Aula 6 - Cefaleias Flashcards
Definição de cefaleias
Cefalalgia (dor de cabeça) crónica, contínua ou intermitente e violenta.
Geralmente um sintoma benigno e raramente uma manifestação de uma lesão grave como tumor cerebral, hemorragia subaracnoideia, meningite ou arterite de células gigantes.
A dor de cabeça não é uma dor no cérebro.
As cefaleias são doenças reais e muitas vezes para toda a vida.
Elevada prevalência em adultos e crianças.
Etiologia das cefaleias
Distensão, tracção ou dilatação das artérias intracranianas ou extracranianas.
Tracção ou desvio de grandes veias intracranianas.
Compressão, tracção ou inflamação dos nervos cranianos ou da medula espinhal.
Espasmo, inflamação ou traumatismo dos músculos cranianos e cervicais.
Inflamação das meninges.
Aumento da pressão intracraniana.
Traumatismos externos
Classificação das cefaleias de acordo com a causa
Primárias
Não apresentam causa específica, podendo ser muitifactorial ou ter carácter hereditário. Ex: enxaqueca.
Secundárias
Apresentam causa patológica evidente, ou seja, fazem parte de uma doença em desenvolvimento. Ex: infecções, hemorragias, edemas intracranianos ou tumor cerebral.
Agudas
Geralmente são manifestação de patologia intracraniana como hemorragia subaracnoideia ou de outras estruturas cerebrais ou lesões infecciosas como meningites ou encefalites
Após punção lombar
Após exercícios físicos violentos (aumento pressão intracraniana ou intraabdominal)
Subagudas
Devidas doenças inflamatórias do tecido conjuntivo, como arterite de células gigantes, processos intracranianos ( tumores, abcessos cerebrais, metástases, hematomas), nevralgia do trigémeo ou do glossofaríngeo e crise hipertensiva
Crónica
Geralmente de natureza primária (enxaqueca, cefaleias tensionais e cefaleias em salva)
Variedades clínicas de cefaleias
Enxaqueca Cefaleia em salvas Cefaleia tensional Cefaleia por punção lombar Cefaleia pós traumatismos Arterite temporal Cefaleia por doença sistémica
Enxaquecas
- Mais comum em mulheres. Predisposição hereditária.
- Cefaleia recorrente benigna, com períodos livres de dor
- Crise enxaqueca dura entre horas a dias
- Dor acompanhada de náuseas, vómitos, aversão à claridade,
barulho e cheiros, tonturas (DD com labirintite) - A dor não é bem localizada (problema DD, confundida com sinusite)
- Associada a factores premonitórios ou aura (alucinações visuais, sensitivas e motoras):
luzinhas piscando no campo visual; os objectos parecem aumentar ou diminuir de tamanho;
escotomas, são feixes de luz. - A aura pode durar 20 minutos a 1 hora, depois surge a crise
- Dor pulsátil, unilateral com intensidade de moderada a grave
- Diagnóstico é clínico. Raramente complicações neurológicas permanentes.
- Tratamento: Analgésicos; Antivertiginosos; Triptofano (percursor da serotonina);
Prevenção
Cefaleia em salvas
- Duas ou três crises dolorosas diárias de curta duração
- Dor peri-orbitária unilateral, raramente pulsátil mas muito intensa e sem aura
- Acompanhada de lacrimejo homolateral, eritema ocular, congestão nasal e
ptose palpebral - O início da dor costuma ser nocturno e acorda o doente
Cefaleia tensional
- Cefaleia crónica de dor como faixa apertada
- Grande tensão dos músculos cervicais posteriores
Cefaleia pós punção lombar
- Dor posicional: começa quando doente se senta ou fica de
pé e alivia quando em decúbito- Dor é causada pela perda de volume do LCR, que provoca
dilatação e tensão a nível dos seios da dura-mater sensíveis á
dor - Surge 1 a 2 dias após punção lombar e persiste por 3 a 4
dias - Dor contínua, latejante acompanhada de náuseas e rigidez
do pescoço, vertigens e zumbidos
- Dor é causada pela perda de volume do LCR, que provoca
Cefaleia pós traumatismo
- Mais frequente após colisões traseiras de acidentes automóvel
- Dor acompanhada tonturas, vertigens e alterações da memória
- Estas queixas podem regredir após semanas ou podem manter-se durante meses
ou anos - Surgem quer o doente tenha ou não perdido a consciência por traumatismo
craneano - Exame neurológico normal
- TC e REM sem alterações
- Podem ocorrer apenas alterações comportamento
Arterite temporal
- Doença do idoso e mais frequente nas mulheres
- Doença inflamatória da artéria temporal (arterite de células gigantes)
- Dor surge gradualmente e ao fim se algumas horas atinge o máximo intensidade
- Dor latejante, profunda e acentuada com a palpação couro cabeludo
- Geralmente piora à noite e com o frio
- Diagnóstico → Biópsia da artéria
Cefaleia por doença sistémica
Quase todas as doenças se acompanham de cefaleia
- Algumas característicamente associadas a cefaleia: - Mononucleose infecciosa - Lúpus eritematoso sistémico - Insuficiência pulmonar crónica - Doença intestinal inflamatória - Hipertensão arterial - Alguns fármacos (anticonceptivos orais)
Meios auxiliares de diagnóstico nas cefaleias
Diagnóstico das cefaleias e dores faciais é essencialmente clínico
Exame neurológico completo (1º passo essencial para diagnóstico)
- Rx coluna vertebral e crânio - Análise sangue periférico - Análise LCR (Punção lombar) - EEG - TC crânio - REM crânio - Biópsia artéria temporal
O que avaliar na história clínica da cefaleia?
Carácter da dor
- Normalmente indistintas, podendo referir latejamento e músculos tensos
na cabeça, pescoço e ombros.
Intensidade
- Pouco valor diagnóstico porque depende do limiar de resposta à dor - Enxaqueca; meningite; hemorragia subaracnoideia→ dor intensa - Tumor cerebral→ dor menos intensa
Localização (informativo)
- Inflamação artéria extracraniana→ dor intensa e expontânea na área
- Lesões intracraneanas na fossa posterior do cérebro→ dor na região
occipital
Quais as casas de cefaleia cujo tempo de duração e intensidade da mesma é importante para o diagnóstico?
- Rotura de aneurisma→ dor máxima e rápida
- Crises de enxaqueca→ dor durante horas ou dias; alivia com o sono
- Cefaleia recorrente pode estar relacionada com algumas situações que
exacerbam a dor como: odores, fome, privação do sono, ingestão de
bebidas alcoólicas… - Primeira ocorrência cefaleia grave →meningite, hemorragia
subaracnoideia, hematoma epidural ou subdural, glaucoma ou sinusite
purulenta