Hepatites Virais Flashcards

1
Q

Definição de hepatite virais agudas, crônicas e fulminante

A

Infecção sistêmica, que afeta principalmente o fígado.
Manifestam-se clinicamente de forma semelhante, podendo variar de infecções agudas assintomáticas até infecções agudas fulminantes e fatais.

  • Aguda: < 6 meses
  • Crônica: > 6 meses; “B”, “C” “D”; risco de cirrose
  • Fulminante: encefalopatia em < 8 semanas; principalmente “B”
  • Dica: ↑TAP, ↑INR

Resposta imunológica

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2
Q

História natural das hepatites

A

1) Contágio
2) Incubação: variável (4-12 semanas)
3) Sintomas (fase clínica):
* Prodrômica (dias-semanas):
-> inespecífica: febre (mais comum na A e E), fadiga, anorexia, náuseas, vômitos, mal-estar, artralgias, mialgias, cefaleia, fotofobia, faringite, tosse, coriza
-> ↑ transaminases → TGO (AST), TGP (ALT)
* Ictérica (dias-semanas):
-> ↑ BD na circulação: icterícia, colúria
-> ↓ BD nas fezes: acolia fecal
-> ↑↑ transaminases > 10x (nas agudas)
* Covalescência/ pós-ictérica/ de recuperação (dias-semanas - 2-12 semanas):
-> Melhora/cura ou cronifica (B/C)
-> De 1-2 meses para casos de hepatite A e E
-> De 3-4 meses para 75% dos casos autolimitados de HBV e HCV com recuperação retardada nos demais casos
-> A evolução para heatite crônica em adultos saudáveis ocorre em cerca de 5% dos casos de HBV e 85% dos casos de HCV
-> Quadro clínico de hepatite aguda pode ocorrer nos pacientes com hepatite crônica pelo HBV, durante a soroconversão espontânea HBeAG para anti-Hbe ou na reativação viral (espontânea ou após a suspensão de imunossupressores)

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3
Q

Características laboratoriais da hepatite aguda

A
  • Elevação das transaminases
    -> Costuma preceder a elevação dabilirrubina e atingir seu pico na fase ictperica
    -> Geralmente 10x LSN
    -> Não há boa correlação com o grau de dano aos hepatócitos
  • Elevação da bilirrubina
    -> Sua elevação ocorre as custas de BD (conjugada) e BI (não conjugada)
    -> A icterícia costuma surgir quando a BT > 2,5mg/mL
  • Alterações no hemograma: pode ocorrer neutropenia e linfopenia transitórias com linfocitose relativa e presença de linfócitos atípicos
  • Tempo de protrombina (TP): TP prolongado pode refletir necrose hepatocelular extensa e pior prognóstico
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4
Q

Característcas do Vírus da Hepatite A

A
  • RNA vírus, com replicação exclusiva no fígado
  • Eliminação fecal na fase pré-ictérica, com contaminação fecal-oral facilitada por grandes aglomerações, higiene pessoal precária e más condições sanitárias
  • Inativado pelo cloro, formaldeído, radiação UV e calor
  • Período de incubação de 2-6 semanas (média de 4 semanas)
  • Produção de anti-HVA IgM ocorre na fase aguda, quando as aminotransferases estão elevadas e ainda há eliminação fecal, podendo persistir por 6-12 meses
  • Durante a convalescença, começa a predominar o anti-HVA IgG, que permanece identicável indefinidamente e confere imunidade à reinfecção
  • Nunca cronifica
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5
Q

Formas clínicas da Hepatite A

A

Assintomática (maioria)
Sintomática (10%)
Fulminante (0,35%)
Não cronifica

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6
Q

Transmissão da Hepatite A

A

Fecal-oral

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7
Q

Diagnóstico da Hepatite A

A

Anticorpo (anti-HAV): IgM (4-6 meses), IgG (cicatriz)

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8
Q

Tratamento da Hepatite A

A

Tratamento sintomático

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9
Q

Prevenção da Hepatite A

A

1) Vacina - dose única aos 15 meses (MS)
2) Pós-exposição em não vacinados (até 14 dias):
- vacina (+ Ig se imunodeprimido)
- apenas Ig (se < 1 ano)

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10
Q

Principais características da Hepatite E

A
  • Similar à A
  • RNA vírus de transmissão entérica cim características epidemiológicas semelhantes à da hepatite A
  • Excretado nas fezes no final do período de incubação, com transmissão entérica (fecal-oral), sendo sua transmissão mais comumente oela contaminção de reservatórios de água e de alimentos
  • Incubação de 2-8 semanas (média de 6 semanas)
  • Ocorre principalmente na Índia, Ásia, América Central, onde é a causa mais comum de hepatite viral
  • Atualmente, não há testes sorológicos de rotina para infecção pelo HEV
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11
Q

Principais características do HBV

A
  • Vírus DNA (único) pertencente à família Hepadnaviridae
  • Considerado um vírus oncogênico
  • Apresenta dez genótipos, classificados de A a J
  • Transmissão através do soro e outros líquidos corporais (saliva, sêmen, secreção vaginal, leite materno) contaminados, via sexual e perinatal (primeiros 5 anos de vida)
  • Replicam-se no fígado (DNA polimerase própria), mas existem em locais extra-hepáticos (baço, linfonodos, MO)
  • Incubação de 4-24 semanas (1-6 meses) com período médio de 2-3 meses
  • Não é diretamente citopático, sendo a lesão hepática relacionada com a resposta imunológica do hospedeiro (especialmente células T citotóxicas)
  • O dano tecidual mediado pela formação de imunocomplexos (HbsAg-antiHBs), relaciona-se com a patogenia das manifestações extra-hepáticas da hepatite B aguda ou crônica
  • Vacina existende desde a década de 1980
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12
Q

Transmissão da HVB

A
  • Sexual (mais comum)
  • Vertical
  • Percutânea
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13
Q

Interpretação da sorologia da HB

A
  • HBsAg: hepatite B (presença do vírus)
    -> Ag de superfície da hepatite B (proteína do envoltório do vírion)
    -> É o primeiro marcador virológico identificável no soro (entre 8-12 semanas), precedendo a elevação das aminotranferases e os sintomas clínicos em 2 semanas
    -> Persiste após o início da fase ictérica ou sintomática da hepatite B aguda (1-2 meses). Sua persistência > 6 meses indica hepB crônica (+ anti-HBc-IgG positivo)
  • Anti-HBs: cura ou vacinação prévia (proteção)
    -> Surge apenas após o desaparecimento do HBsAg (janela de semanas ou meses) e continua detectável indefinidamente, sendo o anticorpo protetor contra uma reinfecção
  • HBcAg: antígeno do core/cerne do nucleocapsídeo da hepatite B - NÃO É IDENTIFICÁVEL NO SORO!
  • Anti-HBc: contato com o vírus (IgM = recente)
    -> Anti-HBc IgM é detectável 1-2 semanas após o aparecimento do HBsAg (bem antes do aparecimento do anti-HBs), cobrindo a possível janela imunológica, isoladamente, não significa replicação viral ativa, sendo que o anti-HBc-IgG pode persistir indefinidamente, representando apenas contato prévio com HBV
  • HBeAg: replicação viral
    -> Marcador qualitativo de replicação viral e infectividade do HBV
    -> Surge simultaneamente com HBsAg, coincidindo com altos níveis de replicação viral
    -> Nos casos autolimitados, desaparece logo após o pico das aminotransferases, antes do desaparecimento do HBsAg e do surgimento do anti-HBe
    -> Sua persistência por >3 meses após a infecção aguda é preditivo de cronificção
  • Anti-HBe: fase não replicativa
  • Mutante pré core: vírus HBV com mutaçõe na região pré-core, que impede a secreção de HBeAg no soro (HBeAg neg, com replicação viral). Pacientes com este vírus tendem a ter cargas virais mais baixas (< 100.000 cópias/mL) que os HBeAg+ e, uma progressão mais rápida para cirrose
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14
Q

Sorologia da HB na infecção aguda e crônica, cura e após a vacina

A

AGUDA:
* HBsAg: +
* Anti-HBc IgM: +
* Anti-HBc IgG: -/+
* Anti-HBs: -

CRÔNICA:
* HBsAg: +
* Anti-HBc IgM: -
* Anti-HBc IgG: +
* Anti-HBs: -

CURA:
* HBsAg: -
* Anti-HBc IgM: -
* Anti-HBc IgG: +
* Anti-HBs: +

VACINA:
* HBsAg: -
* Anti-HBc IgM: -
* Anti-HBc IgG: -
* Anti-HBs: +

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15
Q

Mutação pré-core na Hepatite B

A
  • Falha na síntese do HBeAg (replica sem demonstrar)
  • HBeAg (-), HBsAg (+), ↑↑↑ transaminase
  • Confirmação: ↑ HBV-DNA
  • Variante mais agressiva
  • Maior risco: fulminante, cirrose, câncer
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16
Q

História natural da Hepatite B

A

Hepatite B aguda
* 1% pode evoluir para fulminante
* 5% pode evoluir para Hepatite B Crônica → 20-50% pode evoluir para cirrose → 10% CHC

17
Q

Principais indicações de tratamento na Hepatite B

A
  • Aguda:
    -> Grave (coagulopatia)
  • Crônica:
    -> Agressão: ↑ transaminase (> 2x LSN) + ↑ HBV-DNA
    -> Fibrose: biópsia (METAVIR ≥ A2F2) ou elastografia (> 7 kPa)
    -> Coinfecção: HIV ou HCV
    -> Prevenção de reativação: imunossupressão/ QT
18
Q

Esquemas de tratamento da Hepatite B

A
  • Em geral, monoterapia por tempo indeterminado
  • 1ª linha: Tenofovir (TDF)
  • Opção: entecavir (CI ao tenofovir, prevenção de reativação)
  • Novidade: Tenofovir alafenamuda (TAF)
    -> menos efeitos colaterais (renal e ósseo) que o TDF
    -> aprovado pela Anvisa em set/19
    -> consulta pública para SUS (22/03 a 12/04/21)
19
Q

Principais características do vírus da hepatite C

A
  • Vírus RNA, com 6 genótipos (A-F)
  • Transmissão por transfusão de sangue e derivados (anti-HCV a partir de 1992), compartilhamento de seringas (drogas injetáveis) -> transmissão sexual e perinatal são ineficientes para HCV
  • A amamentação não está contraindicada para mães HCV+
  • Incubação de 2-24 semanas, com período médio de 2 meses
  • A patogenia do HCV costuma ser mediada pela resposta imune do hospedeiro, especialmente por células T citotóxicas
  • Progressão por cronicidade em 85% dos casos
  • Anti-HCV presente após 6 semanas da contaminação
  • RNA do HCV (UI/ml) identificado poucos dias após a infecção pelo HCV, bem antes do anti-HCV
  • Não há vacina para profilaxia
20
Q

Transmissão da Hepatite C

A

40% não sabe a forma que foi infectada

21
Q

Diagnóstico da infecção ativa da Hepatite C

A

Anti-HCV: pode indicar hepatite em atividade ou cura ou falso-positivo

DX: anti-HCV (+) e HCV-RNA (+)

22
Q

História natural da Hepatite C

A

80% da aguda cronifica
30% da crônica evolui para cirrose
10% da cirrose evolui para CHC

23
Q

Indicações e objetivo de tratamento da Hepatite C

A
  • Indicações: todos os pacientes
24
Q

Esquemas de tratamento da Hepatite C

A
  • Antiviral guiado por genótipo por 12-24 semanas
  • Conceito 1 - genótipo 1 no SUS: ledipasvir/ sofodbuvir
  • Conceito 2 - esquemas pangenotípicos:
    -> velpatasvir/ sofosbuvir
    -> glecaprevir/ pibrentasvir (DRC)
  • Conceito 3: + ribavirina se cirrose
25
Q

A infecção por HCV confere imunidade. Verdadeiro ou falso?

A

Não confere imunidade (risco de reinfecção)

26
Q

Principais características da Hepatite D

A
  • Vírus de RNA defeituoso, que depende da função auxiliar do HBV para sua replicação e expressão
  • Precisa do vírus B (tem que ser HBsAg +)
  • Co-infecção: D e B agudas → não aumenta o risco de cronificação
  • Superinfecção: D aguda + B prévia → aumenta risco de fulminante e cirrose
  • Incubação de 4-24 semanas (1-6 meses), com período médio de 2-3 meses
  • O antígeno HDV raramente é encontrado no soro e o anti-HDV IgM pode levarr > 30 dias após o início dos sintomas para ser detectado
  • Na cronificação do HDV, altos títulos de anti-HDV (IgM e IgG) costumam ser encontrados
  • O risco de hepatite aguda fulminante é de 5% para casos de co-infecção e de 20% para os casos de superinfecção
27
Q

Acompanhamento do paciente portador de hepatite B

A

As consultas devem ser realizadas, no mínimo, duas a quatro vezes ao ano, considerando o estado clínico do paciente, o tratamento em curso e a gravidade da doença

28
Q

Estadiamento da doença

A

APRI ou FIB4, biópsia hepática ou elastografia hepática.

As características clínicas ou ultrassonográficas que definem doença hepática avançada/cirrose são: presença de circulação colateral, fígado e bordas irregulares, esplenomegalia, aumento do calibre da veia porta, redução do fluxo portal, ascite e varizes esofágicas

Devido à maior praticidade e disponibilidade da utilização dos métodos APRI e FIB4, estes devem ser preferencialmente indicados para definir o estadiamento da doença hepática

29
Q

Diagnóstico de hepatite viral aguda

A
  • Quadro clínico ou alterações laboratoriais
  • Anti-HVA IgM
  • HBsAg/ Anti-HBc IgM
  • RNA do HCV por PCR/ anti-HCV
  • Anti HVD? (pode demorar até 30 dias para positivar)
  • Testes diagnósticos para HBE (no Brasil não é solicitado)
30
Q

Diagnóstico diferencial das hepatites virais agudas

A
  • Doenças virais: mononucleose infecciosa, CMV, herpes simples, coxsackie, toxoplasmose
  • Hepatite/colestase medicamentosa
  • Colecistite aguda, coledocolitíase e colangite
  • Insuficiência do VD com congestão hepática passiva
  • Síndrome de hipoperfusão: choque, insuficiência VE grave
  • Oclusão da veia hepática (síndrome de Budd-Chiarri)
  • Fígado gorduroso da gestação, eclâmpsia e síndrome de HELLP
  • Doença de Wilson e deficiência de alfa1 antitripsina
31
Q

Tratamento da hepatite viral aguda

A
  • Tratamento específico geralmente não é necessário
  • Manejo ambulatorial é a regra
  • Atividade física restrita (não há necessidade de repouso absoluto)
  • Dieta rica em calorias, conforme aceitação
  • Transplante de fíhado nos casos de hepatite aguda fulminante
32
Q

Profilaxia da hepatite viral aguda

A
  • HVA: vacinas por HVA inativado (formalina); aprovada a partir de 1 ano de idade; proteção eficaz após 4 semanas da aplicação
  • HBV: imunização passiva (HBIG - Imunoglobulina para hepatite B = anti-HBs) e imunização ativa (3 doses, 0, 1 6 meses, HbsAg)
  • HCV e HDV: não há vacina para o HCV; profilaxia do HDV é feita pela vacinação ativa e prevenção do HBV
  • HEV: apenas em áreas endêmicas