Capítulo 78 - Insulina, Glucagon e Diabetes Flashcards
O pâncreas é formado por dois tipos principais de tecidos, quais são eles?
os ácinos, que secretam o suco digestivo no duodeno e as ilhotas de Langherans, que secretam insulina e glucagon diretamente no sangue
As ilhotas contêm 3 tipos celulares principais, Quais são?
Células beta, alfa e delta
Qual homônio a célula beta produz?
Insulina e Amilina
Qual hormônio a célula alfa produz?
Glucagon
Qual hormônio a célula delta produz?
Somatostatina
Como se caracteriza o receptor da insulina?
É uma combinação de 4 subunidades. Duas alfa que se situam inteiramente do lado externo e Duas beta que penetram através da membrana e se projeta no citoplasma.
Quais são as principais funções da insulina?
Tem função principal na regulação e no armazenamento de glicose e ácidos graxos; muitas células dependem da ação da insulina para obter energia por meio da glicose. Caso os níveis energéticos do corpo estejam satisfatórios, a insulina armazena a glicose na forma de glicogênio, e a reserva para quando necessário.
Como funciona o aumento da síntese do glicogênio pela insulina?
a insulina força o armazenamento da glicose nas células do fígado (e dos músculos) na forma do glicogênio, impedindo a gliconeogênese; os níveis baixos de insulina faz com que as células do fígado convertam o glicogênio em glicose e excrete para o sangue.
Como funciona o aumento da síntese do ácido graxo pela insulina?
a insulina força as células gordurosas a recolher os lipides do sangue que são convertidos nos triglicerides; a falta da insulina causa efeito ao contrário.
Como funciona o aumento da esterificação dos ácidos graxos pela insulina?
a insulina força o tecido adiposo a sintetizar gorduras (isto é, triglicérides) a partir dos esteres do ácido graxo; a falta da insulina causa o efeito inverso.
Quais outras ações que ocorrem devido à estimulação da insulina?
Diminuição da proteinólise, lipólise e gliconeogênese, além do aumento da “captura” de aminoácido, aumento da “captura” do potássio, ação no tônus do músculo das artérias
Por quê insulina apresenta pouco efeito sobre a captação ou a utilização da glicose pelo cérebro?
A maioria das células neurais é permeável à glicose e pode utilizá-la sem a intermediação da insulina. Os neurônios utilizam, normalmente, apenas glicose como fonte de energia. Por isso, é essencial que o nível de glicose sanguínea se mantenha sempre acima do nível crítico.
De que forma a insulina atua no metabolismo das gorduras?
A insulina aumenta a utilização da glicose pela maioria dos tecidos do corpo, o que reduz a utilização da gordura, funcionando como poupador de gorduras. Além disso, quando concentração de glicogênio no fígado atinge 5% a 6%, a síntese de glicogênio fica inibida. Toda glicose adicional que penetra as células hepáticas é utilizada para sintetizar ácidos graxos, que serão transformados em triglicerídeos e liberados no o sangue. Então, a insulina ativa a lipoproteína lipase, os triglicerídeos são quebrados e formam ácidos graxos, para que possam ser absorvidos pelas células adiposas, onde voltam a ser convertidos em triglicerídeos e armazenados.
Como a deficiência de insulina influencia no metabolismo das gorduras?
A deficiência de insulina causa lipólise das gorduras armazenadas e liberação de ácidos graxos livres, aumenta os níveis de colesterol e de fosfolipídeos plasmáticos e causa cetose e acidose pela utilização excessiva das gorduras durante a falta de insulina.
Como se dá o mecanismo de secreção de insulina?
A glicose extra celular é internalizada para as células beta pancreáticas através de receptores GLUT-2. Essa glicose é fosforilada pela glicocinase ou hexocinase, sofrendo o processo de oxidação, gerando ATP. O aumento dos níveis de ATP inibem os canais de K+ voltagem-dependentes, promovendo a despolarização da membrana celular. Essa despolarização permite a abertura de canais de cálcio voltagem dependentes, aumentando o influxo de cálcio e como consequência a exocitose de insulina através de vesículas.
Que fatores promovem a secreção de insulina?
Principalmente os níveis de glicose sanguínea aumentados, além do efeitos de feedback entre a concentração de glicose sangúinea e a secreção de insulina. Além disso, a administração de aminoácidos quando a concentração de glicose plasmática está elevada potencializa o estimulo da glicose sobre a secreção de insulina. Alem disso, Hormônios gastrintestinais também causam aumento da secreção, assim como estímulos aos nervos simpáticos inibem e aos parassimpáticos estimulam a secreção de insulina.
De que forma os hormônios gastrintestinais agem na secreção de insulina?
Hormônios gastrointestinais (gastrina, secretina, colecistocinina e o peptídeo insulinotrópico dependente de glicose)são liberados no trato gastrointestinal depois que a pessoa ingere uma refeição.
São capazes de causar aumento “antecipatório” da
insulina plasmática, em preparação para a glicose e os aminoácidos que serão absorvidos.
Por quê o glucagon é considerado um hormônio hiperglicêmico?
O glucagon é hormônio secretado pelas células alfa das ilhotas de Langherans quando a concentração da glicose sanguínea cai, promovendo a glicogenólise e o aumento da concentração de glicose sanguínea, por isso é considerado um hormônio de ação hiperglicêmica.
Qual a função do glucagon?
Além de promover glicogenólise e aumentar os níveis de glicose plasmática, o Glucagon ativa a lipase das células adiposas, disponibilizando quantidades aumentadas de ácidos graxos para os sistemas de energia do organismo. Também inibe o armazenamento de triglicerídeos no fígado, o que impede esse órgão de remover os ácidos graxos do sangue (disponibilização de quantidades adicionais de ácidos graxos para outros tecidos do organismo).
Qual a relação dos níveis de glicose sanguínea com a secreção de insulina e glucagon?
O efeito da concentração da glicose sanguínea sobre a secreção de glucagon se encontra exatamente na direção oposta do efeito da glicose sobre a secreção de insulina. A redução da concentração de glicose sanguínea (níveis hipoglicêmicos) aumenta a concentração do glucagon plasmático. O aumento da glicose sanguínea (níveis hiperglicêmicos) diminui o glucagon plasmático.
Que fatores influenciam na secreção de glucagon?
Concentração de glicose sanguínea a níveis hipoglicêmicos, aumento da concentração de aminoácidos no sangue e a prática de exercícios físicos (Um dos fatores que poderiam aumentar a secreção do glucagon no exercício é o aumento dos aminoácidos circulantes. Outros fatores,tais como o estímulo beta-adrenérgico das ilhotas de Langherans, também podem ter participação.)
Qual a principal função da somatostatina?
O principal papel da somatostatina (hormônio inibidor do hormônio do crescimento) é o de prolongar o tempo em que os nutrientes alimentares são assimilados no sangue. Além disso, ela inibe a produção de insulina e glucagon. Obs.: A somatostatina secretada no hipotálamo suprime a secreção do hormônio do crescimento pela hipófise anterior.
Quais são as células que mais captam glicose com a insulina?
Hepáticas, musculares e adiposas.
Quais são os 4 efeitos finais da estimulação da insulina? (ponto de vista celular)
1 - As membranas de cerca de 80% das células do organismo aumentam acentuadamente sua captação de glicose.
2 - A membrana celular torna-se mais permeável a muitos dos AAs, íons K e íons fosfato.
3 - Efeitos mais lentos ocorrem durante os 10 a 15 minutos seguintes para modificar os níveis de atividade de muitas enzimas intracelulares metabólicas. Isso resulta principalmente da mudança do estado de fosforilação dessas células.
4 - Efeitos mais lentos que continuam a ocorrer horas e mesmo dias após: mudanças nas taxas de tradução dos RNAm e alteração das taxas de transcrição de DNA.
O que ocorre quando a glicose é transportada para dentro da célula?
É rapidamente fosforilada para servir de substrato.
Como ocorre o transporte de glicose para dentro da célula?
Resulta da translocação de vesículas intracelulares para a membrana celular. Essas vesículas levam, em suas próprias membranas, moléculas de proteínas transportadas de glicose, que se acoplam à membrana celular e facilitam a captação da glicose. Quando a insulina não está mais disponível, essas vesículas se separam da membrana celular e retornam ao interior da célula.
Qual o papel da insulina no fígado que justifique a captação de glicose?
Armazenamento sob forma de glicogênio para utilização posterior.
Quais são as etapas do mecanismo pelo qual a insulina provoca a captação e o armazenamento da glicose no fígado?
1 - A insulina inativa a fosforilase hepática. A principal enzima que promove a quebra do glicogênio hepático.
2 - Causa um aumento da captação de glicose do sangue. Isso ocorre com o aumento da atividade da enzima glicoquinase, que é uma enzima que fosforila a glicose. A glicose fosforilada não se difunde de volta através da membrana.
3 - Aumenta a atividade de enzimas que promovem a síntese de glicogênio, especialmente a glicogênio sintase.
Como a glicose é liberada do fígado entra as refeições?
1 - A redução da glicose sérica reduz a secreção de insulina
2 - A ausência de insulina reverte os efeitos relacionados anteriormente para o armazenamento de glicogênio e impede a captação da glicose.
3 - A ausência da insulina ativa a enzima fosforilase , que causa a clivagem do glicogênio em glicose-fosfato.
4 - A enzima glicose fosfatase, que foi inibida pela insulina, torna-se ativada e retira o fosfato da glicose-fosfato. A glicose então se difunde para o plasma.
O que acontece quando a quantidade de glicose que penetra no fígado é maior da que pode ser armazenada sob forma de glicogênio?
A insulina promove a conversão de todo este excesso de glicose em ácidos graxos. Esses ácidos graxos são empacotados sob a forma de triglicerídeos em VLDL e transportadas para o tecido adiposo, onde são depositados como gordura.
Por que a insulina não precisa fazer efeito sobre a captação e utilização de glicose pelo Cérebro?
Porque as células neurais são permeáveis à glicose e podem utilizá-las sem intermediação da insulina.
O que é o Pré-Diabetes?
O termo pré-diabetes é usado quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas não o suficiente para um diagnóstico de Diabetes Tipo 2. Obesos, hipertensos e pessoas com alterações nos lipídios estão no grupo de alto risco.
É importante destacar que 50% dos pacientes nesse estágio ‘pré’ vão desenvolver a doença. O pré-diabetes é especialmente importante por ser a única etapa que ainda pode ser revertida ou mesmo que permite retardar a evolução para o diabetes e suas complicações.
Defina os principais tipos de diabetes
DM Tipo 1: Nele o corpo realiza um ataque contra as próprias células beta do pâncreas, que deixam de produzir insulina e chamamos isso de ataque auto-imune. Cerca de 5% das pessoas com diabetes têm diabetes tipo 1.
DM Tipo 2: Normalmente uma pessoa pode levar anos para ser diagnosticada com diabetes tipo 2, pois se manifesta de maneira silenciosa. No tipo 2 há resistência aos efeitos da insulina ou não produz insulina suficiente para manter a glicemia regulada.
Diabetes Gestacional: Como o corpo da mulher aumenta, pode ser que o pâncreas não consiga produzir insulina suficiente para a mãe e o bebê neste período. Há o aumento dos níveis de glicose no sangue durante a gravidez pela primeira vez na vida da mulher. Após o parto, as taxas de glicemia tendem a voltar aos parâmetros de pessoas sem diabetes. Mas é importante manter uma rotina de cuidados e acompanhamento médico, uma vez que há maior risco de diagnóstico de diabetes tipo 2.
Se houver resistência ou falta de insulina, os níveis de glicose estarão elevados no meio intracelular ou extracelular?
Extracelular.
Como é feito o diagnóstico do diabetes?
A glicemia em jejum detecta o nível de açúcar e, se ele estiver acima de 126mg/dl, é bem provável que o diabetes já esteja instalado. Já a hemoglobina glicada dá uma média da glicose circulante nos últimos 90 dias, e se o resultado for acima de 6,5%, é outro indício importante de que a doença está presente.
A curva glicêmica, que analisa como o corpo reage à ingestão de açúcar em diversas etapas ao longo de um período de tempo, ajuda a confirmar o diagnóstico.
Diabetes tem cura?
Não. Existem alguns estudos em andamento que tentam usar células-tronco para curar o pâncreas deficiente do portador do diabetes tipo 1, e tecnologias já disponíveis melhoram muito o controle nos níveis de insulina. Mas a doença é crônica e exige acompanhamento multidisciplinar pela vida inteira, mesmo que a glicemia esteja controlada.
Já para quem sofre com diabetes tipo 2, a boa notícia é que, caprichando no estilo de vida saudável, é possível até reduzir a quantidade de medicamentos tomados e viver sem medo de sequelas.
Quais os principais sintomas do diabetes?
Urinar muito (poliúria) Muita sede (polidpsia) Muita fome (polifagia) Visão embaçada Perda de peso Cansaço Hálito cetônico (cheiro de maçã velha)
O que é a resistência à insulina?
Na resistência à insulina há a necessidade de uma quantidade cada vez maior de insulina para fazer com que uma mesma quantidade de glicose presente no sangue consiga entrar nas células.
Podemos imaginar que a insulina seja uma “chave” que abre as “fechaduras” presentes nas paredes das células permitindo a entrada da glicose para o interior delas, onde será utilizada como combustível.
Quando há resistência à insulina, o número de “fechaduras” esta reduzido ou não funciona direito, sendo necessária uma quantidade cada vez maior de insulina (a “chave”) para permitir que a glicose entre nas células.
Assim sendo, para compensar essa resistência, as células beta do pâncreas aumentam, progressivamente, a produção de insulina, até que começam a falhar, não sendo mais possível a manutenção de níveis normais de glicose no sangue.
É possível prevenir o Diabetes tipo 1?
Não, não há prevenção conhecida contra o diabetes tipo 1.
O que é hemoglobina glicada ou glicosilada (HbA1c)?
O exame de dosagem da hemoglobina glicada é um exame de sangue que dá uma ideia da glicemia durante um certo período.
É como um pequeno “filme” a respeito do controle glicêmico, que mostra a média da glicemia nos últimos 2 a 3 meses.
Neste exame é medida a porcentagem de hemoglobina, substância presente nos glóbulos vermelhos ou hemácias que dá cor vermelha ao sangue, que esta ligada com a glicose.
Como a glicose não precisa da insulina para entrar nas hemácias, quanto maior for a quantidade de glicose no sangue, maior será a taxa de hemoglobina glicada ou glicosilada.
Como o tempo médio de vida das hemácias é de 90 a 120 dias, esse teste reflete a situação média da glicose nesse período.
Resumindo, valores altos de HbA1c significam mau controle glicêmico do diabetes mellitus.
O que é hipoglicemia?
A hipoglicemia é um evento que acontece quando o nível de glicose no sangue está muito baixo (menor de 60 mg/dl). Nas pessoas com diabetes e que utilizam insulina ou medicamentos orais como as sulfoniluréias, pode ocorrer pela irregularidade nos horários de refeições, exercícios físicos intensos e excessivos ou por doses elevadas de insulina ou medicamentos.
Seus principais sintomas são suor em excesso, visão turva, fraqueza, dor de cabeça, palpitações, sonolência, fome súbita, confusão mental e tremores.
Uma forma de evitar estes episódios, além de respeitar os horários corretos das refeições e programar os exercícios físicos, é fazer o uso correto da medicação prescrita pelos médicos.
Quais os riscos da hipoglicemia?
Caso não tenha tratamento adequado e a tempo, a hipoglicemia pode se tornar severa e levar à inconsciência, coma ou até mesmo à morte. Também é importante ressaltar a preocupação com danos neurológicos em crianças e distúrbios no sistema nervoso central em adultos.
Quais as complicações do diabetes?
As complicações crônicas principais podem ser divididas em dois grupos, as microvasculares, que causam danos nos vasos sanguíneos pequenos, e as macro vasculares, atingindo os grandes vasos.
As complicações microvasculares podem levar a problemas nos olhos (retinopatia), rins (nefropatia) e nervos (neuropatia). As complicações macro vasculares ocorrem devido à aterosclerose – acúmulo de gordura e outras substâncias nas artérias, restringindo a passagem do sangue – podendo levar à infarto (doença arterial coronariana), derrame (acidente vascular cerebral) e doença vascular periférica.
Quem tem Diabetes não pode comer carboidratos?
O paciente deve ter uma dieta individualizada, mas, via de regra, é importante o controle da ingestão de carboidratos (açúcares), sobretudo os simples, gorduras e calorias totais, porém sem necessidade retirar totalmente os carboidratos.
O ideal é ter o acompanhamento de um nutricionista especializado na doença que poderá orientar da melhor forma.
Ter Diabetes significa que farei aplicações de insulina pelo resto da minha vida?
No caso do diabetes tipo 2, não. Quando diagnosticado precocemente, o diabetes tipo 2 pode ser tratado por meio de uma reeducação alimentar, exercícios físicos e medicamentos orais. A melhor forma de tratamento para o tipo 2 depende da progressão e gravidade da doença. Já o diabetes tipo 1 sempre requer o uso de insulinas, pois sua produção pelo organismo está comprometida desde o início.
Vale destacar que o tratamento para o diabetes evoluiu significativamente nos últimos anos, tanto no que se refere aos medicamentos orais quanto com relação às insulinas disponíveis. Ademais, a evolução da terapia com insulina trouxe várias melhorias, como a diminuição dos efeitos colaterais (hipoglicemia), necessidade de um número menor de aplicações ao dia, além de formas de aplicação que possibilitam praticidade, maior precisão e mais conforto para o paciente, como é o caso das canetas para aplicação disponíveis no mercado.
Cada paciente deve avaliar junto ao seu médico qual o melhor tratamento disponível, o que não implica, necessariamente, no uso de insulinas injetáveis.