Introdução ao Direito Processual Civil e Normas Fundamentais do Processo Civil Flashcards

1
Q

O que é o processo na perspectiva do direito processual?

A

O processo é um complexo de relações jurídicas que instrumentaliza a criação de uma norma jurídica individualizada do caso concreto, sendo um meio para o exercício de um direito ou poder.

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2
Q

Qual a diferença entre processo e procedimento no direito processual civil?

A

O processo é o complexo de relações jurídicas que instrumentaliza a criação da norma jurídica individualizada, enquanto o procedimento é a exteriorização desse processo, manifestando-se por meio de uma sequência encadeada de atos que levam à decisão de mérito.

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3
Q

Como o processo pode ser compreendido fora do direito processual?

A

Fora do direito processual, o processo pode ser visto como um caminho ou meio para alcançar algo, sendo um instrumento para o exercício de um direito ou poder, como exemplificado pelo processo legislativo previsto no art. 59 e seguintes da Constituição Federal.

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4
Q

Quais são as quatro fases evolutivas do processo civil?

A

Praxismo e Sincretismo, Processualismo, Instrumentalismo e Neoprocessualismo.

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5
Q

O que caracteriza a fase de Praxismo e Sincretismo do processo civil?

A

Nesta fase, o direito processual civil era compreendido apenas em seu aspecto prático, sem preocupação teórica ou cientificidade, sendo visto como um anexo do direito material.

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6
Q

Qual foi o marco para o desenvolvimento da fase de Processualismo no processo civil?

A

O marco foi a obra de Oskar Von Bülow sobre pressupostos processuais e exceções dilatórias, publicada em 1868, que demonstrou a autonomia do processo frente ao direito material.

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7
Q

O que caracteriza a fase de Instrumentalismo no processo civil?

A

A fase de Instrumentalismo reconhece a autonomia entre direito processual e direito material, mas destaca a relação circular entre ambos, onde o processo serve ao direito material e é por ele servido.

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8
Q

O que é o Neoprocessualismo e quais são seus marcos?

A

O Neoprocessualismo, ou formalismo-valorativo, é a fase atual de desenvolvimento do processo civil, fruto do neoconstitucionalismo.

Seus marcos são históricos (pós-segunda guerra), filosóficos (pós-positivismo) e teóricos (força normativa da constituição, expansão da jurisdição constitucional, nova dogmática da interpretação constitucional).

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9
Q

Qual a finalidade do direito processual civil?

A

Disciplinar a forma pela qual o Estado presta a atividade jurisdicional, que se dá por meio de um processo iniciado a partir do exercício do direito de ação.

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10
Q

Quais são as fontes primárias do direito processual civil?

A

As fontes primárias são a Constituição Federal, as leis federais, a Lei de Organização Judiciária dos Estados e os tratados e convenções internacionais já internalizados no Brasil.

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11
Q

Como a Constituição Federal atua como fonte do direito processual civil?

A

A Constituição Federal contém regras processuais, como as competências dos Tribunais Superiores e o processo legislativo, sendo, portanto, uma fonte do direito processual civil.

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12
Q

Qual é a competência da União em relação à legislação processual civil?

A

Compete privativamente à União legislar sobre direito processual, conforme art. 22, I, da CF/88.

Medidas provisórias não podem criar normas de direito processual.

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13
Q

Como as leis estaduais atuam como fonte do direito processual civil?

A

As leis estaduais de organização judiciária, conforme art. 125, § 1º, da CF, definem as competências dos tribunais e incluem regras de competência para varas específicas, como as de fazenda pública e recuperação judicial.

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14
Q

Qual a natureza dos tratados e convenções internacionais no direito processual civil brasileiro?

A

Esses tratados geralmente têm natureza de lei ordinária, mas se forem de direitos humanos, podem ter status de emenda constitucional (art. 5º, § 3º, CF) ou de norma supralegal.

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15
Q

Quais são as fontes secundárias do direito processual civil?

A

Aanalogia, os costumes e os princípios gerais do direito, aplicáveis quando as fontes primárias não forem suficientes.

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16
Q

De onde o legislador brasileiro se inspirou para a previsão expressa de um rol de normas fundamentais no CPC?

A

O legislador brasileiro se inspirou no Código de Processo Civil Português de 2013, que estabelece nos seus nove primeiros artigos as disposições e princípios fundamentais.

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17
Q

O rol de normas fundamentais do CPC é exaustivo?

A

Não, o rol de normas fundamentais apresentado pelo CPC não é exaustivo, conforme o enunciado 369 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC).

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18
Q

Como podem ser classificadas as normas fundamentais do CPC?

A

As normas fundamentais do CPC podem ser classificadas como normas regras ou normas princípios, conforme o enunciado 370 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC).

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19
Q

O que são os princípios segundo Robert Alexy e como devem ser tratados em um conflito?

A

Os princípios são considerados normas jurídicas e são mandados de otimização, devendo ser realizados na maior medida possível conforme as possibilidades fáticas e jurídicas existentes.

Em um conflito entre princípios, deve ser feita a ponderação.

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20
Q

Qual é a diferença na resolução de conflitos entre regras e princípios?

A

Nos conflitos entre princípios, deve-se fazer a ponderação.

Já nos conflitos entre regras, geralmente, aplica-se a subsunção, não havendo ponderação.

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21
Q

Qual é a origem histórica do princípio do devido processo legal?

A

A origem do princípio do devido processo legal é atribuída à Magna Carta de 1215, que representou um pacto entre o Rei João Sem Terra e os barões ingleses, limitando o poder do soberano.

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22
Q

Como o princípio do devido processo legal deve ser compreendido atualmente?

A

Atualmente, o devido processo legal é compreendido como um processo justo, desenvolvido em tempo razoável, perante um juízo natural e competente, garantindo participação, cooperação, boa-fé, efetivo contraditório e decisão de mérito fundamentada.

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23
Q

Quais são as dimensões do princípio do devido processo legal?

A

Possui duas dimensões:

Formal, que se refere à observância das garantias processuais;

Material (ou substancial), que representa o controle judicial de atividades legislativas abusivas e desproporcionais, garantindo normas jurídicas razoáveis e proporcionais.

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24
Q

De onde que o STF entende que são estraídas as máximas da proporcionalidade e razoabilidade?

A

O STF entende que as máximas da proporcionalidade e razoabilidade são extraídas do caráter substancial do princípio do devido processo legal.

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25
Q

O princípio do devido processo legal aplica-se apenas às relações entre o Estado e particulares?

A

Não, o princípio do devido processo legal, como direito fundamental, possui eficácia horizontal, aplicando-se também às relações entre particulares, conforme entendimento do STF no julgamento do RE 201.819/RJ e art. 57 do Código Civil.

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26
Q

O que é o princípio do contraditório e onde está previsto?

A

O princípio do contraditório é um direito fundamental previsto em uma cláusula geral (art. 5º, LV, da CF/88), derivado da cláusula geral do devido processo legal, garantindo o direito de ambas as partes de reagirem, participarem e influenciarem no processo.

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27
Q

Quais são os 3 importantes sentidos do princípio do contraditório?

A

Os três importantes sentidos do princípio do contraditório são:

  • Reação: direito de se insurgir a uma demanda.
  • Participação: direito de apresentar resposta, interpor recurso, produzir provas, etc.
  • Influência: poder de influir na decisão de mérito.
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28
Q

O que representa a dimensão formal do princípio do contraditório?

A

A dimensão formal do princípio do contraditório corresponde ao direito de participação, como apresentar resposta formal, ter prazo razoável para responder, interpor recurso, produzir provas e ser cientificado dos atos processuais.

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29
Q

O que representa a dimensão material do princípio do contraditório?

A

A dimensão material do princípio do contraditório refere-se ao poder de influência, onde as partes devem ter a oportunidade de influenciar a decisão de mérito, garantindo que a decisão seja democrática e fundamentada nas contribuições das partes.

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30
Q

Qual artigo do CPC proíbe decisões contra uma parte sem sua prévia oitiva e quais são as exceções?

A

O art. 9º do CPC proíbe decisões contra uma parte sem sua prévia oitiva, com exceções para tutela provisória de urgência, tutelas de evidência (art. 311, incisos II e III), e decisões de ação monitória (art. 701).

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31
Q

O que estabelece o art. 10 do CPC em relação ao contraditório?

A

O art. 10 do CPC estabelece que o juiz não pode decidir com base em fundamento não discutido pelas partes, evitando decisões surpresa e garantindo que os fundamentos da decisão de mérito sejam submetidos ao contraditório.

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32
Q

Qual a exceção à necessidade de prévia manifestação das partes em caso de prescrição ou decadência?

A

A exceção está no julgamento de improcedência liminar do pedido (art. 332, § 1º, do CPC), onde o juiz pode proferir sentença sem prévia manifestação da parte autora, conforme parágrafo único do art. 487 do CPC.

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33
Q

Qual é a controvérsia doutrinária em relação ao art. 10 do CPC e os casos de improcedência liminar do pedido?

A

A controvérsia é que parte da doutrina acredita que todas as hipóteses do art. 332 do CPC não se submetem à observância do art. 10, pois o recurso de apelação seria a oportunidade para a parte se manifestar, mas esse entendimento pode não se alinhar ao espírito do novo CPC.

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34
Q

Qual é a relação entre o princípio do contraditório e o princípio da ampla defesa?

A

O princípio do contraditório é o direito de participação e o poder de influência no processo, enquanto a ampla defesa é a concretização empírica desse princípio, representando a efetiva participação e influência das partes.

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35
Q

Quando foi instituído o princípio da razoável duração do processo e onde está previsto?

A

O princípio da razoável duração do processo foi instituído pela EC 45 e está previsto no art. 5º, LXXVIII, da CF/88 e no art. 4º do CPC.

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36
Q

Qual é a diferença entre o princípio da razoável duração do processo e o princípio da celeridade?

A

O princípio da razoável duração do processo não se confunde com o princípio da celeridade.

O primeiro exige que o processo se desenvolva em tempo razoável, enquanto o segundo enfatiza a rapidez processual.

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37
Q

A quem se dirige o princípio da razoável duração do processo e qual o papel do juiz nesse contexto?

A

O princípio da razoável duração do processo se dirige a todos os atores do processo. O juiz, conforme art. 139, II, do CPC, deve velar pela razoável duração do processo, garantindo que ele se desenvolva dentro de um tempo necessário e adequado.

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38
Q

Como o princípio da razoável duração do processo pode ser inferido no CPC?

A

Pode ser visto na previsão de tutelas provisórias, julgamento de improcedência liminar do pedido, julgamento antecipado parcial do mérito e procedimentos especiais.

39
Q

Onde está previsto o princípio da publicidade dos atos processuais?

A

O princípio da publicidade dos atos processuais está previsto no art. 93, IX, da CF/88 e reafirmado pelos arts. 8º e 11 do CPC.

40
Q

Qual é a finalidade da publicidade dos atos processuais?

A

Serve para fomentar a supremacia do interesse público, permitindo o controle e fiscalização pela sociedade e garantindo a imparcialidade do julgador.

41
Q

Quais são as duas garantias reveladas pelo princípio da publicidade dos atos processuais?

A

O princípio da publicidade dos atos processuais garante:

  • o controle e fiscalização da sociedade sobre os atos do poder público, especialmente da atividade jurisdicional
  • a imparcialidade do julgador.
42
Q

O princípio da publicidade dos atos processuais é absoluto?

A

Não, o princípio da publicidade dos atos processuais comporta mitigações conforme o art. 189 do CPC, incluindo casos que exigem o interesse público ou social, processos sobre casamento, separação, filiação, alimentos, guarda de crianças e adolescentes, dados protegidos pelo direito à intimidade e arbitragem.

43
Q

O que o art. 367, §§ 5º e 6º, do CPC prevê em relação à publicidade dos atos processuais?

A

O art. 367, §§ 5º e 6º, do CPC, prevê que a audiência pode ser integralmente gravada em imagem e áudio, em meio digital ou analógico, assegurando rápido acesso às partes e órgãos julgadores, sem necessidade de autorização judicial.

44
Q

Onde está previsto o princípio da motivação (ou fundamentação) das decisões judiciais?

A

O princípio da motivação das decisões judiciais está previsto no art. 93, IX e X, da CF/88 e reafirmado pelo art. 11 do CPC.

45
Q

Quais são as duas garantias reveladas pelo princípio da motivação das decisões judiciais?

A

O princípio da motivação das decisões judiciais garante:

  • a fiscalização da sociedade em geral
  • o exercício do duplo grau de jurisdição, permitindo que as partes conheçam as razões das decisões judiciais.
46
Q

Qual é a consequência de uma decisão judicial não fundamentada, conforme o CPC?

A

Segundo o art. 11 do CPC, todas as decisões devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade.

47
Q

Quais exemplos prevê o art. 489, § 1º, do CPC como sendo de decisões judiciais não fundamentadas?

A

Quando se limita à reprodução de ato normativo sem explicar sua relação com a causa

Quando emprega conceitos indeterminados sem explicação concreta.

Quando invoca motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão.

Quando não enfrenta todos os argumentos do processo.

Quando se limita a invocar jurisprudência, precedente ou enunciado de súmula, ou deixar de seguir estes, sem demonstrar a distinção no caso.

48
Q

Onde está previsto o princípio da isonomia no CPC e na Constituição Federal?

A

O princípio da isonomia está previsto no art. 7º do CPC e decorre do princípio da igualdade, previsto no art. 5º, caput, da CF.

49
Q

Qual é a obrigação do juiz em relação ao princípio da isonomia segundo o CPC?

A

Segundo o art. 139, inciso I, do CPC, o juiz deve velar pelo tratamento igualitário das partes, buscando uma igualdade material.

50
Q

Como se concretiza o princípio da isonomia no processo civil?

A

O princípio da isonomia se concretiza, por exemplo, na dilação de prazos processuais e na concessão de prazo em dobro para o Ministério Público, Fazenda Pública, Defensoria Pública e litisconsortes com advogados distintos de escritórios de advocacia distintos.

51
Q

O que significa “igualdade material” na visão aristotélica aplicada ao processo civil?

A

Igualdade material significa tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual na medida de suas desigualdades, buscando a “paridade de armas” no processo.

52
Q

Onde está consagrado o princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário (acesso à justiça)?

A

O princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário está consagrado no inciso XXXV do art. 5º da CF/88 e reproduzido no art. 3º do CPC.

53
Q

O que estabelece o princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário?

A

Estabelece que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

54
Q

O princípio da inafastabilidade impede as partes de elegerem um juízo arbitral?

A

Não, o princípio da inafastabilidade não impede as partes de elegerem um juízo arbitral ou de buscarem outras formas de solução de conflitos, como a conciliação e a mediação.

55
Q

O que foi identificado por Mauro Cappelletti em relação à evolução do acesso à justiça?

A

Mauro Cappelletti identificou três grandes ondas renovatórias do acesso à justiça: (1) fim dos entraves financeiros, (2) acesso à justiça pela coletividade, e (3) busca por maior efetividade do processo.

56
Q

O que caracteriza a primeira onda renovatória do acesso à justiça?

A

A primeira onda renovatória está relacionada ao fim dos entraves financeiros, exemplificada pela Lei da Gratuidade de Justiça (Lei 1060) e pela criação da Defensoria Pública.

57
Q

O que caracteriza a segunda onda renovatória do acesso à justiça?

A

A segunda onda renovatória refere-se ao acesso à justiça pela coletividade, com leis como a Lei da Ação Popular (Lei 4717), a Lei da Ação Civil Pública (Lei 7347) e o CDC.

58
Q

O que caracteriza a terceira onda renovatória do acesso à justiça?

A

A terceira onda renovatória busca maior efetividade do processo, exemplificada pela Lei 11232 (fase de cumprimento das sentenças) e pela Lei dos Juizados Especiais (Lei 9099).

59
Q

Quais são as três mitigações ao princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário?

A

As três mitigações são: (1) lides desportivas (esgotamento da via administrativa desportiva), (2) habeas data (demonstração de requisitos na petição), e (3) ações previdenciárias (prévio requerimento administrativo).

60
Q

O princípio do duplo grau de jurisdição possui previsão constitucional?

A

Não, o princípio do duplo grau de jurisdição não possui previsão constitucional e não é um direito fundamental previsto na CF/88, mas há quem defenda que está previsto implicitamente.

61
Q

O que garante o princípio do duplo grau de jurisdição?

A

O princípio do duplo grau de jurisdição garante que a parte não fique vinculada apenas a uma única decisão, permitindo que a decisão seja revista por outro órgão jurisdicional.

62
Q

Qual é o objetivo do princípio do duplo grau de jurisdição?

A

O objetivo é evitar a concentração de poder nas mãos de um único órgão julgador e permitir a revisão da decisão por outro órgão jurisdicional, exercendo controle interno da atividade jurisdicional pelo próprio Poder Judiciário.

63
Q

O princípio do duplo grau de jurisdição impõe que todas as decisões sejam suscetíveis de recurso?

A

Não.

Por exemplo, despachos de mero expediente são irrecorríveis e nem todas as decisões interlocutórias estão sujeitas ao agravo de instrumento.

64
Q

O que estabelece o art. 6º do CPC sobre o princípio da cooperação?

A

Estabelece que todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para obter, em tempo razoável, uma decisão de mérito justa e efetiva.

65
Q

Quais são os três tipos de sistemas de estruturação do processo em relação ao princípio da cooperação?

A

Os três tipos de sistemas são: adversarial, inquisitorial e cooperativo.

66
Q

Como é caracterizado o sistema adversarial?

A

No sistema adversarial, o processo é visto como uma disputa entre autor e réu, com o juiz como um terceiro imparcial passivo, decidindo o conflito sem iniciativa própria, predominando o princípio dispositivo (art. 2o do CPC).

67
Q

Como é caracterizado o sistema inquisitorial?

A

No sistema inquisitorial, o juiz tem interesse na solução do conflito e pode agir de ofício, predominando o princípio inquisitivo.

Exemplos incluem a determinação de produção de provas pelo juiz, mesmo sem requerimento das partes (art. 370 do CPC).

68
Q

Como é caracterizado o sistema cooperativo?

A

No sistema cooperativo, todos os atores do processo, inclusive o juiz, devem cooperar e participar ativamente com boa-fé para a construção do resultado mais justo, efetivo e tempestivo possível, redimensionando o princípio do contraditório.

69
Q

Quais são os 4 importantes deveres que concretizam o princípio da cooperação?

A

Dever de esclarecimento e consulta, dever de prevenção, dever de lealdade e dever de proteção.

70
Q

O que implica o dever de esclarecimento e consulta no princípio da cooperação?

A

Implica que se o juiz tiver dúvida sobre algum ponto do processo ou fato alegado pelas partes, ele deve intimar a parte para esclarecimento, ao invés de simplesmente desconsiderar a questão.

71
Q

O que implica o dever de prevenção no princípio da cooperação?

A

Implica que os atores do processo devem buscar sanar vícios processuais e evitar decisões de extinção prematura do processo, garantindo que o processo marche para a resolução do mérito.

72
Q

O que implica o dever de lealdade no princípio da cooperação?

A

O dever de lealdade proíbe a litigância de má-fé, conforme os artigos 79 a 81 do CPC, exigindo que as partes ajam com honestidade e boa-fé no curso do processo.

73
Q

O que implica o dever de proteção no princípio da cooperação?

A

O dever de proteção implica que as partes devem evitar causar prejuízos à parte contrária.

Concretiza-se na revisão de responsabilidade objetiva (teoria do risco-proveito) do exequente caso, após a prática de atos constritivos, sobrevier decisão reformadora do título ou extintiva do processo executivo ou da fase de cumprimento de sentença (art. 520, I e 776 do CPC).

74
Q

O que é a boa-fé processual e onde está prevista?

A

A boa-fé processual é uma norma de conduta que impõe a todos os participantes do processo um comportamento leal, ético e probo, prevista no art. 5º do CPC.

75
Q

Quais são as funções do princípio da boa-fé processual?

A

Função interpretativa, função integrativa e função limitadora (ou de controle).

76
Q

O que implica a função interpretativa do princípio da boa-fé processual?

A

A função interpretativa exige que as manifestações das partes e decisões judiciais sejam interpretadas de acordo com a boa-fé, conforme art. 322, § 2o e art. 489, § 3º do CPC.

77
Q

O que implica a função integrativa do princípio da boa-fé processual?

A

A função integrativa refere-se à norma de conduta imposta aos atores do processo em suas relações, exigindo comportamento leal e probo, conforme o art. 5º do CPC.

78
Q

O que implica a função limitadora (ou de controle) do princípio da boa-fé processual?

A

A função limitadora proíbe o abuso do direito, considerando tal comportamento violador da boa-fé processual e sujeitando a parte a sanções, como previstas no art. 311, I, do CPC.

79
Q

O que prevê o art. 79 do CPC em relação à litigância de má-fé?

A

O art. 79 do CPC prevê que quem litiga de má-fé responde por perdas e danos, e o art. 80 elenca hipóteses de litigância de má-fé, como deduzir pretensão contra texto expresso de lei ou alterar a verdade dos fatos.

80
Q

O que é a proibição de criação dolosa de posições jurídicas no princípio da boa-fé processual?

A

Proíbe que uma parte crie dolosamente uma situação jurídica desfavorável à outra parte, como forçar a citação por edital de alguém cujo endereço é conhecido, conforme art. 258 do CPC.

81
Q

O que implica a responsabilidade pessoal e regressiva do juiz?

A

O juiz que age com dolo ou fraude responde pessoalmente e regressivamente pelos danos causados à parte, assim como o Ministério Público, Advogado Público e Defensor Público quando agem com dolo ou fraude (arts. 181, 184 e 187 do CPC).

82
Q

O que significa a vedação de comportamento contraditório (venire contra factum proprium) no princípio da boa-fé processual?

A

Veda comportamentos contraditórios que criem expectativas legítimas e depois surpreendam negativamente a outra parte, como não poder requerer nulidade de um ato que a própria parte causou (art. 276 e art. 1.000 do CPC).

83
Q

O que se entende por nulidade de algibeira?

A

Nulidade de algibeira é quando uma parte, ao invés de alegar uma nulidade na primeira oportunidade nos autos, guarda a alegação para invocá-la no momento mais conveniente. Este comportamento viola o princípio da boa-fé processual, tanto no âmbito cível quanto no criminal, conforme entendimento do STF e STJ.

84
Q

O que estabelece o princípio da adequação do procedimento no processo civil?

A

Estabelece que o processo deve ser adequado às peculiaridades da causa, permitindo ao juiz flexibilizar o procedimento, incluindo a dilação de prazos processuais e a alteração da ordem de produção dos meios de prova, conforme o art. 139, VI, do CPC.

85
Q

Quando pode o juiz determinar a dilação do prazo processual conforme o CPC?

A

Antes de encerrado o prazo regular, conforme o parágrafo único do art. 139 do CPC.

86
Q

Quem são os destinatários do princípio da adequação do procedimento além do juiz?

A

lém do juiz, os destinatários do princípio da adequação do procedimento são o legislador e as próprias partes.

87
Q

Como o legislador aplica o princípio da adequação do procedimento?

A

O legislador aplica o princípio da adequação criando procedimentos adequados à realidade e peculiaridades dos destinatários, como a Lei 9099 para causas menos complexas. Como as partes podem aplicar o princípio da adequação do procedimento?

88
Q

Como as partes podem aplicar o princípio da adequação do procedimento?

A

As partes podem adequar o procedimento às suas peculiaridades mediante a celebração de negócio jurídico processual atípico (art. 190, CPC) e convenção sobre a distribuição do ônus da prova (art. 373, § 3º, CPC), exceto quando recair sobre direito indisponível ou tornar excessivamente difícil o exercício do direito.

89
Q

O que estabelece o art. 12 do CPC sobre a ordem cronológica?

A

O art. 12 do CPC estabelece que juízes e tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão, mas essa regra não se aplica a decisões interlocutórias e despachos.

90
Q

Qual é o princípio orientador da regra da ordem cronológica no CPC?

A

É o da isonomia, que garante tratamento isonômico às partes e evita a escolha de processos por conveniência.

91
Q

Pode o negócio jurídico processual afastar a regra da ordem cronológica?

A

Não, o negócio jurídico processual não pode dispor sobre a ordem cronológica de conclusão do processo, pois é uma norma de interesse público, e sua modificação prejudicaria as partes dos demais processos.

92
Q

A ordem cronológica é uma regra absoluta no CPC?

A

Não, a ordem cronológica não é uma regra absoluta. O § ºo do art. 12 do CPC estabelece várias mitigações, como sentenças proferidas em audiência, julgamentos de processos em bloco, recursos repetitivos, e causas urgentes.

93
Q

A inobservância da ordem cronológica gera nulidade da sentença?

A

Não, a inobservância da ordem cronológica não gera nulidade da sentença, pois não há prejuízo às partes envolvidas. O desrespeito à ordem cronológica pode ser apurado no plano disciplinar/correcional.

94
Q

Quais são algumas exclusões à regra da ordem cronológica, conforme o § 2º do art. 12 do CPC?

A

Algumas exclusões incluem: sentenças em audiência, julgamentos em bloco de tese jurídica, recursos repetitivos, decisões baseadas nos arts. 485 e 932, embargos de declaração, agravo interno, preferências legais, metas do CNJ, processos criminais e causas urgentes.