Intestinos delgado e grosso Flashcards

1
Q

V ou F: todo paciente com DII deve receber tromboprofilaxia medicamentosa.

A

VERDADEIRO! Independentemente do fator causal que o fez internar, devido ao alto risco tromboembólico.

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2
Q

Como a metabolização das tiopurinas predispõe a efeitos adversos?

A

A AZATIOPRINA (AZA) e a 6-MERCAPTOPURINA (6-MP) são imunomoduladores da classe das TIOPURINAS. A AZA é um pró-fármaco que é metabolizado em 6-MP e depois é transformada a em vários metabólitos, como a 6-tioguanina (6-TG) e a 6-metilmercaptopurina (6-MMP), após ação da enzima tiopurina 8-metiltransferase (TPMT).

O nível de ATIVIDADE DA ENZIMA TPMT determina o metabólito acumulado e o predispõe a um efeito adverso:

  • Atividade BAIXA ou AUSENTE → acúmulo de 6-TG → MIELOSSUPRESSÃO (principalmente leucopenia);
  • Atividade EXCESSIVA → acúmulo de 6-MMP → HEPATOTOXICIDADE.

📌 O uso de ALOPURINOL consegue REDUZIR A HEPATOTOXICIDADE por desviar o metabolismo para produção de 6-TG ao invés de 6-MMP.

📌 Outros efeitos adversos (como pancreatite) ocorrem de maneira não relacionada aos níveis elevados de 6-TG ou 6-MMP.

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3
Q

Sobre os imunobiológicos usados nas DII:

  • Quais são as classes de cada um?
  • Qual é mais seletivo pelo TGI?
  • Qual causa maior reativação de TB latente?
A

As medicações ANTI-TNF são as de maior risco de REATIVAÇÃO DE TB. São exemplo: ADALIMUMAMBE, INFLIXIMABE (estas duas as de maior risco), ETARNECEPTE, CERTOLIZUMABE e GOLIMUMABE.

📌 Os anti-TNF são a classe de imunobiológicos de escolha para as manifestações extraintestinais das DII.

Outras classes:

  • USTEQUINUMABE → anti-INTERLEUCINA 12 e 23;
  • VEDOLIZUMABE → anti-INTEGRINA → é o mais SELETIVO DO TGI, fato que reduz efeito adversos extraintestinais (ex: reativação de TB e neoplasias);
  • TOFACITINIBE → inibidor da JAK.
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4
Q

Qual é a fisiopatologia da doença ulcerosa péptica?

A

Antes, vamos falar sobre como acontece o funcionamento normal: a acidez estomacal tem três vias de estímulo para produção (gastrina, histamina e nervo vago) e a proteção do órgão é conferida através da produção de muco e HCO3 estimulada por prostaglandinas geradas pela COX (principalmente COX-1).

A GASTRINA é produzida pelas CÉLULAS G no ANTRO do estômago. Também no ANTRO estão as CÉLULAS D, que produzem SOMATOSTATINA, capaz de CONTRAPOR O ESTÍMULO DA GASTRINA sobre as células parietais produtoras de ácido (estas estão localizadas no corpo e no fundo).

Assim, entendemos os dois principais agentes causais da doença ulcerosa péptica:

  1. Infecção pelo H. PYLORI, pode causar por dos mecanismos:
  • Quando infecta o ANTRO, INIBE AS CÉLULAS D, causando um efeito permissivo sobre as células G → causa uma HIPERCLORIDRIA;
  • Quando infecta de maneira DIFUSA o estômago, causa uma ATROFIA do órgão, PREJUDICANDO O TURNOVER celular (que deve ser alto devido à agressão ácida) → neste caso, é vista HIPOCLORIDRIA.

📌 É por isso que as úlceras tipo I (pequena curvatura) e IV (junção esôfago-gástrica) são hipoclorídricas, pois não afetam primordialmente as células D (localizadas principalmente no antro para frente).

  1. Uso de AINEs → prejudica atividade da COX, reduzindo as barreiras anti-ácidas naturais.
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5
Q

Qual é a classificação das úlceras pépticas de acordo com a sua localização?

A

As úlceras gástricas do tipo I e IV se associam a hipocloridria, e ambas estão situadas na pequena curvatura menor.

Já a II e III se devem a hipercloridria, de modo que a cirurgia de correção, se indicada, normalmente envolve vagotomia troncular e antrectomia.

I - Pequena curvatura baixa → tipo mais comum;
II - Corpo → associada a úlcera duodenal;
III - Pré-pilórica → é a de maior risco para evoluir com obstrução;
IV - Junção esôfago-gástrica.

📌 Lembre-se que, na realidade, a úlcera péptica duodenal é a mais prevalente. O clássico é que ela cause dor mais intensa de madrugada (23h-2h), quando o pH do duodeno está mais baixo, e entre as refeições.

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6
Q

Como é feito o tratamento cirúrgico das úlceras pépticas?

A

Nas úlceras pépticas, a cirurgia está indicada em casos de REFRATARIEDADE ao tratamento clínico e de COMPLICAÇÕES (PERFURAÇÃO, HEMORRAGIA e obstrução).

Conceito básico: hipercloridria demanda vagotomia para reduzir a produção ácida. Lembrando que as úlceras pépticas com HIPERCLORIDRIA são a DUODENAL e as GÁSTRICAS TIPO II E III, sendo abordadas da seguinte forma:

  • Duodenal → vagotomia + antrectomia;
  • Gástrica tipo II ou III → vagotomia + retirada da porção do estômago que contém a úlcera.

Já as hipoclorídricas (gástricas tipo I e IV) necessitam apenas de retirada da porção do estômago que contém a úlcera, sem vagotomia.

📌 Porém, em casos graves (como perfuração ou em pacientes com alto risco cirúrgico), fazemos o procedimento de Graham → ulcerorrafia + fortalecimento com omento. Posteriormente o tratamento cirúrgico definitivo é feito.

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7
Q

Quais são as indicações de erradicação do H. pylori? E como ela é feita?

A

A simples presença da infecção ativa pelo H. pylori NÃO é suficiente para indicar a sua erradicação. As indicações são:

  • Linfoma MALT de baixo grau;
  • Pós-operatório de câncer gástrico (parcial);
  • Gastrite crônica;
  • Úlcera péptica;
  • Dispepsia funcional.

📌 NÃO devemos tratar pacientes simplesmente com infecção pelo H. pylori e DRGE!

Como a dispepsia funcional é uma indicação e ela é um diagnóstico de exclusão, chegamos à conclusão de que TODOS OS PACIENTES COM DISPEPSIA DEVEM SER INVESTIGADOS PARA INFECÇÃO POR H. PYLORI (isso é relativamente novo).

Mas, não confunda conceitos → a EDA na dispepsia só está indicada se ≥ 40-45 anos, sinal de alarme ou refratariedade ao tratamento com IBP. Caso não tenhamos indicação de EDA, a investigação do H. pylori deve ser feita através de testes não invasivos (ureia respiratória, antígeno fecal e sorologia). Lembrando que os testes feitos via EDA são teste da urease, exame histológico e cultura.

Se a testagem for negativa, realizaremos o tratamento de dispepsia funcional → 8 semanas de IBP.

Mas, se for positiva → 14 DIAS de AMOXICILINA 1g + CLARITROMICINA 500mg + OMEPRAZOL 20mg BID.

📌 Na úlcera gástrica devemos estender o IBP por 4 a 8 semanas e repetir a EDA para descartar malignidade.

Após 4 semanas do fim do tratamento e com 2 semanas de IBP suspenso fazemos o controle de cura, preferencialmente com os métodos não-invasivos (exceto a sorologia) ou com invasivos caso a EDA seja necessária (vide citado acima na úlcera gástrica).

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8
Q

Se o paciente falhar com o esquema padrão de erradicação de H. pylori, o que fazer?

A

Provavelmente a bactéria está com resistência a macrolídeos. Portanto, trocamos CLARITROMICINA POR LEVOFLOXACINO.

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9
Q

Na HDA, qual é o melhor escore para estratificação de risco? E utilizando este escore, quando posso liberar o paciente sem fazer EDA?

A

O escore de GLASGOW-BLATCHFORD É MELHOR do que o de Rockall, sendo que um resultado MENOR OU IGUAL A 1 é tranquilizador para liberar o paciente SEM EDA.

📌 Os critérios que usa são: ureia, Hb, PAS, FC, hepatopatia, melena, síncope e IC. Diferentemente do Rockall, ele não leva em conta achados da EDA.

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10
Q

Num paciente com HDB, qual exame fazer primeiro: EDA ou colonoscopia?

A

Paciente ESTÁVEL = COLONOSCOPIA

Paciente INSTÁVEL = EDA

📌 Até 20% dos casos de hematoquezia podem ser por HDA por conta de um sangramento volumoso que sequer da tempo do sangue ser digerido e gerar melena. Como a HDA É MAIS COMUM E MAIS GRAVE, diante de uma instabilidade sempre devemos a investigar.

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11
Q

Quais são as principais causas de HDA e HDB?

A

HDA → DUP, varizes, erosiva e câncer

📌 As causas de HDA são mais comuns e mais graves do que as de HDB

HDB (excluindo causas anorretais) → DOENÇA DIVERTICULAR, angiodisplasia e câncer

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12
Q

Diante de um sangramento obscuro de TGI, como proceder?

A

É aquele sangramento não localizado por EDA e colonoscopia. O primeiro passo é repetir tais exames. O segundo é tentar topografar com enteroscopia (“push-EDA”) ou com cápsula.

Se persistir obscuro, podemos realizar cintilografia com hemácias marcadas, angio-TC ou angiografia.

📌 Esses 3 exames estão citados em ordem decrescente de sensibilidade, mas só a angiografia (menos sensível) consegue ser terapêutica.

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13
Q

Na HDA, em que momento devemos fazer a EDA?

A

O tempo-alvo é:

  • 6 a 12h na origem varicosa;
  • 6 a 24h nas demais.

📌 Lembrando sempre de estabilizar o doente antes de fazer o exame. Por isso mesmo que uma realização antes de 6h pode ser maléfica

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14
Q

Homem de 26 anos, em tratamento de hipotireoidismo por Hashimoto, queixa-se de dor lombar crônica há 2 anos, sem relação com esforço físico, pior pela manhã. Neste período, vem apresentando episódios de diarréia intermitente sem sem produtos patológicos, associada a desconforto abdominal. Além disso, queixa-se de saída de secreção purulenta por orifício em região perianal. Ao exame, apresenta discreta palidez e distensão abdominal.

Qual é a HD?

A

Temos um paciente jovem com história de doença autoimune (tireoidite de Hashimoto), com queixas sugestivas de espondilite anquilosante e fístula perianal, associadas a diarréia. A HD mais provável é, obviamente, DOENÇA DE CROHN (DC), cujas características são:

  • Acometimento SALTEADO e TRANSMURAL de TODO O TGI (especialmente ileocolite);
  • Lesão em pedra de calçamento da mucosa e GRANULOMAS NÃO-CASEOSOS epitelioides (patognomônico);
  • Doença DISABSORTIVA, FÍSTULAS, massas, abscessos, ÚLCERA AFTÓIDE;
  • Marcador ASCA (“anticorpo que sugere Crohn”).

📌 Pegadinha: enquanto o TABAGISMO FAVORECE CROHN (DC = “doença do cigarro”), protege contra RCU.

📌 Existem outros marcadores sorológicos que favorecem o diagnóstico de DC e indicam doença mais grave, como o I2, OmpC e CBir1.

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15
Q

Homem de 38 anos refere diarréia há 3 semanas, média de 10 evacuações diárias com sangue, muco e pus, associadas a tenesmo, febre e perda de peso. Ao exame, abdome difusamente doloroso, sem sinais de irritação peritoneal; exames laboratoriais mostram anemia normocítica normocrômica, VHS = 68, presença de leucócitos ao EAF das fezes; RX de abdome sem alterações; colonoscopia com mucosa sangrante ao toque do aparelho, múltiplas erosões superficiais contínuas em todo o cólon e íleo terminal normal.

Qual é a HD e conduta?

A

Homem com diarréia de padrão inflamatório, associada a anemia e perda ponderal. A colonoscopia mostra lesões superficiais e contínuas em reto e cólon, ou seja: quadro de RETOCOLITE ULCERATIVA, cujas características são:

  • Acometimento CONTÍNUO e ascendente da MUCOSA do RETO e CÓLON;
  • PSEUDOPÓLIPOS, perda das haustrações do cólon (“lesão em cano de chumbo”), CRIPTITE;
  • Maior associação do que a DC com MEGACÓLON e câncer colorretal (mas ocorrem em ambas)
  • Marcador p-ANCA.

Como trata-se de quadro moderado/grave, o tratamento deve ser iniciado com CORTICÓIDES para induzir remissão, e a manutenção feita com MESALAZINA ou sulfadiazina (+ reposição de folato).

📌 A apendicectomia é um fator protetor.

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16
Q

Quais são as manifestações sistêmicas das DII e quais delas são independentes da atividade de doença?

A

Manifestações que INDEPENDEM da atividade de doença:

  • ESPONDILITE ANQUILOSANTE e sacroileíte;
  • COLANGITE esclerosante.

📌 Colangite esclerosante está presente em 1-5% dos casos de RCU, mas 50-75% dos casos de colangite esclerosante têm RCU (investigar sempre!). Na DC, é rara.

Manifestações que COSTUMAM DEPENDER da atividade de doença, mas PODEM INDEPENDER:

  • PIODERMA gangrenoso;
  • Sintomas OCULARES (ex: uveíte).

Manifestações que DEPENDEM da atividade de doença:

  • ERITEMA nodoso;
  • ARTRITE periférica.

📌 A artropatia é a manifestação extra-intestinal mais comum! Ela pode depender da atividade da doença. Porém, uma porção delas é espondilite anquilosante, que independe da atividade.

OBS: na DC, há predisposição a cálculos renais e biliares por má absorção de sais biliares por ileíte ou ressecção ileal.

17
Q

Como deve ser feita a vigilância de câncer colorretal nas DII?

A

COLONOSCOPIA ANUAL após 8-10 anos de doença.

📌 Tanto DC quanto RCU estão relacionados ao câncer colorretal, mas principalmente a RCU.

18
Q

Quais as principais diferenças do CCR associado à RCU em relação ao esporádico?

A
  • Costuma se desenvolver a partir de uma DISPLASIA PLANA ou de uma MASSA ASSOCIADA A DISPLASIA (e não a partir de um pólipo adenomatoso);
  • Maior incidência de TUMORES SINCRÔNICOS;
  • Idades mais JOVENS;
  • Os tumores MUCINOSOS E ANAPLÁSICOS, que são mais agressivos e menos diferenciados, ocorrem mais aqui do que no esporádico.
19
Q

Como fazer o tratamento clínico da Doença de Crohn?

A

Doença LEVE A MODERADA → tanto a indução quanto a manutenção é feita com MESALAZINA;

Doença MODERADA A GRAVE → tanto a indução quanto a remissão por 1 ano é feita com ANTI-TNF (imunobiológico) + AZATIOPRINA (imunomodulador).

📌 O imunobiológico de escolha é o anti-TNF (ex: infliximabe).

Doença GRAVE A FULMINANTE:
- Primeiro passo é identificar com TC contrastada a tratar complicações intra-abdominais se presente:
> Perfuração = rafia + ATB;
> Abscesso = drenagem + ATB;
> Obstrução parcial (é a maioria) = jejum + corrigir DHE + ATB;
> Obstrução persistente ou total = estricturoplastia.
- Após resolver as complicações → IMUNOBIOLÓGICO +/- CORTICÓIDE.

📌 ATB = clavulin ou cipro+metro.

📌 Evita-se enterectomia pois estes pacientes podem recorrer inúmeras vezes com oclusão, fato que poderia levar a síndrome de intestino curto. Além disso, a cicatrização é ruim pela doença inflamatória de base.

20
Q

Como fazer o tratamento clínico da retocolite ulcerativa (RCU)?

A

Colite DISTAL (retossigmoide) = MESALAZINA RETAL;

Colite LEVE A MODERADA (proximal ao sigmoide) = MESALAZINA oral (+ corticoide se ausência de resposta em 4 semanas);

Colite GRAVE A FULMINANTE (pancolite) = jejum + correção DHE + SNG em sifonagem + CORTICOIDE + ATB (clavulin ou cipro+metro).

📌 Não há indicação de pulsoterapia! É apenas dose de 100mg TID de hidrocortisona.

📌 Se a colite grave a fulminante NÃO RESPONDER em 7-10 dias → ANTI-TNF, CICLOSPORINA OU PROCTOCOLECTOMIA TOTAL.

MEGACÓLON TÓXICO (SIRS + distensão + transverso > 6cm) = tratamento igual ao da fulminanter, mas se piora ou ausência de reposta em 24-48h = proctocolectomia total.

📌 Anti-TNF tem benefício menos definido na terapia de manutenção na RCU em relação à DC.

📌 Lembrando que a colectomia total cura a RCU!