Jurisdição Flashcards

1
Q

O que é jurisdição no conceito de atuação estatal?

A

A jurisdição é a atuação estatal que visa à aplicação do direito objetivo ao caso concreto, resolvendo-se com definitividade uma situação de crise jurídica e gerando com tal solução a pacificação social.

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2
Q

Como é definida a jurisdição enquanto poder?

A

A jurisdição, enquanto poder, representa o poder estatal de interferir na esfera jurídica dos jurisdicionados, aplicando o direito objetivo ao caso concreto e resolvendo a crise jurídica que os envolve.

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3
Q

Como a jurisdição é definida enquanto função?

A

A jurisdição, enquanto função, é o encargo atribuído pela Constituição Federal ao Poder Judiciário de modo não privativo, pois os outros poderes podem exercer tal função atipicamente.

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4
Q

O que é a jurisdição enquanto atividade?

A

A jurisdição, enquanto atividade, é o complexo de atos praticados pelo agente estatal investido de jurisdição no processo, chamado de Estado-juiz.

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5
Q

O Estado tem o monopólio da solução dos conflitos?

A

Não, o Estado não tem o monopólio da solução dos conflitos; as partes podem buscar uma solução de outras maneiras.

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6
Q

Quais são as espécies de equivalentes jurisdicionais?

A

As espécies de equivalentes jurisdicionais são autotutela, autocomposição (conciliação), mediação e arbitragem.

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7
Q

O que é o sistema multiportas de solução de conflitos?

A

O sistema multiportas de solução de conflitos refere-se à existência de diversas maneiras de resolver conflitos além da jurisdição estatal, incluindo autotutela, autocomposição (conciliação), mediação e arbitragem.

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8
Q

O que é autotutela no contexto dos equivalentes jurisdicionais?

A

Autotutela constitui-se no sacrifício integral do interesse de uma das partes envolvidas no conflito em razão do exercício da força (em sentido amplo) pela parte vencedora.

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9
Q

Qual o papel da autotutela em um Estado democrático de Direito?

A

Apesar do exercício da força não ser a forma de solução procurada em um Estado democrático de Direito, a autotutela continua a desempenhar um papel de equivalente jurisdicional.

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10
Q

Quais são exemplos de autotutela?

A

Exemplos de autotutela incluem legítima defesa, apreensão do bem com penhor legal, e desforço imediato no esbulho.

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11
Q

A autotutela recebe atributos de definitividade?

A

Não, a autotutela não recebe os atributos de definitividade e pode ser revista pelo Poder Judiciário.

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12
Q

Como o Código de Processo Civil valoriza as formas alternativas de solução de conflitos?

A

A valorização das formas alternativas de solução dos conflitos é demonstrada no art. 3.º do Código de Processo Civil, destacando-se a importância dessas formas no diploma processual.

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13
Q

Qual é a inovação do Código de Processo Civil em relação às formas consensuais de solução de conflitos?

A

O Código de Processo Civil é inovador ao sair da abstração do “conciliar é legal” e promover ativamente a conciliação como uma forma válida de resolução de conflitos.

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14
Q

Qual é o possível impacto negativo da valorização da conciliação?

A

A valorização da conciliação pode levar à naturalização do ditado “vale mais um acordo ruim do que um processo bom”, onde a transação se torna um ato de necessidade e não de vontade, podendo resultar no desrespeito ao direito material em um cálculo de risco-benefício pelos detentores do poder econômico, em detrimento do Estado Democrático de Direito.

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15
Q

Em que se funda a autocomposição nos conflitos?

A

A autocomposição está fundada no sacrifício integral ou parcial do interesse das partes envolvidas no conflito, mediante a vontade unilateral ou bilateral de tais sujeitos.

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16
Q

Quais são as espécies de autocomposição?

A

As espécies de autocomposição são transação, renúncia e submissão.

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17
Q

O que é transação na autocomposição?

A

Transação é uma espécie de autocomposição onde há um sacrifício recíproco de interesses, sendo que cada parte abdica parcialmente de sua pretensão para que se atinja a solução do conflito.

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18
Q

O que é renúncia na autocomposição?

A

Renúncia é uma espécie de autocomposição onde o titular da pretensão abdica de tal direito, fazendo-o desaparecer juntamente com o conflito gerado pela ofensa.

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19
Q

O que é submissão na autocomposição?

A

Submissão é uma espécie de autocomposição onde o sujeito se submete à pretensão contrária, ainda que fosse legítima sua resistência.

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20
Q

O que caracteriza a mediação na solução de conflitos?

A

Na mediação, as partes envolvidas chegam por si sós à solução do conflito, tendo o mediador apenas a tarefa de induzi-las a tal ponto de chegada.

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21
Q

Em quais casos o mediador deve atuar preferencialmente?

A

O mediador deve atuar preferencialmente nos casos em que tiver havido liame anterior entre as partes, como no direito de família, de vizinhança e societário.

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22
Q

O CPC trata as formas consensuais de autocomposição e mediação de forma diferente em termos de estrutura e procedimento?

A

Não, o CPC trata as duas formas consensuais, autocomposição e mediação, do mesmo modo em termos de estrutura e procedimento.

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23
Q

Qual é a função dos centros judiciários de solução consensual de conflitos?

A

Os centros judiciários de solução consensual de conflitos são responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação, bem como pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.

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24
Q

Qual é a importância de espaços físicos dedicados exclusivamente para conciliação e mediação?

A

A utilização de espaços físicos dedicados exclusivamente para conciliação e mediação visa melhorar o trabalho dos conciliadores e mediadores e reduzir a formalidade associada ao Poder Judiciário.

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25
Q

Quais são os requisitos para atuar como conciliador ou mediador?

A

Conciliadores e mediadores precisam ser aprovados em cursos de entidades credenciadas pelo CNJ em parceria com o Ministério da Justiça.

Além disso, a Lei 13140 requer graduação superior há pelo menos 2 anos.

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26
Q

Um advogado pode atuar como conciliador ou mediador?

A

Sim, mas não pode exercer advocacia nos juízos onde atua para evitar conflitos de interesse.

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27
Q

Como os tribunais podem selecionar conciliadores e mediadores?

A

Os tribunais podem realizar concursos para criar quadros próprios de conciliadores e mediadores.

As partes também têm a liberdade de escolher seu conciliador ou mediador, mesmo que não estejam cadastrados no tribunal.

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28
Q

Em quais situações pode haver a nomeação de mais de um mediador ou conciliador?

A

A nomeação de mais de um mediador ou conciliador deve ser reservada para casos excepcionais para evitar complexidade e custos desnecessários no processo.

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29
Q

Quais princípios informam a mediação e a conciliação segundo o art. 166 do CPC?

A

Os princípios que informam a mediação e a conciliação, segundo o art. 166 do CPC, incluem independência, imparcialidade, normalização do conflito, autonomia da vontade, confidencialidade, oralidade, informalidade, decisão informada, isonomia (exclusivo da mediação) e busca do consenso.

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30
Q

O que significa o princípio da independência na mediação e conciliação?

A

O princípio da independência significa que os conciliadores e mediadores devem atuar de forma independente, sem sofrer qualquer espécie de pressão interna ou externa.

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31
Q

O que é o princípio da imparcialidade nas formas consensuais de solução de conflitos?

A

O princípio da imparcialidade exige que os conciliadores e mediadores não favoreçam nenhuma das partes deliberadamente, evitando induzir uma solução que não atenda as finalidades do conflito.

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32
Q

O que envolve o princípio da normalização do conflito?

A

O princípio da normalização do conflito sugere que, juridicamente, o conflito se resolve pela solução, mas sociologicamente, o conflito só será “normalizado” se as partes ficarem concretamente satisfeitas com a solução consensual.

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33
Q

Qual é a importância do princípio da autonomia da vontade nas formas consensuais de solução de conflitos?

A

O princípio da autonomia da vontade, ou autodeterminação, implica que a vontade das partes deve ser livre e não viciada, aplicando-se tanto ao conteúdo da solução consensual quanto ao procedimento de conciliação e mediação, sob pena de nulidade da solução do conflito.

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34
Q

O que estabelece o princípio da confidencialidade nas sessões de conciliação e mediação?

A

O princípio da confidencialidade impede que o conciliador, mediador e membros de suas equipes divulguem ou deponham sobre fatos ou elementos oriundos das sessões de conciliação ou mediação.

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35
Q

Quais são os objetivos do princípio da oralidade na conciliação e mediação?

A

O princípio da oralidade visa conferir celeridade ao procedimento, prestigiar a informalidade dos atos e promover a confidencialidade, com o mínimo possível de registros escritos.

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36
Q

Como o princípio da informalidade contribui para o processo de conciliação e mediação?

A

O princípio da informalidade contribui para o processo ao incentivar o relaxamento, levando a uma descontração e tranquilidade natural das partes.

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37
Q

O que estabelece o princípio da decisão informada?

A

O princípio da decisão informada estabelece que o conciliador e o mediador têm o dever de manter os jurisdicionados plenamente informados quanto aos seus direitos e ao contexto fático em que estão inseridos.

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38
Q

O que é o princípio da isonomia na mediação?

A

O princípio da isonomia, exclusivo da mediação, estabelece que as partes devem ser tratadas igualmente, tendo as mesmas oportunidades de manifestação e participação equânime.

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39
Q

Qual é o objetivo do princípio da busca do consenso na mediação?

A

O objetivo do princípio da busca do consenso é que o mediador deve cooperativamente buscar com as partes uma solução consensual para o conflito.

40
Q

Como são organizados os cadastros de mediadores e conciliadores?

A

Mediadores e conciliadores são listados em dois cadastros: um nacional, gerido pelo CNJ, e outro regional, mantido pelos TJs e TRFs.

41
Q

Como é garantida a imparcialidade na designação de mediadores e conciliadores?

A

Após o registro, os dados dos mediadores e conciliadores são enviados ao diretor do foro local para inclusão em uma lista.

A designação é feita de maneira alternada e aleatória, respeitando o princípio da igualdade, evitando escolhas tendenciosas.

42
Q

O que acontece se as partes concordarem com um mediador ou conciliador específico que não esteja cadastrado?

A

Se houver acordo entre as partes sobre um mediador ou conciliador específico, mesmo que não esteja cadastrado, a vontade das partes prevalece.

Art. 168, § 1º, do CPC.

43
Q

Que tipo de informações são incluídas nos cadastros de mediadores e conciliadores?

A

Os cadastros incluem informações detalhadas sobre cada mediador e conciliador, como número de casos atendidos, sucesso nas mediações, áreas de especialização e outros dados relevantes.

44
Q

Qual é o objetivo da publicação anual das informações dos cadastros de mediadores e conciliadores?

A

A publicação anual das informações visa à transparência e possibilita análises estatísticas do desempenho dos mediadores e conciliadores, bem como das câmaras de mediação, ajudando a avaliar a eficácia das soluções consensuais de conflitos e o desempenho dos profissionais envolvidos.

45
Q

Como é, em regra, a remuneração dos conciliadores e mediadores?

A

A atividade de conciliação e mediação é, em regra, remunerada, com valores definidos por tabelas estabelecidas pelos tribunais e parâmetros do CNJ.

A remuneração não se aplica caso os tribunais formem quadros próprios através de concursos públicos ou se o mediador ou conciliador optar por trabalhar voluntariamente.

46
Q

Quem arca com a remuneração dos mediadores judiciais segundo a Lei 13140?

A

Segundo a Lei 13140, os mediadores judiciais são remunerados pelas partes, assegurando-se gratuidade aos necessitados.

Se a parte for beneficiária da assistência judiciária gratuita, o Estado arca com o pagamento se o serviço for prestado pelo Poder Judiciário.

47
Q

O que ocorre se a mediação ou conciliação for realizada por câmaras privadas e a parte for beneficiária da assistência judiciária gratuita?

A

Os tribunais estabelecerão um percentual de audiências não remuneradas a serem realizadas por essas entidades como contrapartida ao seu credenciamento.

Se forem necessárias mais audiências do que as previstas, o Estado deve pagar às entidades privadas pela realização dessas atividades adicionais.

48
Q

Quais regras se aplicam aos conciliadores e mediadores em caso de impedimento ou suspeição?

A

Aos conciliadores e mediadores aplicam-se analogamente as regras de parcialidade do juiz.

Eles devem se abster de atuar em casos de impedimento ou suspeição e comunicar imediatamente qualquer parcialidade, devolvendo o caso para nova distribuição.

49
Q

O que estabelece o art. 172 do CPC sobre a atuação dos conciliadores e mediadores após a última audiência?

A

O art. 172 do CPC estabelece que, após a última audiência, os conciliadores e mediadores não podem representar ou assessorar as partes envolvidas por 1 ano.

50
Q

Quais impedimentos adicionais, além de impedimento e suspeição, ou impossibilidade de representar ou assessorar as partes envolvidas por 1 ano, são estabelecidos pela Lei 13140 para mediadores?

A

A Lei 13140 impede que mediadores atuem como árbitros ou testemunhas em conflitos nos quais já atuaram.

Se houver impossibilidade temporária de exercer a função, o mediador ou conciliador deve informar o centro, solicitando a retirada de seu nome da distribuição enquanto durar a impossibilidade.

51
Q

Quais são as causas de exclusão de conciliadores e mediadores do cadastro?

A

A exclusão de conciliadores e mediadores do cadastro ocorre após um processo administrativo e pode ser justificada por atuação com dolo ou culpa, ou violação dos deveres estabelecidos no art. 166 do CPC.

52
Q

Quem pode suspender temporariamente um conciliador ou mediador e em quais circunstâncias?

A

O juiz da causa ou o coordenador do centro de conciliação e mediação pode suspender temporariamente um conciliador ou mediador por até 180 dias em caso de atuação inadequada, com decisão fundamentada e comunicação imediata para início do processo administrativo.

53
Q

O que estabelece o art. 174 do CPC em relação à solução consensual no âmbito administrativo?

A

O art. 174 do CPC estabelece a criação de câmaras de mediação e conciliação por União, Estados, Distrito Federal e Municípios para resolver conflitos no âmbito administrativo.

Estas câmaras podem lidar com conflitos envolvendo órgãos públicos, avaliar pedidos de resolução de conflitos e promover termos de ajustamento de conduta.

54
Q

Como as câmaras de mediação e conciliação tratam os direitos defendidos pela Administração Pública?

A

As câmaras de mediação e conciliação reconhecem que nem todos os direitos defendidos pela Administração Pública são indisponíveis e que, mesmo em casos de direito indisponível, é possível negociar formas e prazos para cumprimento de obrigações.

55
Q

Quais conflitos adicionais as câmaras de mediação e conciliação abordarão?

A

As câmaras de mediação e conciliação também abordarão conflitos coletivos envolvendo a Fazenda Pública.

56
Q

O que esclarece o art. 175 do CPC sobre conciliação e mediação extrajudiciais?

A

O art. 175 do CPC esclarece que a seção destinada à conciliação e à mediação judiciais não exclui outras formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionais ou realizadas por intermédio de profissionais independentes, reguladas pela Lei 13140, sendo as regras do CPC aplicadas apenas no que couber.

57
Q

O que é arbitragem e como ela é regulada?

A

A arbitragem é uma forma antiga e alternativa de solução de conflitos, onde as partes escolhem um terceiro de confiança para resolver o conflito, cuja decisão é obrigatória.

É regulada pela Lei 9307 e aplicável apenas a direitos disponíveis.

58
Q

Como o STJ e o STF veem a arbitragem em relação aos contratos administrativos e ao princípio da inafastabilidade da jurisdição?

A

O STJ admite a arbitragem em contratos administrativos, baseando-se na distinção entre direito público primário e secundário.

O STF considera constitucional a escolha pela arbitragem, não violando o princípio da inafastabilidade da jurisdição.

59
Q

Como o CPC distingue a arbitragem da jurisdição?

A

O CPC parece distinguir a arbitragem da jurisdição, mas a relevância prática dessa distinção é limitada.

A arbitragem está consolidada como uma forma eficaz de solução de conflitos, independente de sua classificação como jurisdição.

60
Q

Qual é a posição do STJ e da doutrina majoritária sobre a natureza jurisdicional da arbitragem?

A

Para o STJ e para a doutrina majoritária, a atividade desenvolvida no âmbito da arbitragem possui natureza jurisdicional, o que torna possível a existência de conflito de competência entre os juízos estatal e arbitral, cabendo ao STJ o seu julgamento.

61
Q

Quais são os principais escopos da jurisdição?

A

Os principais escopos da jurisdição são jurídico, social, educacional e político.

62
Q

O que envolve o escopo jurídico da jurisdição?

A

O escopo jurídico da jurisdição envolve aplicar a vontade do direito ao caso concreto, resolvendo conflitos legais.

63
Q

Qual é o objetivo do escopo social da jurisdição?

A

O escopo social da jurisdição visa proporcionar pacificação social, resolvendo conflitos de maneira que satisfaça as partes no plano fático.

64
Q

Como o escopo educacional da jurisdição contribui para a sociedade?

A

O escopo educacional da jurisdição ensina aos jurisdicionados sobre seus direitos e deveres, utilizando linguagem clara e acessível.

65
Q

Quais são os objetivos do escopo político da jurisdição?

A

O escopo político da jurisdição tem como objetivos fortalecer o Estado através de uma jurisdição eficaz, proteger as liberdades públicas e direitos fundamentais, e incentivar a participação democrática no processo judicial.

66
Q

Como os escopos da jurisdição refletem uma visão moderna da jurisdição?

A

Os escopos da jurisdição refletem uma visão moderna ao não se limitarem apenas à aplicação do direito, abrangendo também a promoção da justiça social, a educação cívica e o fortalecimento da democracia.

67
Q

O que significa o caráter substitutivo da jurisdição?

A

O caráter substitutivo da jurisdição significa que a jurisdição substitui a vontade das partes pela vontade da lei no caso concreto, resolvendo o conflito existente entre elas e proporcionando a pacificação social.

Embora presente em muitas atuações jurisdicionais, não é correto afirmar ser essencial à existência da jurisdição.

68
Q

O que é a lide no contexto da jurisdição?

A

A lide é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. A jurisdição se presta à composição justa da lide, condicionada à necessidade do pretendente ao bem da vida de afastar a resistência criada por outrem.

Assim como o caráter substitutivo, a lide não é essencial à existência da jurisdição.

69
Q

O que estabelece a características da inércia na jurisdição?

A

O princípio da inércia, também chamado de princípio da demanda, estabelece que a movimentação inicial da jurisdição fica condicionada à provocação do interessado.

70
Q

O que caracteriza a definitividade na solução jurisdicional de conflitos?

A

A coisa julgada material é um fenômeno privativo das decisões jurisdicionais.

A definitividade na solução jurisdicional de conflitos significa que a solução é única, definitiva e imutável, considerada derradeira e incontestável para o caso concreto.

71
Q

O que estabelece o princípio da investidura na jurisdição?

A

O princípio da investidura estabelece que o Estado-juiz é o sujeito investido do poder jurisdicional responsável por representar o Estado na busca de uma solução para o caso concreto.

No Brasil, a investidura pode se dar por concurso público, pelo quinto constitucional ou para composição do STF.

72
Q
A
73
Q

O que significa o princípio da indelegabilidade na jurisdição?

A

O princípio da indelegabilidade significa que o Poder Judiciário, tendo recebido a função jurisdicional da Constituição Federal, não pode delegar essa função a outros poderes ou órgãos não pertencentes ao Judiciário.

Internamente, uma vez determinada a competência para uma demanda, o órgão jurisdicional não pode delegar sua função para outro órgão.

74
Q

O que assegura o princípio da inafastabilidade na jurisdição?

A

O princípio da inafastabilidade assegura que o interessado não é obrigado a procurar mecanismos administrativos de solução de conflito e pode buscar a qualquer momento o Poder Judiciário, sem necessidade de esgotar a via administrativa.

Há algumas exceções, como a necessidade de esgotar a via administrativa nas questões que envolvem a justiça desportiva, habeas data e benefícios previdenciários.

74
Q

O que caracteriza o princípio da inevitabilidade na jurisdição?

A

O princípio da inevitabilidade significa que os efeitos jurisdicionais são inevitáveis para as partes envolvidas, independentemente de sua aceitação ou concordância. Uma vez integrada à relação jurídica processual, a parte está automaticamente vinculada e não pode se negar a essa vinculação.

75
Q

Qual é o princípio do juiz natural na jurisdição?

A

O princípio do juiz natural estabelece que ninguém será processado senão pela autoridade competente, escolhida aleatoriamente por regras gerais, abstratas e impessoais de competência.

Não é possível criar um juízo específico após determinados fatos jurídicos para julgá-los (tribunal de exceção).

76
Q

O que impede o princípio do promotor natural na jurisdição?

A

O princípio do promotor natural impede que o Procurador-Geral de Justiça faça designações discricionárias de promotores ad hoc, eliminando a figura do acusador público de encomenda que poderia ser indicado para perseguir o acusado ou assegurar a impunidade de alguém.

76
Q

Qual é a abrangência da jurisdição civil?

A

A jurisdição civil abrange, em tese, todas as matérias que não sejam penais.

77
Q

Qual é a diferença entre jurisdição inferior e superior?

A

A jurisdição inferior é exercida pelo órgão jurisdicional que enfrenta o processo desde o início e tem competência originária para a demanda, enquanto a jurisdição superior é exercida em hipóteses de atuação recursal dos tribunais.

78
Q

O que caracteriza a jurisdição especial?

A

A jurisdição especial é exercida pelas chamadas “justiças especiais”, que são a Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça Militar.

78
Q

O que caracteriza a jurisdição comum?

A

A jurisdição comum abrange tudo que não for de competência das justiças especiais, sendo exercida pela justiça comum.

79
Q

Quais são as características das demandas de jurisdição voluntária?

A

As demandas de jurisdição voluntária têm como característica a obrigatoriedade, exigindo a intervenção do Poder Judiciário para que as partes obtenham o bem da vida pretendido.

Há maior carga de inquisitoriedade atribuída ao juiz, que pode adotar a solução mais conveniente e oportuna (juízo de equidade) sem observar estritamente a legalidade.

A participação do Ministério Público não é obrigatória, dependendo do caso concreto.

80
Q

```

O que caracteriza a jurisdição voluntária?

A

A jurisdição voluntária se caracteriza pela ausência de um conflito de interesses típico, envolvendo a administração de interesses privados sob supervisão judicial.

Parte da doutrina questiona se pode ser considerada jurisdição.

81
Q

Qual é a visão da teoria clássica (administrativista) sobre a natureza jurídica da jurisdição voluntária?

A

A teoria clássica (administrativista) sustenta que o juiz não exerce atividade jurisdicional na jurisdição voluntária, tratando-se de mera administração pública de interesses privados, onde o juiz exerce uma atividade administrativa.

O CESPE segue essa corrente.

82
Q

O que propõe a teoria revisionista (jurisdicionalista) sobre a jurisdição voluntária?

A

A teoria revisionista (jurisdicionalista) propõe que, apesar das particularidades que a distinguem da jurisdição contenciosa, na jurisdição voluntária o juiz efetivamente exerce a atividade jurisdicional.

83
Q

Quais são os argumentos da teoria administrativista sobre a jurisdição voluntária?

A

Os argumentos da teoria administrativista são: inexistência de caráter substitutivo, inexistência de aplicação do direito ao caso concreto, ausência de lide, inexistência de partes (apenas interessados), inexistência de processo (apenas procedimento) e ausência de coisa julgada material.

84
Q

Quais são as observações da corrente jurisdicionalista sobre a jurisdição voluntária?

A

As observações da corrente jurisdicionalista são:
* Substitutividade não é imprescindível para caracterizar a jurisdição.
* O escopo jurídico não se faz presente, mas a jurisdição não se limita a tal escopo.
* Pode haver uma pretensão resistida por exigências legais, mesmo sem lide clássica.
* O conceito de parte não exige antagonismo entre os sujeitos.
* A jurisdição voluntária envolve uma relação jurídica processual com procedimentos em contraditório.
* Modernamente, há reconhecimento de estabilidade nas decisões de mérito da jurisdição voluntária, indicando a existência de coisa julgada material.

85
Q

Como a corrente jurisdicionalista vê a coisa julgada material na jurisdição voluntária?

A

A corrente jurisdicionalista entende que, embora historicamente a jurisdição voluntária não produzisse coisa julgada material, a tendência moderna é reconhecer alguma estabilidade nas decisões para segurança jurídica, sugerindo que decisões de mérito na jurisdição voluntária produzem coisa julgada material.

86
Q

O que é tutela jurisdicional?

A

Tutela jurisdicional refere-se à proteção fornecida pelo Estado, mediante um processo judicial, em resposta à lesão ou ameaça de lesão a um direito material. Foca primariamente nos direitos materiais.

87
Q

Quais são as classificações da tutela jurisdicional com base na espécie de crise jurídica?

A

A tutela jurisdicional pode ser classificada como de conhecimento (meramente declaratória, constitutiva ou condenatória), executiva e cautelar.

88
Q

O que caracteriza a tutela preventiva e a tutela reparatória?

A

A tutela preventiva (inibitória) visa evitar a prática, continuação ou repetição de ato ilícito no futuro.

A tutela reparatória (ressarcitória) visa o restabelecimento patrimonial do sujeito vitimado por um ato ilícito danoso no passado.

89
Q

Qual é a diferença entre tutela específica e tutela pelo equivalente em dinheiro?

A

A tutela específica gera a mesma satisfação que seria obtida com o cumprimento voluntário da obrigação. A tutela pelo equivalente em dinheiro cria um resultado distinto da natureza da obrigação original.

90
Q

Como é dividida a tutela jurisdicional sob o critério das técnicas procedimentais?

A

A tutela jurisdicional é dividida em tutela comum, prestada pelo procedimento comum, e tutela diferenciada, que adota procedimentos e técnicas diferenciadas conforme as exigências concretas para tutelar o direito material.

91
Q

O que é cognição vertical (profundidade) na tutela jurisdicional?

A

Cognição vertical pode ser sumária, onde a tutela é fundada em um juízo de probabilidade; ou exauriente, onde a tutela é fundada em um juízo de certeza.

92
Q

Como se divide o sistema processual de tutela jurisdicional?

A

O sistema processual de tutela jurisdicional pode ser dividido em tutela individual, que protege direitos materiais individuais e é regulamentada pelo CPC e leis específicas; e tutela coletiva, que protege direitos materiais coletivos e pode abranger direitos individuais quando determinado pelo legislador.

93
Q

O que caracteriza a tutela jurisdicional coletiva?

A

A tutela jurisdicional coletiva é adequada para situações onde os direitos individuais estão interligados com interesses da coletividade.

Aplica-se a direitos transindividuais (difusos e coletivos) e individuais homogêneos ou indisponíveis em situações excepcionais, com normas processuais diferenciadas adaptadas para esses direitos.

94
Q

Qual é a relevância da possibilidade de converter uma ação individual em coletiva?

A

A possibilidade de converter uma ação individual em coletiva é discutida quando há relevância social, dificuldade de formação do litisconsórcio, ou quando um conflito de interesse envolve uma relação jurídica plurilateral que exige uma solução uniforme.

Esta questão gerou debates e controvérsias, inclusive levando a vetos no projeto de lei do CPC.