Teste 1 - Matéria Flashcards
Farmacologia
Estudo da interação de substâncias químicas com sistemas biológicos
Farmácia
Parte da farmacologia que se dedica à manipulação dos medicamentos (concentração e forma de apresentação).
Farmacotécnia
técnica dos fármacos; farmácia; tecnologia farmacêutica
Terapêutica
Seleção de fármacos em função da doença e do animal em causa
Farmacodinamia
Mecanismo através do qual um fármaco modifica funções fisiológicas
Estuda os mecanismos de ação dos fármacos e os efeitos bioquímicos e fisiológicos por eles desencadeados – interação com o local de ação -> efeito farmacológico – não criam novas funções, apenas modificam as existentes; o mesmo fármaco provoca respostas diferentes em tecidos diferentes e no mesmo tecido a resposta pode variar
Farmacocinética
Percurso e movimento que o fármaco faz no organismo do ser vivo, desde o momento em que é inserido até à excreção
Estuda a passagem dos fármacos através do organismo e o tempo de permanência e concentração das substâncias ativas em função do tempo e da dose, considerando os processos de absorção, distribuição, metabolismo / biotransformação e excreção das substâncias ativas (em natureza) ou respetivos produtos de biotransformação – estabelecimento dos intervalos de segurança dos medicamentos e ajuste de doses
Química Farmacológica
Estudo da composição química dos fármacos
Farmacognosia
Estudo da origem dos fármacos e composição química
Farmacovigilância
Vigia, regista e analisa as reações adversas que ocorrem quando se administra um fármaco; pouco explorada em Medicina Veterinária
Farmacografia
Define regras para a prescrição de medicamentos
Farmacogenética
Estuda a interferência de um gene na ação dos fármacos
Farmacogenómica
Estuda a interferência do genoma na ação dos fármacos
Toxicologia
Estuga agentes xenobióticos (agentes estranhos ao organismo que provocam dano no mesmo) na farmacologia e como se tratam
Fármaco
Composto:
* com capacidade de modificar as funções fisiológicas,
* usado na prevenção, cuidados paliativos (controlo da dor), diagnóstico (meios de contraste) ou tratamento;
* relação benefício / risco – efeito principal ou terapêutico, efeito lateral (side effect) e reações adversas
Droga
Fármaco que causa dependência física e psíquica
Tóxico
Fármaco com ação nociva e eventualmente mortal – má relação benefício / risco independentemente da dose
Medicamento
Fármaco com doses terapêuticas e boa relação benefício / risco
Podem existir sobre a forma de:
* Preparações oficinais
* Preparações magistrais
* Especialidades
Placebo
Forma farmacêutica sem princípio ativo; função de agradar e não tratar
Bula
Folheto informativo do medicamento
RCM / RCMV
Resumo das Características do Medicamento Veterinário
Dose
Quantidade de fármaco em massa, volume ou UI necessária para obter um determinado efeito.
Posologia
Estudo da dosagem – dose, duração do tratamento e frequência de administração de um fármaco
- Dose única
- Dose diária
- de ataque (a mais alta para obtenção de resposta imediata - + elevada que a de manutenção e próxima da dose tóxica),
- de manutenção (tratamentos prolongados),
- Subliminar (dose muito baixa que pode fazer efeito ou não dependendo da população)
- Mínima (dose mínima que dá resposta)
- Terapêutica (Usual e Curativa). (superior à mínima)
- Máxima tolerada (dose máxima que se pode dar sem provocar morte ou toxicidade)
- Tóxica (dose que tem efeitos tóxicos)
- Mínima letal (dose mais baixa que mata 1 indivíduo)
- Letal 50 (DL50) (dose que mata 50% dos indivíduos numa população)
- D. Efetiva 50 (dose que provoca efeito em 50% de uma população)
Resíduo
Produto da biotransformação de um fármaco ou respetivo veículo
Limite Máximo de Resíduos
Valor estabelecido por lei num produto de origem animal que tenha sido submetido a tratamento com uma determinada substância
Intervalo de Segurança
Intervalo de tempo desde a última administração até ao momento em que é alcançado o limite máximo de resíduos
Farmacogeriatria
área da farmacologia em que se tenta ajustar o uso do fármaco em função da idade do animal
A Farmacologia divide-se em Farmacologia geral e Farmacologia especial
Farmacologia geral – conceitos de farmacocinética e farmacodinamia.
Farmacologia especial – cada fármaco por cada aparelho (ex: respiratório, urinário, cardiovascular, SNC, digestivo); pode se dividir em fármacos:
Etiotropos vs Organotropos
Etiotropos – fármacos que atuam na causa da doença (vírus, bactérias, fungos, parasitas).
Organotropos – fármacos que atuam nas funções do organismo (fármacos do aparelho urinário, cardiovascular, respiratório…).
Nota: Tropo = tropismo; Etio = Etiologia, causa; Organo = organismo.
Forma farmacêutica
formato ou suporte usado para veicular o fármaco e para a sua apresentação ao público e introduções no organismo;
contém sempre pelo menos uma substância activa, podendo ter vários tipos de veículos e excipientes.
Farmacologia Experimental / Pré-clínica
Estudos experimentais com novos fármacos (in vivo e in vitro)
Farmacologia Clínica
Estuda os efeitos dos fármacos nos animais:
Fase 1 – Farmacologia Clínica – voluntários saudáveis (cinética e dinamia)
Fase 2 – Investigação Clínica – animais doentes (cinética e dinamia)
Fase 3 – Ensaio Clínico – comparação com outros fármacos (sem uso de placebo)
AIM – autorização de introdução no mercado atribuída pela DGAV quando as entidades competentes assim o considerarem e revistas a cada 5 anos
Fase 4 – Estudos de Pós-licenciamento – farmacovigilância para poder ou não manter a AIM
Reações Adversas
Tipo A (Augmented) - Podem ocorrer em qualquer animal; relacionada com a dose e farmacocinética; paracetamol no homem vs. no gato
Tipo B (Bizarre) - Apenas ocorre em alguns animais devido à variabilidade individual
Tipo C (Chronic) - Doenças causadas pela exposição contínua a fármacos – nefropatia derivada do uso de analgésicos e anti-inflamatórios (inibição de prostaglandinas)
Tipo D (Delayed) - Teratogénese (malformações derivadas da exposição a determinados fármacos) e carcinogénese (perda de proliferação e crescimento de células germinativas no tratamento de linfomas em animais jovens)
Tipo E (Ending of use) - Corticosteroides – em tratamento, a glândula adrenal deixa de produzir corticosteroides por feedback negativo, não retomando a sua produção assim que cessa o tratamento -> Síndrome de Cushing – desmame!
Preparações Oficinais
Baseadas nas escritas da farmacopeia
Preparações Magistrais
Elaboradas pelo veterinário
Prescrição em que o médico veterinário perante uma situação clínica manda fazer o medicamento com determinado princípio ativo e todos os ingredientes que vão tratar o animal;
Especialidades Farmacêuticas
Medicamentos Órfãos – usados no tratamento de doenças raras
Cascata – uso de medicamentos com espécie-alvo indicada na bula diferente da espécie em causa, com ajuste da dose
Medicamentos – pode ser administrado a pessoas e a animais.
Medicamentos veterinários – só pode ser administrado a animais.
Medicamentos Preventivos
Administrados a indivíduos sãos – vacinas, antiparasitários, antibióticos
Medicamentos Substitutivos
Resolvem carências do organismo endógenas (definitivas ou transitórias) e exógenas (alimentares) – vitaminas, oligoelementos, insulina, estrogénios, progesterona
Medicamentos Etiotrópicos
Corrigem a causa da doença – antibióticos, antivíricos, antiparasitários, antifúngicos
Melhor que o sintomático pois esre vai atuar diretamente na doença -> é + específico
Medicamentos Sintomáticos
Aliviam os sintomas, não interferindo com a causa da doença (melhoram a qualidade de vida) – analgésicos, antipiréticos, anti-inflamatórios, anti-hipertensores
Medicamento Genérico
- Comercializado pelo nome genérico,
- proteção da patente caducada,
- mais económicos mas com custos variados entre si,
- qualidade farmacêutica idêntica
- Bioequivalência? - Ideal é serem bioequivalentes
Medicamento Similar
Medicamento de especialidade que quando perde a patente, uma empresa pode passar a comercializar a mesma molécula utilizada pela empresa que patenteou o medicamento e cria também um nome de fantasia e comercializa exatamente o mesmo.
Substâncias Ativas Naturais vs Sintéticas
Naturais - Origem animal (hormonas, enzimas, óleos), mineral (carvão vegetal, ferro), vegetal (digitoxinas), marinha (citostáticos) e em microrganismos (antibióticos)
Sintéticas - Semissíntese, Biotecnologia
Nomenclatura dos Medicamentos
Nome Químico - Identifica a substância do ponto de vista químico
(7-cloro-1,3-dihidro-1-metil-5-fenol-2H-1,4-benzodiazepina-2-ona)
Nome Genérico - Nome oficial presente na farmacopeia, retirado do nome químico (diazepam)
Número de Registo - CAS NR (Cas Number; número dado à molécula em vez do nome; ex: 235/NO)
Nome Comercial - Nome do proprietário, especialidade ou fantasia (Valium) (nome pelo qual é o medicamento é reconhecido)
Fármaco Ideal
- Ação biológica seletiva (atua exatamente naquele ponto e em mais lado nenhum)
- sem efeitos laterais
- sem toxicidade
- fácil de administrar
- eficaz no período em que deve estar presente
não existe!
Biodisponibilidade
Fração da dose administrada que atinge a circulação sanguínea
Conhecer a biodisponibilidade é importante para calcular a dosagem de fármaco para vias de administração não IV.
Bioequivalência
Comparação entre as biodisponibilidades dos medicamentos genéricos (e os efeitos)
Biofase
Para que um medicamento possa atuar é necessário que atinja concentrações eficazes no seu local de ação – Biofase (depende: da F.F., da farmacocinética, da farmacodinamia e do tipo de administração)
* Administração tópica ou local /sistémica.
* Administração sistémica: biofarmacêutica, farmacocinética e farmacodinamia.
Saber onde tem de atuar
Biofarmacêutica
Cedência / libertação do princípio ativo desde a forma farmacêutica até ao local de absorção (condiciona a biofase)
capacidade que FF tem de libertar o princípio ativo
Vias de administração de Medicamentos
Entérica
Via Oral – dependente de fatores fisiológicos (antibióticos em ruminantes), patológicos (vómitos e diarreia), farmacológicos (anticolinérgicos e motilidade gastrointestinal), pH estomacal e intestinal e alimentação – condicionam a biodisponibilidade;
* vantagens: facilidade, segura, económica, ação local no aparelho digestivo, seguro para o executante, não requer nenhum aparelho especial;
* desvantagens: destruição pelo pH estomacal, fenómeno de primeira passagem (ciclo enterohepático), lentos, vómitos e inconsciência, má biodisponibilidade
Ex: Diarreia - fármaco fica menos tempo no intestino - MENOS biodisponibilidade
Coprostase - fármaco fica mais tempo no intestino - MAIS biodisponibilidade
Via Retal – dependente da superfície de absorção e presença de fezes (enema/clister);
* vantagens: absorção mais rápida que PO, animais com vómitos e inconsciência, não passa no estômago (não sofre fenómeno de primeira passagem);
* desvantagens: desconfortável, absorção irregular e incompleta, diarreia, primeira passagem parcial, irritação local
Vias de administração de Medicamentos
Parentérica
- Subcutânea,
- intramuscular,
- intravenosa (efeitos sistémicos),
- intra-arterial (efeitos locais),
- intraperitoneal,
- intradérmica (diagnósticos imunológicos),
- intramamária (mastites),
- intra-articular,
- intracardíaca (adrenalina ou eutanásicos),
- intramedular, epidural / subdural,
- tópica ocular,
- tópica pomada
Vantagens:
* Eficaz
* Muito rápido
Desvantagens:
* Requer a utilização de material esterilizado (ex: agulhas e seringas, exceto tópico ocular e tópica pomada)
* Possibilidade de ocorrer infeção causada pelo material não estar devidamente esterilizado
* Requer treino (pessoal qualificado) (exceto a administração tópico ocular e tópica pomada)
Absorção de Fármacos
Transferência de um fármaco desde o local de administração até à corrente sanguínea
velocidade e eficiência dependentes da via de administração;
fármacos têm de ser apolares e lipofílicos (não ionizados) para que possam ser absorvidos
pKa de um fármaco
pH no qual 50% do fármaco está na forma ionizada e 50% na forma não ionizada
Fármaco com pKa básico
Em meio básico predomina a forma não ionizada, logo é maior absorvida em meio básico (ex: intestino) - fármaco tem de ter cápsula para não ionizar nem ser destruído no estômago
pKa básico-> absorção em pH básico – intestino
Fármaco com pKa ácido
Em meio ácido predomina a forma não ionizada, logo é maior absorvida em meio ácido (ex: estômago)
pKa ácido -> absorção em pH ácido – estômago
Condicionantes para a absorção de fármacos
- área de absorção (↑ área -> ↑ absorção),
- solubilidade e intimidade do contacto (↑ líquido -> ↑ absorção),
- tempo de contacto (↑ tempo -> ↑ absorção),
- espessura da estrutura absorvente (↑ espessura -> ↓ absorção),
- existência de alimento,
- circulação no local de administração (massagens e calor ↑ // choque 0 // vasoconstritores ↓),
- doenças,
- via de administração,
- concentração do fármaco,
- grau de ionização do fármaco,
- lipossolubilidade
Volume de Distribuição (Vd)
quantidade total de fármaco no corpo / concentração de fármaco no plasma -> quantifica o fármaco existente no organismo – ajuste de dose
- ↑ Vd -> ↑ distribuição -> ↓ ligação a proteínas transportadoras (plasma)
- ↓ Vd -> ↓ distribuição -> ↑ ligação a proteínas transportadoras (plasma)
Condicionantes da distribuição de fármacos
- Grau de ionização do fármaco
- Lipossolubilidade do fármaco
- pH do meio
- Tamanho do fármaco
- débito / fluxo sanguíneo,
- idade,
- sexo,
- estado fisiológico / patológico,
- capacidade de ligação a proteínas (albumina -> fármacos ácidos e hidrofóbicos, glicoproteína α-1 ácida -> fármacos básicos, globulinas -> hormonas),
- interação fármaco-proteína / fármacorecetor,
- barreiras anatómicas (placenta, barreira testicular, globo ocular, hematoencefálica)
Distribuição de Fármacos
Difusão do fármaco do espaço intravascular para o extravascular (tecidos)
Capacidade de ligação às proteínas (albumina; glicoproteína α-1 ácida, globulinas)- Fármaco sob a forma de conjugado
Ex: Deficiência na absorção -> problema na albumina -> fármacos de caráter ácido ficam livres -> + fármaco a chegar às células
Forças de união fármaco-proteína
ligação do fármaco à proteína -> ↓ eliminação -> ↑ tempo de semivida -> ↑ intervalo entre administrações // ligação forte -> efeito farmacológico prolongado – pode ser prejudicial ao animal
- Ligações covalentes > ligações iónicas > ligações dipolo-dipolo > pontes de hidrogénio > Combinações com grupos sulfidrílo
Lig. covaelnte - efeito + duradouro (lig. estável)
Combinações com grupos sulfidrílo - lig. on-off (lig. pouco forte)
Absorção de Fármacos - Cavidade Oral
Mastigação, paladar, deglutição e absorção (reduzida) – sprays com polímeros de libertação lenta; nitroglicerina (anti-hipertensor) e tabaco (mastigável)
Absorção de Fármacos - Estômago
Muco protege da digestão, mas pode atuar como barreira; motilidade ajuda na absorção;
acidez influencia o grau de ionização podendo impedir a absorção ou destruir o fármaco em causa
Absorção de Fármacos - Intestino
Absorção no intestino varia com espécie, desintegração, dissolução e absorção;
microvilosidades aumentam a área de contacto e facilitam a difusão e absorção;
motilidade aumenta a velocidade de absorção – pode levar a toxicidade
Redistribuição
fármacos lipossolúveis (função, locais) -> condiciona a resposta terapêutica e os intervalos de segurança;
explica a razão de alguns fármacos terem uma ação prolongada
* Cérebro > músculo esquelético e órgãos pouco irrigados > tecido adiposo
Metabolização e Biotransformação
Fármacos ionizados > fármacos não ionizados – reações enzimáticas que ocorrem no fígado, pulmão, intestino, rim, etc.;
favorece a excreção do fármaco;
grande interferência com a biodisponibilidade
* Enzimas fase I -> oxidação, redução, hidrólise, metilação ou dimetilação
* enzimas fase II (microssomias e citoplasmáticas) -> acetilação e glucuronoconjugação
* eliminação
Se inibir a biotransformação de 1 fármaco estou a aumentar a biodisponibilidade
Condicionantes da Metabolização e Biotransformação
- administração conjunta de outros medicamentos,
- administração conjunta de alimentos,
- idade (animais muito jovens não têm mecanismos desenvolvidos e animais mais velhos já têm os mecanismos saturados),
- sexo,
- doença hepática ou cardíaca,
- exposição a poluentes,
- variações entre espécies (CP450)
Cinética Grau 0
cinética não linear – enzimas saturadas -> taxa de biotransformação constante;
independente da quantidade de fármaco
Cinética Grau 1
cinética linear – enzimas não saturadas -> velocidade
de biotransformação proporcional à quantidade de fármaco
Cinética Grau Intermédio
Michaelis-Menton
Grau1 + Grau 0 = cinética linear até à saturação enzimática
Excreção
eliminação do fármaco em natureza (não foi biotransformado) ou dos respetivos metabolitos;
principal via de excreção - via renal por:
* filtração glomerular (maioritariamente moléculas pequenas – fármacos com elevada ligação às proteínas plasmáticas são pouco filtrados)
* secreção tubular (principal)
* reabsorção tubular
outras vias:
* biliar,
* fecal,
* no leite,
* pulmonar,
* salivar,
* lacrimal,
* por sudorese,
* pêlo / penas
Condicionantes da Excreção
doença renal (metabolismo hepático = -> volume de distribuição = ou ↑ -> eliminação prolongada -> intervalo entre doses ↑),
doença hepática (eliminação = ou < volume de distribuição = ou ↑ -> metabolismo hepático ↓ -> doses ↓ -> intervalo entre doses ↑)
Clearance
taxa de eliminação de um fármaco do organismo / excreção de uma substância ou metabolitos por unidade de tempo (L/h/Kg);
inversamente proporcional à semi-vida e diretamente proporcional ao volume de distribuição;
parâmetro importante para a posologia
Perfil de Concentração Plasmática (Farmacocinética)
distribuição e eliminação de uma substância ativa, compartimentos corporais e volume de distribuição (semivida, clearance, biodisponibilidade e protorreia) – relação concentração / resposta menos variável que dose / resposta
Subterapia (concentrações baixas) > Janela Terapêutica > Toxicidade (concentrações altas)
Recetores
- Estruturas proteicas que reconhecem uma determinada substância endógena;
* Os recetores não foram criados para os fármacos! - Moléculas com as quais os fármacos (substâncias autacóides) são capazes de interatuar seletivamente, modificando através deles a função celular.
- determinam a relação quantitativa entre a substância ativa e o efeito farmacológico (se tiver muitos recetores ocupados -> maior é a resposta)
- responsáveis pela seletividade de um fármaco
- ligação fármaco-recetor maioritariamente por ligações iónicas e pontes de hidrogénio:
- recetores colinérgicos (acetilcolina e outros),
- histaminérgicos (histamina),
- adrenérgicos (aminas simpaticomiméticas)
- (aos recetores podem-se ligar substâncias anti- para não desencadear a resposta; ex: anticolinérgicas)
IUPHAR
International Union of Basic and Clinical Pharmacology
para uma macromolécula ser considerada um recetor deve obedecer a 3 critérios:
* estrutural (conhecimento da estrutura molecular),
* operacional (efeito farmacológico de ativação ou bloqueio)
* transducional (ativação ou bloqueio de funções intracelulares)
Constante de Dissociação (Kd)
concentração de fármaco necessária para ocupar 50% dos recetores – quantifica, em equilíbrio, a afinidade ou potência dos agonistas / antagonistas (se dá ou não resposta).
Representa-se por K e exprime-se pela concentração de fármaco (em moles por litro, M) necessária para ocupar metade dos recetores
Seletividade
Complementaridade entre recetor e fármaco, só é conseguida por um grupo pequeno de moléculas com estruturas e propriedades idênticas. Ex. num recetor de acetilcolina a adrenalina nunca atua
Especificidade
A resposta obtida por um fármaco num determinado recetor é sempre igual
Sensibilidade
Os recetores respondem a concentrações muito baixas de fármacos (1 quantidade mínima obtém resposta)
Afinidade
Capacidade de ligação a um determinado fármaco
* ↑ Kd > ↑ afinidade
determinada pelo tamanho, forma e carga elétrica do fármaco
Atividade Intrínseca
Capacidade de desencadear uma resposta após ligação de um fármaco
Recetores Intracelulares
Fármacos lipossolúveis e não ionizados atravessam membrana citoplasmática e ligam-se ao recetor intracelular, no núcleo ou no citoplasma; mais simples:
* vitamina D, estrogénios, NO
Recetores Ligados às Quinases
Fármaco liga-se às quinases -> ativação das quinases -> abertura de canais -> ativação de transportadores; domínio intracelular com atividade enzimática:
* insulina, tirosina quinase
Recetores de Ativação Enzimática
Recetor ligado a um domínio; ligação do fármaco ao recetor -> modificação da estrutura do domínio -> ativação enzimática
* interferão, eritropoietina
Recetores de Canais Iónicos
Fármaco liga-se aos canais iónicos > abertura dos canais; recetores ionotrópicos; neurotransmissão rápida:
* GABA
Recetores Acoplados à Proteína G
Fármaco liga-se ao recetor -> modificação da estrutura da glicoproteína G -> ativação da proteína G -> ativação de mediadores da transmissão da informação, ou segundos mensageiros;
* recetores metabotrópicos: muscarínicos, adrenérgicos, dopaminérgicos, serotoninérgicos e opioides;
formação de substâncias intermediárias; transmissão mais rápida
Segundos mensageiros identificados associados à proteína G, podem ser:
* AMP cíclico
* Cálcio e fosfoinositóis
* GMP cíclico
Condicionantes Interação Fármaco-Recetor
- espécie (Coelhos resistentes à atropina, ratos e murganhos resistentes aos digitálicos),
- raça,
- idade (Jovens mais água e menos proteínas (fármaco está mais ligado ao recetor), imaturidade vs Idosos com descréscimo da função renal, metabolismo mais lento),
- sexo (Fêmeas são mais pequenas, mulher),
- massa corporal,
- ambiente (ciclos circadianos),
- alimentação,
- associação de medicamentos (quelação)
Antagonista
Fármaco com afinidade, sem atividade intrínseca -> bloqueio da resposta
- Antagonista Competitivo – reversível; doses elevadas do agonista contrariam o efeito do antagonista (liga-se aos recetores mas a ligação não é muito estável)
- Antagonista Não Competitivo – irreversível; doses elevadas do agonista não contrariam o efeito do antagonista (pode-se administrar a quantidade de agonista que quisermos que nunca vai ter efeito)
Agonista
Fármaco com afinidade e atividade intrínseca -> resposta
* Agonista Total – atividade completa -> resposta completa
* Agonista Parcial – atividade incompleta -> resposta parcial
* Agonista Inverso – atividade inversa -> resposta inversa
* ex. propanolol e antihistamínicos
Ligação ao recetor (gráfico fármacos)
↑ amplitude -> ↑ atividade intrínseca – efeito máximo
Inclinação da curva - mede a segurança do fármaco.
* Quanto + deitada for a curva do fármaco mais seguro ele é, pois, uma pequena variação da dose traduz-se numa pequena variação da resposta;
* Quanto + vertical for a curva do fármaco menos seguro ele é, pois, uma pequena variação da dose traduz-se logo numa resposta exacerbada que pode se tornar tóxica.
Potência - medida no eixo do X, log[], o que significa indiretamente afinidade. É medida pela deslocação da curva (EC50) da direita para a esquerda:
* Quanto + à esquerda estiver o EC50 DO fármaco, +potente ele é, pois provoca o mesmo efeito, mas com uma dose menor;
* Quanto + à direita estiver o EC50 DO fármaco, - potente ele é;
Variações Individuais nos Recetores
-
Tolerância – resposta inferior à esperada devido a afinidade reduzida aos recetores, número reduzido de recetores, menor absorção intestinal ou maior biotransformação;
- natural / inata / congénita (ex: Coelhos toleram doses elevadas de atropina)
- adquirida
- Afinidade reduzida aos recetores
- Número reduzido de recetores, tradução do sinal (Álcool; morfina, barbitúricos, fármacos com ação no SN)
- Menor absorção intestinal
- Maior biotransformação
-
Intolerância – resposta superior à esperada;
- natural / idiossincrasia
- adquirida / de sensibilização
- Taquifilaxia – tolerância adquirida rapidamente ou aguda
- Anafilaxia – intolerância aguda adquirida após a primeira administração (ex: penicilina)
Interação Fármaco-Fármaco
- Efeito Aditivo 1 + 1 = 2 (Aspirina + Paracetamol) (soma de 2 efeitos)
- Efeito Sinérgico 1 + 1 > 2 (o efeito é superior ao efeito individual)
- Efeito de Potenciação 1 + 0 = 2 (um fármaco sozinho tem um efeito grande)
- Efeito de Antagonismo 1 – 1 = 0 // 1 – 1 < 0.5 (quelação) (pode ter resposta nula ou negativa)
Fármacos Estimulantes do Sistema Nervoso Central
Substâncias químicas capazes de estimular a atividade de diferentes áreas cerebrais, aumentando a atividade física e psíquica e modificando os padrões de comportamento
- Estimulantes Corticais
* Anfetaminas
* Metilxantinas - Estimulantes Bulbares
- Estimulantes Medulares
Características de Fármacos do Sistema Nervoso
- baixo peso molecular
- lipofílicos
- sem ligação a proteínas plasmáticas
- não ionizados no pH do líquido cefalorraquidiano
Anfetaminas
Estimulantes Corticais
Anfetamina, dexanfetamina, metanfetamina – ↑ libertação de
catecolaminas, ↓recaptação;
não usadas em veterinária (associadas a doping; estimula a atividade muscular)
Metilxantinas
Estimulantes Corticais
Substâncias derivadas da xantina:
* Aminofilina
* cafeína
* teofilina (mais usada em vet)
* teobromina (pouco usada)
Fármacos do Sistema Nervoso Central
- Fármacos sedativos, tranquilizantes (calmantes) e hipnóticos (soníferos) - Fármacos depressores (abordados em anestesiologia)
- Fármacos estimulantes do SNC
- Fármacos anticonvulsivos
- Fármacos analgésicos (abordados nos fármaco anti-inflamatórios analgésicos)
Farmacocinética dos Estimulantes Corticais
Bem absorvidas após administração oral, parenteral e retal, biotransformação hepática (eliminado nas fezes e bílis)
Efeitos farmacológicos dos Estimulantes Corticais
- Aumentam o trabalho na musculatura esquelética – dopping (ex: cavalos de corridas)
- Diuréticos (aumenta a circulação a nível glomerular, aumenta a porção de filtrado glomerular – urina)
A mais utilizada é a teofilina devido aos seus efeitos estimulantes sobre o SNC, aparelhos cardiovascular, respiratório e urinário.
Cafeína
Farmacodinamia: (Mecanismo de ação)
* Antagonista competitivo dos recetores da adenosina.
* Estimula os centros respiratórios deprimidos por aumentar a sua sensibilidade ao CO2, ação semelhante à dos agonistas beta adrenérgicos (aumenta a pressão arterial) (por isso quando se bebe café pode-se sentir taquicardia)
Efeito farmacológico:
* Aumenta a excitabilidade do córtex cerebral
* Diurese, estimulação do músculo cardíaco e relaxamento do ms. liso
Indicações clínicas:
* Animais apáticos (+usado)
* Melhorar a função cardíaca
Efeitos secundários:
* Boa margem de segurança,
* em doses elevadas pode causar convulsões
Teofilina
Farmacodinamia:
* Inibidor não seletivo da fosfodiesterase, esta enzima converte o AMPc numa forma inativa, assim aumenta a disponibilidade de AMPc
Efeito farmacológico:
* Xantina mais utilizada por ter grande ação nos aparelhos urinários, respiratório SNC, e cardiovascular
Indicações clínicas:
* Tratamento de doenças inflamatórias respiratórias
no cão, gato (asma) e cavalo
* Tratar disfunções cognitivas no cão (apatia, letargia, falta de apetite)
Efeitos secundários:
* Náuseas, vómitos e diarreias
* Cavalos mais sensíveis
Aminofilina
Farmacodinamia:
* Sal da teofilina, o que permite ser administrada por via oral com menos efeitos secundários. (do que a teofilina)
* Inibe a fosfodiesterase e aumenta os níveis de AMP cíclico, o que aumenta os níveis de epinefrina e inibe os níveis de histamina
Efeito farmacológico:
* Controla a contração reversível das vias respiratórias
Indicações clínicas: (igual a cafeína)
* Animais apáticos (+usado)
* Melhorar a função cardíaca
Efeitos secundários:
* Reações alérgicas
Estimulantes bulbares
- Doxapram
- Niquetamida
Estimulam a respiração após:
* Overdose
* Choque
Doxapram
Mecanismo de ação: (Farmacodinamia)
* Estimula a respiração por ação direta sobre o centro da respiração medular e por ativação dos quimiorecetores carotídeo e aórtico aumentando a sua sensibilidade ao CO2
* Aumenta transitoriamente a taxa respiratória e o consumo de oxigénio
Indicações terapêuticas:
* Emergências durante a cirurgia (serve para recuperar animais durante a cirurgia que façam depressão respiratória (têm níveis circulantes de CO2 maiores do que de O2), após cirurgia)
* Decrescer a depressão respiratória causada por certos fármacos (opiáceos e barbitúricos) (são usados para tratar convulsões, ansiedade e agressividade; excesso da dose reverte-se com doxapram)
* Ajuda a estimular a respiração nos animais recém-nascidos em partos distócicos ou em cesarianas
Farmacocinética:
* SC, IV, sublingual ou na veia umbilical (cesarianas)
* Bem distribuído pelos tecidos, metabolizado no fígado e excretado por via urinária e bílis
* Cavalo e animais de companhia (animais de valor económico)
Efeitos secundários:
* Doses elevadas podem provocar estimulação e excitação
* Estes efeitos acontecem quando são utilizadas doses elevadas e repetidas de doxapram e são transitórias
Niquetamida
Derivado sintético da piridina (molécula original)
Mecanismo de ação:
* Estimula a atividade quimiorecetora nos corpos carotídeo e aórtico, os quais estimulam de forma reflexa os centros respiratórios vasomotor e vagal
Uso clínico
* Para estimular a respiração em casos de depressão excessiva do SNC, mas menos eficiente (o Doxapram é muito mais eficiente do que da Niquetamida)
* Cães, gatos IM, IV, SC
Estimulantes medulares
Estricnina
Estricnina
Mecanismo de ação:
* Age de forma indireta inibindo a neurotransmissão inibitória, o que resulta num aumento da atividade neuronal excitatória e consequente aumento excessivo de toda a atividade sensorial do SNC. (ao inibir a neuro transmissão inibitória favorece a excitação)
* Em doses elevadas inibe a libertação do GABA
* Provoca convulsões tónicas em todos os músculos do corpo, sendo essas convulsões desencadeadas por estímulos ambientais. (ruído, luz, qualquer estímulo externo num animal que ingeriu estricnina vai potenciar a excitabilidade – quadro convulsivo; pode causar morte por hiperexcitabilidade)
-> Não é utilizada como agente terapêutico (não tem aplicação terapêutica em Med. Vet.)
-> Assume grande importância toxicológica
Convulsão vs Epilepsia
Convulsão: súbita contração e relaxamento dos músculos involuntários.
Epilepsia: grupo de desordens recorrentes caraterizada pela ocorrência de convulsões seguidas.
* Descarga excessiva e desorganizada do SNC
* Perda da consciência
* Contrações musculares violentas
* O animal cai
* Relaxamento dos esfincteres (urina e defeca)
Neurotransmissores
Substâncias químicas sintetizadas pelas células nervosas utilizadas para comunicação entre elas
Ação do tipo interruptor (liga/desliga)
Neurotransmissores do SNC
-
GABA (inibitório) (ácido gama-aminobutírico)
- se utilizar um 1 agonista dos recetores GABA, inibo convulsões
- promove a entrada de Cl- para manter a carga negativa na célula
-
Glutamato (excitatório)
- utilizo antagonistas (irreversível) dos recetores do glutamato -> inibo convulsões
- promove o Ca+ a entrar na célula -> neurónio despolariza
Antiepiléticos ou anticonvulsivos
* Têm a propriedade de suprimir totalmente ou de diminuir a frequência ou a gravidade das crises de epilepsia ou convulsões (para tratar convulsões implica boa adesão à terapêutica por parte do proprietário e este tem de conhecer o benefício risco; estes fármacos têm um grande benefício risco, têm uma janela terapêutica estreita e estão associados a efeitos tóxicos)
* Dos fármacos disponíveis em medicina humana só alguns são eficazes em medicina veterinária
* Cães e gatos (muito usados)
* Os cães metabolizam muito rapidamente estes fármacos
* A experiência clínica e a farmacocinética destes compostos não é totalmente conhecida no caso particular dos gatos (os cães metabolizam muito depressa)
Objetivo da terapêutica na epilepsia
Suprimir as crises convulsivas sem impedir as funções motoras ou mentais
Mecanismo geral de ação dos fármacos anticonvulsivos
Inibem:
* Inibir os canais de cálcio (importante para a manutenção do equilíbrio das trocas iónicas)
* Excitação glutaminérgica (reduz a excitação e favorece a inibição)
* Inibir a voltagem dependente dos canais de sódio (não deixar entrar o Na+)
Facilitam a inibição gabaérgica (agonistas do GABA)
Fármacos anticonvulsivos: Barbitúricos
Med Vet
– Fenobarbital
– Pentobarbital
Usados só na med. humana
– Primidona
– Metilfenobarbital
– Barbexaclona
– Metarbital
Fenobarbital
O + antigo dos antiepiléticos disponíveis e o derivado do ácido barbitúrico mais utilizado (molécula +indicada de acordo com as “guide lines”; não devemos usar na 1ª linha de ataque; +barato e extremamente eficaz no tratamento das convulsões)
- Oxibarbitúrico (tem na sua molécula O2)
- Convulsões parciais (localizadas; ex: apenas contração das pálpebras superiores)
- Convulsões tónico-clónicas generalizadas e as parciais (conduzem o animal à inconsciência)
- Utilização a longo prazo no controlo das convulsões, se for utilizado para controlar convulsões repentinas não é bem sucedido (não é de linha de ataque, só de manutenção)
Mecanismo de ação:
* Tem propriedades anticonvulsivas, e tem esta ação em doses muito inferiores às que são necessárias para causar depressão do SNC;
* Ativa os canais de cloro ligados ao GABA provocando uma hiperpolarização dos neurónios;
* Potencia os processos inibitórios mediados pelo GABA e reduz a transmissão excitatória induzida pelo glutamato
* Suprime a geração de potenciais de ação repetitivos de alta frequência
* Em concentrações elevadas bloqueia as correntes de cálcio
Farmacocinética:
* PO, IM, IV, ligado à albumina, não se distribui tão bem como os restantes barbitúricos
* Metabolizado no fígado e autoinduz o metabolismo hepático
* A sua administração provoca um aumento das concentrações séricas de enzimas hepáticas
Efeitos adversos
* Dose related
* Sedação, polidpsia, poliúria, polifagia, ataxia, letargia, hepatotoxicidade (ALT e FA), diminuição dos níveis circulantes de hormonas da tiróide
Fármaco de prescrição obrigatória (pq é estupefaciente e psicotrópico)
- Monitorizar as concentrações séricas
- Cão, gato e cavalo
Pentobarbital
- Oxibarbitúrico
- Dose anticonvulsiva = dose anestésica, resulta em depressão cardiopulmonar e hipotermia (põe o animal a dormir o dia todo)
- Alternativa às benzodiazepinas caso falhem no controlo do status epilético (a +usada é o diazepam na forma retal)
- IV, albumina, altas concentrações no SNC (atravessa bem a barreira hematoencefálica)
- Metabolização hepática P450
- Provoca depressão/excitação na recuperação da anestesia, hipotermia
- Eutanásia - Pentobarbital sódico
NOTA: o Fenobarbital e o Pentobarbital têm uma janela terapêutica muito estreita; a dose terapêutica está muito próxima da dose que causa efeitos adversos;
Primidona
- Primidon’t (lesão hepática) - muito perigoso
- Deoxibarbitúrico
- É metabolizada em fenobarbital e feniletilmalonamida
- Mecanismo de ação semelhante ao fenobarbital
- Pouco utilizado
- Gatos dificuldade em metabolizarem - TÓXICA
- Pouco absorvida após administração oral
- Monitorizar concentrações séricas
Fármacos anticonvulsivos: Derivados das hidantoínas
Fenitoína - + importante
Etotoína
Ácido Aminovalérico (Difenil-hidantoína)
Mefenitoína
Fosfenitoína
Associações de Fenitoína
Associações de Mefenitoína
Fenitoína
(uso limitado e reduzido)
- Derivado das hidantoínas
Mecanismo de ação:
* Estabiliza as membranas e limita o desenvolvimento e avanço das convulsões, porque bloqueia os canais de sódio
* Reduz o influxo de Na+ durante o potencial de ação; reduz o influxo de Ca2+ durante a despolarização (mantém o neurónio negativo)
Aplicação terapêutica:
* Eficácia como anticonvulsivo em cães e gatos é nula, porque é rapidamente biotransformada (cães) e nos gatos a segurança é posta em causa – Semivida curta (não é totalmente segura; a FDA não autoriza o uso da fenitoína para animais de companhia; se for dado o tutor deve autorizar a administração)
* Antiarrítmico Classe I (cavalos) - tratar taquiarritmias
Farmacocinética
* PO, albumina, metabolizada no fígado pelo P450
Fármacos anticonvulsivos: Benzodiazepinas
Midazolam
Diazepam
Clonazepam
Clorazepato
Lorazepam
Oxazepam
Midazolam, Diazepam, Clonazepam, Lorazepam
Mecanismo de ação
- Ligam-se ao GABA e aumentam a sua ação
- Relaxam os músculos (põem o cão a dormir) (utilizados em animais de companhia para tratar convulsões)
Diazepam
Indicações terapêuticas:
* Anticonvulsivo
* Estimulante do apetite (em gatos)
* Relaxante muscular
Farmacocinética:
* PO (gatos), IV (cães), IR (intraretal), mal IM (má absorção), metabolizado no fígado e excretado na urina
* Lipossolúvel
Efeitos adversos:
* Alterações de comportamento
* Gatos desenvolvem hepatotoxicidade severa fatal
Midazolam
Indicações terapêuticas:
* + potente que o diazepam, mas ação + curta
* Anticonvulsivo
* Relaxante muscular
Farmacocinética:
* Tempo de semivida curto
* IM e IV
* Metabolização hepática e excreção urinária
* Hidrossolúvel (atravessa menos a BHE)
Efeitos adversos:
* Depressão respiratória, vómitos, agitação, irritação local
Clonazepam
Indicações terapêuticas:
* Anticonvulsivo
* Estimulante do apetite (em gatos)
* Relaxante muscular
(Semelhante ao diazepam)
Farmacocinética:
* PO, IM, IV
* Metabolização hepática e excreção urinária
Efeitos adversos:
* Tolerância após várias semanas de tratamento
Lorazepam
Indicações terapêuticas:
* Convulsões em cães e em gatos
Farmacocinética:
* PO
* Metabolização hepática e excreção urinária
Efeitos adversos:
* Aumento do apetite, excitabilidade, ansiedade
Um animal que entre em convulsão que opções de tratamento tem?
- Pentobarbital IV
- Diazepam IR (intraretal – enema medicamentoso)
Clorazepato
- Convertido em nordiazepam no estômago
- Efeito + longo (permite intervalos espaçados entre várias administrações)
- Tratar convulsões e alterações do comportamento
- Cães e gatos
Brometo de potássio (BrK: Br-, K+)
Mecanismo de ação
* Entra no interior dos neurónios estabilizando as suas membranas
* Barbitúricos e benzodiazepinas têm ação sinérgica com este composto
Indicações terapêuticas
* Tratar convulsões refratárias no cão que não responderam ao fenobarbital
* Associado ao fenobarbital (para reduzir a dose do fenobarbital)
Farmacocinética
* PO, não é biotransformado, nem circula ligado às PP, eliminado em natureza (100% é eliminado em natureza e não circula ligado a PP, tendo assim uma biofase maior)
* Administrar juntamente com a comida e comida com sal
* Semivida longa 11 dias nos gatos; 46 dias nos cães
* Monitorizar concentrações plasmáticas
Efeitos adversos
* Sedação transitória, irritação GI (vómitos, náuseas, constipação), polidipsia, poliúria.
* Intoxicação pelo brometo (podemos ter toxicidade causada pelo brometo)
* Não usar em gatos porque causa doença fatal pulmonar, a menos que os tutores concordem (os gatos podem morrer de insuficiência respiratória)
Fármacos anticonvulsivos: Derivados dos ácidos gordos
- Ácido valpróico
- Valproato de sódio
Ácido valpróico e valproato de sódio (sal do ácido valproico)
- Eficaz no controlo das convulsões, mas o seu tempo de semivida é curto em cães
- Ação em gatos não estudada
- Adjuvante (fenobarbital) > [] de fenobarbital por inibição enzimática das enzimas que o degradam, permite reduzir a dose do fenobarbital
Mecanismo de ação:
* Estrutura química semelhante ao GABA, aumenta a [] de GABA, porque diminui o seu metabolismo e a sua recaptação neuronal (se temos muito GABA temos muita hiperpolarização; neurónios com carga negativa)
Farmacocinética:
* Valproato de sódio rapidamente convertido em ácido valpróico no pH estômago, bem distribuído, ligado à albumina, biotransformado no fígado e excretado na urina.
Efeitos adversos
* GI, hepatotoxicidade, vómitos, anorexia, diarreia que podem ser diminuídos se associado à comida
* Sedação, ataxia e alterações de comportamento
Outros anticonvulsivos
Felbamato
Gabapentina
Levetiracetam
Zonisamida
Pregabalina
Imepitoína (novo)
Gabapentina
- Aa, semelhante ao GABA, atravessa a BHE, mas não atua no recetor, supõe-se que bloqueia os canais de Ca2+
- Cães, gatos
- cavalos (tratar dor)
Indicações terapêuticas
* Terapia adjuvante no controlo das convulsões e da dor crónica
Farmacocinética
* PO, metabolização hepática e excreção urinária
Efeitos adversos
* Sedação, ataxia, polifagia moderada, a paragem repentina na sua administração pode causar convulsões (necessário desmame)
Levetiracetam
Mecanismo de ação
* Desconhecido
Farmacocinética
* PO, eliminado em natureza
Efeitos adversos
* Poucos, alterações no comportamento, GI (vómitos e diarreias)
* Efeito de lua de mel, durante quatro meses não há convulsões de depois regressam
Felbamato
- Usado em cães refratários a outros tratamentos
Mecanismo de ação
* Bloqueio da ação excitatória
Farmacocinética
* PO, 70% excretado em natureza na urina o restante é metabolizado no fígado
Efeitos adversos
* Raros e não provoca sedação; controlar função hepática; no Homem causa anemias e hepatotoxicidade
Zonisamida
- Anticonvulsivo semelhante à sulfonamida
- Molécula totalemnte sintética - sempre que se muda 1 radical, muda-se o efeito terapêutico
Mecanismo de ação
* potencia a ação do GABA
Farmacocinética
* PO, 80% excretado em natureza o restante é metabolizado no fígado
Efeitos adversos
* Letargia, anorexia e vómitos
Pregabalina
- Gabaérgica – ativa o GABA
- Bloqueia os canais de sódio e de cálcio
- Cão
- Efeitos adversos: letargia, sedação
Imepitoína
- Agonista GABA
- Ansiolítico
- PO, extensivamente biotrasnformada, excretada nas fezes e urina
Terapêutica anticonvulsiva/antiepilética: Situação clínica determina a escolha do fármaco
Status Epilético
- Pentobarbital
- Diazepam
- Propofol
Terapêutica anticonvulsiva/antiepilética: Situação clínica determina a escolha do fármaco
Terapia de manutenção
Todos os outros
Terapêutica anticonvulsiva/antiepilética
Via de administração: Do que depende?
Mais práticas na clínica:
* IV, SC ou IM
Mais práticas em casa (tutor):
* PO ou Retal
Índice Terapêutico
IT = DL50 / ED50
* ↑ IT > ↑ segurança
* se o IT=1, a DL50 é igual à ED50 pelo que quase não se pode usar o fármaco porque mata 50% e trata outros 50%;
* quanto maior a diferença entre a DL50 e a ED50% mais seguro o fármaco é;
* DL50 deve ser muito superior à ED50
Critérios para selecionar medicamento/medicamento veterinário
- Cascata
- Eficácia (em ensaios clínicos) / efetividade (em ambiente real) (se é eficaz quando o animal está doente)
- Segurança (risco)
- Conveniência (adesão; administração; interações…) (adesão do proprietário à terapêutica)
- Custo
Biodisponibilidade absoluta
significa que administramos o fármaco e que 100% chegou à circulação.
Só se consegue atingir a biodisponibilidade absoluta se fizermos administrações via IV.
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DOS MEDICAMENTOS
Administração tópica
- pele
- mucosas
Vantagens:
* Pele:
* Ação direta sobre as superfícies danificadas
* Técnica fácil
* Comodidade
* Mucosas:
* Área de absorção
* Comodidade
* Rapidez de desaparecimento dos efeitos
Desvantagens:
* Pele:
* Ação escassa sobre as camadas profundas da pele
* Pele lesionada pode ter efeitos sistémicos
* Mucosas:
* Aparelhos (nebulizador - mucosa respiratória)
Escolha da via de administração
Efeito terapêutico
Caraterísticas do fármaco
Idade do doente
Tempo necessário para o início do efeito e duração do tratamento
Biodisponibilidade ou concentração no sangue (maior para menor)
Intravenosa > Intramuscular > Subcutânea > Oral
Características para fármaco ser bem absorvido
Não ionizados
Lipossolúveis
Pequena dimensão
INFLUÊNCIA DO PH NA ELIMINAÇÃO URINÁRIA
DAS SUBSTÂNCIAS ACTIVAS
Alteração do pH urinário:
quando queremos eliminar 1 fármaco básico podemos tornar a urina ácida mais ácida para fármaco ser excretado (Acidificação da urina) (fármaco fica ionizado reduzindo a sua reabsorção):
* Vit. C, ácido ascórbico, cloreto amónio
quando queremos eliminar 1 fármaco ácido podemos tornar a urina mais básica (Alcalinização da urina) (fármaco fica ionizado reduzindo a sua reabsorção):
* Bicarbonato
O que acontece caso haja insuficiência renal?
Défice de excreção -> fármacos permanecem + tempo no organismo
Reduzir a dose que se está a administrar!
O que acontece caso acidifique uma urina e o fármaco seja ácido?
Aumenta o tempo de permanência do fármaco no organismo, aumenta a toxicidade.
Importante saber o pH da urina e do fármaco. Não sabendo 1 ou outro NUNCA acidificar ou basificar a urina (fazer antes fluidoterapia)
Compartimento – modelo matemático que explica a transferência de um fármaco
Modelo de um compartimento
* Modelo no qual se administra um fármaco e este distribui-se uniformemente, da mesma forma por todo o organismo.
* Todo o organismo comporta-se da mesma maneira.
Modelo de dois compartimento
* Modelo no qual se administra um fármaco e este distribui-se preferencialmente por alguns órgãos em função da afinidade, irrigação, caraterísticas da molécula ou caraterísticas do organismo.
* Os órgãos mais irrigados são: cérebro, fígado, pulmões, coração.
* O fármaco precisa de atravessar a BHE, ser lipossolúvel e ser pequeno para passar os capilares encefálicos.
Modelo de três compartimentos
* Modelo no qual se administra um fármaco e este tem afinidade para circular e entrar em vários tecidos fazendo um percurso.
* Administra-se o fármaco, este fica na circulação depois vai para um compartimento depois volta à circulação e volta a outro compartimento.
* Acontece com tóxicos, fármacos muito lipossolúveis e alguns anestésicos (ex: tiopental).
* O primeiro compartimento é o sangue, o segundo compartimento pode ser o cérebro ou o músculo. No caso de ser o músculo deste volta à circulação e vai para o tecido adiposo. Mais tarde pode sair do tecido adiposo e entrar em circulação quando o animal perder massa corporal ou tiver uma atividade física intensa.
Como varia o clearance com a semivida?
São grandezas inversamente proporcionais.
Quando aumenta um diminui o outro (se um fármaco é muito excretado significa que tem uma menor semi-vida)
Como varia o clearance com o VD?
São grandezas diretamente proporcionais
(se excreta está a eliminar; só se elimina o que está em circulação sanguínea, portanto aumentar o clearance, aumenta o VD)
Porque razão se determina a concentração plasmática de um fármaco?
Porque as relações concentração resposta são menos variáveis do que as relações dose resposta.
Interação fármaco-recetor
- Agonista natural – fármacos que se ligam perfeitamente ao recetor, não são exatamente iguais às moléculas endógenas, mas conseguem ligar-se e desencadear uma resposta de 100%. Tem afinidade e atividade intrínseca
- Agonista modificado – fármacos que se ligam a um recetor, não são exatamente iguais às moléculas endógenas, mas conseguem ligar-se e desencadear uma resposta só que inferior a 100%. Podem demoram mais tempo a desencadear uma resposta
- Antagonistas – fármacos semelhantes em forma que se ligam a um recetor, mas a forma não é adequada para desencadear uma resposta, portanto não desencadeiam uma resposta. Impedem que as moléculas endógenas se liguem. Tem afinidade, mas não tem atividade intrínseca.
Exemplo: fármacos A, B, C, etc. têm, respetivamente, valores de KA=1 nM, KB=10 nM, KC=100 nM, se a ocupação de metade dos receptores é conseguida com 1 nM de A, 10 nM de B e 100 nM de C. Qual é o mais potente?
A porque usou menos quantidade para ocupar metade dos recetores
A mesma substância pode atuar de diferentes formas dependendo do tecido em que atua?
Sim
Tem a ver com os recetores e varia tamém com o número de recetores
Antagonismo fisiológico
Fármacos com ações opostas tendem anular uma o efeito da outra.
Ex: histamina atua sobre os recetores das células parietais da mucosa gástrica estimulando a secreção de ácido, enquanto o omeprazol bloqueia esse efeito ao inibir a bomba de protões.
Para que lado o Antagonismo competitivo desloca a curva D-R do agonista?
DIREITA
Quando se administra um antagonista competitivo a um agonista, a resposta do agonista continua a ser a máxima, mas o facto de os dois estarem a competir pelos mesmos recetores a dose vai aumentar e a curva desloca-se para a direita.
O agonista tem de ser competitivo para que a curva se desloque.
Terapeuticamente não é bom porque é preciso mais dose para atingir o mesmo efeito
O que provoca um Antagonismo não competitivo?
decresce a eficácia do agonista -> reduz a resposta / efeito máximo do agonista (curva fica mais baixa)
O que significa quando Kd não coincide com EC50?
Significa que houve recetores a ficarem livres
Ações não mediadas por
recetores- fármacos inespecíficos
(fármacos que não atuam em recetores)
- Ações de natureza puramente física (diuréticos osmóticos, lubrificantes, adsorventes, demulcentes, sucralfato)
- Ações de natureza química inespecífica (antiácidos)
- Quelação (EDTA, penicilamina)
- Incorporação em macromoléculas (metotrexato)
- Radioisótopos e material radiopaco
- Formação de anticorpos (vacinas)
Fármacos dirigidos a enzimas
Classificam-se como moduladores enzimáticos, podem ser inibidores ou ativadores/indutores (ex:):
* Inibidores da ciclooxigenase (AINES) (na inflamação a ciclooxigenase é importante para converter os fosfolípidos de membrana em ácido araquidónico; AINES – anti-inflamatórios não esteroides)
* Inibidores da acetilcolinesterse (organofosforados) (a acetilcolina liga-se a um recetor colinérgico, mas há uma enzima que a vai degradar, e se o fármaco for dirigido contra enzima, é um fármaco que atua na enzima e não num recetor; uma enzima não é um recetor)
Farmacovigilância
(sistema nacional que vigia os efeitos adversos associados à administração dos medicamentos)
* Estudo dos efeitos adversos depois de lançados os fármacos no mercado
* BOLETIM (notificamos a DGAV sobre os efeitos adversos)