forma disseminada: é rara e pode desencadear a síndrome de Leoffler (febre, alterações respiratórias e eosinofilia periférica).
- Complicações: infecção e formação de eczemas
TRATAMENTO
Albendazol VO dose única de 400mg: medicamento de escolha.
- Se infestação resistente ou intensa repetir o medicamento após 24-48h. A ivermectina VO também é efetiva.
- Se Infestação mínima (uma ou 2 larvas sem prurido) pomada de tiabendazol, sendo necessário até duas semanas para a cura. Congelamento da larva com nitrogênio pode ser efetivo.
- Colocar gelo no local pode matar o verme.
PROFILAXIA
- Evitar áreas arenosas sombreadas ou úmidas, impedir o contato de cães e gatos com areia (parquinhos de escola, por exemplo.
BICHO DE PÉ (TUNGÍASE)
ETIOLOGIA
- Pulga Tunga penetrans, uma pulga pequena, que habita lugares secos e arenosos, largamente encontrada em zonas rurais, em chiqueiros e currais. São hematófagos.
- Macho: após se alimentar, se desprende do hospedeiro
- Fêmea fecundada: penetra na pele, se dilata com a alimentação de sangue e expele os ovos.
- É uma doença autolimitada, pois, ao eliminar os ovos, o parasita morre.
TRANSMISSÃO
- Contato direto com a pulga nos ambientes contaminados.
- Hospedeiros habituais: homem e o porco.
CLÍNICA
- Prurido: discreto na fase inicial, com posterior aparecimento da sensação dolorosa.
- Pápula esférica amarelada (batata) com ponto escuro central: segmento contendo os ovos.
- Tem número variável: se muitas, tem aspecto de favo de mel.
- Normalmente as lesões ocorrem ao redor das unhas, na planta ou nas pregas dos pés.
- Eventualmente pode haver lesão secundária, com piodermite ou celulite.
TRATAMENTO
- Enucleação da pulga com agulha estéril + antisséptico local ou desinfecção com tintura de iodo.
- Ivermectina VO dose única ou tibendazol: em caso de infestações intensas.
- Antibiótico VO: se houver infecção secundária.
PROFILAXIA
- Uso de calçados em áreas suspeitas
- Eliminação das fontes de infestações com DDT, BHC ou fogo.
DD
- Olho de peixe é verruga por HPV.
DOENÇA POR MOSCAS
PRIMÁRIA - MIÍASE FURUNCULOIDE
quando a mosca invade um tecido sadio, desenvolvendo-se e tornando-se um parasita obrigatório.
- Formação de miíase furunculoide (berne) larva Dermatobia hominis
- Se desenvolve por um período de 30-70 dias.
- Invasão é assintomática, mas há a formação de um nódulo furunculoide, com um orifício central, do qual sai uma serosidade.
- A dor é variável.
- Quando a larva atinge a maturidade, se move ativamente no interior do nódulo e sai, havendo cicatrização.
- Tratamento: tampar a lesão com um esparadrapo (ou toucinho) e aguardar a larva procurar por oxigênio, removendo-a com uma pinça.
SECUNDÁRIA - Mosca varejeira
: quando a mosca coloca seus ovos em ulcerações da pele ou mucosas, sendo que as larvas se desenvolvem nos produtos da necrose tecidual.
- Mosca é a varejeira cuidados inadequados com as feridas
- Se o desenvolvimento for em cavidades naturais (nariz, orelha, vagina), chama-se cavitária miíase
- O diagnóstico é fácil, pois as larvas se movimentam ativamente na ulceração.
- Tratamento: retirada das larvas e mata-las com éter ou borrifos de nitrogênio líquido.