Clailton - 04 - Ortografia e Acentuação Flashcards
Lembre-se de que se acentua o monossílabo tônico “que” quando ele estiver no final da frase ou quando vier precedido de um determinante (substantivado).
Exemplos:
Ela tem orgulho de quê?
– O “quê”, em razão de sua tonicidade, se estiver em final de frase, será acentuado,
o mesmo ocorre com o “por quê” também no final da frase. Portanto, o “quê” irá
receber uma tonicidade em final de períodos, de uma construção de frase, antes de sinais de pontuação.
Ela tem um quê de desespero.
- quê
– O “quê” também recebe a tonicidade quando for substantivado.
Tinha pena da filha, mas ao mesmo tempo para que lhe desejar casamento que fosse
como o seu? Para que ligar-se a um homem que viesse magoá-la, arrancar-lhe a paz de espírito?
A correção gramatical do trecho “Para que ligar-se a um homem que viesse magoá-la, arrancar-lhe a paz de espírito?” (R. 7 e 8) seria mantida caso ele fosse reescrito da seguinte maneira: Ligar-se a um homem que viesse magoá-la, arrancar-lhe a paz de espírito para que?
Errado
“Que” em final de frase é tônico e portanto acentuado.
A frase construída de modo claro e condizente com a norma-padrão escrita é:
O coordenador dos alunos recém-ingressos evitou convidá-los para a viagem, não se sabe bem por quê; levantaram-se hipóteses, entre as quais, a de que ainda careciam de bom entrosamento com os veteranos.
Certo
Em final de sentenças e antes de sinais de pontuação o “porquê” também é acentuado.
* O por que separado é empregado em duas situações:
– Quando puder ser substituído por “pelo qual” ou variações. Esclareço: neste caso,
teremos o pronome relativo “que” precedido de preposição “por”.
Sobre os pronomes relativos:
As revistas | de que gosto | são de esporte.
O “que” retoma “as revistas”, portanto é um pronome relativo. Mais a preposição “de”, “das revistas”, por ser objeto indireto deve haver a preposição.
Então, o pronome relativo “que” pode ser antecedido por preposições, inclusive pela preposição ‘por”.
A cidade | por que passamos | não é beneficiada pelo programa.
- por que
O “que” retoma “a cidade”, mais o “por”, “pela cidade”. Se eu passo, passo por algum lugar,
nesse caso, passo pela cidade.
– Quando puder ser substituído pelas expressões “por qual razão” ou “por qual motivo”.
Exemplos:
Você não me falou por que não estudou.
Você não me falou por qual razão/por qual motivo não estudou.
Por que você não comprou o livro?
Por qual razão/por qual motivo você não comprou o livro?
Emprega-se o “por que” (separado) em
interrogativas indiretas ou interrogativas diretas.
Obs.: em algumas situações, o substantivo “motivo”, “razão”, vem expresso na sentença
logo após o “por que”. Neste caso, o “por que” (separado) equivale a “por qual”.
Todos querem saber por que motivo estou em Brasília.
Eles trocaram o nosso diretor por que funcionário?
Assinale a alternativa correta quanto à grafia, ao uso de homônimos e à
concordância (verbal e nominal).
a. As causas porque lutou durante longos anos são tão relevante que poderia converter-se em políticas públicas para o Estado brasileiro.
b. As causas por que lutou durante longos anos são tão relevantes que poderiam converter-se em políticas públicas para o Estado brasileiro.
c. As causas porquê lutou durante longos anos são tão relevantes que poderiam converter-se em políticas públicas para o Estado brasileiro.
d. As causas por que lutou durante longos anos são tão relevante que poderiam converter-se em políticas pública para o estado brasileiro.
e. As causas porquê lutou durante longos anos são tão relevantes que poderia converter-se em políticas públicas para o estado brasileiro.
Letra b
O que retoma às causas, mais o por, pelas causas.
* O “porque” junto é empregado quando funciona como conjunção, sobretudo explicativa ou causal.
As conjunções estão entre duas orações.
Exemplos:
Ela foi embora, porque eu não a amava mais.
Obs.: o exemplo acima mostra uma causal. Causa: eu não a amava mais; consequência:
ela foi embora. Ou seja, relação de causa e efeito. Nesses casos, o “porque” pode
ser substituído por “pois”.
Estude, porque você precisa.
Obs.: a oração acima mostra uma conjunção explicativa e esta também pode ser substituída por “pois”.
O “porque” como conjunção causal ou explicativa aparece, portanto, em início de oração como conector e é escrito junto e sem acento, tem também valor de “pois” ou “porquanto”.
- O “porquê” é empregado quando equivale a
“motivo”, “razão”. Neste caso, teremos
uma palavra substantivada. Geralmente, virá acompanhado de um determinante.
Todos sabem que há um porquê para ela não ter vindo à festa.
Eu entendi o porquê da separação daquele casal.
Qual é o porquê de tanta tristeza?
Uma vez que todos esses pressupostos são claramente ocidentais e facilmente distinguíveis de outras concepções de dignidade humana em outras culturas, teremos de perguntar por que motivo a questão da universalidade dos direitos humanos se tornou tão acesamente debatida.
Mantendo-se a correção gramatical e os sentidos do texto, o último período poderia ser reescrito da seguinte forma: Considerando esses pressupostos como obviamente ligados a noção ocidental de dignidade humana, que se diferencia das de outras culturas, a pergunta a ser feita é: porque a universalidade dos direitos humanos é uma questão que tornou-se tão inflamadamente debatida?
Errado
Obs.: a palavra “ligado” pressupõe crase: ligados à noção.
O “porque” tem valor de “pois”.
Obs.: o “que” atrai o pronome oblíquo átono: que se tornou.
Assinale a frase em que a grafia do vocábulo sublinhado está equivocada.
a. Por que sentimos calafrios?
b. A razão porque sentimos calafrios é conhecida.
c. Qual o porquê de sentirmos calafrios?
d. Sentimos calafrios porque precisamos defender nossa audição.
e. Sentimos calafrios por quê?
Letra b
a.O “por que” separado e sem acento pode ser substituído por “por qual motivo”, “por
qual razão”.
b, d. O “porque” junto e sem acento possui valor de “pois”.
c. “Porquê” é substantivado.
e.“Por quê” possui “quê” tônico em fim de construções.
Na fala do personagem-pai na charge há um erro de acentuação no vocá-
bulo quê; a frase em que ocorre o mesmo erro ortográfico é:
a. Há um quê de estranho em tudo isso.
b. Os políticos roubam, por quê?
c. O quê? Não estou escutando bem…
d. O quê da palavra “quero” está mal grafado.
e. Por quê você não veio, por quê?
Letra e
“Quê” é acentuado em duas situações, quando substantivado e quando em final de construção.
- Senão: em uma só palavra significa
“do contrário”, “de outro modo”, “a não ser”, “mas sim”.
Exemplos:
Estude, senão você será reprovado. (do contrário – de outro modo)
Respondeu-lhe Jesus: E sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai
senão por mim. (a não ser)
Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer. Isto não era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar ele só. (mas sim)
- Se não: Se (conjunção), Não (advérbio). Usa-se em construções em que esta expressão denote
alternativa, condição, incerteza.
Exemplo:
A fé, se não tiver obras, por si só está morta.
Obs.: “se não tiver obras” pode ser substituído por “nesta condição”. “Tiver” é futuro do subjuntivo, portanto expressa condição.
Ladrões teriam usado a estrutura do próprio equipamento como alavanca para quebrar as travas de segurança nas estações, que, a não ser por isso, permaneceram intactas.
A locução “a não ser” (linha 3) poderia, sem prejuízo sintático ou semântico para o texto, ser substituída por senão.
Certo
O vocábulo senão corresponde, também, à locução “a não ser”.
Na Antiguidade Clássica, as civilizações grega e romana foram as que primeiro fizeram uma tentativa de compartilhar o poder, criando instituições como a Eclésia e o Senado.
Contudo, essa experiência foi posta de lado quando as trevas medievais tomaram conta da Europa, fazendo-a mergulhar em mil anos de estagnação, sob as mãos de senhores feudais, reis e papas, que não conheciam outro limite senão seu próprio poder.
Na linha 4, a substituição do vocábulo senão por se não, embora gramaticalmente correta, prejudicaria o sentido do texto.
Errado
- O “senão” (junto) corresponde à “a não ser”, agora, se for inserido o “se não” (separado) seria uma conjunção condicional mais o “não”. A frase indicada na questão não possui a ideia de condição.
- Atente-se ao que diz a questão para declarar o item como certo ou errado: “embora gramaticalmente correta”.
A frase em que a grafia da palavra sublinhada está correta é:
a. “O que tiveres de fazer, faze-o depressa”;
b. “Os previlégios devem ser sempre combatidos”;
c. “Derrepente do riso fez-se o pranto”;
d. “Não há no mundo se não um modo de prosperar: roubando”;
e. “Acerca de dez anos atrás, as empresas decidiram mudar de filosofia”.
Letra a
- “De repente” é preposição + “repente”, que significa “subitamente”.
- “Se não” não pode ser substituído por “a não ser”, como cabe na alternativa d.
- Quando houver a ideia de “aproximadamente”, deve-se usar “cerca de”, o “a” apenas
aparece caso a frase peça uma preposição, mas não é grafada junto com a palavra “cerca”. - “Acerca” corresponde à “sobre”, “a respeito”.
Obs.: “Acerca de” é uma locução
prepositiva.
* Acerca de: sobre, a respeito de.
Exemplo:
Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
Ou seja: sobre/ a respeito dos espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
O europeu tem a respeito da mulher brasileira uma noção falsíssima.
O sentido original e a correção gramatical do texto seriam preservados caso o primeiro período fosse reescrito da seguinte maneira: A concepção do
europeu acerca da mulher brasileira é demasiado falsa.
Certo
Novamente, “acerca de” possui a ideia de “sobre” ou “a respeito de”.
Cerca de:
aproximadamente, perto de, próximo de.
Exemplo:
Quadrilha desarticulada pelo DEIC violava cerca de dez contas por dia na internet.
Obs.: a expressão “cerca de” pode vir precedida da preposição “a”.
A turma ficou reduzida a cerca de trinta alunos.
No caso do exemplo acima, a palavra “reduzida” pede preposição, não confunda com “acerca de” e o sentido de “sobre”.
- Há cerca de: ocorre aqui o emprego da expressão “cerca de” precedida do verbo
“há”.
Esta expressão equivale a “faz”.
A Maria foi aprovada há cerca de três anos.
O “cerca” possui valor de aproximadamente e o “há” indica tempo passado.
Obs.: há uma questão estilística sobre o “cerca de”, ele é utilizado para números exatos e redondos, não se usa, por exemplo, para falar
“cerca de 11”, mas sim para falar
“cerca de 30”.
- Em princípio: significa
“em tese”, “de um modo geral”.
Exemplo:
Em princípio, todo blogueiro deveria primar pelo respeito ao leitor.
Ou seja: em tese, todo blogueiro deveria primar pelo respeito ao leitor.
A princípio:
significa “no começo”, “inicialmente”.
Exemplo:
A princípio, os estudantes estavam resistentes às mudanças propostas pelos deputados.
Ou seja: inicialmente, os estudantes estavam resistentes às mudanças propostas pelos deputados.
O professor Luiz Antonio Sacconi, no seu livro “Não erre mais” (Ed. Moderna, 1979),
exemplifica de forma jocosa essa diferença: “Em princípio todo casamento é uma maravilha. / Todo casamento é, a princípio, uma verdadeira maravilha. Depois, bem, depois é o fim…”
Então, as frases podem ficar da seguinte maneira: “Em tese todo casamento é uma
maravilha. / Todo casamento é, inicialmente, uma verdadeira maravilha. Depois, bem, depois
é o fim…”
- Aferir:
conferir, avaliar.
Exemplo:
Alguns professores não estão habilitados para aferir o nosso conhecimento.
Ou seja: alguns professores não estão habilitados para avaliar o nosso conhecimento.
Exemplo:
Você aferiu a temperatura dele? / Você conferiu a temperatura dele?
- Auferir:
obter (lucro).
Exemplo:
No ano passado, a maioria dos bancos auferiram lucros invejáveis.
Ou seja: no ano passado, a maioria dos bancos obtiveram lucros invejáveis.
- Afim:
vocábulo que significa “semelhante”, “próximo”.
Exemplo:
Química e Física são matérias afins.
Obs.: afim, afinidade.
- A fim de:
locução prepositiva que indica finalidade, equivale a “para”.
Exemplo:
Alguns aprovados foram à Câmara a fim de pedir as nomeações.
Ou seja: alguns aprovados foram à Câmara para pedir as nomeações.
“Esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, a fim de que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.”
A fim de que = para que.
Pautado pelo princípio teleológico do tempo, o presente irá atuar nesses discursos como instrumento de mediação para que se conserve a lição do passado como intocável e permanente.
Sem prejuízo da correção gramatical e dos sentidos originais do texto, o trecho “para que se conserve a lição do passado como intocável e permanente” (ℓ. 14 e 15) poderia ser reescrito da seguinte forma: afim de conservar, intocável e permanentemente, a lição do passado.
Errado
A frase da questão acima, “afim de conservar, intocável e permanentemente, a lição do passado”, possui ideia de finalidade.
- Ao invés de:
locução prepositiva que significa “ao contrário de”.
Exemplo:
Ao invés de reclamar, estude.
Ou seja: ao contrário de reclamar, estude.
* Em vez de: locução que indica troca, equivale a “em lugar de”.
Exemplo:
Em vez de você ficar pensando nele.
Em vez de você viver chorando por ele.
Pense em mim, chore por mim.
O “em vez de” é usado porque não é contrário, pois na canção o locutor pede para que a pessoa continue a pensar e a chorar, mas por ele, ou seja, “em lugar de”.
“De encontro a” tem ideia de
oposição, enquanto “ao encontro de” tem ideia de estar a favor de algo, existe uma grande diferença de sentido.
- De encontro a: significa oposição, contrariedade.
Exemplo:
As propostas de alguns parlamentares estão indo de encontro aos interesses da maioria dos empresários.
- Ao encontro de:
significa em direção, a favor de.
Exemplo:
A lei dos transgênicos vem ao encontro dos desejos dos produtores rurais.
Assinale a opção em que a expressão sublinhada está adequadamente empregada.
a. Graças à inflação, os preços dispararam.
b. Cerca de 37,4% dos preços subiram.
c. Todos estamos afim de enriquecer.
d. O capitalista foi de encontro a um grande negócio.
e. Ao invés de ganhar, todos tiveram prejuízo.
Letra e
No enunciado da questão, o “adequadamente empregada” possui sentido amplo, não é apenas uma questão de regras gramaticais, existem também questões estilísticas.
a) O “graças à” indica uma ideia positiva.
b) “Cerca de” tem a ideia de aproximadamente e é utilizado para valores exatos e não quebrados.
c) “Afim de” indica afinidade.
d) “De encontro a” possui uma ideia de contrariedade, portanto “o capitalista foi contrário a um grande negócio”.
e) “Ao invés de” possui o sentido de “ao contrário”.
Para unir elementos de uma comparação, pode-se empregar indiferentemente
do que ou que.
Exemplos:
Na sala de aula, existiam mais mulheres do que homens.
Na sala de aula, existiam mais mulheres que homem.
Em frases comparativas pode-se dizer que:
“melhor que você” ou “melhor do que você”;
“ele estuda mais que você” ou “mais do que você”.
As duas maneiras estão corretas.
O aumento do emprego e os programas de transferência de renda continuam a beneficiar mais as famílias que ganham menos, cujo consumo tende a aumentar proporcionalmente mais do que o das famílias de renda mais alta. A oferta de crédito, igualmente, atinge mais diretamente essa faixa.
1 – A eliminação de “do” em “mais do que” (linha) prejudica a correção gramatical
do período.
Errado
“Do que” e “que” podem unir termos de uma comparação.
Obs.: existe um certo preconceito com o uso do “do que” por conta do verbo “preferir” que não admite a preposição “do”. Por conta disso, de uma circunstância não admitir o uso de “do que”, muitas pessoas ampliam essa regra para outros usos, porém o “do que” não é incorreto.
- Estada:
permanência de pessoa em um lugar.
Exemplo:
“Foi breve, mas inesquecível a minha estada em Paris” – disse o ministro.
- Estadia:
parada, permanência de um veículo em um estacionamento, de um navio em um porto, de um avião em um aeroporto.
Exemplo:
É fato que a estadia do transatlântico foi proveitosa.
Ou seja, para a permanência de pessoa usa-se “estada” e para a permanência de veículos usa-se “estadia”.
Obs.: é comum, na língua portuguesa brasileira, o emprego de “estadia” na acepção de “estada”; todavia, consoante o rigor gramatical, deve-se evitar este emprego.
Exemplo:
A estadia da seleção brasileira, em Belo Horizonte, será curta. (construção coloquial).
A estada da seleção brasileira, em Belo Horizonte, será curta. (construção formal).
- Fazer que:
no sentido de fingir, simular, utiliza-se apenas “fazer que”.
Exemplo:
O ladrão fez que estava morto.
- Fazer com que e fazer que:
no sentido de esforçar-se por algo, podem-se utilizar indiferentemente as expressões “fazer com” e “fazer que”.
Exemplos:
O professor fez com que os alunos entendessem a questão.
O professor fez que os alunos entendessem a questão.
No sentido de fingir, só pode ser emprego o “fazer que”, já no sentido de esforçar-se etc podem ser utilizadas as duas maneiras “fazer com que” e “fazer que”.
O mais complicado é fazer determinadas pessoas enxergarem nessa atividade um trabalho árduo e extremamente útil.
A substituição de “fazer determinadas pessoas enxergarem” por “fazer com que certas pessoas enxerguem” manteria a correção gramatical do período.
Certo
O emprego de “fazer com que” está no sentido de “esforçar-se por algo”. É importante ressaltar que também estaria gramaticalmente correta a construção, no sentido de “esforçar”:
fazer que certas pessoas enxerguem.
- Há:
está forma verbal é utilizada para indicar fato passado.
Obs.: para falar do futuro, por exemplo, “daqui a um mês eu vou à praia”, usa-se o “a” como
preposição.
Exemplo:
Eu nasci! Há dez mil anos.
Esse “há” indica tempo passado.
Obs.: como a forma verbal há indica tempo passado, o rigor gramatical condena o seu emprego com o advérbio atrás. Raul Seixas, em uma das suas composições, escreveu: “Eu nasci! Há dez mil’anos atrás”. É importante salientar que desvios à norma
padrão como este não diminuem a engenhosidade poética. Pelo contrário, muitos deles até contribuem para a musicalidade do texto: a harmonia.
É muito comum ouvir as pessoas falando “há dois anos atrás”, porém essa construção não está de acordo com o rigor gramatical. Deve-se retirar o “há” caso use o “atrás”.
Há dez anos, um terremoto financeiro atingiu a Ásia, com rescaldo na
América Latina. A crise de 1997, depois de atingir a Tailândia, rapidamente se espalhou pela Indonésia, Malásia, pelas Filipinas e pela Coreia do Sul, para se replicar na Rússia, na Argentina e no Brasil em 1998. Uma década depois do fatídico ano de 1997, o mundo assiste ao novo reinado da Ásia. Liderada por China e Índia, a região exibe, na média, taxas de crescimento superiores a 7%.
1 – Preservam-se a correção gramatical e a coerência textual, com a vantagem de reforçar o período de tempo envolvido, ao se inserir o advérbio atrás depois de “dez anos” (linha 1).
Errado
- “Coerência textual” refere-se à coerência lógica e não à mudança de sentido.
- A forma verbal “há” indica tempo passado, então o rigor gramatical condena o emprego deste verbo juntamente com o vocábulo atrás.
- A: indica fato
futuro.
Exemplo:
Estou a cinco horas de João Pessoa.
O “a” é apenas uma preposição.
- Incipiente: significa
principiante, iniciante.
Exemplo:
Os deputados oposicionistas afirmaram que o governo é incipiente.
- Insipiente: significa
não sapiente, ignorante, insensato.
Exemplo:
O Partido dos Trabalhadores não é insignificante, embora os insipientes de plantão falem e vomitem tanta bobagem.
No exemplo acima, então, o locutor defende o Partido dos trabalhadores ao utilizar “insipiente” para descrever os que são contrários a ele.
- Tampouco: advérbio que equivale a
“também não”.
Exemplo:
Definitivamente não gostava do aroma de rosas, tampouco de mulheres boazinhas.
Ou seja: definitivamente não gostava do aroma de rosas, e também não de mulheres boazinhas.