Assessoria de Imprensa no Brasil Flashcards
Onde trabalham a maior parte dos jornalistas no Brasil?
Grande parte dos jornalistas não trabalha em órgãos de imprensa.
Estima-se que mais da metade esteja em assessorias de comunicação. A migração de jornalistas para áreas diversificadas ocorreu pela ação competente em assessorias a partir da década de 80, quando o uso da informação e o estabelecimento de relacionamentos adequados passaram a ser estratégicos para as organizações brasileiras
Marco na sistematização da divulgação jornalística na área pública
- Presidente Campos Sales (1898-1902) levou o jornalista Tobias Monteiro do Jornal do Commercio para divulgar sua viagem à Europa.
- Criação da Seção de Publicações e Biblioteca pelo presidente Nilo Peçanha em 1909. Objetivo: integrar os serviços de atendimento, publicações, informação e propaganda. O setor tinha como finalidade distribuir informações por meio de notas ou notícias fornecidas à imprensa e aos particulares que as solicitassem e editar o Boletim do Ministério. Muda muitas vezes de nome.
- Em 1915, retoma o nome “Serviço de Informações e são especificados novos detalhes com o alerta que a divulgação só poderia ocorrer depois que o texto fosse submetido ao ministro.
Como eram os primeiros serviços de divulgação dos órgãos governamentais na primeira metade do século XX no Brasil?
Serviços de divulgação passaram a ser organizados em níveis federal e estaduais, com a presença dos chamados redatores, que produziam e distribuíam textos para a imprensa pelos gabinetes e bureaus de imprensa instalados em órgãos governamentais
Comunicação do Governo 1930 e 1931
Durante os anos 1930, o governo federal brasileiro tornou política de Estado o controle e a disseminação de informações por meios de comunicação de massa, estimulado pela popularização do rádio. Para isso, foi estruturado o Departamento Oficial de Propaganda na Imprensa Nacional, administrado pelo jornalista Sales Filho, em 1931
O ápice das intervenções da ditadura ocorreu entre 1939 e 1945.
O Departamento Ofiicial de Publicidade na Imprensa Nacional foi reorganizado para Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC) e Departamento Nacional de Propaganda (DNP).
1939 e 1945: Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e Departamentos Estaduais de Imprensa e Propaganda (Deips).
* Controle ideológico via comunicação.
* Política pública de origem fascista implantada por Lourival Fontes
* Superestrutura de manipulação da opinião pública.
* Na época da ditadura, os jornais publicariam tudo que saísse de qualquer repartição do governo.
Como ficou o trabalho do jornalista na redemocratização pós-ditadura Vargas?
A máquina do Estado continuou utilizada para obter o apoio ou silêncio de jornalistas via oferta de empregos públicos. O amadorismo pré-regulamentação da profissão e o interesse do governo e dos patrões em manter a situação estimularam o duplo-emprego e criaram vantagens e distorções.
- Repartições públicas contratavam jornalistas com salários baixos e preferencialmente com atuação nas redações.
- Duplo emprego, desconto em impostos, jabaculê.
- Nesse período o jornalismo era uma atividade complementar, e os repórteres tinham de ter outras fontes para sobreviver.
- Muitos dos redatores públicos exerciam atividades paralelas em veículos de comunicação, para complementação financeira
- Além disso, ganhavam respeito no governo por estarem na imprensa e tinham trânsito facilitado de seus comunicados nas redações.
Assessoria de Imprensa no Setor Privado (anos 50)
- No setor privado, a divulgação institucional teria se estabelecido durante os anos 1950, com empresas estrangeiras - ramo do petróleo e de eletricidade (São Paulo Light - e que traziam a experiência de seus países de origem.
- A prática mais comum era o encaminhamento de textos às redações por meio dos departamentos comerciais dos veículos, o que gerava atritos, já que nunca foi pacífica a tentativa de ingerência do setor comercial na produção editorial.
- Ney Peixoto oi o responsável pela profissionalização da assessoria de imprensa na Esso. (Prêmio Esso de Reportagem)
Assessoria de imprensa da Volkswagen 1961
- Oferecer pequenas notas (Calhaus) sobre temas relacionados à indústria automobilística como novas estradas, carteira de motorista, etc. para ocupar espaços no jornal que ficassem sem conteúdo na diagramação. Objetivo: tornar o tema “transportes” de interesse para a imprensa, valendo de divulgação baseada em prestação de serviços.
A iniciativa foi bem sucedida e organizava visitas regulares de jornalistas a fábricas, gerava fotos, pautas curiosas e dados estatatísticos que agradavam a imprensa.
Na década de 1960, a produção de jornais e revistas empresariais era um mercado extra-redação mais promissor para jornalistas.
Isso deu origem, em 8 de outubro de 1967
à Aberje, como Associação de Editores de Jornais e Revistas de Empresa
Hoje, Associação Brasileira de Comunicação Empresarial.
Assessoria no início da década de 80
- Início do retorno à democracia, Movimento sindical,
- Liberdade de imprensa
- Novos padrões de competitividade: instituições necessitam comunicar-se com a sociedade e seus diversos segmentos
- E a imprensa foi identificada como o caminho mais curto para agir sobre a agenda pública, informar e obter uma imagem positiva. Investimento em comunicação aliado à postura de organização aberta à sociedade traz retorno em credibilidade
Anos 80 e enxugamento nas redações
Organizações de todo tipo buscam profissionais para estabelecer ligações com a imprensa e para produzir instrumentos de comunicação. Enxugamento nas redações.
Jornalistas aproveitam a oportunidade, oferecendo seu capital pessoal: trânsito junto aos coleguinhas, conhecimento sobre produtos informativos, habilidade ao lidar com o poder e, ainda, a noção de informação como direito público. Melhores condições de trabalho. Ao mesmo tempo, as redações passam a necessitar do apoio das assessorias.
Jornalismo no nível de fonte: com o grande número de assessorias de imprensa aumenta a oferta de informação para os jornalistas.
No Brasil, a peculiaridade é que a assessoria de imprensa não é tratada como relações públicas.
Ainda que o jornalista deixe um jornal para atuarem assessoria, sua atividade continua sendo jornalismo – subsidiário ou “no nível de fonte”.
Associação Brasileira de Imprensa e sindicatos sustentaram nos anos 80 que o relacionamento com a imprensa e a elaboração de produtos noticiosos mesmo institucionais são responsabilidades privativas da categoria.
Fenaj – 1986 – Manual de Assessoria de Imprensa. Legitima e baliza a prática do jornalismo especializado em assessoramento
Não foi apenas corporativismo. Repórteres e editores preferem contato com pessoas que atendam com eficiência suas necessidades, que conheçam os mecanismos das redações
Assessoria de imprensa é apenas uma especialização do campo da comunicação organizacional, em que cada atividade tem seu papel específico e interage com as demais (relações públicas, publicidade, editoração, comunicação interna, marketing), o que Kunsch chama de…
Composto de Comunicação
Administrá-lo exige definição de uma estratégia global, programas de informação e relacionamento dirigidos a públicos segmentados e instrumentos de comunicação adaptados aos interesses e especificidades desses grupos. Já não há trabalho isolado, mas
uma integração natural e que envolve visões institucionais e mercadológicas e que incorpora a exigência de uma comunicação interna eficiente.
É difícil encontrar um jornalista que desempenhe apenas uma função, temos perfis que se misturam: o gestor, o estrategista e o especialista; às vezes, multitarefa. Em geral, até por necessidade, assume os diferentes perfis, ainda que com gradações.