Semiologia Hematológica e Exame Complementares Flashcards
Hemostasia primária e secundária.
Hemostasia Primária: estanca sangramento pela formação do trombo/tampão plaquetário.
- Adesão, ativação e agregação.
Hemostasia Secundária: evita o novo sangramento pela formação da rede de fibrina, formando o coágulo.
- Trombo vermelho: rede de fibrina + hemácias + leucócitos ao redor do trombo → circulação venosa.
- Trombo branco: plaquetas e pouca fibrina → circulação arterial.
O que são as plaquetas?
As plaquetas são fragmentos celulares anucleados que “brotam” dos megacariócitos na medula óssea e possuem grânulos no citoplasma. A vida média de uma plaqueta é de 7 a 10 dias (por isso o AAS deve ser suspenso de 7 a 10 dias antes de uma cirurgia).
Grânulos e fatores de coagulação.
- Grânulos alfa: proteínas que aumentam a adesividade plaquetária (fator de von Willebrand,
fibronectina e fibrinogênio), participantes da cascata de coagulação (fator V) e PDGF. - Grânulos densos: agonistas da ativação plaquetária e da coagulação (ex: ADP, Ca).
- Lisossomos: hidrolases.
- Todos os fatores de coagulação são sintetizados no fígado, exceto o VIII (sintetizado no endotélio).
- Complexo protrombínico (fatores dependentes de vitamina K): II, VII, IX X, proteína C e S.
- Formação de enzimas que aumentam a velocidade da reação de coagulação e restringem a
coagulação ao local da lesão.
Cascata de coagulação e suas vias.
- Via intrínseca: sistema de contato. Avaliada pelo PTTa ou TTPa (tempo de tromboplastina parcial ativada).
- Via extrínseca: simula uma lesão tecidual, inicia com a liberação do fator tecidual. Avaliada pelo
TAP (tempo e atividade da protrombina). - A célula endotelial íntegra interrompe os três passos da hemostasia primária e a cascata de
coagulação (hemostasia secundária). - Hemostasia primária: óxido nítrico e prostaciclina (PGI2) → ↑ AMPc e GMPc → fosforilação e inativação de ptns da ativação plaquetária.
- Hemostasia secundária: trombomodulina, proteína S, Heparan-sulfato, inibidor da via do fator
tecidual (TFPI). - Lesões traumáticas e citocinas pró-inflamatórias podem “desligar” os mecanismos antitrombóticos
das células endoteliais.
O que não esquecer no paciente hematológico?
- Áreas que não devemos esquecer no exame físico do paciente hematológico: pele, olhos,
orofaringe, baço e fígado, linfonodos e SNC. - A palidez fala sobre o nível de hemoglobina.
- A icterícia fala a favor de hemólise. É importante verificar os olhos e a parte de baixo da língua.
- A unha em forma de colher está presente na anemia ferropriva.
- Os pacientes hematológicos normalmente apresentam esplenomegalia e hepatomegalia.
- Nas petéquias não há destruição dos vasos sanguíneos. As púrpuras são maiores que as
petéquias e também não há ruptura dos vasos sanguíneos, podendo ser formada por uma união de
petéquias. Na equimose há uma ruptura do vaso e as manchas são planas, difusas e irregulares,
“em lençol”. No hematoma há uma lesão da parede vascular, formando coleções que seguem um
curso (avermelhadas → azuladas → esverdeadas → desaparecem). - Nas anemias carenciais, geralmente estão presentes alterações na língua.
- A queilite angular está presente principalmente na anemia ferropriva.
- Os aparelhos cardiológico e respiratório normalmente não apresentam grandes alterações.
- Podem haver alterações nos gânglios cervicais, claviculares, axilares e inguinais. Isso está
relacionado com o fato de os linfócitos terminarem a sua maturação nos gânglios.
Como os leucócitos são divididos?
Os leucócitos são divididos em granulócitos e agranulócitos.
- Granulócitos: basófilos, eosinófilos e neutrófilos.
- Agranulócitos: linfócitos e monócitos.
Tipos de sangramentos.
- O sangramento plaquetário predomina na pele e nas mucosas. Sinais e sintomas incluem
gengivorragia, epistaxe, menorragia, hematúria, petéquias e equimoses. O defeito está na
hemostasia primária, então pode haver persistência de sangramento após cortes superficiais. O
aumento das plaquetas também pode causar sangramentos. - O sangramento por coagulopatia predomina nos órgãos e tecidos internos. Sinais e sintomas
incluem hemartrose, hematoma dissecante profundo, hematomas musculares, retroperitoneais ou
em órgãos internos. O problema está na hemostasia secundária, então o sangramento pode cessar
mas pode haver ressangramento nas lesões. - A hemofilia está sempre ligada ao cromossomo X.
- Drepanócitos são células com características de anemia falciforme (foice). Esse tipo de célula
reduz o risco de morte por malária. - Infecções virais causam mais leucopenia e infecções bacterianas causam mais leucocitose.
Exames complementares: hemograma.
- Contagem das hemácias: 4 - 6.000.000/mm³.
- Concentração de hemoglobina: 11,5 - 18 g/dL.
- Mulheres: 11,5 - 15,45 g/dL.
- Homens: 13-18 g/dL.
- Hematócrito: 36-50% (3x o valor da hemoglobina).
- VCM (volume corpuscular médio): 80-100 fL. É o tamanho da hemácia, diferencia a anemia em microcítica e macrocítica.
- HCM (hemoglobina corpuscular média): 28-32. Fala quanto de hemoglobina tem na hemácia,
diferencia a anemia em hipocrômica e hipercrômica. - CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média): 32-35 g/dL. Depende do tamanho
da hemácia e de quanta hemoglobina ela têm. - RDW (índice de anisocitose): 10-14%. Variação nos tamanhos das hemácias.
- Reticulócitos: 40.000 - 100.000. Células precursoras das hemácias, formas jovens.
- Leucócitos:
- Basófilos: 0-1%. - Bastão: 1-5%
- Eosinófilos: 1-5%. - Segmentados: 45-70%.
- Mielócitos: 0%. - Linfócitos: 20-45%
- Metamielócitos: 0%. - Monócitos: 4-10%.
- O desvio à esquerda diz respeito ao aumento das células mais jovens e pode estar presente nas infecções agudas e estados tóxicos, por exemplo.
- Leucócitos > 45.000 são de alta suspeição para leucemia.
- A pancitopenia é uma redução do número de eritrócitos, leucócitos e plaquetas no sangue
periférico.
Coagulograma (ou provas laboratoriais de hemostasia)
- Contagem plaquetária: 150.000 - 450.000/mm³.
- Índices plaquetários: VPM (Volume Plaquetário Médio) e PDW (índice de anisocitose plaquetário).
- VPM: 3-12 fL. O aumento sugere destruição periférica de plaquetas e geralmente acompanha o aumento do PDW, porque o estímulo aos megacariócitos da medula leva à liberação
de plaquetas maiores (megatrombócitos). - Tempo de sangramento (TS): 3 - 7 min. Não é um bom parâmetro pré-operatório.
- Tempo de retração do coágulo: 1-3h. Está reduzido nos estados de hiperfibrinólise e
aumentado na trombocitopenia. Pouco utilizado. - Tempo de coagulação (TC): 5-10min. Está aumentado quando há deficiência grave de algum
fator da via intrínseca ou comum da coagulação. Em deficiências leves ou moderadas, está normal. - Tempo de tromboplastina parcial ativada (PTTa): 25-35seg. Está alargado nas coagulopatias da
via intrínseca ou comum (lembrar de hemofilia A e B). - Tempo de protrombina (TAP): 10-13seg. Está elevado nas coagulopatias da via extrínseca ou
comum. - INR: fator de correção para a tromboplastina, de acordo com a OMS.
- Tempo de trombina (TT): 5-15seg. Está aumentado quando há afibrinogenemia,
hipofibrinogenemia (ex: CIVD) ou disfibrinogenemia e na presença de fatores antitrombínicos. - A contagem plaquetária e o tempo de sangramento medem a hemostasia primária e o
TAP e PTTa medem a hemostasia secundária. - Se o PTTa está alterado e o TAP normal, o problema está na via intrínseca. Se o PTTa
está normal e o TAP alterado, o problema está na via extrínseca. Se o PTTa e o TAP estão
alterados, o problema está na via comum.