Termos Flashcards
1- Ideologia é um termo polissêmico e aplicado para cada interpretação dela de acordo com cada filósofo ou corrente filosófica, para Marx é uma coisa, para Aristóteles é outra, para Cazuza na sua canção “Ideologia” é ainda outra. Contudo, explique apenas o termo “ideologia” sob a perspectiva de Karl Marx.
Para Karl Marx e Engels, a ideologia descreve as maneiras sórdidas de manipulação da realidade para que ela seja percebida da maneira correta em relação aos capitalistas, seria a criação de filosofias que interpretam o mundo na possibilidade única capitalista, são os cantores de origem pobre prometendo que a vingança dos pobres é se tornar rico, etc. Marx e Engels entendem que na ideologia, as ideias propostas “não são nada mais que a expressão ideal das relações materiais dominantes, são as relações materiais dominantes apreendidas como ideias.”(em A ideologia alemã) Pode ser lida como uma lavagem cerebral que instaura uma “Síndrome de Estocolmo” no proletariado. Há então no desenvolvimento do pensamento de Marx duas versões sobre a percepção: 1º- a ideologia é a ilusão em si, que nunca será percebida(A ideologia alemã-1847); 2- a ideologia é quando se percebe que há uma ilusão comandando a vida proletária e que algo deve ser feito sobre(Contribuição à crítica da filosofia política-1859).
2- Karl Marx desenvolveu o uso de vários termos, mudando o sentido comumente atribuído a eles, contudo é necessário pensar que Marx escrevia em alemão isso faz com que várias palavras tenham aplicações e sentidos diferentes. Isso vale para o termo alienação, que Marx utiliza de várias formas escritas e com múltiplos sentidos. Dessa forma explique o termo “alienação” para Karl Marx.
Para Marx o termo alienação é um dos mais fundamentais, pois ele descreve o processo de retirada do direito individual por outra pessoa ou por si mesma. Ele traz a influência principal de Hegel no uso da palavra, o qual explica basicamente como a alienação do espírito em si mesmo quando nasce e como fruto do meio(qualquer meio é uma representação figurativa alienada), contudo com o passar da vida e a experiência de busca “intelectual”(compreensão do que existe e como) haverá um processo de desalienação. Marx critica em Hegel o aspecto fortemente espiritual sem dar muita atenção ao material(foco de Karl Marx), assim ele atribui a perspectiva de Hegel às teses de Feuerbach que unificam a alienação na religião tornando-se o humano alienado de sua condição ao criar um ser estranho a si mesmo e que estabelecerá regras de existência compreensiva sem ser possível alcançá-la. Karl Marx soma as duas ideias e chega a conclusão(não muito explorada em seus trabalhos) que o ser humano não vive sua natureza por causa da alienação causada pela sociedade, seja pela religião, trabalho, tabus sociais, etc, e que tudo isso é massificado e tornado maior pelo capitalismo. O processo de desalienação que Hegel prevê durante a vida individual da pessoa se passará com uma revolução social junto da individual em Marx, para ele não basta um indivíduo atingir essa suposta desalienação, pois a todo momento ele estará sendo alienado pela sociedade, contudo não basta o fim da propriedade privada, da religião e etc., pois a produção imaginativa do humano ainda estará “suja” com ideias autoalienantes, as artes serão alienantes, o indivíduo não imaginará uma vida sem patrão. O processo final de desalienação então virá com uma Revolução Comunista junto de uma revolução individualista, onde, apesar de parecer contraditório, todos os processos alienantes serão extintos ou diluídos. Contudo há de se ter muito cuidado no uso do termo, pois para cada situação ele é aplicado de maneira diferente, porque sua raiz alemã é polimorfa e traduzida é polissêmica.
3- Karl Marx criou uma base sólida para toda sua teoria, que é discutida até hoje sua veracidade e aplicabilidade, ela é resumida em um grande termo: materialismo histórico-dialético. Explique-o.
Conceito proposto por Karl Marx e Friedrich Engels com inspiração em Hegel, ele busca compreender a História(…histórico…) a partir da matéria objetiva pela matéria objetiva(materialismo…) e que essa existência material trava um diálogo com a sociedade(…-dialético), causando que nada acontece antes que seja criada as raízes que elas próprias já têm outras raízes que fundamentam, é um diálogo social entre o que acontece material na história. A professora Rita von Hunty em seu vídeo no youtube “Materialismo Histórico-dialético:rita em 5 minutos”(2024) faz uma proposta lúdica de como experienciar o conceito: você entrou numa máquina do tempo para 1870 na Inglaterra, então você pergunta para qualquer pessoa o que tem duas pernas, trabalha e veste calças? A única resposta que esse indivíduo será capaz de te dar é “um homem”, pois em 1870 as mulheres não podiam usar calças, coisa que no séc XXI é plenamente imaginado. O humano não consegue imaginar algo que não existe. Para a mulher começar a usar calças para trabalhar precisou de uma extensa história de revoluções do imaginário e necessidades: Primeira e Segunda Guerra Mundial morreram muitos homens, contudo as fábricas não podem simplesmente parar, assim quem vai subir andaime, carregar saco de cimento, apertar parafuso serão as mulheres e nada disso é possível utilizando saias ou vestidos, então tornou-se uma necessidade o uso de calças. Contudo há um ponto interessante a ser adicionado, essa dialética presume que tudo que é criado há um antagonista direto, por exemplo ao se criar o proletariado há de se entender que existe a burguesia, numa perspectiva imaterial, para se compreender o medo, o trauma, é necessário coragem.
4- Para Marx a sociedade passará por um processo quase que salvatório em algum ponto, onde sairá das bases más do humano e estabelecerá um sistema realmente bom de ser vivido, diferente do capitalismo, diferente do feudalismo e etc., esse sistema se chama: comunismo. Explique-o.
Para a teoria marxista clássica o comunismo se aplica com dois sentido: 1- a formação de uma aliança proletária que luta contra o capitalismo em prol de igualdade e justiça; 2- um sistema político e de vida que atribua um valor material igual a todos, ou seja, todos terão as mesmas possibilidades em tudo, sem que haja pontos primitivos da alienação da natureza humana, como a alienação do trabalho, uma religião que torne a pessoa alienada de si mesma, seria uma vida em que todos estão seguindo livremente sua natureza humana. O termo “comunismo” surge em 1830 por uma aliança francesa operária, contudo sem ter um desenvolvimento científico sobre o que seria, assim vieram filósofos como Marx e Engels a estudar. Marx define o comunismo em seus Manuscritos econômicos e filosóficos como: “O comunismo é a abolição positiva da propriedade privada, da alienação humana, e portanto a verdadeira apropriação da natureza humana através do e para o homem. O comunismo é, portanto, o retorno do próprio homem como um ser social, isto é,
realmente humano; um retorno completo e consciente que assimila toda a riqueza do desenvolvimento prévio.” O comunismo tem inúmeras perspectivas e vertentes, contudo nunca foi possível sua aplicação. Antes de se criar uma sociedade comunista é prevista uma sociedade socialista que dará processo ao fim da alienação do trabalho e encaminhará a destituição total da alienação humana alcançada no comunismo, todavia os Estados que tentaram o comunismo sempre empacaram no socialismo ora pelo totalitarismo dos chefes de Estado, ora pela impossibilidade política ou econômica, afinal também é necessário que seja uma revolução mundial.
5- Marx acredita que a grande causa da alienação da natureza humana desde a sua criação é o capitalismo, que deve ser superado de qualquer forma. Assim, para podermos superá-lo é necessário entendê-lo, explique o que é capitalismo.
Capitalismo é um sistema econômico, que invade todas as áreas da vida de quem vive sob ele, assim torna-se também político, social, etc. Seu preceito básico é que tudo é governado pela troca e acumulação de capital. O que difere o capitalismo é isso. Para haver um trabalhador tem que existir um trabalho assalariado, onde o trabalhador troca seu tempo de vida e força de trabalho por dinheiro. A produção feita capitalista não é para si, não se faz uma cadeira para o criador sentar, se faz uma cadeira para vendê-la e adquirir dela seu valor correspondente em dinheiro. A mercadoria começa a ter um valor para além de sua própria existência e assume um valor simbólico atribuído pelo produtor capitalista. O capitalismo exige uma disparidade social extravagante, onde do tecido das roupas, da cor de pele(momentos como o período escravocrata brasileiro), da cor dos dentes, do formato do corpo, da qualidade da maquiagem, da saúde, da casa, cama, banheiro, escova de dente, cenoura, beterraba, feijão, arroz ou quinoa, aveia, coxão mole ou alcatra, ovo orgânico, insulina, tudo é medido pelo valor capital que o indivíduo representa para a sociedade, se têm pouco não terá insulina para viver com a diabetes adquirida pela dieta não-balanceada baseada em comidas prontas de baixíssimo valor, como o miojo, empurrada pelo baixo tempo de cozimento e custo.
Engels definiu burguesia em seu livro “Princípios do comunismo”(1847) como “a classe dos grandes capitalistas que, em todos os países desenvolvidos, detêm, hoje em dia, quase que exclusivamente, a propriedade de todos os meios de consumo e das matérias-primas e instrumentos (máquinas, fábricas) necessários à sua produção”. A burguesia surge na transição do feudalismo para o capitalismo entre os séculos XIII e XVI, onde perto dos feudos começaram a surgir comunidades de comerciantes chamadas burgos, uma pessoa que trabalha no burgo é burguês, contudo daquela época para o séc XXI mudou-se muito o alcance de poder da burguesia, não são mais só comerciantes, são donos dos meios de produção e da matéria-prima, além da política, do poder burocrático-tecnológico e etc.
6- Na transição do feudalismo para o capitalismo, criou-se um grupo social essencial para essa transição, sem o qual o capitalismo não o seria, o grupo se chama “burguesia”. Explique-o.
Engels definiu burguesia em seu livro “Princípios do comunismo”(1847) como “a classe dos grandes capitalistas que, em todos os países desenvolvidos, detêm, hoje em dia, quase que exclusivamente, a propriedade de todos os meios de consumo e das matérias-primas e instrumentos (máquinas, fábricas) necessários à sua produção”. A burguesia surge na transição do feudalismo para o capitalismo entre os séculos XIII e XVI, onde perto dos feudos começaram a surgir comunidades de comerciantes chamadas burgos, uma pessoa que trabalha no burgo é burguês, contudo daquela época para o séc XXI mudou-se muito o alcance de poder da burguesia, não são mais só comerciantes, são donos dos meios de produção e da matéria-prima, além da política, do poder burocrático-tecnológico e etc.
7- A maior parte de todas as pessoas do mundo pertencem a esse grupo social, que é o proletariado. Provavelmente quem lê esta carta é um proletário e faz parte do proletariado, diferente do próprio Engels. Explique o que é esse grupo social.
O nome “proletariado” tem origem romana onde “prole” significa filhos, ela detinha o sentido de um homem que não tinha posses e só tinha os filhos para oferecer ao exército imperial. Contudo, para Marx ela é mais complexa, pois se adequa às especificidades capitalistas, é a classe trabalhadora do capitalismo que obedece à acumulação primitiva de capital. Ela é basicamente o oposto da burguesia, pois o proletariado é expropriado de sua força de trabalho, intelecto, vida pela burguesia que detém os meios de produção e matéria-prima. Ou seja, é a classe social que só tem a força de trabalho para vender ao capitalismo, assim vende o próprio corpo para ele. Marx assinala o que é o proletariado em “O capital” da seguinte maneira: “Por proletário deve se entender do ponto de vista econômico apenas o assalariado que apenas produz e valoriza capital e é posto na rua, assim que se torna supérfluo para as necessidades de valorização de seu capital.”
8- O primeiro conceito explicado por Marx em seu “O capital” é o de mercadoria, “não porque a mercadoria seja a forma histórica mais antiga do capitalismo, e sim porque ela é sua forma mais simples, constituída apenas por uma oposição interna”(em “Marx, uma introdução” de Jorge Grespan, cap. Mercadoria e capital) . Explique o que é mercadoria.
O conceito de mercadoria existe há muito tempo, fora do capitalismo. Ela se cria da seguinte maneira: um indivíduo produz algo, o que ele fez é fruto do trabalho dele, ele gastou força, tempo e intelecto para criar aquilo. O produto do trabalho do criador pode ser usado da maneira que preferir pelo criador, para si mesmo ou para trocar com outro. Na primeira opção ele fez algo destinado a si, na segunda destinado ao outro ou ao não uso próprio. A segunda opção obriga que ao criador entregar o produto(de seu trabalho) ele receba algo em troca, podem ser galinhas, pode ser sal, nesse câmbio estará a criação da mercadoria. O capitalismo apenas unifica o valor de troca que será dinheiro ou capital.
9- Um dos grandes truques do capitalismo é que ele vicia as pessoas que vivem sob ele, o capitalismo produz um sistema hostil em que como viciados realmente nos voltamos sempre a perspectiva de que algo dá vida às pessoas antes delas mesmas, para Marx isso se chama o fetiche do capital. Explique o que é o fetiche do capital.
: Uma das principais formas de atribuir valor às trocas mercadológicas é o fetiche nelas imposto. O fetichismo do capital se caracteriza pela criação da ideia de que as mercadorias são naturalmente valoradas, de que, por exemplo, um relógio da Rolex naturalmente custa dezenas ou centenas de milhares de reais, afinal ele tem diamantes, ouro, prata e é assinado por um grande designer, contudo este valor cobrado na realidade não existe, o diamante não tem por criação o valor que ele detém no mercado, até porque qual a diferença objetiva do diamante pro grafite do lápis que pagamos 2 reais? Nenhuma. O fetiche faz a roda capitalista girar ao impor valor a algumas coisas e desvalorizar outras para eventualmente valorizá-las novamente. Outro exemplo seria a moda oversized que surge na periferia do Brooklyn(distrito de New York) como uma representação clara da pobreza pois eram crianças que tinham que vestir as roupas dos irmãos mais velhos e que costumam ser maiores do que o número “ideal” e assim ridicularizada, pois era coisa de pobre. Hoje camisetas, calças, jaquetas e outras peças no formato “oversized” são valorizadas e marcas como Balenciaga cobram mais de 3000 reais, às vezes mais.
10- No capitalismo, Marx identifica um fenômeno que ele chama de “exército industrial de reserva”, que desempenha um papel crucial na dinâmica do mercado de trabalho e na manutenção do sistema capitalista. Explique o que é o “exército industrial de reserva” e qual a sua função dentro do sistema capitalista.
O “exército industrial de reserva” é um conceito de Karl Marx que descreve o desemprego estrutural nas economias capitalistas. Refere-se à força de trabalho que excede as necessidades de produção e é essencial para o funcionamento do sistema capitalista e a acumulação de capital. Esse contingente de desempregados ajuda a inibir reivindicações trabalhistas e rebaixar salários.