português cebraspe Flashcards
A respeito das relações de concordância e de regência no texto 15A2-I, julgue o item a seguir.
Em “ações que visem à redução da morosidade processual e à simplificação dos procedimentos judiciais” (segundo parágrafo), o uso do sinal indicativo de crase no vocábulo “à”, nas suas duas ocorrências, é facultativo.
Questão polêmica. Entretanto, não é a primeira vez que a banca CEBRASPE cobra a regência do verbo visar e aceita o verbo como transitivo direto com o sentido de “objetivar”, “ter com fim”.
Tradicionalmente falando, a regência original do verbo visar, quando ele tem sentido de ter algo como fim ou objetivo, é de verbo transitivo indireto, ou seja, exige a preposição “a”: visar a algo.
- Fulano visava ao sucesso (seu objetivo era ter sucesso)
- Fulana visa a uma vida próspera (o objetivo de Fulana é ter uma vida próspera)
No entanto, já que visar a tem um sentido de pretender algo, buscar algo, começou-se a aceitar, também, a transitividade direta, principalmente com verbos no infinitivo. Essa foi a visão da banca QUADRIX na questão #792255. Ou seja, a visão da banca Quadrix foi que o verbo visar, com o sentido de “ter como objetivo”, é transitivo indireto, mas também pode ser transitivo direto se estiver diante de verbos no infinitivo, pois ela fez questão de colocar os exemplos junto com as definições do dicionário Houaiss. Exemplificando:
- Fulano visava (a) obter sucesso. (Obter é verbo no infinitivo. Portanto, a preposição “a” pode ser mantida ou retirada)
E a banca CEBRASPE? Na questão #1764461, de 2012, a baca considerou como corretas as opções “não se visa a informar” e “não se visa informar”, indicando que, ao menos diante de verbos no infinitivos, visar (com o sentido de “ter como objetivo”) pode ser verbo transitivo direto ou transitivo indireto.
Porém, nesta questão de agora, já temos a banca aceitando visar como transitivo direto (e com sentido de “ter como objetivo”) mesmo se não estiver diante de verbo no infinitivo. E esse posicionamento tem embasamento? Sim. Vejamos o que o linguista Celso Pedro Luft fala sobre o assunto:
OBS. Nesta acepção, a regência primária é TI visar a… Por causa da semântica ‘buscar, procurar; pretender…’, passou a aceitar tb. a transitividade direta, dispensando a preposição. Isto se deu, de início, principalmente com o infinitivo: “Todas essas considerações visam apenas glosar os debates” (Joaquim Ribeiro: Torres). “O ataque visava cortar a retaguarda da linha de frente” (Euclides da Cunha: Nascentes, 1960). Outros exemplos: “Aquilo não visava outro interesse” (Aluísio Azevedo: Jucá). “Medidas que a minha administração visava” (Rui: id.). “Geralmente nós não visamos o mal, visamos o remédio” (Mário de Andrade: Lessa). “… visando apenas os interesses do povo” (Erico Verissimo: Barbadinho).
(LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal, 2016, p. 534)
Portanto, a questão está correta. É bom guardar este posicionamento do CEBRASPE: verbo visar com o sentido de “ter como objetivo” pode ser tanto transitivo direto quanto indireto
Com relação à colocação pronominal, quais são as palavras atrativas do pronome?
Mnemônico:
CNA da PRI
Ex. de frase: Não ME lembro de vozes.
Conjunções subordinativas
Negativas
Advérbios
Pronomes
Relativos
Interrogativos/Indefinidos.
Crase é o fenômeno de fusão sonora, marcado pelo acento grave.
Em regra, não há crase antes de pronome de tratamento?
Certo. Ex: A Sua Excelência.
outra situação:
O caso que nos interessa é a crase na contração da preposição “a” com artigos femininos ou com o “a”
em alguns pronomes demonstrativos e relativos:
Ex.: Assisti ao jogo. (assistir “a” + “o” jogo = ao)
Ex.: Assisti à novela. (assistir “a” + “a” novela = à)
Ex.: Estou visando a este cargo. (visar “a” + Este)
Ex.: Estou visando àquele cargo. (visar “a” + aquele = àquele)
Ex.: Estou visando à remuneração. (visar “a” + “a” remuneração = à)
Ex.: Esse é o livro ao qual me referi. (se referir “a” + “o” qual – livro)
Ex.: Essa é a apostila à qual me referi. (se referir “a” + “a” qual – apostila)
Principais locuções femininas: à medida que, à proporção que, à toa, à noite, à tarde, às vezes, às pressas,
à vista, à primeira vista, àquela hora, à direita, à vontade, às avessas, às escuras, às escondidas, à míngua,
à venda, à mão armada, à beça, à tinta, à máquina, à caneta, à foice, à chave, à revelia, à deriva, à uma
hora, à altura de, à custa de, à espera de, à beira de, à espreita de, à base de, à moda de, à procura de, à
roda de, à mercê de, à semelhança de… (obs.: “a máquina” já foi dado como certo)
Crase é proibida em quais casos?
- antes de verbo, palavra masculina, “uma” e pronome de tratamento.
- Palavra em sentido genérico, indefinido
- Entre palavras repetidas
- Atenção: Antes dos pronomes pessoais, como eu, tu, ele, ela, nós, vós, mim (pronome pessoal oblíquo) etc., não ocorre crase, já que não são antecedidos de artigos. Nessas situações haverá apenas a preposição “a”. Observe:
Certo: Eu pedi a ela que me esperasse para irmos embora juntos.
Errado: Eu pedi à ela que me esperasse para irmos embora juntos.