Cirurgia Geral Flashcards
Necessidade proteica de um paciente cirgurgico
1,2-1,5 a 2,0 g/kg/dia
Em vítimas de lesões extensas, esses valores
podem alcançar a faixa de 3 g/kg/dia.
Pacientes de alto risco para desnutrição (6)
(1) Índice de Massa Corpórea (IMC) < 18,5 ou perda ponderal > 10% do peso habitual em seis meses.
(2) Ingesta insuficiente de alimentos ou jejum por mais de sete a dez dias.
(3) História de doenças associadas à má absorção, fístulas entéricas, abscessos drenados, complicações graves da ferida operatória.
(4) Estados hipermetabólicos: sepse, queimadura,
febre prolongada, trauma e pancreatite.
(5) Abuso de álcool ou uso de medicações que prejudiquem a ação de nutrientes ou provoquem hipercatabolismo: glicocorticoides, antimetabólitos (metotrexato), imunossupressores, agentes antitumorais.
(6) Péssimas condições de habitação e higiene,
isolamento, idade avançada.
Equação de Harris-Benedict
Homem GEB = 66,5 + (13,75 × peso em kg)
+ (5,003 × altura em cm) – (6.775 × idade
em anos)
Mulher GEB = 65,5 + (9,563 × peso em kg)
+ (1.850 × altura em cm) – (4,676 × idade
em anos)
Quando iniciar dieta enteral em pacientes cirurgicos ou graves (por outras doenças)?
deve ser iniciada precocemente, isto é, em 24
a 48 horas (até 36 horas) da admissão
Pacientes instaveis hemodinamicamente não devem receber dieta enteral. A dieta enteral será iniciada (ou reiniciada) após estabilização do quadro hemodinâmico.
Quantas kcal deve ser oferecida ao paciente em dieta enteral?
em torno de 25 a 30 kcal/kg/dia.
Indicação de nutrição enteral por gastrostomia ou jejunostomia
Pacientes com previsão de nutrição enteral prolongada (> 4 semanas) devem ser submetidos à gastrostomia
Pacientes com retardo no esvaziamento gástrico, refluxo frequente e episódios de aspiração devem ter a jejunostomia como método de escolha (deve ser adminstrada em baixos volume e deve ser iso ou hipoosmotica)
Indicações de uso exclusivo de nutrição
parenteral.
- Vômitos ou diarreias intratáveis
- Íleo paralítico prolongado
- Fístulas digestivas de alto débito
- Obstrução ou suboclusão do trato gastrointestinal
- Fases inicias de adaptação de síndrome do intestino curto
Obs: indicação não exclusiva de NP: a prescrição de NP em indivíduos que não conseguem atingir suas metas calóricas totais utilizando apenas a via enteral, como em
casos de distúrbios absortivos e de processos
inflamatórios intestinais.
Sindrome da realimentação - definição e como evitar?
- alterações agudas em líquidos e eletrólitos corporais, como consequência da administração de nutrientes de forma rápida e excessiva em pacientes com desnutrição grave e prolongada (marasmo).
- É comum hipofosfatemia e hipocalemia;
- Insuficiência cardíaca, arritmias graves, disfunção
diafragmática com insuficiência respiratória, alterações funcionais hepáticas, delírio e convulsões são encontrados em combinações variadas. - A prevenção da síndrome de realimentação consiste na administração mais cautelosa de nutrientes; é comum a oferta inicial de 50% do que é planejado para o peso atual do paciente
Fatores que influenciam o risco anestésico-cirúrgico (4 relacionados ao procedimento e 4 relacionados ao paciente)
RELACIONADOS AO PROCEDIMENTO
1- Duração > 4 horas.
2- Perda sanguínea > 1500 ml.
3- Invasão de cavidades (peritoneal, pleural).
4- Anestesia geral ou bloqueio neuraxial.
5- Cirurgia de emergência.
RELACIONADOS AO PACIENTE
1- Idade > 70 anos.
2- Doença cardiovascular, pulmonar, metabólica
(diabetes), renal ou hepática.
3- Baixa capacidade funcional.
4- Instabilidade cardiovascular ou respiratória
ASA I e II - definição e exemplos
ASA I: Nenhum distúrbio orgânico, psiquiátrico, fisiológico ou bioquímico. Paciente saudável, não tabagista, sem consumo de álcool ou apenas consumo leve.
ASA II: Paciente com doença sistêmica leve. Ex: HAS bem controlada; DM sem complicação vascular;
anemia; obesidade (30 < IMC < 40); gestação;
tabagismo; consumo social de álcool; doença
pulmonar leve.
ASA III - definição e exemplos
ASA III: Paciente com doença sistêmica grave. Ex:
Doenças que impõem limitação funcional significativa, mas não são incapacitantes. Uma ou mais das condições abaixo:
- DM com complicação vascular ou pobremente controlado. História de infarto agudo do miocárdio (IAM) > 3 meses; história de doença coronária com uso de
stent > 3 meses; (AVC) ou (AIT) > 3 meses.
- Angina pectoris estável, HAS não controlada; redução moderada da fração de ejeção; marcapasso implantado.
- IRC em diálise; obesidade mórbida (IMC > 40); hepatite crônica; abuso ou dependência do álcool; Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
ASA IV e V - definição e exemplos
ASA IV: Paciente com doença sistêmica grave que representa ameaça constante à vida
Ex: História de IAM < 3 meses; história de doença
coronária com uso de stent < 3 meses; história de AVC ou AIT < 3 meses.
- Isquemia coronária em curso (angina instável),
disfunção valvar grave; redução grave da fração
de ejeção.
- Sepse; CIVD; doença renal aguda; doença renal
em estágio terminal não dialisando regularmente;
DPOC agudizado.
ASA V: Paciente moribundo, ou seja, não é esperado que sobreviva com ou sem a cirurgia proposta
Ex: Rotura de aneurisma aórtico. Politrauma; hemorragia intracraniana com efeito de massa.
Isquemia intestinal na vigência de patologia cardíaca
significativa ou de disfunção sistêmica de
múltiplos órgãos.
ASA VI - definição e exemplos
ASA VI: Paciente em morte cerebral; será operado para retirada de órgãos para doação
Uso de anticoagulantes - como proceder quanto a eles em casos de cirurgia ambulatoriais e de emergencia?
- Cumarinicos: devem ser suspensos 5 dias antes do procedimento, valores <1,5 permitem a realização da cirurgia, podendo ser retomada no dia seguinte a operação.
- Pacientes com grande risco tromboembolico: interrompe-se cumarinicos e usa-se Heparina Nao Fracionada em dose anticoagulante em BIC até 6 horas antes da cx, sendo reintroduzida (junto com o cumarinico) 12-24 h pos procedimento.
- Nas cirurgias emergenciais em pacientes utilizando
warfarina, o plasma fresco congelado deve ser infundido na dose de 15 a 20 ml/kg para elevar a atividade dos fatores de coagulação - Novos ACO devem ser suspensos 2 a 3 dias antes da cx e reiniciados assim que o paciente tiver com hemostasia adequada
Uso de AAS no perioperatorio - como proceder?
(1) Na endarterectomia de carótida, o AAS deve
ser continuado em todo o período perioperatório;
(2) AAS e outras drogas antiplaquetárias devem ser continuadas, se possível, em pacientes com stent coronário ou em doentes que apresentaram eventos recentes, tais como IAM, síndromes coronarianas agudas outras e acidente vascular cerebral;
(3) Nos pacientes portadores de doença arterial periférica, que se submeterão a cirurgias vasculares
infra- inguinais, como reconstrução ou by-pass arterial, o AAS deve ser continuado no período perioperatório;
(4) Para outros pacientes que utilizam AAS como prevenção secundária, os riscos e benefícios do uso perioperatório da medicação devem ser avaliados pelo cirurgião, cardiologista e neurologista e discutidos com o paciente.
Em pacientes que não se encaixam nas recomendações
acima, o AAS deve ser suspenso sete a dez dias antes de um procedimento cirúrgico
Uso de antihipertensivos em cirurgia - como proceder?
Suspender os anti-hipertensivos na manhã do procedimento e retomar na dose habitual no dia seguinte
Uso de betabloqueadores em cirurgia - como proceder?
(1) Os betabloqueadores devem ser mantidos no
período perioperatório, se bem tolerados, nos
usuários crônicos;
(2) Os betabloqueadores devem ser prescritos em pacientes de risco intermediário ou elevado de IAM demonstrado em testes de estratificação de risco pré-operatório;
(3) Nos pacientes com três ou mais variáveis (ou
fatores de risco) no IRCR, tais como, diabetes,
insuficiência cardíaca, doença arterial coronária,
acidente vascular cerebral e insuficiência renal,
parece razoável o início dos betabloqueadores;
(4) Quando há indicação de terapia com betabloqueadores, o ideal é que a droga seja iniciada em um período superior a quatro semanas antes da cirurgia proposta. Quando os pacientes que já deveriam estar tomando betabloqueadores são identificados dentro de 30 dias da cirurgia, cada caso deve ser individualizado.
Uso de antidiabeticos orais (em pacientes que nao usam insulina) em cirurgia - como proceder?
Medicamentos, sulfonilureias, tiazolidinedionas, biguanidas (metformina) e drogas injetáveis não insulina
(agonista de receptores do GLP-1 [liraglutida,
exenatide]) não podem ser administrados na
manhã da cirurgia.
Assim que o paciente se alimentar no período pós-operatório, as drogas habitualmente empregadas devem ser reiniciadas. Metformina só poderá ser reiniciada caso a função renal no pós-operatório se encontre normal
Uso de insulina em diabeticos tipo 2 em cirurgia - como proceder?
- insulina NPH, a dose da noite, na véspera da cirurgia, deve ser de 2/3 da dose habitual e, na manhã cirurgia, metade da dose utilizada rotineiramente.
- uso de insulina glargina, a dose noturna deve
ser reduzida de 30 a 50%.
Desordens hepáticas que contraindicam cirurgias eletivas (7)
- Hepatite alcoólica.
- Hepatite viral aguda.
- Insuficiência hepática fulminante.
- Cirrose classe C de Child-Pugh.
- Hepatite crônica com histologia grave.
- Coagulopatia grave (prolongamento do tempo de protrombina > 3 segundos a despeito da administração de vitamina K; plaquetas < 50.000 mm3).
- Complicações graves extra-hepáticas (insuficiência renal aguda, cardiomiopatia, insuficiência cardíaca, hipoxemia).
De acordo com CHILD e MELD quando posso ou nao operar?
- Procedimentos cirúrgicos eletivos estão contraindicados em pacientes com Child-Pugh C e em pacientes com MELD > 15;
- Pacientes com Child B e com MELD 10-15 não devem se submeter a ressecções hepáticas extensas ou à cirurgia cardíaca;
- Pacientes com Child A possuem resposta praticamente normal a todas as cirurgias; o fígado apresenta capacidade normal de regeneração.
principais causas infecciosas de febre no pós cirurgico
principais causas infecciosas de febre
incluem infecção de sítio cirúrgico (ferida operatória), infecção urinária, infecção relacionada ao cateter e à pneumonia
Hipertermia maligna - definição, fisiopatologia e manifestações clinicas
- contração muscular incessante (devido a saida exagerada de Ca do sarcoplasma, devido a exposição a certos anestesicos) , fenômeno que leva a um aumento significativo do metabolismo muscular (gerando calor e hipertermia), à rigidez muscular mantida e a uma série
de distúrbios metabólicos. - As manifestações clínicas têm início, geralmente, dentro dos primeiros 30 minutos da anestesia, mas podem ocorrer em até 24 horas de pós-operatório
- Muitos desenvolvem intensa rigidez, notada principalmente por incapacidade do anestesista em abrir a boca do paciente, fenômeno ocasionado por espasmo do masseter (um sinal patognomônico); outros achados incluem taquipneia, flush cutâneo e hipertermia (temperatura de até 42ºC).
Abordagem do paciente com hipertermia maligna. (10)
- Interromper o agente anestésico deflagrador.
- Hiperventilar o paciente com O2 a 100%.
- Administrar anestesia alternativa (BNM não despolarizantes, opioides, propofol, etomidato etc.).
- Interromper a cirurgia assim que possível.
- Administrar dantrolene 2,5 mg/kg em bolus, seguido de nova dose a cada cinco minutos e, a partir de então, iniciar 1 a 2 mg/kg/h até desaparecimento dos sintomas.
- Uso de cobertores térmicos, compressas com gelo e líquidos parenterais frios.
- Tratar acidose com bicarbonato.
- Controlar as arritmias com betabloqueadores e lidocaína.
- Promover débito urinário elevado, cerca de 2
ml/kg/h utilizando furosemida ou manitol na prevenção de necrose tubular aguda por mioglobinúria. - Infusão de insulina e glicose para o controle da hipercalemia.
- Monitorar níveis de cálcio e de outros eletrólitos.
- Monitorar gases arteriais.
Fatores de risco para hipotensão para pacientes em cirurgia (4)
- cirurgia em extremos das idades;
- cirurgia em cavidades;
- cirurgia com tempo de duração superior a uma
hora; - emprego de modalidade anestésica combinada (anestesia geral + epidural)
Seroma - definição e manifestações clinicas
- acúmulo de soro e linfa no tecido celular subcutâneo; - - acredita-se que seja decorrente de lesão de pequenos canais linfáticos;
- manifestações: abaulamento indolor e sem sinais flogísticos da ferida operatória, com eventual drenagem de líquido de aspecto claro;
Tratamento do seroma
- aspiração com agulha calibrosa seguida de curativo compressivo, na tentativa de obliterar os linfáticos.
- Nos seromas que reacumulam após duas aspirações, a drenagem aberta da coleção somada à compressão
da ferida com gaze umidificada são medidas
recomendadas. Nesses casos, a ferida deve ser
deixada cicatrizar por segunda intenção.
Fatores associados à deiscência aponeurótica. (12)
- Técnica cirúrgica incorreta no fechamento de aponeuroses e fáscias
- Cirurgia de emergência
- Infecção intra-abdominal
- Idade avançada
- Infecção de ferida, hematoma, seroma
- Pressão intra-abdominal elevada
- Obesidade
- Uso crônico de glicocorticoide
- Episódio anterior de deiscência
- Desnutrição
- Radioterapia ou quimioterapia
- Doença sistêmica (uremia, diabetes mellitus)