Refração Flashcards
- O que são lentes positivas, negativas e cilíndricas? Qual a unidade que mede o poder das lentes e seu significado?
Lente → formada quando um material sólido e transparente (vidro, resina) tem pelo menos uma de suas faces trabalhada de modo a se tornar uma superfície perfeitamente curva.
Lentes esféricas ou estigmáticas: quando derivam de uma esfera, sendo que sua calota apresenta o mesmo perfil de corte em todos os meridianos. O foco é em um ponto.
Lente positiva / convergente ⇒ numa superfície convexa, os raios de luz vão convergir para um foco real.
Lente negativa / divergente ⇒ numa superfície côncava, os raios vão divergir e o foco será virtual.
Lentes cilíndricas ou astigmáticas: apresentam dois meridianos principais: ao longo do eixo do cilindro e perpendicular ao eixo (contraeixo). Ao longo do eixo, o perfil de corte é de uma lâmina de faces paralelas e, portanto, nesse meridiano não haverá refração dos raios. Ao longo do contraeixo, a superfície de corte é curva como se fosse uma lente esférica e, consequentemente, haverá refração de luz. Desse modo, os feixes de raios paralelos após atravessar uma lente cilíndrica vão se reunir (ou os seus prolongamentos em caso de lentes negativas) em uma linha focal.
Dioptria → é o inverso da distância focal em metros. Mede o poder das lentes em convergir ou divergir. D = 1 / f
Ex: se uma lente convexa tem distância focal de 20 centímetros, tem poder de + 5,00.
Quanto mais curva for a superfície da lente e quanto mais alto for o índice de refração do seu material, maior será o seu poder de convergir ou divergir os feixes de luz e, assim, o foco estará mais próximo da lente.
- Como se formam as imagens no olho? Elas se formam invertidas? Por quê?
É o mesmo mecanismo de uma câmara escura. Uma caixa fechada com um pequeno orifício em que os raios de luz projetam a imagem invertida na parede oposta àquele orifício, podendo-se melhorar o foco adicionando uma lente positiva adequada atrás de orifício, tornando a imagem mais nítida. A pupila é o orifício, a caixa é a órbita ocular, a córnea e o cristalino são a lente objetiva e a retina corresponde ao filme fotográfico. A formação das imagens é invertida porque os raios refratados se cruzam no orifício.
- O que é olho emétrope? Quais são as ametropias (citá-las)?
Emetropia → olho normal, em que o ponto remoto (ponto mais distante que um olho sem correção nem acomodação pode enxergar com nitidez) é o infinito. Para que o olho seja emétrope, é necessária perfeita correlação entre o seu diâmetro anteroposterior e o poder dióptrico da córnea e cristalino. Como olho emétrope está focado no infinito, objetos situados a menos de 5 metros ficariam fora de foco.
Então, para enxergar de perto com nitidez seria necessário que o olho mudasse o seu poder refrativo, o que é feito por meio da acomodação do cristalino, em que, com a contração do músculo ciliar, há uma mudança de sua curvatura anterior, e, consequentemente, do seu poder refrativo, para que o indivíduo olhe objetos mais próximos. Então, o cristalino fica mais curvo, aumentando o poder de refração do olho, permitindo que imagens próximas, que emitem raios divergentes, fiquem focados na retina. Ponto próximo é o ponto que fica mais perto do olho, que pode ser visto com nitidez e utilizando toda a acomodação disponível.
Ametropias → são as condições em que o ponto remoto não está situado no infinito: miopia, hipermetropia e astigmatismo. OBS: presbiopia não é uma ametropia.
- O que é o olho míope? Quais são as causas de miopia? Como é a visão de longe e de perto do míope?
A miopia ocorre por anomalia da refração, em que o poder refrativo do olho é excessivo em relação ao seu diâmetro axial. Os feixes de raios paralelos focam-se antes da retina e a imagem chega à ela desfocada (a pessoa não enxerga bem de longe). Dessa forma, seu ponto remoto é mais perto do olho e essa distância depende do valor da ametropia (se -4 dioptrias, o ponto remoto está a 25 cm do olho). Já o ponto próximo ficará mais próximo ao olho do que no emétrope com a mesma amplitude de acomodação, o que permite, por exemplo, um míope com presbiopia enxergar bem de perto sem correção visual. As causas são:
Miopia simples: desproporção entre a curvatura da córnea e o diâmetro axial do olho (os seus valores separados são próximos ao normal). é a mais frequente, não ultrapassa 8 dioptrias e não há alteração patológica significativa na fundoscopia; surge na adolescência e progride até se estabilizar entre os 20 e 25 anos de idade.
Miopia patológica (degenerativa ou maligna): comprimento axial exagerado do olho, causando alterações patológicas no polo posterior e fundoscopia. A curvatura da córnea encontra-se próxima ao normal. Ultrapassa 8 dioptrias e pode ter um curso progressivo sem estabilização.
- O que é hipermetropia? Como é a visão de longe e de perto do hipermetrope? Quais são as causas de hipermetropia?
Hipermetropia → é um erro de refração no qual o olho tem um diâmetro axial curto em relação ao seu poder refrativo (causa). Quando o olho está em repouso (sem acomodar), os feixes de raios de luz paralelos, provenientes de objetos distantes, após serem refratados pela córnea e cristalino, não convergem o suficiente para se focarem na retina; o foco estaria, então, atrás da retina. A imagem, portanto, fica fora de foco. Entretanto, se o paciente for jovem, com boa amplitude de acomodação, e dependendo do valor, ele pode acomodar e pode ter boa visão para longe e até mesmo para perto.
Classificação: segundo a correlação entre a amplitude de acomodação existente e o valor da ametropia, sendo muito útil para a prescrição da correção visual.
Hipermetropia latente → é corrigida pelo tônus do músculo ciliar. Essa parte do erro refracional não é detectada pelo exame de refração, a não ser que se faça uso de um colírio parassimpatocolítico para paralisar a acomodação (cicloplegia).
Hipermetropia manifesta → pode ser detectada pelo exame de refração sem o uso da cicloplegia. Pode ser dividida em:
Facultativa ⇒ o próprio paciente consegue suplantar utilizando a acomodação.
Absoluta ⇒ o paciente não consegue suplantar, mesmo fazendo acomodação máxima.
A lente positiva de menor valor que proporciona visão normal para longe corresponde ao valor da hipermetropia absoluta.
Quanto à gravidade:
Leve (0 a 2) / moderada (2 a 6) / grave (acima de 6)
Visão de longe ⇒ ruim (na absoluta)
Visão de perto ⇒ pior ainda (na absoluta).
- O que é astigmatismo? Quais são suas causas? Como é classificado o astigmatismo? Como é a visão do astigmata?
No astigmatismo o poder de refração do olho não é igual em todos os meridianos. Não há correspondência de cada ponto objeto e um ponto imagem, mas sim duas pequenas linhas separadas no espaço anteroposterior e perpendiculares entre si. Conforme a posição dessas linhas focais em relação à retina, o astigmatismo é classificado:
Miópico composto: ambas as linhas focais estão na frente da retina
Miópico simples: uma das linhas está à frente da retina, a outra no plano retiniano
Astigmatismo misto: uma das linhas focais está à frente da retina e a outra, virtualmente, atrás
Astigmatismo hipermetrópico simples: uma das linhas na retina e a outra, virtualmente, atrás dela
Astigmatismo hipermetrópico composto: ambas as linhas focais estão, virtualmente, atrás da retina
- O que é presbiopia? Como é a presbiopia em pacientes amétropes?
Presbiopia → é o fenômeno em que a acomodação vai diminuindo progressivamente com a idade, devido à perda da plasticidade do córtex do cristalino. Geralmente começa entre 40-50 anos e acomete todos os indivíduos, independentemente de serem emétropes ou não.
Míopes ⇒ conseguem enxergar de perto caso tirem os óculos, já que seu ponto próximo está mais perto do olho e, portanto, independe da acomodação do olho.
Hipermétrope ⇒ caso retirem os óculos, terão muita dificuldade de enxergar de perto, já que a acomodação é mais exigida.
Astigmatas ⇒ depende do tipo. Terá influência maior se associado à hipermetropia.
- Como é feita a medida da acuidade visual? O que é tabela de Snellen? Como é anotada a acuidade visual?
Medida da acuidade visual → deve ser medida em todo exame oftalmológico, preferencialmente antes de qualquer manipulação do globo ocular ou instilação dos colírios que possam interferir no resultado. Sempre fazer bilateralmente, inicialmente sem correção e a seguir com os óculos do paciente, se for o caso. A medida da acuidade visual é baseada no conceito do menor ângulo visual em que dois pontos podem ser discernidos um do outro, que corresponde a aproximadamente 1 minuto de arco.
Tabela de Snellen ⇒ é uma tabela de acuidade visual baseada no princípio do menor ângulo visual (1 minuto) em que dois pontos podem ser discernidos um do outro. Nesta tabela existem letras, números ou símbolos chamados optotipos. Eles têm um tamanho que perfazem um ângulo de 5 minutos quando colocados a 6 metros do observador (considerada infinito). Cada traço do optotipo tem 1 minuto e as distâncias entre os traços também.
Os menores optotipos identificados representam o menor ângulo visual que o paciente pode enxergar.
Anota-se uma fração na qual o numerador é a distância na qual o teste foi realizado e o denominador a distância na qual aqueles optotipos fazem um ângulo de 5 minutos de arco.
Acuidade visual de 20/100 (em pés. Se em metros: 6/30) → o paciente consegue enxergar a 20 pés um optotipo que perfaz um ângulo de 5 minutos quando colocado a 100 pés de distância do paciente.
Acuidade visual de 20%.
Obs: para uma acuidade visual inferior a 20/400 (0,05), a notação será contar os dedos ou movimentos de mão a tantos metros ou a presença ou não de percepção luminosa.
- Como é determinada a refração ocular? Quais aparelhos são utilizados?
Refração ocular → para verificar a existência ou não de ametropias e verificar o seu valor, existem métodos objetivos e subjetivos.
Teste objetivo ⇒ empregado inicialmente tentando descobrir o valor da refração ocular sem a participação ativa do paciente. Em crianças muito novas ou paciente que não colaboram, é o único exame possível.
Retinoscopia é o mais simples → projeta-se uma faixa de luz no olho do paciente, que preferencialmente deverá estar com a pupila dilatada. O examinador movimenta a faixa de luz no sentido horizontal e depois na vertical e observa o movimento da luz refletida. Esse movimento poderá ser a favor ou contrário ao da luz projetada no olho, dependendo da ametropia do paciente.
Refrator automático computadorizado (autorrefrator) é o mais utilizado e caro → emite um feixe de raios infravermelhos que se refletem na retina. O aparelho mede a vergência desses raios que saem do olho, calculando a refração ocular.
Teste subjetivo ⇒ próxima etapa. Frequentemente é realizado após a inibição da acomodação a partir da instilação de colírio parassimpaticolítico (cicloplegia), porque a acomodação pode levar o míope a aceitar um valor de correlação superior à sua real e o hipermétrope inferior. Mas em pacientes com mais de 40 anos, fazer sem a correção pois é necessário também corrigir a presbiopia. Inicialmente, o valor da refração encontrada no teste objetivo é colocado no aparelho refrator. A seguir, os optotipos vão sendo apresentados para o paciente à distância de 5 a 6 metros. Depois de se encontrar a melhor lente esférica, o astigmatismo será testado com uma lente especial: o cilindro cruzado, que pode detectar ou confirmar o astigmatismo, seu valor e seu eixo. Depois, o poder esférico é novamente testado de acordo com as respostas do paciente, adequando-o à lente cilíndrica.
Caixa de prova → jogo de lentes positivas, negativas e cilíndricas que podem ser encaixadas em uma armação de óculos especial, a armação de prova, em que é possível adaptar três ou quatro lentes para cado olho. Pela combinação de lente, é possível obter qualquer valor dióptrico para correção das ametropias.
Refratores manuais → existem vários discos contendo as lentes positivas, negativas e cilíndricas, embutidas no aparelho. Mesmo funcionamento da caixa de prova.
- Como são prescritas as lentes corretoras nas ametropias e presbiopia?
A lente corretora de ametropia é aquela que tem seu foco no ponto remoto, porém outras fatores são importantes para a prescrição.
Hipermetropia: sua correção é feita com lentes positivas (convergentes ou convexas) depende do valor da refração, da acomodação existente, do astigmatismo associado ou não e das anormalidades da motilidade ocular. Nas hipermetropias dos jovens com 2-3 dioptrias, a correção não é necessária. Já pacientes próximos dos 40 anos começam a apresentar sintomas e a correção é necessária. Nas hipermetropias absolutas é obrigatória a prescrição; nas facultativas a prescrição pode ser total ou parcial dependendo dos sintomas. A presença de astigmatismo ou distúrbios de motilidade representam prescrição total ou parcial.
Miopia: a correção é feita com lentes negativas (divergentes ou côncavas), prescrição deve ser total e não deve ultrapassar o valor real da miopia (pode causar cefaleia e astenopia). Para evitar essa iatrogenia, o exame de refração é feito com cicloplégicos nos < 40 anos
Astigmatismo: deve ser corrigida, exceto quando pequena (0,50 ou 075 dioptrias em pacientes assintomáticos)
Presbiopia: a prescrição depende da capacidade de acomodação, da adição do paciente e da distância de trabalho para perto. Prescreve-se a menor adição que resolva o problema do paciente.