Insuficiência Renal Crónica Flashcards
O que é a doença renal crónica?
-A insuficiência renal crónica define-se como uma deterioração da função renal que se instala num
período superior a 3 meses.
-Perda persistente, progressiva e irreversível da função renal.
Qual o critério para se fazer o diagnóstico de doença renal crónica?
- Marcadores de lesão renal; ou
- TFG < 60 mL/min/1.73 m2
- Os critérios devem estar presentes há mais de 3 meses.
Ou seja, doente com TFG > 60 mL/min/1.73 m2 e sem outras alterações não tem doença renal crónica.
Quais são os marcadores de lesão renal que fazem diagnóstico de DRC?
- Albuminúria
- Anomalias do sedimento urinário
- Anomalias eletrolíticas (ou outras) secundárias a distúrbios tubulares
- Anomalias histológicas
- Anomalias estruturais detetadas por imagem
- História de transplante renal
Como é na generalidade a epidemiologia da DRC e o seu impacto?
- É cada vez mais um problema de saúde pública em todo o mundo;
- Alguns doentes têm apenas ↓ leve da TFG e albuminúria ligeira a moderada;
- Outros progridem para DRT e necessitam de diálise ou transplante;
- ↓ TFG e proteinúria são fatores de risco para doença cardiovascular e morte o que condiciona menor sobrevida destes doentes.
Porque se tem registado um aumento de incidência da insuficiência renal crónica?
- Aumento real da insuficiência renal crónica;
- Envelhecimento da população: As duas principais causas de insuficiência renal crónica – hipertensão arterial e diabetes mellitus – são mais frequentes em pacientes mais velhos;
- Risco competitivo: O aumento da incidência de insuficiência renal crónica reflecte, em parte, a maior sobrevida e melhor assistência relativa a outras condições. A título de exemplo, os pacientes com diabetes morrem menos de enfarte agudo do miocárdio, o que possibilita que vivam mais tempo e, por conseguinte, tenham mais probabilidade de desenvolver insuficiência renal crónica;
- Alargamento dos critérios de aceitação de doentes para terapia de substituição da função renal;
- Maior precocidade de referenciação ao nefrologista;
Qual a relação entre a TFG e a idade?
- Depois da quarta década de vida, os rins perdem cerca de 10% da sua função por década;
- Assim, espera-se que, aos 80 anos, um paciente manifeste apenas 60% da função renal – isto não significa necessariamente que este necessite de diálise, mas sim que se encontra mais vulnerável a agressões.
Quais as razões para as diferenças entre países na incidência da DRC?
Genética da população
Incidência local das diferentes doenças renais
Recursos económicos
Sistema de saúde
Precocidade de referenciação ao nefrologista
Critérios de aceitação para Tx de substituição da função renal
Quais as etiologias mais frequentes da DRC?
1ª causa: Diabetes - 45% dos DRC
2ª causa: Hipertensão arterial - 28% dos DRC
3ª causa: Glomerulonefrites - 6 a 7% dos DRC
4ª causa: Doenças císticas e congénitas - 2 a 3% dos DRC
Nefropatia diabética - diferenças entre DM 1 e 2?
- A diabetes tipo 1 e a diabetes tipo 2 cursam com um risco similar de nefropatia diabética.
- Não obstante, dado ser mais prevalente, a diabetes tipo 2 evidencia um impacto superior.
- Assim, e tendo em conta a história natural de ambas as condições, os pacientes diagnosticados com diabetes tipo 2 deverão ser logo rastreados para nefropatia diabética.
- Por contraponto, os pacientes com diabetes tipo 1 apenas deverão ser rastreados ao fim de 5 anos.
- Note-se, contudo, que, nos primeiros anos após diagnóstico da diabetes tipo 1, verifica-se já um ligeiro aumento da pressão arterial, o qual resulta de um aumento da reabsorção de sódio secundário a um aumento da reabsorção de glicose.
Qual a história natural da nefropatia diabética?
- Na diabetes, a hiperglicemia subjacente induz distúrbios lesivos para a estrutura do parênquima renal. Tais distúrbios resultam em disfunção dos pequenos vasos glomerulares, que passam a ser permeáveis a pequenas quantidades de albumina – estabelece-se, assim, um quadro de microalbuminúria, o qual simplesmente reflecte alterações estruturais do parênquima renal.
- Note-se que a hipertensão arterial – uma comorbilidade frequente da diabetes condiciona alterações hemodinâmicas e, por conseguinte, potencia o desenvolvimento de microalbuminúria.
- Caso não seja alvo de intervenção, a microalbuminúria evolui para proteinúria, à qual se segue subida da creatinina e insuficiência renal crónica.
- Note-se, contudo, que a diabetes mellitus não cursa mandatoriamente com microalbuminúria e proteinúria. De facto, é frequente registar-se aumento da creatinina sérica sem que tal se acompanhe de microalbuminúria e/ou proteinúria (não obstante, tal quadro continua a ser considerado como traduzindo nefropatia diabética).
Hipertensão arterial e DRC - qual a ligação?
- A hipertensão arterial constitui a segunda principal causa de insuficiência renal crónica, sendo ainda a segunda cuja incidência mais tem vindo a aumentar.
- Tal como se verifica para a diabetes, o risco de hipertensão arterial é superior nos pacientes Negros.
- A hipertensão arterial é uma comorbilidade frequente da diabetes mellitus e sabe-se que ambas as condições se potenciam mutuamente.
- Assim, a hipertensão per se constitui um factor de risco para surgimento de diabetes, pelo que o controlo da pressão arterial associa-se a diminuição do risco de
diabetes (associação sobretudo validada para o uso de anti-hipertensores pertencentes à classe dos IECAs). - Por seu turno, a diabetes favorece o agravamento da hipertensão arterial, de tal modo que o controlo glicémico intensivo evidencia benefícios no controlo tensional. Tais benefícios, contudo, apenas se verificam ao fim de três anos, embora sejam sustentados.