Traumatologia Flashcards

1
Q

Traumatologia ou Lesonologia Médico-legal

A

estuda as lesões e estados patológicos, imediatos ou tardios, produzidos por violência sobre o corpo humano, nos seus aspectos do diagnóstico, do prognóstico e das suas implicações legais e socioeconômicas. Trata também do estudo das diversas modalidades de energias causadoras desses danos.

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2
Q

Quais os tipos de energias causadoras de lesões?

A
energias de ordem:
mecânica
física
química
físico-química
bioquímica
biodinâmica
mista
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3
Q

Energia Mecânica: Quais são os tipos de armas?

A
Propriamente dita (punhais, revólveres, soqueiras); Armas eventuais (faca, navalha, foice, facão, machado); Armas naturais (punhos, pés, dentes);
Meios diversos (máquinas, animais, veículos, quedas, explosões, precipitações)
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4
Q

Energia Mecânica: Diferencie os tipos de meio

A

Ativo: impacto de um objeto em movimento contra o corpo humano parado.

Passivo: instrumento parado e corpo humano em movimento.

Misto: os dois em movimento, indo um contra o outro.

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5
Q

Energia Mecânica: Modo de atuação dos meios

A

pressão, percussão, tração, torção, compressão, descompressão, explosão, deslizamento e contrachoque.

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6
Q

Energia Mecânica: Classificação dos meios mecânicos

A
perfurantes
cortantes
contundentes
perfurocortantes
perfurocontundentes
cortocontundentes
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7
Q

Energia Mecânica: Classificação das feridas

A
puntiformes
cortantes
contusas
perfurocortantes
perfurocontusas
cortocontusas
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8
Q

Energia Mecânica: Características dos instrumentos perfurantes

A

Pontiagudo, alongado e fino, e de diâmetro transverso reduzido. Atuam geralmente por pressão ou percussão afastando as fibras dos tecidos e, muito raramente, seccionando-as.

Ex: agulha, estilete, furador de gelo, sovela, florete

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9
Q

Energia Mecânica: Características das feridas puntiformes (punctórias)

A

Abertura estreita, raro sangramento, pouca nocividade na superfície e, às vezes certa gravidade na profundide, em face dos órgãos atingidos. Quase sempre de menor diâmetro que o instrumento causador devido à retratilidade e elasticidade da pele (somente em vivos).
O trajeto é um túnel estreito que continua pelo tecido lesado.
O ferimento de saída, quando isso ocorre, é em geral mais irregular e de menor diâmetro que o de entrada, em face do instrumento atuar nessa fase através de sua parte mais afilada.

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10
Q

Energia Mecânica: Quando o instrumento perfurante é de médio calibre, qual forma as lesões assumem?

A

Primeira lei de Filhos: “casa de botão” - ferida semelhante à produzida por instrumento de dois gumes

Segunda lei de Filhos: Quando em locais onde as linhas de força têm o mesmo sentido, seu maior eixo tem sempre a mesma direção.

Lei de Langer: Na confluência de linhas de força, as extremidades tomam aspecto estrelado.

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11
Q

Energia Mecânica: Ferida em acordeão nas lesões punctórias

A

Profundidade da lesão é maior que o instrumento utilizado. Acontece em regiões como o ventre.

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12
Q

Energia Mecânica: Causas jurídicas das lesões puntiformes

A

Maioria das vezes HOMICIDA e mais raramente acidental ou suicida.

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13
Q

Energia Mecânica: Características dos instrumentos cortantes

A

Agem através de um gume mais ou menos afiado, por
um mecanismo de deslizamento sobre os tecidos e, na maioria das vezes, em sentido linear. A
navalha, a lâmina de barbear e o bisturi são exemplos de agentes produtores dessas ações.

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14
Q

Energia Mecânica: Características das feridas cortantes ou incisas

A

forma linear
regularidade das bordas
regularidade do fundo da lesão
ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida
hemorragia quase sempre abundante
predominância do comprimento sobre a profundidade
afastamento das bordas da ferida
presença de cauda de escoriação voltada para o lado onde terminou a ação do instrumento
vertentes cortadas obliquamente
centro da ferida mais profundo que as extremidades
paredes da ferida lisas e regulares
perfil de corte de aspecto angular, quando o instrumento atua de forma perpendicular, ou em
forma de bisel, quando o instrumento atua em sentido oblíquo ao plano atingido.

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15
Q

Energia Mecânica: sinal de Chavigny

A

Como a segunda lesão foi
produzida sobre a primeira, de bordas já afastadas, coaptando-se às margens de uma das feridas,
sendo ela a primeira a ser produzida, a outra não segue um trajeto em linha reta

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16
Q

Energia Mecânica: Causa jurídica das feridas cortantes

A

Em tese, as

feridas cortantes são mais acidentais e homicidas que suicidas

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17
Q

Energia Mecânica: esquartejamento x espostejamento

A

Esquartejamento: Partir o corpo em quartos (nas articulações)

Espostejamento: Partir o corpo em postas (não respeita as articulações)

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18
Q

Energia Mecânica: decapitação

A

Sua etiologia pode ser acidental ou

homicida e, mais raramente, suicida.

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19
Q

Energia Mecânica: esgorjamento

A

uma longa ferida transversal do pescoço, de significativa profundidade, lesando além
dos planos cutâneos, vasculonervosos e musculares, órgãos mais internos como esôfago, laringe e
traqueia.Nos casos de suicídio, quando o indivíduo é
destro, o ferimento se dá da esquerda para a direita, sua localização é mais anterolateral esquerda e
termina ligeiramente voltada para baixo. Sua profundidade é maior no início da lesão, pois no final
da ação a vítima começa a perder as forças. As lesões da laringe e da traqueia no suicídio são menos
graves. Podem ocorrer nesses casos várias marcas no pescoço traduzidas por tentativas frustradas,
principalmente quando elas são paralelas e próximas umas das outras. Na maioria das vezes, a mão
da vítima que segura a arma está suja de sangue. A morte, nesses casos, se verifica por hemorragia,
pela secção dos vasos do pescoço; por asfixia, devido à secção da traqueia e aspiração do sangue; e
por embolia gasosa, por secção das veias jugulares
Nos casos de homicídio, há características bem diversas que podem fazer a diferença com o suicídio. O autor desta ocorrência homicida sempre se coloca por trás da vítima, provocando um ferimento da esquerda para direita, em sentido horizontal, uniforme, terminando com a mesma profundidade do seu início, mas ligeiramente voltada para cima, atingindo algumas vezes a coluna
vertebral, onde é comum ficar a marca do instrumento usado.

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20
Q

o que são as armas “vazadas”?

A

Lâminas com dois gumes.

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21
Q

Ação contundente

A

Entre os agentes mecânicos, os instrumentos contundentes são os maiores causadores de dano.
Sua ação é quase sempre produzida por um corpo de superfície, e suas lesões mais comuns se
verificam externamente, embora possam repercutir na profundidade. Agem por pressão, explosão,
deslizamento, percussão, compressão, descompressão, distensão, torção, fricção, por contragolpe ou
de forma mista. São meios ou instrumentos geralmente com uma superfície plana, a qual atua sobre o
corpo humano, produzindo as mais diversas modalidades de lesões.

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22
Q

Rubefação

A

Congestão repentina e momentânea de uma
região do corpo atingida pelo traumatismo, evidenciada por uma mancha avermelhada, efêmera e
fugaz, que desaparece em alguns minutos, daí sua necessidade de averiguação exigir brevidade.
Há possibilidade de se encontrar na pele do cadáver, em contato com calor, uma zona de rubefação (pseudoeritema) até uma hora depois da cessação da
circulação.

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23
Q

Escoriação

A

Arrancamento da epiderme e o desnudamento da derme, de onde fluem serosidade e sangue. A escoriação não cicatriza, não deixa marcas. A regeneração da área lesada é por reepitelização. Há o restitutio ad integrum.

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24
Q

Equimose

A

Infiltração hemorrágica nas malhas
dos tecidos. Em geral, são superficiais, mas podem surgir nas massas musculares, nas vísceras e no
periósteo.

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25
Q

Espectro equimótico de Legrand du Saulle

A
Avermelhada
vermelho-escura
violácea (2 a 3)
azulada (4 a 6)
esverdeada (7 a 10)
amarelada (12)
desaparecendo, em média, entre 15 e
20 dias.
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26
Q

Tipos de equimose

A

pequenos grãos > sugilação
estrias > víbice.
petéquias > pontilhado hemorrágico
Equimona > equimose de grande proporção.

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27
Q

Equimose na conjuntiva ocular

A

As equimoses da conjuntiva ocular não sofrem a sucessão de tonalidades em virtude de ser a
conjuntiva muito porosa e de oxigenação fácil, não permitindo que a oxi-hemoglobina se transforme e
se decomponha. Esta se mantém de colorido vermelho até sua total reabsorção.

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28
Q

sinal de Kunckel

A

Pigmento encontrado na rede ganglionar da região

atingida, mesmo após o desaparecimento da equimose.

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29
Q

Equimose x Livor Hipostático

A

A equimose apresenta sangue coagulado, presença de malhas de fibrina, infiltração hemorrágica, presença em
qualquer lugar do corpo, sangue fora dos vasos, rupturas de vasos e mais particularmente de capilares, sinais de transformação de hemoglobina e ausência de meta-hemoglobina. O livor hipostático mostra sangue não coagulado, ausência de malhas de fibrina, ausência de infiltração hemorrágica, presença em locais específicos – é visível nas zonas de decúbito –, integridade de vasos capilares, sangue dentro dos vasos, ausência de transformação hemoglobínica, presença de meta-hemoglobina neutra e sulfídrica vista através da espectroscopia.

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30
Q

sinal de Tardieu

A

Equimoses subpleurais e subpericárdicas

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31
Q

Edema

A

É o acúmulo de líquido no espaço intersticial e é constituído por uma solução aquosa de sais e proteínas do plasma, variando de acordo com sua etiologia

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32
Q

Hematoma

A

O maior extravasamento de sangue de um vaso bastante calibroso e a sua não difusão nas malhas dos tecidos moles dão, em consequência, um hematoma. Formam-se, no interior dos tecidos, verdadeiras cavidades, onde surge uma coleção sanguínea. Pela palpação da região afetada, percebe-se a sensação de flutuação. Pode também ser profundo e encontrado nas cavidades ou dentro dos órgãos, e, por isso, é chamado de hematoma intraparenquimatoso (intra-hepático, intrarrenal ou intracerebral) .

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33
Q

Bossa sanguínea

A

A bossa sanguínea diferencia-se do hematoma por apresentar-se sempre sobre um plano ósseo e pela sua saliência bem pronunciada na superfície cutânea. É muito comum nos traumatismos do couro cabeludo e é vulgarmente conhecida por “galo”.

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34
Q

Feridas contusas

A

Produzidas por compressão, pressão, percussão,

arrastamento, explosão e tração

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35
Q

Características das feridas contusas

A

forma estrelada, sinuosa ou retilínea
bordas irregulares, escoriadas e equimosadas
fundo irregular
vertentes irregulares
pontes de tecido íntegro ligando as vertentes
retração das bordas da ferida
pouco sangrantes
integridade de vasos, nervos e tendões no fundo da lesão
ângulo tendendo à obtusidade

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36
Q

Fraturas

A

Decorrem dos mecanismos de compressão, flexão ou torção e caracterizam-se pela solução de continuidade dos ossos. São chamadas de diretas, quando se verificam no próprio local do traumatismo, e indiretas, quando provêm de violência em uma região mais ou menos distante do local fraturado.

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37
Q

Luxações

A

Caracterizadas pelo deslocamento de dois ossos cujas superfícies de
articulação deixam de manter suas relações de contato que lhes são comuns

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38
Q

Entorses

A

São lesões articulares provocadas por movimentos exagerados dos ossos que compõem uma articulação, incidindo apenas sobre os ligamentos

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39
Q

Ruptura de vísceras internas

A

A ação traumática pode ser por compressão, pressão, percussão, tração e explosão. Todas as vísceras estão sujeitas a essa forma de lesão. No entanto, as mais comuns são: fígado, baço, rins, pulmões, intestinos, pâncreas e suprarrenais.

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40
Q

Prolapso de vísceras internas

A

Sob o efeito de uma violenta pressão sobre o
abdome ou tórax pode ocorrer um prolapso retal, inclusive com a exposição dos intestinos ou um prolapso genital com a saída do útero e da bexiga. Mais raramente pode-se observar a projeção de órgãos torácicos e abdominais pela boca

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41
Q

Lesões produzidas por artefatos explosivos

A

As lesões produzidas por esses artefatos podem ser por ação mecânica e por ação da onda explosiva. As primeiras são provenientes do material que compõe o artefato e dos escombros que atingem as vítimas. As outras são decorrentes das ondas de pressão e sucção, que compõem a chamada síndrome explosiva ou blast injury.
A lesão mais comum é a Blast auditiva, seguido da Blast pulmonar. Também pode-se encontrar a blast abdominal, cerebral e ocular com certa frequência. O órgão mais resistente a esse efeito é o coração.

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42
Q

lesões por martelo

A

Quando a ação é em sentido perpendicular, estas lesões são conhecidas como “fratura perfurante” ou “fratura em vazador” ou “fratura em saca-bocados” de Strassmann.
Pode ocorrer também um afundamento parcial e uniforme com inúmeras fissuras, em forma de arcos e meridianos, e, por isso, denominado sinal do mapa-múndi de Carrara.
Quando o traumatismo se verifica tangencialmente, produz uma fratura de forma triangular com a base aderida à porção óssea vizinha e com o vértice solto e dirigido para dentro da cavidade craniana. Esse é o sinal em “terraza” de Hofmann

43
Q

Encravamento

A

Sua natureza etiológica é quase sempre acidental. É uma modalidade de ferimento produzida pela penetração de um objeto afiado e consistente, em qualquer parte do corpo.

44
Q

Empalamento x Introdução voluntária

A

Nesta última hipótese, não se observam grandes

mutilações perineais; dificilmente ocorrem lesões intra-abdominais, e os objetos são menos irregulares.

45
Q

Lesões por achatamento

A

Também chamadas “por esmagamento”, são provenientes de violenta ação por pressão ou compressão sobre o corpo ou parte dele, e que tem como exemplo mais comum aquelas produzidas pela passagem de um veículo em movimento.

46
Q

lesões por arrancamento

A

São comuns estas lesões em acidentes ferroviários, máquinas com polias de transmissão à base de correias ou em acidentes onde a vítima fica presa pelo braço ou perna tracionado pelo peso do corpo. Quando preso pelos cabelos pode produzir arrancamento do couro
cabeludo, conhecido como escalpo.

47
Q

Lesões por cinto de segurança de três pontas

A

Pode ocorrer, em um choque mais sério,
a hiperflexão ou a hiperextensão brusca da região cervical, provocando, entre outros, o traumatismo
do mento sobre o tórax com luxação da mandíbula ou ferimentos da língua pelos dentes. No entanto, o
mais grave, e que devem ser observadas com maior cuidado nas necropsias de tais eventos, são as fraturas e luxações das vértebras cervicais, ocasionando, até, secções totais ou parciais da medula.

48
Q

Lesões por AirBag

A

As lesões mais comuns desse efeito são produzidas por barotrauma, que atua por onda de pressão oriunda da explosão da bolsa de ar, sendo mais comuns lesões oftalmológicas, surdez, pneumotórax bilateral, lesões da face e dos membros superiores e inferiores, luxação do ombro e do punho, lesões da parte anterior do tórax, além da perda da consciência. Uma das lesões que tem chamado a atenção é a do nervo radial, embora ainda não bem especificada, ficando algumas vezes incluída em outras lesões.

49
Q

lesão por atropelamento terrestre

A

Podem também ocorrer lesões torácicas ou abdominais,
inclusive com as marcas das partes impactantes, como, por exemplo, telas, faroletes, distintivos de fabricantes ou traços da pintura do veículo (contusão-tatuagem), e que são chamadas, genericamente, de “lesões-padrão”.

50
Q

Lesões por atropelamento náutico

A

Aqui observam-se três fases nesse tipo de acidente: a primeira é a do traumatismo do veículo náutico sobre a vítima; depois a sua projeção no meio líquido; e, finalmente, uma possível ação vulnerante das hélices.

51
Q

lesões por atropelamento ferroviário

A

Um dos fatos mais chamativos da atenção na perícia de casos de atropelamento ferroviário é a redução do corpo a diversos e irregulares fragmentos conhecida como espostejamento

52
Q

Lesões por precipitação

A

As lesões por precipitação foram sumariamente descritas por Leon Thoinot: “Pele intacta ou pouco afetada, rupturas internas e graves das vísceras maciças e fraturas ósseas de características variáveis.”

53
Q

Lesões por ação perfurocortante

A

As soluções de continuidade produzidas por instrumentos perfurocortantes de um só gume resultam em ferimentos em forma de botoeira com uma fenda regular, e quase sempre linear, com um ângulo agudo e outro arredondado. Sua largura é notadamente maior que a espessura da lâmina da arma usada e o seu comprimento, menor que a largura da folha, se o trajeto da arma foi perpendicular ao plano do corpo, saindo da mesma direção, e maior se agiu obliquamente. Se, ao sair, tomou um sentido inclinado, corta mais a pele, aumentando o diâmetro da fenda.
A mais comum das causas jurídicas dessas lesões é o homicídio, enquanto o suicídio e o acidente são mais raros. O diagnóstico diferencial entre elas é feito, observando-se a direção, o número e o local dos ferimentos, outros sinais de violência, mais de dois ferimentos mortais, a variedade das feridas e o local da morte.

54
Q

Classificação das armas de fogo

A

Classificam-se as armas, segundo suas dimensões, em portáteis, semiportáteis e não portáteis. As primeiras são as mais usadas, e, por isso, suas lesões são bem estudadas nos serviços especializados. Quanto ao modo de carregar, são elas de antecarga (carregadas pela boca) e de retrocarga (munição colocada no pente, no tambor ou na parte posterior do cano). Quanto ao modo de percussão, existem as que agem pela pederneira, por espoleta existente no ouvido ou por espoleta encontrada no estojo. E, finalmente, quanto ao calibre, as armas podem ser classificadas pelo peso
dos projéteis ou pela medida de extensão.

55
Q

Classificações da balística forense

A

Balística interna trata do funcionamento das armas, da sua estrutura e mecanismo, e da técnica do tiro. Balística externa estuda o trajeto e a trajetória do projétil, desde sua saída da arma até seu impacto ou sua parada. E balística dos efeitos ou balística do ferimento manifesta-se sobre os efeitos produzidos pelo projétil disparado, incluindo, entre outros, os ricochetes, os impactos e as
lesões e danos sofridos pelos corpos atingidos, sejam eles animados ou inanimados.

56
Q

identificação das armas de fogo

A

Esta pode ser direta ou indireta. É direta quando a identificação é feita na própria arma. E indireta quando feita através de estudo comparativo de características deixadas pela arma nos elementos de sua munição.

57
Q

Alterações nos projéteis

A

Macroalterações no projétil ajudam a identificar o alvo atingido, mas dificultam na identificação da arma. Por outro lado, as Microalterações encontradas no projétil, na espoleta e nos estojos são específicas de cada arma. Nos projéteis encamisados, a maior parte dos microelementos está dentro das cavadas.
A marca do extrator e a marca do ejetor no culote dos estojos também ajudam na identificação da arma.

58
Q

Tiro enconstado

A

É muito comum nos tiros encostados na fronte e chama-se câmara de mina de Hofmann ou (golpe de mina). Nos tiros dados no crânio, costelas e escápulas, principalmente quando a arma está sobre a pele, pode-se encontrar um halo fuliginoso na lâmina externa do osso referente ao orifício de entrada (sinal de Benassi ou de Benassi-Cueli). Os tiros encostados ainda permitem deixar impresso na pele o chamado sinal de Werkgaertner, representado pelo desenho da boca e da massa de mira do cano, produzido por sua ação contundente ou pelo seu aquecimento. Estes tiros ainda podem ser caracterizados pelo sinal do “schusskanol”, representado pelo esfumaçamento das paredes do conduto produzido pelo projétil entre as lâminas interna e externa de um osso chato, a exemplo dos ossos do crânio. É importante, como aconselha Gisbert Calabuig, para um diagnóstico seguro de tiro encostado, encontrar carboxi-hemoglobina no sangue do ferimento, assim como nitratos da pólvora, nitritos de sua degradação e enxofre decorrente da combustão da pólvora.

59
Q

Tiro a curta distância

A

Diz-se que um tiro é a curta distância quando, desferido contra um alvo, além da lesão de entrada produzida pelo impacto do projétil (efeito primário) são encontradas manifestações provocadas pela ação dos resíduos de combustão ou semicombustão da pólvora e das partículas sólidas do próprio projétil expelido pelo cano da arma (efeitos secundários). Quando além das zonas de tatuagens e de esfumaçamento há alterações produzidas pela elevada temperatura dos gases, como crestação de pelos e cabelos (entortilhados e quebradiços), manifestações de queimadura sobre a pele (apergaminhada e escura ou amarelada) e zona de compressão de gases (no vivo), considera-se essa
forma de tiro a curta distância como à queima-roupa.

A forma dos ferimentos de entrada em tiros a curta distância é geralmente arredondada ou elíptica, dependendo da incidência do projétil. Quanto maior a inclinação do tiro sobre o alvo, maior será o eixo longitudinal do ferimento. O ferimento de entrada, quando produzido por projéteis de alta energia, é sempre maior que o diâmetro destes.
orla de escoriação ou de contusão;
bordas invertidas;
halo de enxugo ou orla de Chavigny;
halo ou zona de tatuagem;
zona ou orla de esfumaçamento “falsa tatuagem”;
zona de queimadura ou zona de chama ou zona de chamuscamento;
aréola equimótica;
zona de compressão de gases.

60
Q

Tiro a distância

A

Diâmetro menor que o do projétil, forma arredondada ou elíptica, orla de escoriação, halo de enxugo, aréola equimótica e bordas reviradas para dentro. Não apresenta efeitos secundários. Nesses tipos de lesões, quando o tiro é dado em perpendicular, o diâmetro da ferida é quase sempre menor que o do projétil, explicado pela elasticidade e retratilidade dos tecidos cutâneos. Essa diferença será mais acentuada quanto maior for a elasticidade dos tecidos da região atingida,
mais pontiaguda for a ogiva do projétil e maior for a sua velocidade. Por outro lado, quando o projétil se mostra com deformações do tipo acidental, tanto pela alteração da velocidade como pelas modificações de seu formato cilindro-cônico, as dimensões do ferimento tendem a aumentar.
A orla de escoriação, ou anel de Fisch, também é conhecida como zona de contusão de Thoinot, zona inflamatória de Hofmann, halo marginal equimótico-escoriativo de Leoncini, orla erosiva de Piedelièvre e Desoille ou orla desepitelizada de França. Essa orla tem aspecto concêntrico nos orifícios arredondados, e em crescente ou meia-lua, nos ferimentos ovalares. Seu
exame detalhado é muito importante, pois pode esclarecer a direção do tiro. Nos tiros perpendiculares ao corpo, a orla de escoriação é concêntrica, e, quando inclinados, tem a forma oblíqua. É um sinal comprovador de entrada de bala a qualquer distância. Nas vísceras, principalmente no pulmão, o ferimento de entrada apresenta o halo hemorrágico visceral de Bonnet.
O diagnóstico diferencial entre o ferimento de entrada e o de saída no plano ósseo, principalmente nos ossos do crânio, é feito pelo sinal de funil de Bonnet ou do cone truncado de Pousold. Na lâmina externa do osso, o ferimento de entrada é arredondado, regular e em forma de “saca-bocado”. Na lâmina interna, o ferimento é irregular, maior do que o da lâmina externa e com
bisel interno bem definido, dando à perfuração a forma de um funil ou de um tronco de cone. O ferimento de saída é exatamente o contrário, como um amplo bisel externo, repetindo a forma de tronco de cone, mas, desta vez, com a base voltada para fora

61
Q

Tiro a média distância

A

Há também quem aceite os ferimentos de entrada de tiros a média distância, considerando que sua forma é semelhante às entradas dos tiros a longa distância, caracterizando-se pelo chamado halo ou zona de tatuagem por causa dos grãos de pólvora incombusta e pela incrustação de partículas metálicas. Deixam para os tiros a curta distância tão só a zona de esfumaçamento, produzida pela fuligem advinda da queima de pólvora, e, para a caracterização dos tiros à queima-roupa, a presença da zona de chamuscamento da pele e de pelos crestados em torno do ferimento de entrada.

62
Q

Distância dos tiros

A
Encostado > 0cm
Queima roupa < 10cm
Curta distância 10-50cm
Média distância 50-70cm
Longa distância >70cm
63
Q

Buraco de Fechadura

A

Finalmente, chamamos a atenção para um tipo de ferimento de entrada em formato de “buraco de fechadura”, nos ossos da calvária, quando o projétil tem incidência tangencial, porém com um mínimo de inclinação suficiente para penetrar na cavidade craniana. Assim, de início o projétil atinge tangencialmente o crânio, depois sua ponta começa a levantar um fragmento do osso e em seguida se verifica a sua penetração na cavidade craniana.

64
Q

FERIMENTO ÚNICO DE ENTRADA POR VÁRIOS PROJÉTEIS

A

Excepcionalmente pode ocorrer a existência de um só ferimento de entrada e serem encontrados dois ou mais projéteis no interior do corpo ou projétil e ferimento de saída. Duas são as situações mais comuns para tais achados: a) tipos de cartuchos fabricados com dois
ou mais projéteis acoplados; b) tiro disparado com projétil ou projéteis retido(s) na arma:
“fenômeno do tiro encaixado”. Quando tal fenômeno acontece, geralmente a arma é do tipo revólver.
O primeiro passo da perícia é identificar os projéteis com a arma suspeita, depois ver se estão oxidados ou brilhantes os projéteis, pois é comum encontrar-se só um deles brilhante. Examinar a base de um dos projéteis para ver se apresenta alguma depressão que abrigou a ogiva do outro projétil e ver também se nessa depressão da jaqueta de cobre existe chumbo.
Nesses casos, os projéteis se comportam como um só, mas a tendência é que o primeiro seja empurrado pelo outro e que mesmo havendo um único ferimento de entrada, na maioria das vezes ele é irregular e bifenestrado.

65
Q

Ferimento por projéteis de alta energia

A

Os projéteis de alta energia, pela capacidade de poderem girar 90° sobre si mesmos, são capazes, por isso, de provocarem um orifício de entrada muito maior que o seu diâmetro, chegando até ao seu comprimento total. Em face do disposto, afirma Domingo Tochetto, a cavitação ou cavidade temporária será maior próximo ao orifício de entrada (in Balística Forense – Aspectos
Técnicos e Forenses, op. cit.). Mesmo assim não se pode afirmar o calibre da arma pelo diâmetro dos ferimentos.

Todavia, em feridas produzidas por projéteis de alta energia, quando eles transfixam ao mesmo tempo dois corpos, o segundo corpo pode ter o ferimento de entrada com o diâmetro maior que o de saída, em face da possibilidade de o projétil sofrer uma rotação de até 90°, reencontrando-se, assim, com o seu verdadeiro eixo.

66
Q

Ferimentos de saída

A

A lesão de saída das feridas produzidas por projéteis de arma de fogo tem forma irregular, bordas reviradas para fora, maior sangramento e não apresenta orla de escoriação nem halo de enxugo e nem a presença dos elementos químicos resultantes da decomposição da pólvora.
Não apresentamorla de escoriação em decorrência de sua ação no complexo dermoepidérmico, atuando de dentro para fora, a não ser que o corpo atingido pelo disparo esteja encostado em um anteparo e o projétil, ao sair, encontre resistência dos tegumentos (sinal de
Romanese).
Pode ser encontrada a aréola equimótica em derredor do ferimento de saída, pois o mecanismo de produção é o mesmo dos ferimentos de entrada.
Finalmente, podem-se utilizar os trabalhos de Ökros por meio da prova histológica para estabelecer a diferença entre os ferimentos de entrada e os de saída: maior infiltração gordurosa no ferimento de saída e a presença de um anel de fibras colágenas no ferimento de entrada.

67
Q

Trajeto

A

Diante de um plano elástico e móvel, ou sobre a superfície curva de determinados ossos, como, por exemplo, as costelas e a calvária, pode a bala fazer um semicírculo, entrando na parte anterior do corpo e saindo lateralmente, sem penetrar em uma das cavidades, denominado fenômeno da bala giratória.
A luz do canal formado pelo trajeto sempre apresenta sangue coagulado – sinal valioso de reação vital; tecidos lacerados, desorganizados e infiltrados por sangue; corpos estranhosprovenientes de outras regiões, como esquírolas ósseas. Para rastrear um projétil, basta seguir a infiltração de sangue.

68
Q

Deformações nos projéteis

A

As deformações que se podem verificar em um projétil após o tiro são produzidas pela alma raiada do cano da arma (normais), pelo desalinhamento cano-câmara (periódicas) ou pelo seu impacto em estruturas atingidas (acidentais).
As deformações acidentais são motivadas por impacto posterior e não produzido pela arma. Estas deformações acidentais podem estar representadas por amolgamentos, torções, dilacerações, sulcagens e fragmentações, sempre provocadas por alvos de razoável consistência. Mesmo para os projéteis de chumbo nu, tendo em conta sua relativa plasticidade, há necessidade de uma certa resistência dos locais atingidos. Assim, no corpo humano, admite-se que apenas os ossos sejam capazes de favorecer uma deformidade a ponto de imprimir modificações na ogiva e no corpo cilíndrico do projétil.

69
Q

Lesões por projéteis múltiplos

A

O disparo de projéteis múltiplos pode produzir um ou vários ferimentos, com características que dependem da distância do tiro ou dos elementos integrantes da carga. Em geral são constituídos de pequenas e inúmeras esferas metálicas, de chumbo ou antimônio, contidas em cartuchos cilíndricos de metal ou papelão.
Nos disparos dados a curta distância, o ferimento é geralmente único, em virtude de todos os elementos da munição, como uma só massa, entrarem por um único pertuito (Figura 4.41 A). É de grande dimensão e, quase sempre, com perda ou desgarramento parcial de retalhos da pele, dandolhe uma forma irregular e estrelada. Pode apresentar em seu derredor orla de esfumaçamento, zonas de queimaduras, pequenas feridas de uma ou outra esfera e halo de tatuagem. O trajeto está caracterizado por um túnel de paredes irregulares, anfratuosas e laceradas. O ferimento de saída é sempre representado por uma ferida contusa, muito irregular, com bordas evertidas e, de acordo com
a região atingida, acompanhada de conteúdo visceral ou de fraturas múltiplas.
Nos disparos dados a distância, os ferimentos são múltiplos e pequenos, perfurocontusos, de cor
enegrecida, de forma e tamanhos que variam conforme o tipo de esfera utilizada. Seus inúmeros trajetos são variados, dependendo das regiões atingidas e dos impactos sofridos. Os ferimentos de saída são muito raros, principalmente quando a área de dispersão é grande; exceção se faz quando a estrutura atingida não oferece maior resistência.

70
Q

Lesão por projétil deformado

A

As deformações do projétil, quando alteram seu aspecto cilindro-cônico por colisão em superfície dura, tendem a modificar a forma e as dimensões do ferimento por ele causado, mesmo quando incide perpendicularmente sobre a superfície da pele. Este tipo de ferimento tem sempre a forma irregular-estrelada, em forma de fenda ou de sulco, e não gera orla de escoriação, devido à cessação da rotação por um anteparo.

71
Q

Diagnóstico de lesão por projétil em ferida já cicatrizada

A

Diante de tal circunstância, recomenda-se o diagnóstico histoquímico, por meio de uma técnica microquímica específica para chumbo, utilizando o rodizonato de sódio, com a finalidade de evidenciar, nos cortes histológicos da lesão, algum fragmento do projétil, sob forma metálica ou iônica.

72
Q

Pesquisa de microvestígios orgânicos em projéteis

A

Ao penetrar na intimidade dos tecidos, o projétil guarda consigo inúmeras micropartículas orgânicas capazes de permitir o diagnóstico destas estruturas permeadas como fragmentos de pele, de ossos, de músculos e de vísceras e sangue. Tais estruturas podem ser identificadas pelos processos histológicos e pelos reagentes conhecidos. Isto não só para comprovar seu contato com o corpo humano ou animal, mas para afirmar se eles atingiram determinados órgãos, ou ainda para estabelecer um vínculo de relação entre eles e
determinada vítima. Atualmente, com as técnicas em DNA, avançou-se muito na questão da identificação da vítima com o projétil.

73
Q

Balística de alta energia

A

O estudo da balística de alta energia nos leva a rever alguns conceitos e algumas razões da balística tradicional. Assim, nos projéteis de alta energia, com velocidade superior a 750 m/s, altera-se:

  • coeficiente balístico
  • variáveis nos elementos estabilizadores (rotação, massa elevada e posição frontal do centro da massa)
  • arrasto (resistência do meio): velocidade, calibre, densidade do meio
  • fórmula de penetrabilidade do projétil
74
Q

Ondas pressórica e de choque

A

ondas pressórica e de choque, principalmente as de grande amplitude, ao colidirem com tecidos mais resistentes, origina ondas muito mais intensas que se potencializam pela superposição de uma outra onda incidente, provocando um efeito verdadeiramente arrasador.

75
Q

Cavitações com projéteis de alta energia

A

Esta cavidade, formada de vapor de água, entra em colapso, ocorrendo várias expansões,
conhecidas como cavitação temporária pulsante, em face da aceleração brusca dos tecidos. E, no final do processo, observa-se um rastro de pequenas bolhas de ar. Por outro lado, verifica-se a cavidade permanente, que tem em média as dimensões transversais do projétil. Assim, têm-se: a primeira expansão; o primeiro colapso; a segunda expansão; e a formação de bolhas de ar. Desse modo, hoje, além do interesse do estudo dos ferimentos de entrada e saída e do trajeto do
projétil, não se podem omitir as considerações do túnel de lesão. Da mesma maneira, não se pode ficar indiferente aos ferimentos de entrada dos projéteis de alta energia, quando se mostram maior que a secção transversal do projétil, exatamente em face da formação precoce da cavidade temporária e da proximidade do ponto de colisão. O túnel da lesão, nos casos de projéteis de alta energia, é formado de extensa laceração de tecidos, mostrando, às vezes, material aspirado do meio e de estruturas vizinhas. Isso sem levar em conta os efeitos dos projéteis secundários, provenientes de estruturas laceradas de maior consistência, como os fragmentos ósseos.
Todos esses fatos, porém, em nada alteram os conceitos e os efeitos conhecidos dos projéteis de
baixa energia, os quais continuam a merecer as mesmas interpretações e justificativas.

76
Q

Armas com compensadores de recuo

A

As armas que apresentam compensadores de recuo alteram profundamente o formato do residuograma e deixam de apresentar os formatos habituais nos tiros encostados ou bem próximos ao alvo. Assim, por exemplo, os ferimentos em “boca de mina” nos tiros encostados não são encontrados quando as armas que os deflagram apresentam os compensadores de recuo, isso em virtude da dispersão dos gases pelos furos da extremidade distal do cano da arma.

77
Q

Deliberações sobre técnicas recentes I

A

I - Os chamados exames de recenticidade do tiro não se revestem de idoneidade, por não definirem data nem período provável de tiro de arma de fogo;

78
Q

Deliberações sobre técnicas recentes II

A

II - A especificidade dos reagentes disponíveis, a não garantia de que as espécies químicas liberadas da
munição durante o tiro se depositam na mão do atirador, assim como a comprovada ineficiência dos meios disponíveis das pré-faladas espécies e as suas origens, não se podem valorar estes exames sob critérios técnico-científicos irrefragáveis;

79
Q

Deliberações sobre técnicas recentes III

A

III - Os exames de resíduos de tiro nas armas de fogo e
nas mãos, vestes e objetos de suspeitos podem ser feitos pelo uso das técnicas de rodizonato de sódio, absorção atômica e, de preferência, por microscópio eletrônico de varredura, devendo ser excluída, definitivamente, a prova de parafina (difenilamina sulfúrica);

80
Q

Deliberações sobre técnicas recentes IV

A

IV - A presença ou ausência de resíduos compatíveis com os provenientes do tiro, na mão do suspeito, não pode ser usada como único elemento de vinculação com a ocorrência, não devendo ser utilizada para
diagnóstico diferencial entre suicídio e homicídio;

81
Q

Deliberações sobre técnicas recentes V

A

V - A determinação da distância de tiro, tendo em vista a diversidade de configurações de canos e acessórios produtores de distintas configurações morfológicas de residuogramas, não poderá ser realizada se não se utilizar da mesma arma e de munição com a mesma especificidade das utilizadas no fato gerador de exame.

82
Q

Deliberações sobre técnicas recentes (RECOMENDAÇÕES)

A

Recomendaram-se:

  • Que os exames mencionados no item I sejam considerados obsoletos;
  • Que os exames referidos nos itens III e IV sejam realizados conforme proposto, devendo as autoridades competentes providenciar a qualificação dos profissionais e fornecer os equipamentos necessários para a realização de tais exames;
  • Que o contido no item V deva ser considerado apenas de orientação
83
Q

Lesões produzidas por ação cortocontundente

A

São ferimentos produzidos por instrumentos que, mesmo sendo portadores de gume, são influenciados pela ação contundente, quer pelo seu próprio peso, quer pela força ativa de quem os maneja. Sua ação tanto se faz pelo deslizamento, pela percussão, como pela pressão. São exemplos desse tipo de instrumento: a foice, o facão, o machado, a enxada, a guilhotina, a serra elétrica, as rodas de um trem (espostejamento), a tesoura, as unhas e os dentes. As lesões verificadas por essa forma de energia são chamadas cortocontusas. São lesões quase sempre graves, fundas, alcançando mais profundamente os planos interiores e determinando as mais variadas formas de ferimentos, inclusive fraturas. Não apresentam cauda de escoriação nem pontes de tecidos íntegros entre as vertentes da ferida, o que as diferencia das feridas cortantes e contusas, respectivamente.

84
Q

Lesões produzidas por tesouras

A

quando utilizada de forma convencional, é um instrumento de ação cortocontundente. No entanto, quando é usada de modo agressivo, produz lesões cutâneas de entrada de acordo com a disposição de suas lâminas. Quando introduzida com as lâminas fechadas produz uma ferida única, de forma ovalar, semelhante às produzidas por instrumentos perfurantes de médio calibre. Quando produzida com as lâminas abertas produz quase sempre duas feridas. As extremidades proximais das feridas, correspondentes às produzidas pelas bordas cortantes da tesoura, têm formato de ângulo agudo e podem apresentar pequenas caudas de escoriação, e as extremidades distais têm ângulos arredondados.

85
Q

Mordeduras

A

São lesões cortocontundentes produzidas por pressão e secção principalmente quando provocada pelos dentes incisivos. Se produzidas pelo homem, tais lesões são sempre dolosas ou simuladas e, quando recentes, seu diagnóstico é relativamente fácil. Podem-se dividir essas lesões em quatro graus: 1° grau: equimoses e escoriações representadas por mossas superficiais, com reais possibilidades de identificar as arcadas do agressor; 2° grau: equimoses e escoriações mais nítidas e profundas, prestando-se melhor à identificação do seu autor; 3° grau: feridas contusas comprometendo a pele e a tela subcutânea e a musculatura, porém sem avulsões de tecidos; 4° grau: lacerações com perda razoável de tecidos e possíveis alterações estéticas (orelhas, nariz e lábios), que, na sua maioria das vezes, não permitem uma identificação com os dentes do autor da dentada.

86
Q

Ação geral do frio

A

A ação geral do frio leva à alteração do sistema nervoso, sonolência, convulsões, delírios, perturbações dos movimentos, anestesias, congestão ou isquemia das vísceras, podendo advir a morte quando tais alterações assumem maior gravidade.

87
Q

Diagnóstico de morte pela ação do frio

A

É difícil. Têm-se alguns elementos, como: hipóstase
vermelho-clara, rigidez cadavérica precoce, intensa e extremamente demorada, sangue de tonalidade
menos escura, sinais de anemia cerebral, congestão polivisceral, às vezes disjunção das suturas cranianas, sangue de pouca coagulabilidade, repleção das cavidades cardíacas, espuma sanguinolenta nas vias respiratórias, erosões e infiltrados hemorrágicos na mucosa gástrica (sinal de Wischnewski), e, na pele, poderão ser observadas flictenas semelhantes às das queimaduras.

88
Q

Classificação das Geladuras

A

1° grau: palidez ou rubefação local e aspecto anserino da pele;
2° grau: eritema e formação de bolhas
ou flictenas de conteúdo claro e hemorrágico;
3° grau: necrose dos tecidos moles com
formação de crostas enegrecidas, aderentes e espessas;
4° grau: gangrena ou desarticulação. “pés de trincheira”

89
Q

Insolação

A

é proveniente do calor ambiental em locais abertos ou raramente em espaços confinados, concorrendo para tanto, além da temperatura, os raios solares, a ausência da renovação do ar, a fadiga, o excesso de vapor d’água. A interferência do sol não desempenha maior significação nessa síndrome, segundo se julgava anteriormente. Há de se levar em conta também alguns fatores intrínsecos, tais como: estado de repouso ou de atividade, patologias preexistentes, principalmente as
ligadas aos sistemas circulatório e respiratório, o metabolismo basal, hipofunção paratireoidiana e
suprarrenal do indivíduo.

90
Q

Intermação

A

decorre capitalmente do excesso de calor ambiental, lugares mal arejados, quase sempre confinados ou pouco abertos e sem a necessária ventilação, surgindo, geralmente, de forma acidental. Alguns fatores, como alcoolismo, falta de ambientação climática, vestes inadequadas, são elementos consideráveis.

91
Q

Características do calor difuso

A

Os sintomas variam de caso para caso. Nos resultados letais, não se encontram características iguais. Podem aparecer: secreção espumosa e sanguinolenta das vias respiratórias, precocidade da rigidez cadavérica, putrefação antecipada, congestão e hemorragia das vísceras (coup de chaleur). O diagnóstico é feito pelos antecedentes, pela análise das condições locais e pela ausência de outras lesões sugestivas de causa mortis percebidas pela necropsia.

Têm etiopatogenias discutíveis: ação do calor sobre a miosina cardíaca, produzindo sua coagulação; sobre o sangue, destruindo os elementos figurados e a consequente formação de trombose; bloqueio da perspiração cutânea e da sudorese; efeito direto sobre o encéfalo, principalmente sobre os centros termorreguladores; choque anafilático decorrente de
elementos estranhos na circulação; destruição das proteínas hemáticas e a consecutiva ação tóxica
dos centros nervosos.

92
Q

Queimaduras

A

De maior ou menor extensão, mais ou menos profundas, infectadas ou não, advindas das ações da chama, do calor irradiante, dos gases superaquecidos, dos líquidos escaldantes, dos sólidos quentes e dos raios solares. São ordinariamente de origem acidental, apesar de não se poder negar uma certa incidência de suicídios por queimaduras provocadas pelas chamas. É mais rara a ação criminosa

93
Q

Classificação de Hoffmann para queimaduras

A

1° grau: eritema, edema e dor (sinal de Christinson)
2° grau: vesículas ou flictenas, existindo em seu interior líquido amarelo-claro, seroso, rico em albuminas e cloretos (sinal de Chambert)
3° grau: planos musculares
4° grau: carbonização

94
Q

Regra dos Noves de Pulaski e Tennisson

A

cabeça e pescoço: 4,5 anterior + 4,5 posterior
tronco e glúteo: 18 anterior + 18 posterior
pernas: 9 anterior + 9 posterior
braços: 4,5 anterior +4,5 posterior
região perineal: 1%

95
Q

sinal de Montalti

A

fuligem ao longo das vias respiratórias

96
Q

outros sinais de repiração durante incêndio

A

O calor da fumaça aspirada provoca também hiperemia e edema da laringe, da faringe, da parte superior do esôfago e da mucosa traqueobrônquica, nesta com
acentuado aumento do muco

97
Q

sinal de Janesie-Jeliac

A

flictenas de conteúdo seroso com exsudato leucocitário.

obs: Nas flictenas formadas nos mortos, não há conteúdo seroso com exsudato leucocitário.

98
Q

Diferenças entre os tipos queimaduras

A

Nas oriundas de líquidos e gases superaquecidos, as lesões não são tão profundas quanto as produzidas pelas chamas, e os cabelos não se chamuscam nem se carbonizam.
As queimaduras produzidas pelo calor irradiante e pelos líquidos e gases respeitam as partes do corpo cobertas pelas vestes. As oriundas de corpos sólidos superaquecidos mostram-se de dimensões limitadas, podem deixar a marca dos objetos e sua profundidade depende da intensidade térmica produzida. As motivadas pelas chamas dirigem-se de baixo para cima e, pelos líquidos, de cima para baixo, dando às lesões o aspecto de contornos geográficos.

99
Q

causa-mortis nos queimados

A

1°– Na morte imediata: apresenta um interesse pericial mais evidente, pois a vítima exibe apenas as lesões produzidas pela ação térmica. A morte, neste caso, estaria justificada pela exsudação plasmática aguda com diminuição do volume circulatório (teoria humoral), ou pela desintegração das albuminas cujo efeito é semelhante ao chamado “choque anafilático”. 2°– Na morte tardia: apresenta no transcurso de vários dias um
processo infeccioso, sendo o mais comum a broncopneumonia, além de hemorragia intestinal, de
processo hepatotóxico e de insuficiência renal aguda.

100
Q

Temperaturas oscilantes

A

Seu estudo interessa, essencialmente, aos casos de acidentes de trabalho, bem como às doenças
profissionais. Esse tipo de ação expõe o organismo humano, debilitando e propiciando determinadas
patologias, por exaltação da virulência dos germes ou por diminuição da resistência individual. Sendo assim, doenças como pneumonia, broncopneumonia e tuberculose podem ser desencadeadas ou agravadas pela oscilação brusca da temperatura, quando o nexo de causalidade entre a mortalidade e a forma de trabalho é sempre aceito.

101
Q

mal das montanhas e “poliglobulina das alturas”

A

A pressão atmosférica normal corresponde a uma coluna de mercúrio de 760 mm ao nível do mar ou também 1.036 kg/cm2, o que equivale a 1 atmosfera. À medida que subimos, essa pressão diminui e o ar vem a ficar mais rarefeito. Há diminuição do oxigênio e do gás carbônico, e a composição do ar altera o fenômeno da hematose. Tais perturbações recebem o nome de mal das montanhas, compensadas pela “poliglobulina das alturas”, que se constitui em um considerável aumento do número de glóbulos vermelhos no sangue e que no indivíduo aclimatado reverte espontaneamente em
poucos dias. É comum nas altitudes acima de 2.500 m, é agravado com o esforço físico e tem como
sintomas mais comuns cefaleia, dispneia, anorexia, fadiga, insônia, tonturas e vômitos. Nos países
andinos é conhecido como soroche e puna.

102
Q

Diminuição da pressão atmosférica

A

A natureza jurídica desse evento é quase sempre acidental, despertando maior interesse ao capítulo dos
acidentes de trabalho, principalmente com o pessoal da aviação que opera sem os recursos das cabinas altimétricas, razão pela qual era conhecido antes com o nome de “mal dos aviadores”, que consistia em dispneia, náuseas, taquicardia, obnubilação e até perda da consciência. Dentro deste capítulo chamado “patologia da altitude”, além do mal das montanhas, podemos encontrar um grupo de entidades de maior ou menor gravidade, como o edema agudo do pulmão e o edema cerebral das alturas, as hemorragias retinianas, o mal crônico das montanhas (doença do monge), o embolismo pulmonar e até mesmo a psicose das grandes altitudes.

103
Q

Aumento da pressão atmosférica

A

Sofrem efeito desse tipo de ação os mergulhadores, escafandristas e outros profissionais que trabalham debaixo d’água ou em túneis subterrâneos. Não incorrem só no perigo do aumento da pressão atmosférica, mas especialmente na descompressão brusca que pode ocorrer, dando como desfecho lesões muito graves. Essa síndrome é conhecida por mal dos caixões. O aumento da pressão atmosférica, ao mesmo tempo que acarreta uma patologia de compressão,
caracterizada pela intoxicação por oxigênio, nitrogênio e gás carbônico, produz também uma patologia de descompressão, proveniente do fenômeno da embolia, consequente à maior concentração dos gases dissolvidos no sangue. São conhecidas por “barotraumas”. Mesmo que o interesse médico-legal, nessa modalidade de energia, circunscreva-se ao
diagnóstico do acidente de trabalho, pode-se admitir ainda como causa jurídica o suicídio ou o homicídio, embora mais raramente.

104
Q

Lesões da eletricidade natural

A

fulminação: letal

fulguração: lesões corporais