Introdução ao Direito Processual Civil e Normas Fundamentais do Processo Civil Flashcards
O que é o processo na perspectiva do direito processual?
O processo é um complexo de relações jurídicas que instrumentaliza a criação de uma norma jurídica individualizada do caso concreto, sendo um meio para o exercício de um direito ou poder.
Qual a diferença entre processo e procedimento no direito processual civil?
O processo é o complexo de relações jurídicas que instrumentaliza a criação da norma jurídica individualizada, enquanto o procedimento é a exteriorização desse processo, manifestando-se por meio de uma sequência encadeada de atos que levam à decisão de mérito.
Como o processo pode ser compreendido fora do direito processual?
Fora do direito processual, o processo pode ser visto como um caminho ou meio para alcançar algo, sendo um instrumento para o exercício de um direito ou poder, como exemplificado pelo processo legislativo previsto no art. 59 e seguintes da Constituição Federal.
Quais são as quatro fases evolutivas do processo civil?
Praxismo e Sincretismo, Processualismo, Instrumentalismo e Neoprocessualismo.
O que caracteriza a fase de Praxismo e Sincretismo do processo civil?
Nesta fase, o direito processual civil era compreendido apenas em seu aspecto prático, sem preocupação teórica ou cientificidade, sendo visto como um anexo do direito material.
Qual foi o marco para o desenvolvimento da fase de Processualismo no processo civil?
O marco foi a obra de Oskar Von Bülow sobre pressupostos processuais e exceções dilatórias, publicada em 1868, que demonstrou a autonomia do processo frente ao direito material.
O que caracteriza a fase de Instrumentalismo no processo civil?
A fase de Instrumentalismo reconhece a autonomia entre direito processual e direito material, mas destaca a relação circular entre ambos, onde o processo serve ao direito material e é por ele servido.
O que é o Neoprocessualismo e quais são seus marcos?
O Neoprocessualismo, ou formalismo-valorativo, é a fase atual de desenvolvimento do processo civil, fruto do neoconstitucionalismo.
Seus marcos são históricos (pós-segunda guerra), filosóficos (pós-positivismo) e teóricos (força normativa da constituição, expansão da jurisdição constitucional, nova dogmática da interpretação constitucional).
Qual a finalidade do direito processual civil?
Disciplinar a forma pela qual o Estado presta a atividade jurisdicional, que se dá por meio de um processo iniciado a partir do exercício do direito de ação.
Quais são as fontes primárias do direito processual civil?
As fontes primárias são a Constituição Federal, as leis federais, a Lei de Organização Judiciária dos Estados e os tratados e convenções internacionais já internalizados no Brasil.
Como a Constituição Federal atua como fonte do direito processual civil?
A Constituição Federal contém regras processuais, como as competências dos Tribunais Superiores e o processo legislativo, sendo, portanto, uma fonte do direito processual civil.
Qual é a competência da União em relação à legislação processual civil?
Compete privativamente à União legislar sobre direito processual, conforme art. 22, I, da CF/88.
Medidas provisórias não podem criar normas de direito processual.
Como as leis estaduais atuam como fonte do direito processual civil?
As leis estaduais de organização judiciária, conforme art. 125, § 1º, da CF, definem as competências dos tribunais e incluem regras de competência para varas específicas, como as de fazenda pública e recuperação judicial.
Qual a natureza dos tratados e convenções internacionais no direito processual civil brasileiro?
Esses tratados geralmente têm natureza de lei ordinária, mas se forem de direitos humanos, podem ter status de emenda constitucional (art. 5º, § 3º, CF) ou de norma supralegal.
Quais são as fontes secundárias do direito processual civil?
Aanalogia, os costumes e os princípios gerais do direito, aplicáveis quando as fontes primárias não forem suficientes.
De onde o legislador brasileiro se inspirou para a previsão expressa de um rol de normas fundamentais no CPC?
O legislador brasileiro se inspirou no Código de Processo Civil Português de 2013, que estabelece nos seus nove primeiros artigos as disposições e princípios fundamentais.
O rol de normas fundamentais do CPC é exaustivo?
Não, o rol de normas fundamentais apresentado pelo CPC não é exaustivo, conforme o enunciado 369 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC).
Como podem ser classificadas as normas fundamentais do CPC?
As normas fundamentais do CPC podem ser classificadas como normas regras ou normas princípios, conforme o enunciado 370 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC).
O que são os princípios segundo Robert Alexy e como devem ser tratados em um conflito?
Os princípios são considerados normas jurídicas e são mandados de otimização, devendo ser realizados na maior medida possível conforme as possibilidades fáticas e jurídicas existentes.
Em um conflito entre princípios, deve ser feita a ponderação.
Qual é a diferença na resolução de conflitos entre regras e princípios?
Nos conflitos entre princípios, deve-se fazer a ponderação.
Já nos conflitos entre regras, geralmente, aplica-se a subsunção, não havendo ponderação.
Qual é a origem histórica do princípio do devido processo legal?
A origem do princípio do devido processo legal é atribuída à Magna Carta de 1215, que representou um pacto entre o Rei João Sem Terra e os barões ingleses, limitando o poder do soberano.
Como o princípio do devido processo legal deve ser compreendido atualmente?
Atualmente, o devido processo legal é compreendido como um processo justo, desenvolvido em tempo razoável, perante um juízo natural e competente, garantindo participação, cooperação, boa-fé, efetivo contraditório e decisão de mérito fundamentada.
Quais são as dimensões do princípio do devido processo legal?
Possui duas dimensões:
Formal, que se refere à observância das garantias processuais;
Material (ou substancial), que representa o controle judicial de atividades legislativas abusivas e desproporcionais, garantindo normas jurídicas razoáveis e proporcionais.
De onde que o STF entende que são estraídas as máximas da proporcionalidade e razoabilidade?
O STF entende que as máximas da proporcionalidade e razoabilidade são extraídas do caráter substancial do princípio do devido processo legal.
O princípio do devido processo legal aplica-se apenas às relações entre o Estado e particulares?
Não, o princípio do devido processo legal, como direito fundamental, possui eficácia horizontal, aplicando-se também às relações entre particulares, conforme entendimento do STF no julgamento do RE 201.819/RJ e art. 57 do Código Civil.
O que é o princípio do contraditório e onde está previsto?
O princípio do contraditório é um direito fundamental previsto em uma cláusula geral (art. 5º, LV, da CF/88), derivado da cláusula geral do devido processo legal, garantindo o direito de ambas as partes de reagirem, participarem e influenciarem no processo.
Quais são os 3 importantes sentidos do princípio do contraditório?
Os três importantes sentidos do princípio do contraditório são:
- Reação: direito de se insurgir a uma demanda.
- Participação: direito de apresentar resposta, interpor recurso, produzir provas, etc.
- Influência: poder de influir na decisão de mérito.
O que representa a dimensão formal do princípio do contraditório?
A dimensão formal do princípio do contraditório corresponde ao direito de participação, como apresentar resposta formal, ter prazo razoável para responder, interpor recurso, produzir provas e ser cientificado dos atos processuais.
O que representa a dimensão material do princípio do contraditório?
A dimensão material do princípio do contraditório refere-se ao poder de influência, onde as partes devem ter a oportunidade de influenciar a decisão de mérito, garantindo que a decisão seja democrática e fundamentada nas contribuições das partes.
Qual artigo do CPC proíbe decisões contra uma parte sem sua prévia oitiva e quais são as exceções?
O art. 9º do CPC proíbe decisões contra uma parte sem sua prévia oitiva, com exceções para tutela provisória de urgência, tutelas de evidência (art. 311, incisos II e III), e decisões de ação monitória (art. 701).
O que estabelece o art. 10 do CPC em relação ao contraditório?
O art. 10 do CPC estabelece que o juiz não pode decidir com base em fundamento não discutido pelas partes, evitando decisões surpresa e garantindo que os fundamentos da decisão de mérito sejam submetidos ao contraditório.
Qual a exceção à necessidade de prévia manifestação das partes em caso de prescrição ou decadência?
A exceção está no julgamento de improcedência liminar do pedido (art. 332, § 1º, do CPC), onde o juiz pode proferir sentença sem prévia manifestação da parte autora, conforme parágrafo único do art. 487 do CPC.
Qual é a controvérsia doutrinária em relação ao art. 10 do CPC e os casos de improcedência liminar do pedido?
A controvérsia é que parte da doutrina acredita que todas as hipóteses do art. 332 do CPC não se submetem à observância do art. 10, pois o recurso de apelação seria a oportunidade para a parte se manifestar, mas esse entendimento pode não se alinhar ao espírito do novo CPC.
Qual é a relação entre o princípio do contraditório e o princípio da ampla defesa?
O princípio do contraditório é o direito de participação e o poder de influência no processo, enquanto a ampla defesa é a concretização empírica desse princípio, representando a efetiva participação e influência das partes.
Quando foi instituído o princípio da razoável duração do processo e onde está previsto?
O princípio da razoável duração do processo foi instituído pela EC 45 e está previsto no art. 5º, LXXVIII, da CF/88 e no art. 4º do CPC.
Qual é a diferença entre o princípio da razoável duração do processo e o princípio da celeridade?
O princípio da razoável duração do processo não se confunde com o princípio da celeridade.
O primeiro exige que o processo se desenvolva em tempo razoável, enquanto o segundo enfatiza a rapidez processual.
A quem se dirige o princípio da razoável duração do processo e qual o papel do juiz nesse contexto?
O princípio da razoável duração do processo se dirige a todos os atores do processo. O juiz, conforme art. 139, II, do CPC, deve velar pela razoável duração do processo, garantindo que ele se desenvolva dentro de um tempo necessário e adequado.