PED02 - Síndromes Respiratórias na Infância Flashcards
Quais os sinais e sintomas que nos fazem pensar em infecção respiratória aguda?
- Tosse.
- Coriza.
- Dor de garganta.
- Dificuldade respiratória.
Quais são os dois sintomas que nos ajudam a classificar as infecções respiratórias agudas?
- Estridor (predominantemente inspiratório): obstrução de vias de condução extrapleurais.
- Taquipneia: vias aéreas infeiores.
Quais os valores de frequência respiratória que nos permitem diagnosticar taquipneia?
- Até 2 meses: ≥ 60ipm.
- De 2 meses a 1 ano: ≥ 50ipm.
- De 1 ano a 5 anos: ≥ 40ipm.
Como podemos classificar as infecções respiratórias agudas de acordo com seus sintomas cardinais?
- SEM taquipneia e SEM estridor: infecção de vias aéreas superiores.
- COM estridor (independente da FR): doenças periglóticas.
- COM taquipneia e SEM estridor: pneumonia.
Quais são as principais doenças das vias aéreas superiores?
- Resfriado comum.
- Faringite bacteriana aguda.
+ suas complicações e diagnósticos diferenciais.
Qual o agente etiológico do resfriado comum?
- Principalmente rinovírus.
- Outros: vírus sincirsial respiratório, influenza, parainfluenza, coronavírus…
Como podemos classificar o resfriado comum quanto a presença/ausência de TAQUIPNEIA e ESTRIDOR? Qual a marca dessa doença?
SEM taquipneia e SEM estridor. Presença de sintomas catarrais.
Qual o quadro clínico do resfriado comum? Tem algum sintoma obrigatório?
- Coriza (inicialmente clara e hialina depois mucopurulenta).
- Obstrução nasal (presença de roncos pela secreção em via aérea).
- Tosse, principalmente a noite (gotejamento posterior).
- Febre que pode ou não ser alta.
Coriza e obstrução nasal são obrigatórios.
No resfriado comum pode haver desconforto respiratório? Justifique.
Sim. A criança depende muito da respiração nasal e como na doença o nariz está obstruído pode haver certo desconforto.
*Desconforto respiratório é diferente de taquipneia!
Qual o tratamento do resfriado comum?
- Lavagem nasal com soro.
- Aumento da ingesta de líquidos.
- Analgésicos/antipiréticos (dipirona, paracetamol…).
Pode-se usar AAS como analgésico/antipirético em uma criança com resfriado comum?
Não. Pela possível ocorrência da Síndrome de Reye (encefalopatia + lesão hepática). AAS aumenta o risco da síndrome, assim como o vírus influenza e o varicela zoster.
Quais medicamentos usados rotineiramente na prática como tratamento para o resfriado comum não devem ser utilizados pela ausência de evidência?
- Antitussígenos.
- Descongestionantes.
- Mucolíticos.
Mel pode ajudar a reduzir a tosse noturna no resfriado comum?
Sim, mas não deve ser dado a menores de 1 ano pelo risco de botulismo.
Quais as principais complicações do resfriado comum? Qual a mais comum?
- Otite média aguda (OMA).
- Sinusite bacteriana aguda.
A OMA é a complicação mais comum.
Qual o quadro clínico da otite média aguda?
- Dor
> Queixa em local específico (crianças maiores).
> Irritabilidade (crianças menores). - Otorreia com redução da dor.
Qual a ocorrência média de resfriado comum em crianças?
6-8x/ano ou 10-12x/ano se em escolas.
Qual a duração média dos sintomas no resfriado comum?
5-7 dias.
Qual o principal método de prevenção do resfriado comum?
Lavagem de mãos.
Qual é o exame confirmatório da otite média aguda? O que ele identifica?
Otoscopia (melhor avaliação com otoscopia pneumática), identifica a membrana timpânica com:
- Hiperemia.
- Opacidade.
- Abaulamento.
- Otorreia (as vezes é possivel identificar orifício de saída na membrana).
*Membrana normal: transparente, brilhante, côncava, móvel, presença do triângulo luminoso.
Membrana timpânica hiperemiana e opáca é um achado exclusivo da OMA? Justifique.
Não, o próprio resfriado comum ou mesmo o choro podem fazer com que a membrana adquira essas características.
Qual sinal da otoscopia é o mais acurado para diagnóstico de OMA?
Membrana timpânica abaulada.
O que é otite EXTERNA? Qual o fator de risco mais importante? Qual o agente etiológico?
Uma inflamação da orelha externa, o fator de risco principal é tomar banhos de piscina e o agente etiológico é o Pseudomonas.
Qual a sintomatologia e o tratamento da otite EXTERNA?
Otorreia que vem da orelha externa (membrana timpânica integra) e hiperemia de canal auditivo com dor associada. O tratamento é o uso de antibiótico tópico.
Qual o tratamento da OMA?
- Analgésico e antipiréticos.
- Antibiótico.
Quais grupos merecem antibiótico na OMA?
- Menores de 6 meses: todos.
- Entre 6m-2 anos:
> OMA Bilateral.
> Otorreia.
> Doença grave. - Maiores de 2 anos:
> Otorreia.
> Doença grave. - Doença grave: OMA moderada a grave (ex.: impede de dormir ou comer) OU febre maior que 39°C OU dor maior que 48h.
** Demais casos é POSSÍVEL observar.
Como deve ser realizado a escolha do tipo de antibiótico na OMA? Qual a duração do tratamento?
- Amoxicilina
- Amoxicilina com clavulonato SE:
- Otite com conjuntivite (cobrir “EYE”mófilo).
- Uso de ATB nos últimos 30 dias.
- Falha da terapêutica inicial.
A duração do tratamento é individualizado em média 7-10 dias.
Quais os patógenos mais comuns na OMA?
- S. pneumoniae (pneumococo).
- H. influenza.
- Moraxella catarhalis.
Quais as principais complicações relacionadas a OMA?
- Otite média com efusão.
- Mastoidite.
O que é a otite média com efusão (ou serosa)? Qual o tratamento?
Uma otite que ocorre após a OMA e cursa com efusão SEM infecção aguda. Normalmente tem evolução favorável só sendo necessário tratamento se doença demorar mais de 3 meses (risco de redução da acuidade auditiva com dificuldade de aprendizagem concomitantemente).
Tratamento: colocação de tubo de ventilação na membrana timpânica por oftalmologista.
Quais os sintomas da mastoidite aguda?
- Periostite.
- Edema retroauricular (apagamento do sulco retroauricular).
- Deslocamento do pavilhão (laterização da orelha).
Qual o tratamento da mastoidite aguda?
Internação + antibioticoterapia EV + TC (não é obrigatória).
Qual o local de acometimento da sinusite bacteriana aguda?
- Menores de 5 anos: seio maxilar e etmoidal.
- Após os 7 anos começa a se desenvolver o seio frontal e a sinusite também o atinge.
Qual o quadro clínico da sinusite bacteriana aguda?
Semelhante ao do resfriado comum com três principais alterações.
- Quadro arrastado: sintomas por mais de 10 dias, tosse noturna e diurna.
- Quadro grave: mais de 3 dias de febre maior que 39°C, presença de secreção purulenta.
- Quadro que piora (bifásico).
*Todos esses quadros também podem estar presente no resfriado comum, mas aumentam a chance de ser sinusite bacteriana aguda.
Um “quadro arrastado” com sintomas de um resfriado comum pode ser entendido como que patologia?
Classicamente é um indício de sinusite bacteriana aguda. Atualmente, ele é melhor entendido como uma sinusite pós-viral e que NÃO merece tratamento com antibióticos.
Qual a etiologia da sinusite bacteriana aguda?
Igual a da OMA:
- S. pneumoniae (pneumococo).
- H. influenza.
- Moraxella catarhalis.
Qual o tratamento da sinusite bacteriana aguda? Qual a duração do tratamento?
Amoxicilina. Individualizar tratamento, normalmente mantem por 7 dias após melhora.
Qual a complicação mais temida da sinusite bacteriana aguda? Qual a sintomatologia e como trata-la?
É a celulite orbitária, que cursa com:
- Inflamação da pálpebra.
- Proptose.
- Dor a movimentação.
- Edema na conjuntiva.
Tratamento: internar + ATB + TC.
Como realizar o diagnóstico diferencial entre celulite periorbiária e celulite orbitária?
Célulite periorbitária é pré-septal, ou seja, apenas os tecidos adjacentes a orbita estão inflamados e cursa com inflamação na pálpebra e mais nada. A celulite orbitária é um quadro muito mais grave que cursa com:
- Inflamação da pálpebra.
- Proptose.
- Dor a movimentação.
- Edema na conjuntiva.
Quando devemos suspeitar de rinite alérgica, sífilis congênita e corpo estranho no diagnóstico diferencial de resfriado comum?
- Rinite alérgica: tem sintomas similares a um resfriado comum mas cursa com mais com prurido, espirros e palidez de mucosa. Tem a presença de gatilhos para início dos sintomas. Tratamento: corticoide nasal e anti-histamínicos.
- Sífilis congênita: primeiros três meses de vida. Cursa com obstrução nasal intensa e secreção sanguinolenta.
- Corpo estranho: rinorreia fétida e sanguinolenta geralmente unilateral.
Como podemos classificar a faringite bacteriana aguda quanto a presença/ausência de TAQUIPNEIA e ESTRIDOR? Qual a marca dessa doença?
SEM taquipneia e SEM estridor. SEM sintomas catarrais e COM dor de garganta.
Qual o quadro clínico da faringite bacteriana aguda? Quem é mais acometido?
Epidemiologia: criança de 5-15 anos (antes de 3 anos alta chance de ser viral). Clínica:
- Febre alta.
- Dor de garganta.
- Exsudato amigdaliano.
- Petéquias em palato.
- Adenomegalias cervical dolorosa.
- Manifestações atípicas: dor abdominal, vômitos…
- NÃO tem sintomas catarrais (coriza e tosse).
Qual o agente etiológico da faringite bacteriana aguda?
Streptococos beta hemolítico do grupo A (S. pyogenes).
Qual o agente etiológico mais comum nas faringites agudas: vírus ou bactérias?
Vírus.
O exudato amigdaliano e as petéquias em palato são exclusivos da faringite bacteriana?
Não. Podem também estar presentes nas faringites virais, mas as petéquias em palato é o sinal mais acurado para faringite bacteriana.
Quais os diagnósticos diferenciais da faringite bacteriana aguda?
- Herpangina.
- Adenovirose.
- Mononucleose.
- PFAPA.
O que é herpangina? Qual a sintomatologia, o agente etiológico e o tratamento?
Herpangina: cursa com faringite, febre alta e úlceras dolorosas em cavidade oral gerando dificuldade para deglutir (ver se não tem úlceras em mão e pé se não é doença de mão-pé-boca). O agente etiológico é o Coxsackie A e o tratamento é analgésicos/antipiréticos.
O que é adenovirose? Qual a sintomatologia, o agente etiológico e o tratamento?
Adenovirose: faringite com conjuntivite, adenomegalia pré-auricular e febre faringoconjuntival. É um tipo de faringite viral aguda e o agente etiológico é o adenovírus.
O que é mononucleose? Qual a sintomatologia e o agente etiológico?
Mononucleose: faringite com linfadenopatia generalizada, esplenomegalia e linfocitose com atipia. Ao tratar com amoxicilina (erro diagnóstico com faringite viral) 90% evolui com rash. Agente etiológico: Epstein bar vírus.
O que é PFAPA? Qual a sintomatologia e o tratamento?
PFAPA: episódios recorrentes (recorrem a cada 8 semanas em média) e autolimitados (curam sem tratamento específico) de:
> Febre periódica.
> Estomatite aftosa.
> Faingite.
> Adenite.
Suspeita: quadros recorrentes + aftas + culturas negativas.
Tratamento: corticoide (rápida resposta).
Como é realizado o diagnóstico da faringite bacteriana aguda?
Inicia realizando teste rápido.
> SE positivo: trata.
> SE negativo faz cultura e aguarda.
Resultado da cultura:
> Positivo: trata.
> Negativo: reavalia e acompanha.
Qual o exame padrão ouro para diagnosticar a faringite bacteriana aguda?
Cultura.
Em adultos com faringite aguda de etiologia a esclarecer com teste rápido negativo devemos fazer cultura? E em crianças?
Em adultos não fazemos cultura pois a probabilidade pré-teste de ser faringite bacteriana aguda é baixa, como em crianças essa probabilidade é maior solicitamos cultura e aguardamos resultado sem usar ATB.
Qual o tratamento da faringite bacteriana aguda?
- Penicilina benzatina (primeira opção).
- Amoxicilina por 10 dias.
*Se paciente alérgico a penicilinas as opções são: cefalosporina (alergia leve) e macrolídeos (alergia grave/anafilaxia).
Qual o grande objetivo de tratar a
faringite bacteriana aguda com antibiótico?
Prevenir febre reumática, para isso devemos tratar com até 9 dias do início do quadro.
Quais as complicações não supurativas da faringite bacteriana aguda? E as supurativas?
- Não supurativas:
> GNDAPE.
> Febre reumática. - Supurativas:
> Abcesso peritonsilar.
> Abcesso retrofaríngeio.
Qual a clínica do abcesso peritonsilar? Como diagnostica-lo? E qual a conduta?
- Amigdalite.
- Disfagia e sialorreia (não consegue deglutir a própria saliva).
- Trismo (não consegue fechar a boca).
- Desvio de úvula (contra-lateral ao abcesso).
Diagnóstico: clínica +/- USG.
Conduta:
- Internar.
- ATB que cubra Streptococos do grupo A e anaeróbios (geralmente gentamicina).
- Drenagem do abcesso por:
> Aspiração por agulha calibrosa (ambulatorial e método de escolha).
> Incisão e drenagem (cirúrgico se a aspiração não resolver).
A faringite bacteriana aguda é considerada uma complicação do resfriado comum?
Não, ela já começa como uma doença bacteriana não sendo complicação de uma doença viral, como a sinusite bacteriana aguda.
Como fazer o diagnóstico diferencial entre as complicações supurativas da faringite bacteriana aguda?
- Abcesso peritonsilar: adolescentes e jovens adultos com disfagia, sialorreia e trismo.
- Abcesso retrofaríngeo: crianças com menos de 5 anos com disfagia e torcicolo.